16 de jun. de 2010

Capitulo 10

Posted by sandry costa On 6/16/2010 5 comments


 Migalhas


Eu parei um segundo, ouvindo, cheirando… Tudo parecia estar normal. A antiga estrada que levava para a casa estava parcialmente invadida pela vegetação. As copas das árvores se encontraram, transformando a estreita passagem em um túnel que ocultava quase completamente o céu. O antigo gramado – sempre regularmente aparado e livre de ervas daninhas – estava imerso em um mar de samambaias e arbustos. Quando alcancei as escadas – coberta de folhas e lama seca – e olhei através dos vidros empoeirados, só consegui enxergar o vazio. Ninguém esteve ali. Não desde que nós nos mudamos.
Jacob me seguia de perto, tão silenciosamente que ás vezes eu me esquecia dele ali. Ninguém disse uma palavra. Estávamos checando o local, inspirando o ar intensamente, em busca de cheiros desconhecidos. Meus olhos vasculharam cada canto em meu campo de visão. Não havia nada ali. Nenhum som, nenhum cheiro, nenhum rastro. Apenas a floresta margeando o terreno e a brisa leve que agitava a vegetação rasteira a nossa volta.
- Ness, não há nada aqui. – Jacob aproximou-se, a voz rouca quebrando o silencio. Ele tinha razão, não fazia sentido ficar ali, contemplando a casa vazia no meio da noite. Se alguém tivesse estado ali nos últimos dias – e até meses – nós saberíamos. Jacob era muito bom em identificar pistas, era algo natural nele, mesmo que meus sentidos aguçados deixassem de registrar algo, ele teria notado. Mas, mesmo assim…
- Vamos entrar Jake. – Eu precisava verificar mais uma coisa. Avancei pelo gramado espesso me deslocando suavemente pela relva que – em alguns pontos – alcançava minha cintura. Enquanto avançávamos, cautelosamente, senti uma ansiedade estranha se alojar em meu estômago. Era quase como se eu soubesse o que estaria ali, alguns metros, dentro da casa – quase como se tivesse certeza de que encontraria o que estava esperando. A ansiedade fez meu coração acelerar, a cada passo martelando mais forte. Senti a cicatriz em meu braço formigar, e lentamente uma queimação sutil percorreu todo meu corpo. As imagens da visão na sala de aula inundaram minha mente tão abruptamente, que por um segundo imaginei que estivesse se repetindo. Cada passo mais próximo, minha mente trabalhava mais rápido, e em conseqüência, meu corpo se acelerou. Meu coração deu uma guinada, martelando ruidosamente em meu peito. Jacob parou, me encarou por um instante, checando meu estado. Ele parecia preocupado e eu não podia culpá-lo, seus ouvidos – tão sensíveis quanto os meus – captaram meu súbito descontrole.
- Tudo bem aí Ness? – Resmungou ele, tentando disfarçar a ansiedade na voz.
- Jake, não sei o que está acontecendo. – Falei antes que pudesse me conter. Eu nunca tinha me sentido assim, nem mesmo quando – há sete anos – estivemos cara a cara com o exército Volturi. Era como se minha parte humana estivesse entrando em choque.
- Calma Ness, vamos voltar para La Push, você precisa dormir um pouco. – Jacob se virou de frente para mim, impedindo minha passagem, desistindo de sua tentativa de parecer displicente. Eu queria continuar, mas meus pés não me obedeciam e meu corpo não queria resistir aos braços de Jacob, estendidos protetoramente a minha volta, como se eu fosse desabar a qualquer momento. Me perguntei que estado eu aparentava.
- Não Jake, eu… – Mas eu não consegui encontrar um sentido para terminar a frase. A leve queimação em meu corpo se intensificava a cada minuto. Senti meu coração pulsando nos ouvidos, me impedindo de ouvir o que Jacob resmungava. Eu tive a nítida impressão de que aquela dor que se espalhava silenciosa por meu corpo era um mau sinal. O veneno de meu pai estava circulando por minhas veias, e eu não sabia ao certo como ele me afetaria. Eu era meio vampira, mas metade de mim também carregava os traços de humanidade, tão frágeis, tão intensos e mutáveis. Não haveria como saber os efeitos do veneno em um mestiço, pelo menos, não em mestiços de vampiro – como eu. Mas eu não podia me dar ao luxo de ponderar muito sobre isso. Eu tinha algo mais importante em minhas mãos no momento. Algo que nem eu mesma tinha certeza, mas que, obviamente, implorava por minha atenção a cada noite mal dormida, e que muito recentemente, mostrava-se em formas de surtos de descontrole. Inspirei o ar até sentir meus pulmões cheios, reuni toda força que sobrara em minha mente e me obriguei a continuar. Eu não voltaria para casa tendo menos respostas – e mais perguntas – martelando em minha mente. Contornei a enorme barreira de pele arruivada que se postava rigidamente em minha frente e rumei apressada para a entrada da casa. Jacob concluiu enfim que ele não conseguiria vencer minha convicção – ou minha teimosia – e apenas me seguiu escada a cima. Quando forcei a maçaneta da porta, descobri, por fim, que estava aberta. Lancei um olhar inquisitivo a Jacob, que na mesma hora, se pôs em modo de alerta.
- Alice colocou as chaves da casa na mochila, Jake. O que significa que estava trancada. – Sussurrei para ele. Jacob assentiu, suas narinas dilatando para captar odores estranhos. Empurrei a porta lentamente, o ar parado e frio de dentro da sala me alcançou. Inspirei e não senti nada além do cheiro de mofo e poeira estagnados no ar. Avancei mais alguns passos, sempre alerta a qualquer coisa que se movesse, ou que cheirasse diferente. A escuridão não me atrapalhava em nada na inspeção do ambiente, eu podia ver claramente cada móvel coberto por plásticos e lençóis velhos, cada tapeçaria enrolada nos cantos da sala, podia ver a teias de aranha envolvendo os lustres e a balaustrada da escada até o andar superior. Mais alguns passos e eu poderia ver o piano. Quando o localizei, junto à parede norte da sala, quase não o reconheci de imediato. O piano de meu pai estava sempre em perfeito estado de conservação, sempre imponente na grande sala branca, destacando-se em seu pretume lustroso. Agora, estava coberto por uma grossa camada de pó que o deixou acinzentado e de aparência decadente. Ouvi Jacob se afastar, adentrando na parte oposta da sala, de onde se podia ver a sala de jantar e a entrada da cozinha. Segui totalmente focada no que vim averiguar, todo o resto transformando-se num borrão indistinto. Afinal, eu sabia onde estava – onde supostamente deveria estar – o bilhete endereçado a mim.
***
- Jake. – Foi tudo que consegui extrair de minha voz. Um sussurro fraco e sufocado. Era tudo que eu podia fazer, enquanto sentia todo meu corpo congelar. Apesar do choque, eu consegui identificar os sintomas: outra visão. Não tão nítida como a primeira, mas decididamente uma visão. A parte consciente de mim podia ouvir os passos apressados de Jacob, vindo a meu encontro. Mas a maior parte estava tentando encontrar alguma coesão nas imagens que explodiam em minha mente. Forcei toda minha concentração naqueles flashes. E então eu pude entender o que significavam – o que queriam me dizer. Eu vi uma floresta, densa e iluminada. Não pude ver o céu, mas a luz que irrompia das árvores no alto, era clara e forte – raios de sol demais para Forks em seu melhor dia. O mais estranho na cena era o modo como eu a via, parecia mais uma lembrança do que qualquer outra coisa, por que era através de meus olhos que eu via a floresta, não havia mais ninguém ali. Poderia ser muito bem apenas uma lembrança minha, correndo pela floresta num dia ensolarado. Mas minha memória era tão boa quanto qualquer outra em nossa espécie, praticamente impecável. E eu sabia – tinha certeza – que o que eu via, não era uma lembrança minha. Ademais, olhando mais atentamente, eu pude sentir a urgência nos passos da pessoa que corria, então eu soube. Alguém estava fugindo.
As mão quentes de Jacob me alcançaram no canto escuro, encolhida junto ao piano de meu pai. Eu pressionava minhas têmporas, tentando impedir que elas explodissem. Os flashes difusos me chicoteavam com uma força avassaladora. Eu não conseguia pensar, não conseguia encontrar uma saída em minha própria mente. Sentia que a qualquer momento meu cérebro iria rachar. De início não havia som, apenas imagens de lugares e pessoas que eu nunca tinha visto. A imagem predominante era sempre a da floresta, por onde alguém corria desesperada, fugindo de um atacante invisível. Tentei escutar as vozes ao fundo, mas não consegui distinguir nenhum som coeso. Então, tudo pareceu baixar o volume, ficando para traz e sumindo em algum canto de minha mente. As imagens desbotaram, como se alguém tivesse jogado água em uma tela fresca. Quando quase tudo havia silenciado e as imagens se apagavam lentamente, uma única voz ressonou em meus ouvidos, como se alguém sussurrasse para mim o que eu não consegui enxergar. Zafrina.
Abri os olhos e me coloquei de pé num salto. Jacob estava sentado no chão, a três metros de mim, os olhos arregalados. Sua postura era tão estranha, que se eu não soubesse que Jacob era tão ágil quanto eu, eu teria imaginado que ele simplesmente caiu de costas. Olhei-o mais atentamente, queria contar tudo que tinha visto – e ouvido. Mas sua expressão era tão chocada, que vacilei em minha aproximação. Ele devia estar assustado, afinal, eu não parecia uma pessoa muito confiável quando tinha aqueles ataques. Me aproximei lentamente com a mão estendida para ele. Queria mostrar que estava tudo bem agora, mas nem bem andei três passos e Jacob estava de pé, me encarando com um misto de preocupação e entusiasmo. Me senti aliviada, por um momento pensei que Jacob estava com medo de se aproximar de mim. Estendi minha mão até seu rosto, queria mostrar a ele tudo que vi, mas antes de tocá-lo ele segurou minha mão. Olhei atônita para ele, por que ele não me deixava mostrá-lo o que aconteceu? Ele estava fugindo de meu toque pela primeira vez na vida.
- Não precisa me mostrar Nessie, eu vi tudo. – Jacob me encarava sério. Uma expressão insondável atravessou seu rosto. Será que as visões tinham atingido ele também? O que estava acontecendo ali?
- Como? – Perguntei perplexa.
- Você me mostrou. – Jacob estendeu sua mão até meu rosto e o afagou, suas mãos ainda estavam ligeiramente trêmulas. – Você me atirou no chão quando tentei te ajudar, e antes que eu pudesse me levantar, você começou a transferir seus pensamentos para mim. – Ele dizia cada palavra com assombro e mágoa. – Por que não me contou que seus poderes estavam se desenvolvendo? É por isso que você tem estado tão nervosa ultimamente?
Eu o olhava com incredulidade, nada daquilo fazia sentido. Como eu poderia ter desenvolvido meus poderes sem saber? Vampiros não mudam com muita freqüência, mesmo eu, uma mestiça, depois de atingir o pleno desenvolvimento, iria paralisar no tempo. Nossos poderes eram muito aleatórios, imprecisos. Eram capazes de se desenvolver com os anos, mas – como nós – mantinham-se estáveis depois de certo tempo. Mas que certeza eu tinha? Pessoas como eu não eram muito comuns, mesmo no nosso mundo.
- Jake, não pode ser. Não pode ter sido eu. Eu precisaria te tocar, não sei como poderia te mostrar algo sem te tocar, eu… – As palavras sumiam à medida que minha mente vagava pelas possibilidades. De fato, eu nunca sentira nada tão forte. Quando tive a primeira visão, foi assustador e intenso, nítido demais. Mas agora, eu sentia que minha mente tinha sido espremida e depois esticada de forma que eu a sentia mais flexível – de maneiras desconfortáveis e irregulares – mas depois da dor intensa, apenas uma leveza que me era estranha tomou lugar em minha cabeça. Eu realmente não sabia se Jacob tinha razão, ou se alguém estava influenciando nossas mentes. O que poderia ser muito bem uma combinação dos dois. Jacob estava absorto em suas próprias teorias quando o puxei para fora da casa.
- O que foi Ness, onde você está indo? – Perguntou ele enquanto corríamos de volta para a estrada encoberta pela vegetação.
Precisamos entender um pouco isso certo? Mas vai amanhecer logo, Billy vai se perguntar por onde nós andamos, e a última coisa de que preciso é que ele ligue para Carlisle. – Eu não tinha muito tempo. Se eu não voltasse com Jacob até o entardecer de domingo, minha mãe e meu pai viriam atrás de mim.
Não havia bilhete, mas eu tinha algo mais concreto com que me preocupar. Ao que tudo indicava, alguém estava deixando uma trilha de migalhas para mim, e a próxima – eu ainda não fazia idéia do por que – me levava até Zafrina.

Fanfic escrita por Anna Grey

5 comentários:

Euu amoo muitoo essaa fic
Ela é incrivel!!
Parabens Ana!!
Bjuss :f

Irielen

ah foi mal não era essa carinha :f
era essa :t

Está muito marah!
Vc escreve muito bem^^
Parabéns!
Posta mais!
Bjsculos^^

Nossa q doido meu! o.o''


TAH D+ to amando! continuaaaa!

By: Aya/Bruh...

Anna ficou maravilhoso :t
vc escreve divinamente :n

bjss

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