3 de jan. de 2011

capitulo 18

Posted by sandry costa On 1/03/2011 2 comments


Meu fim... ou começo?

HERA

Minha decisão já estava tomada, eu me juntaria aqueles monstros para achar Perceu, não tinha outra saída. Já estava cansada de esperar sem nada acontecer e eu tinha certeza de que nada ia acontecer se eu não aceitasse essa maldita proposta.
Não sei em que momento eu apaguei, só sei que eu comecei a sonhar, não era agradável, era uma lembrança, o fim da minha vida no céu e o começo dela na terra.
“ Estava tudo preparado para minha visita a Terra naquela noite, eu tinha uma coisa importante para falar com Murgem e Atheir, tinha feito uma descoberta incrível e eles iriam adorar. Minha mãe me guiaria até a metade do caminho já que essa noite infelizmente, ela era a distração de Zeus, estava um pouco preocupada pois não queria deixar eu ir sozinha, tentei confortá-la dizendo que eu estaria bem e que tinha aprendido com a melhor e ao que parece deu certo. O que ela não sabia era que Atheir ia me guiar o resto do caminho pois, iríamos ver Murgem.
- Querida, se comporte e por favor seja rápida, sabe que eu te amo não sabe?- Minha mãe falou carinhosamente.
- Sei, mãe eu também te amo, prometo ter cuidado.- De repente  me deu um aperto no coração, como se algo terrível fosse acontecer, mas não queria preocupar minha mãe, se não ai que ela não me deixava ir mesmo.
- Tchau, querida.- Ela me mandou um beijo. Que eu peguei e botei em meu coração.
- Tchau mãe.- Ela fez o mesmo, era um gesto simples mas que dizia muito, o nosso gesto.
Continuei descendo pelas nuvens até que encontrei Atheir em uma, me esperando impaciente.
- Vamos, a lua já está cheia.- Ele disse cruzando os braços.
- Calma apressadinho, ela vai estar lá confie em mim.- Eu disse convicta.
- Eu sei, mas não vejo a hora de vê-la.- Ele disse passando as mãos no cabelo, um sinal claro de nervosismo.
- Nem percebi.- Fui sarcástica, mas ele nem notou. Começamos a descer mais depressa, até que ele começou a falar.
- Por que demorou Hoje?- Perguntou, não estava realmente curioso só queria puxar assunto.
- Estava pesquisando uma coisa sobre a Murgem. - Já disse que citar o nome de minha amiga perto dele é igual a uma sessão interminável de perguntas?
- Por que? O que ela tem? Ela ta doente? Hera, não me preocupe, Por que estava pesquisando sobre ela?- Se a sua preocupação não fosse séria, eu até riria de sua cara, mas eu sabia que seria deseducado e além do mais isso só comprova minha teoria.
- Não é nada demais, é só uma coisa que descobri sobre vocês dois.- Não queria falar ali pois queria que Murgem ouvisse também.
- O que?- Ele perguntou, agora realmente curioso.
- Vou falar quando ela estiver presente se não estraga a surpresa.- Ri um pouco da sua cara de desapontado.
- Se é assim então vamos logo.- Começamos a correr mais, no caso do Atheir voar, eu meio que pulava de uma nuvem a outra, só que então eu parei do nada. Aquela sensação ruim que me invadira minutos antes, voltava com força total agora.
- O que foi Hera?!- Perguntou ele em alerta, já tirando sua espada e procurando o inimigo, eu não tinha tempo, ele tinha que sair daqui, encontrar Murgem, protegê-la, era só isso em que eu pensava pois tinha certeza que não estaria mais aqui.
- Atheir me escuta.- Falei o virando pra mim olhando diretamente em seus olhos pra ter certeza de que ele me levaria a sério e entendesse a importância do que eu ia dizer.- O que eu ia dizer a vocês, é que vocês tem uma ligação especial que os uni e é pra vida inteira, através dela podem se encontrar, é como um laço psíquico muito intenso.- Ele já ia me perguntar mais coisas só que eu não o deixei dizer.- Olha vai acontecer uma coisa muito ruim comigo, eu estou sentindo, então você tem que ir embora  e proteger Murgem agora, você não tem muito tempo!- Disse o empurrando pra ele começar a voar.
- Não posso te deixar aqui! Hera o que está acontecendo?!- Ele disse fazendo um pouco de força pra não se levar pelos meus empurrões.
- Você tem que ir Atheir, não sei o que está acontecendo mais acho que descobriram o meu segredo, eu posso sentir isso, é a única coisa que me põe em perigo.- Parei de empurrá-lo e fitei seus olhos outra vez.- Se você ficar vai morrer também, a Murgem não vai agüentar se perder à nos dois, tem que ir agora, as Harpias já estão chegando.- Seus olhos já estavam marejados, era difícil fazer essa escolha, mas sabia que se ficasse não venceríamos e abandonar um amigo é desonroso, mas proteger Murgem era sua prioridade, independente de que aconteça.
- Adeus Hera.-Ele disse e me abraçou rápido.
- Adeus Atheir, cuide de minha irmã.- Falei rápido assim que nos separamos. Ele virou e alçou vôo, antes que ele estivesse longe eu gritei.
- Siga o laço!- Tomara que ele entenda. Fiquei ali no meio da nuvem esperando as Harpias me buscarem, não poderia fugir, Harpias são eximias rastreadoras, também não poderia lutar, guardiões são mais treinados que eu, não demoraria muito, menos de trinta segundos.
Quando me virei já estava cercada eram mais de vinte, não me deixei levar pelo pavor, me mantive forte e de cabeça erguida.
- Dessa vez, a Deusa foi longe demais.- Disse o capitão olhando pra mim.- Criar uma impura bastarda... eu não queria estar na sua pele imunda. Preferiria ser condenado ao submundo.- Aquelas palavras não me atingiram, acho que no fundo eu já estava preparada para aquele tipo de situação. Em vez disso respondi a altura.
- Eu só me consideraria impura, se eu carregasse em mim o sangue de um ser hipócrita que se diz ser um Deus.- Nem vi quando aconteceu, só senti a queimação em meu rosto depois. Eu tinha levado um tapa.
- Vamos ver se é tão corajosa na frente dele então.- Outras duas harpias me seguraram os braços e me guiaram de volta ao Olimpio, passamos por um caminho desconhecido por mim, provavelmente Zeus não queriam que outros vissem o que estava acontecendo, para ele era uma desonra.
A noite deixava tudo mais sombrio, eu só conseguia pensar em minha mãe, será que a pegaram? E Atheir, conseguiu achar Murgem?
Nem vi quando paramos em frente ao grande salão onde se reunião todos ao Deuses, mas quando as outras Harpias abriram a enorme porta dupla feita a ouro maciço só tinha Zeus, Hera e Mamãe.
- Aqui está senhor.- Disse o capitão me parando no meio do salão. Ele era oval, composto de vários tronos, um ao lado do outro formando uma roda, mais o maior de todos era o de Zeus.
- Pois bem, agora saia.- Disse Zeus num tom autoritário e aborrecido. O capitão saiu junto com toda sua guarda.
- Eu quero que me expliquem como ousam me desafiar criando esta aberração!- Ele berrou encarando as Deusas.
- Não foi para te desafiar.- Explicou Tia Hera.- Artemis queria muito uma filha e eu concedi.- Ela disse, tentando manter uma postura, mas estava claramente nervosa.
- Você não decide nada aqui.- Ele a encarou com mais raiva ainda, parecia que ia lhe bater, mas por pouco não o fez.
- Artemis.. como pode me trair dessa maneira.- Tinha muito rancor e ultraje em sua voz.- Vocês sempre tiveram tudo, mais nunca estão satisfeitas.
Antes que mamãe respondesse alguma coisa, Tia Hera se interpôs.
            - É direito de Artemis querer ser mãe como toda mulher quer
e mais direito ainda se negar a ser mãe de um filho seu, e realmente ultrajante ser sua esposa e só estou aqui por causa das preces e da posição que tenho a zelar.- Isso só serviu pra enfurecer mais o Zeus.

            - Cale-se Hera! Cale-se antes que eu resolva te dar aos Titans!- Então minha tia se calou. Eu tinha certeza de que o que quer que aconteça comigo, será pior que a morte. Zeus virou-se pra Artemis e disse:

            - Não vou matá-las- Se referindo A minha mãe e tia.- Por causa dos seres que dependem de nós. Mas proíbo essa bastarda de viver sob este teto!

            - Não!- Gritou minha mãe desesperada.

            Zeus se levantou com toda sua magnitude e autoridade e simplesmente olha Artemis nos olhos.

            - Como ousa aumentar seu tom de voz comigo.- Ergue a mão e lhe dá um tapa.

            Nunca fui de perder a razão nem de ser tola o suficiente para enfrentar um Deus, mais não ouso admitir que encostem um dedo em minha mãe, um ódio imenso se apoderou de mim, corri e encostei em uma bandeja de ouro que estava perto de mim, me posicionando em frente a minha mãe na intenção de interromper outro tapa que viria a seguir. Mas Zeus aparou bruscamente e se enfureceu mais se é que é possível.

            - Como vocês ousam abençoar uma bastarda, com um dom?! Como foram capazes de tal ato de desrespeito?!- Ele se virou rapidamente levantando as mãos em um ato de frustração.- Que os Antigos me Ajudem.- Olha para nós de novo, e de repente exclama- Ícaro! Leve está bastarda até o quarto que ocupava, quero vigias lá dia e noite, e Artemis, levem a pras masmorras do Olimpio!

            - Não, por favor!- Gritei desesperada, as masmorras eram horríveis o pior lugar e o mais humilhante para um deus.-  Troque, me coloque lá no lugar dela, por favor!- Implorei. Eu já tinha voltado ao normal. Ele apenas se virou pra mim e de um modo totalmente soberbo disse:

            - Você, é petulante como essas traidoras, como ousa dirigir a palavra a mim dessa forma vulgar e desrespeitosa?! Essa concubina que tu chamas de mãe não disses quem eu sou?- Perguntou de um modo irônico.

            - Sim, a mulher mais pura e dócil que já conheci me ensinou que tu és um bom ser e que é um grande Deus. Mas pergunte-me se acredito nisso, lhe responderei que não. Pois um bom deus é justo, pacifico, bondoso para com outros e não desrespeitaria sua esposa perante tua própria face e não obrigaria a deitar te com vossa senhoria mulheres que não o desejam e muito menos com as verdadeiras concubinas que desejam te. E isso- Cuspi em sua cara.- É o que sinto por vossa Majestade.- Fui totalmente burra e imprudente, tinha acabado de assinar nossa sentença de morte, mas o impulso de colocar pra fora tudo o que eu sentia foi mais forte que a minha prudência e meu senso de sobrevivência.
            - Matem a!- Gritou furioso.
            - Não!- Gritou minha mãe e tia Hera Juntas.- Ainda sou a deusa das deusas, -Continuou minha tia.- E quem atacá-la será amaldiçoado. Zeus espere você está de cabeça quente.- Ele olha então pra mim muda esperando a morte. Ele me olhou com desprezo, como seu eu fosse um rato.- Tirem elas da minha frente.
            Os Guardas nos pegaram pelos braços e nos guiaram até a saída, a porta foi aberta e fechada atrás de nós com um grande estrondo.
            Fiquei três dias enclausurada em um quarto sem luz, sem comida e sem água, estava quase desmaiando. Será que estavam esperando eu morrer de Fome ou cansaço? De repente a porta foi aberta, meus olhos automaticamente se fecharam diante da claridade excessiva, só senti duas mãos fortes me puxando para fora e me guiando para o mesmo lugar onde estive três dias atrás.
            Zeus estava de costas pra mim, olhei pros lados e vi minha Mãe e minha tia, meu coração deu um salto.
            - Mãe!- Gritei, estava morrendo de saudades delas.
            - Querida!- Ela já ia se levantar pra vir até mim mas Zeus a impediu.
            - Fique onde está!- Gritou ainda virado.
Um silencio se apoderou do local enquanto ele se virava lentamente.
            - Pensei muito, em uma forma apropriada de puni-las.- Falou desviando o olhar pra cada uma de nós.- E acho que encontrei a solução.- Se posicionou em frente minha mãe e minha tia e disse.- Com vocês não irei fazer absolutamente nada,apenas irão ver o que farei a sua preciosa filha.- Não sei se me sentia aliviada por saber que não iria acontecer nada a elas ou se fico apreensiva por saber o que ele irá fazer comigo.

            - Não faça..- Mais antes que minha mãe terminasse de falar minha tia a segurou. Queria agradecê-la por isso, não queria que Zeus mudasse de idéia em relação ao puni-las.

            - Você..- Ele olhou pra mim- Se transformará em um dos monstros mais horríveis que já criei e que destrui, a Quimera nascerá de dentro de você e te perseguirá durante a eternidade e vagará pelo mundo assombrando a todos que á encontrem, e nunca mais falará com ninguém do Olimpio e ninguém daqui jamais a ouvirá.
             Uma dor se apoderou de mim, eu nunca mais veria minha mãe ou minha tia. Mais ai eu não sentia mais nada, sei que havia uma gritaria ao meu redor... Mãe, sim era a voz dela, mas eu não conseguia alcançá-la, eu estava caindo, e não parava de cair, a luz estava distante e tudo passou a ficar negro, e o torpor tomou conta de mim.
             Acordei com uma goteira na minha cara, a visita de Demetri me fez ter essa lembrança claramente desagradável.  Levantei e limpei meu rosto. Eu estava deplorável, com os olhos inchados de tanto chorar. Tentei me ajeitar o melhor que eu pude arrumei as poucas coisas que tinha em uma sacola incluindo minha espada e meu arco que apareceram misteriosamente. Será que ele entrou aqui de novo? A idéia me apavorou, me senti inútil e vúneravel. Até quando eu vou me  enganar? Nunca fui forte, nunca vou ser forte.. só aceito o que os outros dizem sem reclamar. Sai da caverna decidida a deixar a ilha hoje mesmo, ia passar pela cidade pra comprar alguns utensílios pra viajem, eu não podia entrar  no avião parecendo uma mendiga com a roupa toda suja e dinheiro, eu precisava de dinheiro pra compra a passagem. Teria que assaltar algumas lojas.

            Pulei a grade de proteção da reserva e caminhei em direção a cidade. Quando estava chegando perto senti uma movimentação de pessoas, parecia um festival. Não parecia, era um festival, havia uma faixa enorme dizendo “ Festival de Posei Don”  Era um tipo de comemoração em agradecimento a boa pescaria.

            - Ótimo.- Falei pra mim mesma, tudo que eu precisava era de gente me olhando, mais não tinha outro lugar para providenciar minhas coisas então seria ali mesmo, passei devagar pela multidão, pois tinha muita gente e pouco espaço pra passar, estava indo há uma loja em que vendia roupas quando vejo uma mulher saindo de lá, ela era a cara da... Murgem?

            Meu coração falhou uma batida, não poderia ser a minha irmã, ou poderia? Mas essa era diferente, totalmente diferente,  ela estava andando em plena luz do dia, Murgem não pode sair de dia é impossível e essa está andando de salto, ela não conseguia nem se equilibrar nos próprios pés quando era humana por uma noite, também tem sua pele, mais bronzeada que o normal pelo excesso de sol, a pele de Murgem era branca como a Lua, mas ainda sim meu coração teimava em alimentar esperanças. Essa situação era ridícula eu tinha um objetivo a cumprir não podia me dar a esse luxo.

            Mas a mulher se virou e me olhou, com o mesmo espanto com que eu a estava olhando, parecia que ambas estávamos vendo fantasmas de nossas vidas. Seria possível?


2 comentários:

Babi, nao sei se ja lhe disse mas adoro escrever com vc! seu capitulo esta simplesmente perfeito, como sempre... Parabéns amigah

Meninas vc se superaram de novo a cap ficou lindo.
E agora eu entendi melhor a historia da Hera.
Nossa como ela sofreu me da ate uma peninha dela.
Mas eu concordo com a Marilan o cap esta mais do q perfeito esta divino....
parabens Babi
todas vcs são otimas escritoras
beijos

Postar um comentário

Não esqueça de comentar, isso incentiva os escritores e também a mim que tento agradar a vocês.