5 de jul. de 2011

Capitulo 15

Posted by sandry costa On 7/05/2011 4 comments

As distrações de Alice



O conceito de família é algo muito pessoal, assim como são todos os conceitos acerca de todas as coisas, eu acho... mas família é algo muito mais complexo e profundo, uma sociedade tão íntima e vital que por vezes não a compreendemos perfeitamente bem; na verdade, a maioria das pessoas nunca parou para pensar ou analisar a sua própria família.
Eu sou uma vampira, em minha família são todos vampiros, todos imortais... recentemente, Bella entrou em nosso pequeno clubinho fechado, para meu espanto e felicidade, ela se tornou muito mais que minha amiga, tornou-se minha irmã. Com Bella tudo se tornou completo porque Edward parou de ficar pelos cantos da casa em seu silêncio irritante e solitário. 
E quem diria? Eu me tornei tia... assim como acabei sendo abandonada... ou como me apaixonei de novo, este tipo de situação me faz acreditar realmente que não temos qualquer controle sobre nossas vidas, afinal, somos muito dependentes das outras pessoas que nos cercam e parece que não existiríamos sem elas. Eu não me veria sem minha família imensa, doida e feliz... não conseguiria mais ficar longe deles.
E aqui estou eu... jamais imaginei que me prenderia num lugar como Forks, uma cidadezinha engraçadinha mas extremamente monótona; era para ficarmos pouco tempo aqui, sem criarmos raízes ou amizades, mesmo porque, como vampiros, não podemos aprofundar amizades com humanos. Mas tudo desabou e se desestruturou quando Bella apareceu... ela desajeitou nossas vidas... e é justamente por isso que eu a amo tanto.

Meu coração estava aflito por Jacob, eu quase morri quando vi o olhar de desamparo em seu rosto... eu sofria vendo-o sofrer e daria qualquer coisa para jamais vê-lo triste, eu me sentia impotente diante da situação, sendo vidente e vampira... ou qualquer outra coisa, eu parecia uma inútil não sabendo o que fazer para confortá-lo numa situação destas. 
Carlisle e Esme foram verdadeiros super-pais para mim, eles ficaram comigo na sala em uma maratona de clássicos do cinema, pudemos ver filmes memoráveis como Bonequinha de Luxo, Casablanca, Assim Caminha a Humanidade e, por fim, Juventude Transviada. Fiquei muito emocionada porque em alguns destes filmes há cenas memoráveis de romance e eu desejava ter Jacob comigo; entretanto, a presença de Esme e o olhar tranqüilo de Carlisle foram capazes de me acalmar um pouco.
Jake me ligou de madrugada, eram mais ou menos duas horas da manhã, ele avisou que Billy realmente ficaria internado e que, segundo o médico, teria que ser submetido a uma angioplastia. 
- Como você está? – eu perguntei preocupada ele.
- Bem – ele respondeu numa voz cansada que me cortou o coração – Às vezes eu me esqueço que Billy está envelhecendo... até hoje eu não encarei a morte com muita seriedade, esse lance de ser imortal é estranho, mas preciso sempre ter em mente que meu pai não é... e que um dia ele irá partir.
- Eu me sinto inútil não estando do seu lado para te apoiar...
- Não seja boba, Alice… não há nada que você possa fazer quanto a isso – ele respondeu carinhosamente – O importante é saber que você se preocupa comigo.
- Como eu não me preocuparia? – eu disse – Você é meu namorado e qualquer coisa que te magoe, me magoa também.
- Prometo te ver amanhã... 
- É bom mesmo, senhor Black, agora que me viciou na sua presença, eu não vou conseguir ficar sem.
- Te vejo amanhã, fadinha... beijo – click.

Ah, isto estava ficando descontrolado demais... eu não conseguia ficar sem Jake, não conseguia simplesmente ficar sem ouvir sua voz, seu cheiro... a quentura de seus lábios, de suas enormes mãos tamborilando a pele de minha cintura. Era demais, e eu sabia que estava indo muito rápido, que esta obsessão por Jake poderia não ser muito saudável, então, mesmo não conseguindo, não tive outra opção... decidi falar com Edward.
Como achei muito chato simplesmente não assistir a todos os filmes que Carlisle escolheu para nós, esperei pacientemente – sentada aninhada entre Carlisle e Esme, como a filhinha adolescente e caçula da casa – Juventude Transviada terminar, nem notei o filme, apesar de ótimo e um dos meus clássicos favoritos... minha mente não deixava Jacob e a pressa de falar com Edward também.
- Sabe – disse Carlisle baixinho com um sorriso maroto no rosto – Você realmente não precisa ficar suspirando o tempo todo...
- Eu sei – eu ri baixinho me acomodando nele e escondendo meu rosto em seu pescoço, como a mais envergonhada filha – Sinto muito, não posso evitar, acha que estou exagerando e que tudo está indo rápido demais?
- Acho que está apaixonada, Alice – Carlisle respondendo sorrindo e afagando meu rosto – É normal isso, não é porque é uma vampira secular que não pode se sentir assim, é o que o amor faz a todos nós; independente de idade ele nos rejuvenesce, nos extasia... e nos faz suspirar sempre.
Eu encarei os olhos furiosamente dourados de Carlisle, seu olhar paternal e seu sorriso tranqüilo aquietaram meu coração, era impressionante o quanto Carlisle conseguia passar esta aura de tranqüilidade para todos ao redor. Eu segurei o queixo dele e o encarei.
- Você é o melhor pai do mundo, sabia?
- Ah – estalou ele num sorriso faiscante e visivelmente encabulado – Isso porque tenho os melhores filhos do mundo... e uma delas é uma fada, veja bem.
- Agora que a seção de filmes terminou... tenho que falar com Edward – eu disse beijando o rosto de Carlisle e Esme e saindo saltitando pela sala, sabendo que jamais abandonaria esta família, sabendo que ficaria com eles para sempre e este fato alentou meu coração: que fazia parte de uma família perfeita.

O jardim me recebeu em silencio quando a madrugada fria já tentava despertar para o dia, as estrelas piscaram para mim, pálidas e indiferentes, havia um vento glacial se aproximando de Forks e isso significava que estávamos às vésperas de um inverno terrivelmente frio e branco.
Eu caminhei tranqüila admirando a noite com meus olhos de vampira, tudo se tornava mais claro, mais nítido, mais vivo... eu adorava esta parte de poder ser vampira; saltitei delicadamente pelo chão irregular pedindo aos céus para não estragar meu par de Jimmy Choo novinhos e cheguei ao rio que separava nossa casa do chalé de Edward e Bella. O rio caudaloso sussurrava seus segredos para o céu e eu saltei sobre ele com um movimento fluído e delicado, pousei o mais graciosamente possível tentando não destruir meus sapatos... de novo.
A trilha coberta por folhagens verdes e vistosas escureciam o caminho, o vento farfalhava e à distância eu vi a luz da casa acesa, um chalé simples e elegante perdido no meio da mata, Bella não admitiria outra forma de moradia, ela detestava ostentação. Mas era uma casa muito charmosa, deu-nos algum trabalho quando resolvemos reformá-la para os dois pombinhos recém casados.
Mal havia colocado os pés na varanda quando Edward abriu a porta, e a luz amarelada me acolheu numa luminosidade quente e bem vinda.
- Boa noite... – disse Edward.
- Boa noite, maninho – eu respondi rindo enquanto deixava um beijo leve em seu rosto emoldurado.
Na soleira da porta eu vi Bella na sala de onde um “oi” se desenhou em seus lábios sem emitir qualquer som, foi só quando percebi que Renesmee estava enroscada em seu cobertor rosa deliciosamente adormecida no colo da mãe. O rosto de Bella estava iluminado com a presença de sua pequena criança, como toda vampira, Bella não podia adormecer... mas o prêmio por isso era justamente poder, todas as noites, ver sua filha dormir tranquilamente em seu colo.
- Vou roubar o seu marido por alguns instantes... – eu sussurrei baixinho para não despertar Nessie, Bella sorriu e aquiesceu levemente sorrindo para mim. Edward então encostou a porta levemente e me conduziu para fora da varanda, caminhamos até o jardim indo nos sentar nos pesados bancos de granito que estavam dispostos ao redor de uma mesa de jardim do mesmo material.
A noite estava fria, o vento agitava meus cabelos e desfazia os já desarmoniosos cabelos acobreados de Edward, mas, ainda assim, era uma noite bonita com estrelas cintilantes levemente encobertas por um manto cada vez mais anunciado de nuvens de chuva.
- E então – começou Edward assim que nos acomodamos – A que devo o prazer de sua visita?
- Bem... – eu comecei sem saber por onde começar – Eu preciso lhe fazer uma pergunta.
- Sim?
- Não sei ao certo como começar – eu disse sabendo que Edward lia meus pensamentos enquanto eu tentava formular a pergunta, como todo bom irmão educado, ele se apoiou no banco e cruzou os braços aguardando que eu conseguisse me pronunciar – Bem, estou preocupada com meus sentimentos por Jacob.
- Alguma coisa errada? 
- Não é claro que não – eu me adiantei mesmo sabendo que ele sabia que não havia nada de errado – É que eu jamais namorei um humano, nenhum de nós fez isso antes de você sair com Bella, então... sei lá... acho que ando perdendo o controle... não que eu esteja pensando em morder Jake, acho que o fator “lobo” impede que ele parece apetitoso para mim como um alimento, é diferente, eu não preciso me controlar tanto perto dele como você fazia com Bella, digo... está entendendo?
- Em parte – riu Edward.
- Tá, vou tentar melhorar a minha explicação – eu disse – Eu acho que estou ficando doente, a ausência de Jake me causa uma dor física, é como se faltasse o ar, como se eu perdesse a capacidade de ver as cores do mundo, eu não consigo respirar. Não sei o quanto isso é exagerado ou não, mas estou preocupada, porque não foi assim com Jasper, eu o amava é claro, mas nunca pareci... bem... obcecada. 
- Alice, minha querida irmã... você só está apaixonada, tudo o que descreveu agora são os sintomas básicos de uma paixão... claro, parece uma colegial, mas, enfim, eu não a culpo.
- Não, Edward, é sério – insisti – Eu nunca me senti assim antes, é algo exagerado, arrebatador, parece ser capaz de destruir a minha compreensão e o meu controle das coisas, eu queria estar com Jake 24h por dia, 7 dias por semana, 30 dias por mês e 365 dias por ano... é um exagero. O que eu pretendo perguntar é... isso é normal, você que já namorou uma humana, é por ser humano que Jacob me causa este efeito tão... estrondoso?
- Bem, de fato, seres humanos nos causam uma impressão maior – disse Edward pensativo – Talvez porque passamos muito tempo sem experimentar a quentura de seus lábios, de sua pele, sua respiração e, principalmente, o som da batida de seus corações. Nós passamos muitos anos, séculos na verdade, afastados dos humanos, Alice... é claro que eles nos causam um efeito maior que vampiros... nenhuma vampira, por mais linda que fosse, me chamou tanta atenção quanto Bella sendo humana... o mesmo acontece com Jacob... é o calor do sangue deles eu acho... nos torna seus escravos – ela completou num riso sincero.
- Ai meu Deus – eu gemi – Estou perdida...
- Você realmente gosta dele, não é mesmo? – perguntou Edward e eu não pude evitar de encará-lo, acho que ele nem precisou ler minha mente para saber a resposta – Você o ama?
- Sim...
- Uau... este é o efeito Jacob. Não sei por que, deve ser o fato de andar tão sem camisa por aí... – provocou Edward.
- Ah, não começa... Jake não anda assim o tempo todo, foi só naquela época de conturbações em que ele tinha que se transformar de uma hora para outra para defender a sua esposa e nossa família. Eu o amo por diferentes razões.
- Sério? Quais?
- Eu e Jake passamos por problemas semelhantes, como dois sobreviventes, eu sobrevivi ao Jasper e Jake à Bella... e agora, juntos, decidimos continuar nossas vidas independentes das dores do passado. Só nunca imaginei o quanto eu me envolveria com ele.
- Nós nunca sabemos, Alice. Nunca imaginamos por quem vamos nos apaixonar, nosso coração é quem decide, eu jamais pensei que me apaixonaria por Bella e olha só... tenho até uma filha. Não precisa se preocupar tanto... você é uma vampira normal, uma garota perfeitamente normal apaixonada por seu namorado... alguns séculos mais jovem.
- Olha só quem fala... Bella é mais ou menos isso mais jovem que você.
- Estou brincando Alice – defendeu-se Edward – Mas, minha querida e doce irmã, se veio aqui perguntar se sofri por Bella e quase não me controlava perto dela, e passava o tempo todo pensando nela, e quase enlouquecia com sua ausência... a resposta é sim. Não esquenta, está normal como sempre foi. E eu desejo muito que você e Jake segam absurdamente felizes.
- Sério?
- Absolutamente - disse Edward animado – Sabe, nós ficamos realmente preocupados com você quando Jasper foi embora, quer dizer, foi quase um ano te vendo quieta, introspectiva, destruída pelos cantos... Bella morria de preocupação por sua melhor amiga jamais voltar a ser o que era antes; você é uma fada, Alice... uma princesa, uma eterna e sorridente menina... te ver em depressão e traumatizada por Jass ter ido embora foi a pior coisa que pudemos presenciar. Emett considerou seriamente ira trás de Jasper e lhe dar uma surra por isso.
- Sério? – perguntei surpresa.
- Claro que sim... mas, enfim, surgiu Jake e te tirou deste mundo de tristeza. Assim, sou extremamente grato mais uma vez por ele... parece que estou fadado a ser eternamente grato a Jacob Black... não é realmente estranho?
- De fato meu lindo irmão – eu respondi rindo – De fato.

Foi muito bom conversar com Edward, claro que foi um pouco constrangedor, afinal, quem gosta de ter o irmão mais velho conversando sobre namorados e tal? Mas ainda assim, serviu para elucidar minha situação, e bem... definir que eu mesma não estava alucinando acerca de meu namorado Jacob.
Um vampira namorando um lobo... ai ai.

4 comentários:

Esse capitulo foi lindo, amei as explicações do Edward pra Alice.

Lindooooooooooo,

Carlisle um gentleman, Edward tambem...

gostosa conversa entre irmaos...

familia é isso mesmo...


bjs

Ah!! Lindo.... Eles dois...

Eu amo essa fic!!
bjks

Lindinho como sempre!

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