3 de jul. de 2011

Capitulo 25

Posted by sandry costa On 7/03/2011 4 comments


Traição



O sol aqueceu minha face e meus pensamentos não vieram a tona imediatamente, eu sentia meu corpo subir e descer como se estivesse flutuando sobre as nuvens do céu, uma quietude excessiva tomava meu ser me embalando numa canção lenta e repetitiva que lembrava as ondas do mar. Mas então a tristeza me despertou completamente, a dor da revelação me recebeu como um murro no estômago... eu era uma Fúria da Noite... uma Feiticeira Negra.

- Você demorou a acordar... eu já estava preocupado – disse uma voz conhecida atrás de mim e, ao me virar, eu vi o velho barqueiro me encarando de seu posto na popa da pequena embarcação.

- O que estou fazendo aqui? Onde está Marcela? – perguntei confusa.

- Quando você perdeu os sentidos, Marcela me pediu para trazê-la novamente para o continente – disse Gilliat com o olhar triste.

- Eu fui expulsa da ilha de Marcela...

- Expulsa não, minha criança... sua presença estava causando uma desarmonia em toda a ilha e Marcela foi obrigada a tirá-la de lá. Infelizmente, ela não pode lhe ajudar, a não ser revelando quem de fato você é.

- Sou uma Feiticeira das Trevas... – eu suspirei escondendo o rosto entre as mãos.

- Você será se assim desejar – respondeu Gilliat não interrompendo suas remadas ritimicas e precisas.

- Mas como posso ser algo diferente do que nasci para ser? Todos mentiram para mim, meus pais mentiram... minha mestra mentiu, pelos céus estrelados, minha vida foi uma farsa até hoje.

- Tudo o que você sentiu foi real, Sophia... mesmo que as pessoas tenham lhe enganado, o que você sentiu foi real porque partiu da pureza de seu coração. Entenda, as pessoas não nascem com o mal inato em seus corações, tornam-se más por escolha própria... é certo que cada ser humano tem um dom, se um homem nasce para ser carpinteiro... assim será. E há aqueles que nascem para o mal, possuem, muitas vezes, um coração bom propenso a fazer coisas ruins, um coração ambíguo... mas o que difere homens bons dos homens ruins é a capacidade de extirpar este mal, de se sobrepor a ele mesmo sabendo que a maldade germina em seu coração. Você não é diferente, não é porque está destinada às sombras... que precisa fazer parte delas.

- Eu me sinto perdida, Gilliat... não sei para onde ir... – eu disse arrasada.

- Siga seu coração, minha criança – respondeu o velho revertendo a pá do remo e me indicando com os olhos a praia de onde viera me buscar – Agora vá, Sophia Luzdaurora... você nasceu destinada a grandes feitos, se bons ou ruins eu não sei dizer... mas com certeza serão grandes. Vá criança... entre nas ondas e volte a correr atrás de seu destino.



Eu encarei as águas revoltas sob o barco, a espuma branca do mar gritando em torvelinhos de ondas que quebravam lá na praia, por um instante eu hesitei... não queria deixar o barco e a serenidade de Gilliat, ali parecia tão seguro, tão tranqüilo, como se eu pudesse permanecer eternamente adormecida flutuando neste mar infinito.

Mas eu sabia que não podia ficar e, desta maneira, saltei pela amurada da embarcação e senti a água salgada do mar me envolver em seu abraço gelado e etéreo, assim que meu corpo foi tomado pelas ondas eu ouvi a voz do Oceano sussurrando em minha mente, inebriando meus sentidos com seu canto de poder absoluto... então era esta a minha maldição? As forças elementais da natureza mostravam a mim seu lado mais obscuro? Eu não era capaz de criar e alterar as forças da mãe terra... eu tinha o poder de deturpá-las e ampliar sua força destrutiva.. eu era uma agente do Caos.

Então eu me livrei da voz dominante do oceano com suas promessas de poder supremo e mergulhei através das ondas até a praia; meu coração se encolhia à medida que eu me aproximava da areia, como haveria de contar para Lizii que eu era uma Feiticeira das Trevas? Como encararia Ethan que fora amaldiçoado por essa raça de feiticeiras? Eu perderia minha amiga... e o homem que aos poucos eu entregava o meu coração.



Mas quando finalmente coloquei os pés na areia da praia, quando endireitei meu corpo e meus olhos pararam de arder devido ao sal da água... eu notei. Foi muito sutil, como a brisa de uma tarde de inverno, havia algo errado... algo alterado, de alguma forma o lugar não estava normal... Gilliat me deixou próximo de onde Lizii e Ethan estavam acampados... mas, por alguma razão, tudo estava estranhamente diferente de quando eu parti.

Descalça, dei alguns passos desconfiados rumo à mata nativa que se abria logo depois da praia, havia uma sombra estranha lá dentro no meio das árvores e folhagens, estava tudo silencioso e estático, como se o mundo aguardasse alguma coisa... eu preparei minha concentração... preparei minha aura de magia... as palavras e encantamentos prontas a disparar de minha língua se fosse preciso... mas, então, no mesmo instante em que me posicionei para um ataque ou para uma defesa... relaxei o corpo.

Eu não podia usar minha magia. Eu sou uma Fúria da Noite, qualquer pedido meu transforma a natureza em uma força furiosa e sem controle... que mal eu causaria se invocasse a proteção do Oceano? Que devastação provocaria se invocasse a fúria dos ventos? Não, eu não poderia fazer isso, não podia correr o risco de liberar a força da Natureza sem medir suas conseqüências. Havia algo de errado neste lugar, alguma coisa aconteceu e alterou as coisas, eu sinto isso em meus ossos, como também sinto estar caminhando direto para uma armadilha... completamente desprotegida caso não ousasse invocar meus poderes.

E foi como desconfiei... Lizii não estava à vista em nosso pequeno acampamento... ela não deixou rastros ou qualquer sinal de que havia partido, assim como não havia sinal de Ethan e meu coração se tornou pesado. Sob as árvores frondosas restou apenas os vestígios de uma fogueira adormecida, as brasas vermelhas se apagando aos poucos... estalando no ar frio da manhã, percebi que não havia rastros na areia, seja lá o que for que tenha acontecido, Lizii deixou o acampamento de forma sorrateira.

Foi quando ouvi um silve veloz no vento, e não era o soprar natural dos ares mais altos, não era uma brisa comum... era o som de um corpo veloz cortando o ar, vincando a areia, quase voando em minha direção. Eu senti a alteração na natureza, na terra e no céu, soube que havia criaturas sobrenaturais próxima a mim e me lembrei do som que elas faziam quando cortavam o ar em sua correria desabalada: vampiros.

Imediatamente – e imagino que isso significa um ou dois milésimos de centésimos de segundos – eu invoquei minha aura de magia e estava prestes a sussurrar um encantamento de proteção, quando, involuntariamente... eu novamente hesitei. O que aconteceria se eu perdesse o controle como aconteceu com a sequóia gigante na floresta? O que aconteceria se despertasse a fúria dos ventos marinhos, da areia ou do Oceano?

- Bem, não era exatamente a que procurávamos, mas pelo menos é uma delas... não é mesmo? – disse uma voz súbita alguns passos atrás de mim, ao me virar dei de cara com um vampiro belo de compleições fortes e olhos ígneos.

- Demetri – chamou uma segunda voz, de um vampiro saindo da floresta, era muito mais jovem e muito mais belo que o que falara primeiro, seus olhos também rubros era cheios de uma suspeita incontida – Você rastreou a errada, esta é a feiticeira... não a elfa.

- Eu sei disso, Alec – respondeu Demetri com escárnio – Mas a elfa desapareceu assim que colocamos os pés neste lugar... pelo visto a feiticeira não é tão esperta, não é mesmo? E parece tão frágil... não sei como pode ter dado tanto trabalho assim para Felix.

- Não a subestime Demetri – tornou a falar Alex Volturi e lembrando a história que Lizii me contou eu olhei para aquele que havia destruído o coração e o mundo de minha amiga – As Fúrias da Noite são poderosíssimas.

- Como é que você....!? – eu falei num misto de espanto e choque, eu mesma acabara de descobrir o que o vampiro já sabia, comprovando que pelo visto eu era sempre a ultima a saber das coisas – Onde está Lizii? - eu perguntei nervosa com medo de invocar minha magia e destruir tudo.

- Eu esperava que você pudesse me dizer, Sophia – disse Alec se aproximando de mim – Há muito tempo eu procuro por minha esposa...

- Esposa??? – eu gaguejei me afastando.

- Pelo visto ela não lhe contou... – respondeu ele num sorriso sarcástico – Meus mestres ainda possuem interesse nos Cristal dos Mil Caminhos e eu fui incumbido de encontrá-lo... por isso, minha querida feiticeira... onde está Lizii?

- Eu não sei. – respondi convicta.

- Demetri? – chamou Alec com um sinal e momentos depois o vento uivou e eu senti uma mão de aço entrelaçar minha garganta, tão pesada e inflexível que minha respiração começou a falhar instantaneamente. Minha visão borrou e eu não conseguia pensar... não ousaria invocar meus poderes e correr o risco de despertar a fúria da natureza... seria melhor, talvez, morrer ali mesmo.

Foi quanto ouvi uma voz conhecida, uma voz que aquecia meu coração... alguém que estava preocupada por ter sumido e que imaginei em perigo por causa dos vampiros... mas agora meus olhos se abriam para o homem maltrapilho e de olhar severo parado sobre a areia da praia e encarando os vampiros com indignação.

- Soltem-na... Agora – falou ela numa voz fria, e com um aceno de Alec eu fui solta, caiindo esparramada no chão... mas minha preocupação estava em Ethan, o que ele poderia fazer contra dois vampiros?

- Não ouse nos bradar ordens... alquimista – disse Demetri num tom de escárnio.

- Ela é importante ao meu mestre, vampiro – disse Ethan sem me olhar – Lembre-se que nossos mestres estão unidos agora, e meu senhor não ficaria contende se a menina fosse ferida de alguma forma.

- Que seja, mas ela é responsabilidade sua... nós estamos ocupados procurando pela elfa – rugiu o vampiro enquanto eu me levantava sem compreender nada.

- Não seja tão brusco, Demetri – disse Alec – Nós prendemos a feiticeira, Lizii virá atrás dela... ela não permitira que Sophia fosse capturada a toa. Agora vamos, voltemos para o palácio, e Ethan, você cuida da prisioneira de seu mestre.



Então eu voltei meus olhos para Ethan sem compreender... ele estava lá parado, incapaz de me olhar nos olhos, incapaz de me encarar, seria possível? Ethan trabalhava em conjunto com os vampiros? Não, isso não poderia estar acontecendo, ele não era um traidor, deveria ser algum artifício para poder ajudar a mim e a Lizii.

- Ethan? – eu chamei confusa, ele não encarou meus olhos.

- Eu sinto muito, Sophia – respondeu ele em voz baixa – Mas eu tenho que levá-la até o meu mestre...

- Mestre?

- O Mago-Corvo... Cagliostro, seu pai.

- Você serve a ele? Então sabia que eu... você sabia o tempo todo? Nos conduziu até aqui... numa armadilha?

- Eu sinto muito, as coisas saíram do controle... eu não desejava isso, mas não tive escolha.

Meu peito arfava em busca de ar, minhas forças pareciam ter se esvaído como água sendo absorvida pela areia da praia; meu coração acelerado retumbava em meu peito, mas apesar da traição de Ethan, apesar de eu ter me apaixonado pelo homem que acabara de me trair... eu não estava com raiva.

Não conseguia reunir qualquer sentimento, era como se minha alma estivesse vazia e desolada, eu encarei Ethan e as lágrimas rolaram pelo meu rosto, ele assumiu uma expressão de dor, como se estivesse profundamente arrependido do que fizera, mas era tarde demais. O mal já estava feito. Eu me levantei totalmente desamparada, descobri que eu não era eu, descobri que nada em minha vida era verdadeiro e acabara de ser traída pelo homem que havia conquistado pela primeira vez o meu coração.

- Faça o que tem de fazer, Ethan – eu disse erguendo os meus pulsos para ele em sinal de rendição.

- Sophia...

- Vamos, de uma vez por todas. Eu desisto, não tenho mais forças para lutar... não tenho mais forças para compreender; farei o que quiser.

Ethan, parecendo desolado, indicou com a mão o caminho para que eu fosse à frente; cansada, deprimida e sem quaisquer forças para revidar as traições dos últimos dias... eu fiz o que ele ordenou sem conhecer o meu destino. Olhei para as árvores altas enquanto nos afastávamos do faiscante mar do Mediterrâneo, ali, através das folhas verdes o sol brilhava forte e eu pensei em Lizii.

Com sorte ela tinha conseguido escapar dos vampiros e se abrigou bem longe. “Por favor, minha amiga”, pensei comigo mesma dirigindo as palavras à Lizii, “não volte por mim, fuja, fuja para longe e não volte mais”.



O caminho foi longo, seguimos a pé, apenas eu e Ethan, ele atrás silencioso e austero e eu na frente, cansada e perdida. Logo o mar ficou para trás e a areia da praia foi substituída pelos campos verdejantes da Itália, vinhedos se espalhavam pelas colinas e planícies adocicando o ar com um aroma de uva fresca; o céu era azul e profundo, as pessoas sorridentes e educadas passavam cumprimentando sem nem imaginar o que éramos de fato... era um lugar lindo, uma pena que minha alma estivesse despedaçada.

Logo, Ethan me conduziu por uma estrada estreita que serpenteava colina acima, nos dias em que viajamos juntos ele não tentou se explicar e um silêncio profundo nos cercou afastando-nos da proximidade que acabamos adquirindo na praia. Era algo terrível, eu estava apaixonada pelo homem que acabara de me causar uma terrível desilusão, mas, para piorar, eu simplesmente não conseguia dizer nada... nenhuma idéia se formava em minha mente e eu também não queria ouvir nenhuma explicação.

Perdida em pensamentos e preocupada com o paradeiro de Lizii, eu não percebi quando uma densa muralha se ergueu à minha frente, de dentro da muralha um castelo antigo e charmoso me encarou com severidade. Um cheiro de morte exalava dele e eu me surpreendi pelas pessoas ali perto não sentirem isso, imediatamente, um frio desceu pelas minhas costas num arrepio desmedido... eu percebi o que era aquele castelo: um covil de vampiros.

Apesar de sentir medo eu não parei, não faria diferença... agora tudo o que acontecesse não faria diferença alguma. Eu era prisioneira do homem que amava, era filha de um mago sombrio... era um Fúria da Noite.

E tão logo entramos pelo portão, um rapaz bonito que eu reconheci de imediato sorriu para mim, estava elegantemente trajando roupas pretas, um sorriso perfeito contrastando com seus olhos ígneos; belo como todos os vampiros e letal como nenhum outro.

- Bem vinda a Volterra, Sophia – disse Alec polidamente tocando meu rosto com sua mão gelada – Eu gostaria de saber, antes de entrarmos, onde está a minha esposa... onde está Lizii?



E eu fechei meus olhos por um segundo, estava definitivamente...



... ferrada.

4 comentários:

ai!!!!!!!!!!!
que pena dela e onde esta a Lizii???????????????
coitada perdeu tudo em que acreditava
capitulo perfeito gente.
parabens
beijusss

Oi gente!!! então eu entrei hoje em contagem regressiva para ganhar um capitulo de DESTINO CRUZADO no dia do meu aniversario!!! que é dia 14 de novembro!!
Entao pessoal vamos agilizar isso pois quero muito ganhar.. E quem me der um capitulo de presente ganha um montão de beijusss
e de agora pra frente eu vou deixar um comentario todos os dias aqui...um comentario novo e diferente e fazendo diversas perguntas...
eu amo demais essa fic;;;; ela é a melhor....
pessoal beijusss e ate amanha!!!!!

Olha eu aqui de novo!!!
Então pessoal sera que alguem se habilita a me dar um capitulo no dia 14 de novembro???
desde já eu agradeço
beijusss e ate

Oi gente será que eu vou ganhar um capitulo!!! dia 14 esta chegando!!!
beijusss

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