O estranho
Narradora
Richard olhou para os dois lados antes de entrar mancando na loja de caixas postais da galeria comercial. Seu olhar percorreu o salão. Ninguém o observava. Perfeito. Ele não conseguia evitar um sorriso. Golpe infalível. Não teria como descobri-lo e dessa vez ele conseguiu o que queria.
O segredo de tudo segundo Richard estava na preparação. Era isso que separava os bons dos ótimos. Os bons ocultam suas pistas, já os ótimos preparam-se para qualquer eventualidade.
A primeira coisa que ele fez foi descolar uma identidade falsa com seu primo fracassado, Tony. Depois, alugou uma caixa postou com o pseudônimo. Sacaram à genialidade? Usar uma identidade falsa e um pseudônimo. Assim, ainda que alguém subornasse o mane atrás do balcão e ficasse sabendo quem alugara a caixa postal, tudo que descobririam seria o nome Taylor e a identidade falsa de Richard.
Não havia como descobrir o próprio Richard.
Do outro lado do salão, ele tentou espiar pela janelinha da caixa postal 419. Difícil distinguir qualquer coisa, mas havia algo ali, sem duvida. Ótimo! Richard aceitava apenas dinheiro vivo ou ordens de pagamento. Nada de cheques, é claro. Nada que pudesse incriminá-lo. E, sempre que apanhava o dinheiro, ia disfarçado. Como naquele momento. Ele usava um boné de beisebol e um bigode postiço. Além disso, fingia mancar. Ele havia lido em algum lugar que as pessoas observavam os mancos, assim, se uma testemunha tentasse identificar o homem da caixa 219 iria dizer o que? Vi um homem, ele tinha bigode e mancava. E, se você subornasse algum funcionário, concluiria que um sujeito chamado Taylor, tinha bigode e mancava.
O Richard Cooper não tinha bigode e nem mancava.
Mas ele também tomava algumas precauções. Nunca abria a caixa postal perto de outras pessoas. Jamais. Se alguém estivesse apanhando a correspondência ou por perto ele fingia estar abrindo uma outra caixa.
Quando a barra estava limpa, só quando não tinha ninguém por perto ele se dirigia para a caixa 419. Ele sabia que todo o cuidado era pouco.
Mesmo no caminho até lá, Richard tomava precauções. Estacionava a caminhonete de trabalho – fazia reparos e instalações de TV a cabo na conta leste – a quatro quarteirões de distancia. Ele se esgueirava por duas ruelas no caminho até lá. Usava uma jaqueta preta sobre o uniforme para que ninguém visse o nome Richard bordado no bolso esquerdo da camiseta.
Pensou na bolada alta que provavelmente o aguardava na caixa 219, a menos de três metros de onde se encontrava agora. Sentiu uma inquietude nos dedos, um frio na barriga, tanto tempo de espera e estava ali o que ele mais queria.
Havia duas mulheres abrindo suas caixas postais no salão. Uma delas se virou e sorriu distraída para ele. Richard se dirigiu as caixas do outro lado do salão, apanhou o chaveiro – seu chaveiro era daqueles que ficam presos no cinto – e fingiu procurara uma chave. Manteve o rosto abaixado e afastado delas.
Dois minutos depois as mulheres haviam pegado suas correspondências e ido embora. Ele estava sozinho. Rapidamente atravessou o salão e abriu sua caixa.
Bingo!
Um pacote endereçado a ele. Embrulhado em papel pardo. Numa indicação de remetente. E suficientemente grosso para conter uma grana preta.
Richard sorriu e pensou: “Será que os 50 milhões estão aí”
Estendeu as mãos tremulas e apanhou o pacote. Bom peso. O coração disparado. Ele vinha aplicando aquele golpe havia quatro meses.
Dando outra geral no salão Richard colocou pacote no bolso da jaqueta e saiu andando, ou melhor, mancando as pressas. Pegou um caminho diferente ate a caminhonete e partiu para firma. Seus dedos encontraram o pacote e o acariciaram. Cinqüenta milhões de dólares. O número o deixava fora de si.
Quando chegou a instalação da firma, já era de noite. Estacionou a caminhonete e atravessou a passarela ate seu próprio carro, um Honda Civic 91 todo enferrujado. Olhou com desdém para o veículo e pensou: “Logo me livrarei de você”.
O estacionamento dos funcionários estava vazio. A escuridão começou a oprimi-lo. Conseguia ouvir os próprios passos. O frio penetrava a jaqueta. Cinqüenta milhões. Ele tinha cinqüenta milhões no bolso. Richard arqueou os ombros e apressou os passos.
A verdade era que dessa vez estava assustado. Teria de parar com o golpe. Um bom golpe, sem duvida. Mas agora ele estava jogando contra pessoas importantes. Uma pessoa acima de qualquer outra. Um clã digno de respeito e um clã digno para matar.
O golpe era simples, e era essa simplicidade que o tornava extraordinário. Toda resistência com TV a cabo tinha uma caixa de distribuição na linha telefônica. Quando você assinava algum canal especial, como Showtime, [N/A: Pesquisei vários canais americanos de TV a cabo, então ignorem se estiver errada gente, mas foi o que encontrei] um técnico mexia em algumas chaves. Aquela caixa de distribuição contém seu histórico de TV a cabo. E esse histórico revela suas preferências.
As empresas de TV a cabo e o hotéis fazem questão de garantir aos clientes que suas faturas não revelarão o nome dos filmes que viram. Isso pode ser verdade, mas não significam que eles não saibam.
O que Richard havia descoberto de cara era que as opções de TV a cabo funcionavam por códigos, transmitindo as informações do pedido, através da caixa de distribuição, aos computadores da sede da empresa de TV a cabo. Então ele subia nos postes telefônicos, abria as caixas e anotava os números. De volta ao escritório, digitava os códigos e descobria tudo.
Ficava sabendo, por exemplo, que às seis da tarde do dia três de março você e sua família alugaram O rei leão pelo pay-per-viw. Ou, dando um exemplo mais revelador, que às dez e meia da noite de seis de março você encomendou “programada para transar” via canal de TV a cabo [N/A: Pessoal eu não sei nome de filmes pornográficos kkkkkk então nessa hora a gente inventa né]
Entendeu o golpe?
De início, Richard atacava aleatoriamente. Escrevia uma carta para o proprietário da residência. A carta era curta e grossa. Ela listava quais filmes pornográficos haviam sido vistos, a que horas e em que dias. Deixava claro que cópias daquela informação seriam distribuídas a todos os membros da família e aos vizinhos. Depois, pedia 500 dólares para manter segredo. Não era lá uma quantia muito alta, mas para ele era a quantia perfeita, pois era alta o suficiente para engrossar sua conta bancaria, mas baixa o suficiente para que a maioria dos alvos não hesitasse em pagar.
Mesmo assim, apenas dez por cento respondiam. Richard não sabia direito o por quê. Talvez assistir a filmes pornográficos não fosse tão vergonhoso como antigamente. Talvez a esposa do cara soubesse dos filmes. Talvez ela ate os visse junto com ele. Mas o verdadeiro problema era que o golpe de Richard era disperso demais. Ele precisava escolher melhor suas vitimas.
Foi aí que lhe ocorreu a ideia de se concentrar em pessoas de determinadas profissões, cuja imagem seria prejudicada se caso a informação fosse divulgada. Mais uma vez, os computadores da empresa de TV a cabo forneceram todos os dados que precisava. Ele começou atacando os professores. Assistentes sociais, ginecologistas, deputados, etc.
Os professores eram os que mais entravam em pânico, mas eram os que menos tinham dinheiro. Ele também tornou as castas mais especificas. Passou a mencionar os nomes da esposa e dos filhos. No caso dos professores, prometia enviar ao governo e aos pais dos alunos a “prova da perversão”, expressão inventada por ele. No caso dos médicos ameaçava enviar a “prova” ao Conselho de Medicina, alem de jornais locais, vizinhos e pacientes.
Com isso o dinheiro passou a entrar mais rápido em sua conta bancaria.
Até então, o golpe de Richard havia lhe rendido quarenta mil dólares. Agora, ele conseguira cinqüenta milhões de dólares. Muito dinheiro para uma pessoa só.
Sim, dessa vez Richard atingira alguém importante. Bota importante nisso. Marcos Volturi. Um senhor educado, boa-pinta, rico, tinha uma esposa maravilhosa, filhos nota dez, aspirações políticas, tinha mansões, carros luxuosos, iates, era o chefe de todo o dinheiro da família Volturi. E Marcos Volturi não solicitara somente um filme ou menos dois. Durante um mês Maços solicitara 23 filmes pornográficos na ausência de sua esposa.
UAU!
Richard passou duas noites rascunhando suas exigências, mas no final ateve-se ao básico: curto, frio e bem especifico. Pediu cinqüenta milhões para Marcos Volturi. Exigiu que estivessem em sua caixa postal naquele exato dia. E com certeza aqueles cinqüenta milhões estavam no bolso da sua jaqueta agora.
Richard estacionou o carro na rua e andou ate o portão do prédio. A visão de sua moradia não era uma das melhores e isso o deprimiu. Em breve ele não estaria mais ali. Com certeza ele não estaria.
Richard subiu as escadas. Na verdade, ele nunca cumpria suas ameaças. Nunca enviara as cartas que prometera. Se um alvo não pagasse, pronto final. Prejudica-lo não adiantaria nada. Era um jovem golpista, que só queria dinheiro, nada mais que isso.
Richard chegou ao patamar da escada e parou diante da porta do apartamento. Um breu, a maldita lâmpada do corredor estava queimada de novo. Suspirou e levantou o grande chaveiro. Apertou os olhos no escuro, tentando encontrar a chave certa. Ele acabou a encontrando pelo toque. Tateou a maçaneta ate que a chave encontrasse a fechadura. Abriu a porta, entrou e sentiu algo estranho.
Franziu a sobrancelha. Plástico, pensou. Estava pisando em plástico. Como se um pintor o estivesse estendido para proteger o chão ou algo semelhante. Deu um peteleco no interruptor, e foi ai que viu o homem com um revólver.
-Oi Richard.
Richard suspirou e deu um passo para trás. O homem diante dele parecia ter uns 30 anos. Era alto, magro, cabelos em um tom claro, uma postura formal e ereta, uma pessoa que aparentava ser de classe alta, usava um terno preto com um camisa social branca e sim ele tinha um revolver apontado para Richard.
Outro homem que bloqueava a porta era três vezes maior que o primeiro e que Richard junto. Ele era alto, grande, forte, cabelos pretos, uma pele lisa, uma postura rígida com os braços cruzados sobre o peito.
Richard tentou pensar, descobrir o que eles queriam. Raciocinar com ele. Você é um golpista e tanto, lembrou a si mesmo. Você é esperto, sua mente dizia.
- O que vocês querem? – Richard perguntou.
O homem magro e alto com os cabelos claros apertou o gatilho.
Richard ouviu um estouro, e então seu joelho esquerdo explodiu. Seus olhos arregalaram. Ele gritou e desmoronou, segurando o joelho. O sangue jorrava por entre seus dedos.
- É um 22 – disse o grandão que estava na porta apostando para a arma. – Um revólver de pequeno calibre. O que mais gostamos nele, como você verá, é que a gente pode dar um monte de tiros sem matá-lo.
Com os pés ainda levantados o homem atirou novamente. Dessa vez atingiu o ombro de Richard, que sentiu o osso estilhaçar. Seu braço se desprendeu como uma porta de celeiro cuja dobradiça acabara de quebrar. Ele caiu de costas e começou a ofegar. Uma terrível onde de medo o invadiu. Seus olhos permaneciam arregalados, sem piscar, e no atordoamento percebeu algo, o plástico.
Estava deitado sobre o plástico. Mais do que isso, sangrava sobre ele. Para isso servia o plástico. Os homens o haviam estendido para não deixar nenhum vestígio no lugar.
-Você vai me contar o que quero saber – Disse o de cabelo claro – ou vou ter que atirar de novo?
Richard começou a falar. Contou tudo a eles. Revelou onde estava o resto do dinheiro. Disse onde estavam as provas. O grandão indagou se ele tinha algum cúmplice. Richard disse que não. O loiro atirou no seu outro joelho. Voltaram a perguntar se ele tinha cúmplices. Richard repetiu que não. Então o loiro atirou em seu tornozelo direito.
Uma hora depois Richard implorou para que atirassem em sua cabeça.
Duas horas depois o loiro atendeu seu pedido. Richard estava morto.
Narradora: Pessoal talvez vocês não entendam muito esse capitulo, mas prometo que logo vocês iram entender. Eu aceito criticas se caso não gostarem e se gostarem comentem. Tentei fazer um capitulo diferente dessa vez e não sei se ficou muito bom, mas ficou o jeito que queria. Não se preocupem pois o Richard não era muito importante para a fic então ele é apenas um dos vários que irão morrer ao longo da fic.
Pessoal espero que tenham gostado desse capitulo.
Beijos da Jess.
5 comentários:
Jess....
Ta perfeito....o ruim de não entender é que vamos ficar na curiosidade...
Demora pra postar naum... vc me deixa em papos de aranha!!
Muito boa a historia.
bjks
Eu adorei! *-*
fico muito legaaal! *-*
simplesmente legal, sabe sangue, tortura, morte golpes e grana! *0* tudo que eu gostooo xD
É NÉ, FICAR SEM ENTENDER NÃO É BOM...
ESPERANDO OS PROXIMOS CAPITULOS..
BJS
Jess querida para mim estava mais que perfeito... e eu amei
e vc conseguiu passar muito bem a historia
estou amando
beijusss flor
ps; nao demora muito flor
flor eu amei o capitulo
isso só me deixo mais curiosa pros poximos
a fic ta perfeita flor
beijos
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