8 de mai. de 2011

Capitulo 10

Posted by sandry costa On 5/08/2011 1 comment


O Pântano da Desolação



Eu me perdi nas horas que passaram estranhas, parecia um sonho nebuloso… ouvia as pessoas perto de mim, eu as ouvia conversar e murmurar, ouvia o ronco do avião e notava distraidamente as nuvens alvas que flutuavam ao nosso redor formando um mar etéreo e infinito.
Eu ouvia chamadas nos aeroportos, cidades que passávamos... Phoenix, Nova Iorque, Toronto, Londres... Edimburgo. Neste percurso longo e de horas que eu não contei, Carlisle e Jasper vinham falar comigo e lembro de murmurar palavras me esforçando ao máximo para parecer lúcido, mas a verdade é que eu me encontrava perdido.
A minha falha em não conseguir proteger Renesmee não me saia da cabeça, sem contar que foi esta falha que arrastou Bella para uma batalha culminando no seqüestro das duas. Eu tentava manter minhas forças, mas quando um homem tem tudo arrancado de si, não resta muita energia para continuar... eu me culpava e não havia nada que melhorasse esta dor. Eu havia perdido minha esposa e minha filha.
O que sempre desejei, acima de tudo... era que Bella tivesse uma vida normal e que desfrutasse de tudo o que ela teria se ainda fosse humana, eu me lembro de quando a vi na escola a tanto tempo atrás, e só de pensar em seu sorriso comedido, meu coração se entristece. Mas talvez apenas aqueles que já sentiram saudade de um amor possam compreender o que eu digo, a opressão de uma ausência torna tudo monocromático e pesado, como se o ar fosse denso demais para entrar em nossos pulmões.
O som da voz de Bella sempre toma minha mente... embala minha saudade, aqueles olhos teimosos e a mania que ela tinha de tirar o cabelo do rosto empurrando as mexas para trás da orelha. Um sorriso rápido e tímido... o modo gaguejante que assume quando está brava ou nervosa... seu cheiro, seu jeito... tudo isso construía meu mundo.

Aro não tirou apenas minha esposa... tirou meu mundo... minha força. Sem Bella eu não sou nada.

Foi quando percebi, talvez quando minha consciência voltou a mim por um segundo, que eu estava sentado sobre uma cama num quarto escuro... era noite e não havia estrelas no céu; o quarto era pequeno e levemente charmoso, a cama era alta, larga e fofa coberta por uma colcha de retalhos esverdeada. Havia móveis antigos e desarmoniosos pelo aposento, uma cômoda caramelo desajustada quando observada ao lado de um guarda-roupa azul claro; o papel de parede seguia o mesmo tom desbotado da colcha e a janela me olhava desconfiada por trás de uma cortina de renda esvoaçante.
Eu me senti imediatamente perdido, não me lembrava direito de como cheguei ao quarto, tudo parecia tão nebuloso e desconexo, como se eu não conseguisse perceber o que se passava ao meu redor. Caminhei até a janela e me desvencilhei da cortina, lá fora uma ruazinha pacata adormecia aos poucos, o pavimento úmido por uma chuvinha calma que caía como um pranto, os postes de iluminação lançando pela noite uma luminosidade fraca e amarelada. Tudo era silêncio.
Olhei para o relógio em meu pulso e os ponteiros marcavam 2 horas da manhã, eu estranhei o horário... não me recordava de ter anoitecido e muito menos de ser tão tarde. Seria o trauma de uma quase morte? Estes apagões de consciência seriam uma seqüela de meu ferimento? Ou seria apenas a dor de estar longe de Bella e Nessie?
De qualquer forma... isso não estava bem. E foi assim, perdido em pensamentos e preocupado com meu comportamento isolacionista, que uma batida leve se fez ouvir na porta do quarto.
- Entre – eu disse me aprumando.
- Edward... – disse Kaori em sua voz farfalhante – Incomodo?
- Não, é claro que não. Em que posso ajudá-la?
- Eu temo parecer intrometida, mas uma vez que me acolheram em sua casa e que lutei ao lado de sua família, bem, eu tenho que dizer... estou muito preocupada com você – disse ela sentando-se na beirada da cama como se estivesse prestes a sair correndo dali.
- Estamos todos preocupados, Kaori.
- Não, desculpe-me... mas você está se perdendo, Edward – ela falou baixinho como se estivesse envergonhada de me dirigir um pensamento de forma tão íntima – Assim como eu me perdi quando meu marido e meu filho foram assassinados e me tornei menos que um fantasma errante; eu temo que sua consciência o abandone se não se esforçar em permanecer lúcido.
- Isso acontece contra a minha vontade – eu respondi sem emoção – Estes apagões de consciência, é como se eu desligasse de tudo... num momento estávamos caminhando pelas florestas da América Central e agora estamos aqui, neste país nublado e frio.
- Você precisa perseverar, Edward... não pode se deixar abater, se fizer isso, vai se tornar um espectro entristecido e vagará como um louco desatento pelos arredores do mundo. Se você se perder dentro de si mesmo... quem resgatará Bella e Renesmee?
- Tudo está contra nós, Kaori. Tudo. Eu sinto Bella e Nessie tão longe, tão distantes de mim... parece que o mundo nos apresenta obstáculos intransponíveis a cada passo que damos rumo a Volterra. Eu não sei como encontrarei forças para alcançar nosso objetivo; antes éramos fortes e agora somos fracos... há um exército há nossa frente e dependemos do auxilio de duas feiticeiras que não irão querer nos auxiliar.
- Mas você não pode desistir Edward! – disse Kaori se levantando e me encarando com um olhar suplicante – Você foi forte durante os anos de solidão em que viveu triste pelos cantos, foi forte em não machucar Bella quando se apaixonaram... foi forte em manter-se ao lado de sua família quando aqueles malditos vieram para tomar Nessie de vocês; você foi forte quando enfrentou-os novamente e perdeu grande parte de sua família e amigos. E foi ainda mais forte quando se reergueu do lodo e voltou para nós quando todos achavam que estaria morto... Edwartd, você precisa se concentrar para salvar Bella e Nessie.
- Esse estado de inércia independe da minha vontade, Kaori. Eu sei o que tenho que fazer... sei que tenho que salvar minha esposa e minha filha, mesmo tendo consciência que não me resta quase nenhuma força.
- Eu sei disso. Mas você sabe tão bem quanto eu que grande parte das realizações deste mundo foram feitas por homens que se sentiam derrotados, mas que não tinham outra escolha a não ser prosseguir. Eu sei que você está com as forças minadas e que está fazendo mais do que consegue, mas Edward, eu não consigo imaginar Bella sem você ou vice-versa.
- Está tudo bem, Kaori – eu respondi sorrindo para aliviá-la – Eu não vou desistir de Bella e Renesmee... mesmo que eu não tivesse forças para procurá-las, eu não desistiria. Não precisa se preocupar, ainda verá essa família se reerguer... afinal, você acabou de chegar e seria injusto que não tivesse mais a nossa presença, não é mesmo?
- Obrigada, Edward... – disse ela sorrindo para mim, em seguida ela se virou e deixou o quarto com o som leve de brisa que era uma característica marcante em Kaori.

Eu me voltei novamente para o tempo nebuloso lá fora, a janela parcialmente embaçada pelo frio como uma lousa esfumaçada por giz branco, a bruma tomava conta das ruas deixando tudo como num ambiente de sonhos, onde você não consegue discernir se está realmente acordado ou se perdido em sonhos tortuosos.
Fiquei assim por um tempo, até que o cansaço me levou a deitar na cama, e ali fiquei estirado lembrando todos os momentos passados ao lado de Bella... eu fechei meus olhos cansados de encarar um teto estranho e suspirei baixinho para mim mesmo.
- Você tem que continuar, meu caro... você tem que continuar.
E foi quando senti um leve deslocamento de ar ao meu lado, como se o vento tivesse se deitado próximo a mim, senti a presença de alguém e sabia que novamente minha mente estava me pregando peças... eu não queria abrir meus olhos e ver o que sabia que veria, mas então, uma mão leve e delicada tocou meu rosto como o mais afetuoso dos ares.
Imediatamente abri meus olhos e me virei para encarar o rosto de Bella, ali, ao meu lado, estava aquele espectro dela que havia me tirado do leito lodoso do rio, uma projeção translúcida de minha esposa criada pela minha mente nestes momentos difíceis.
- Você está cansado... – ela sussurrou perto de mim, seu hálito doce como uma tempestade de flores tocando meu rosto, aqueles olhos dourados e espectrais me encarando com reprovação como Bella sempre fazia nos momentos em que ficava chateada comigo.
- Você não está aqui... não de verdade... – eu respondi com tristeza.
- Não aqui... não neste quarto... mas estou aí – ela disse tocando meu peito na altura do coração – Isso já é o suficiente para saber que eu estou esperando você.
- Estou perdendo minha sanidade?
- Não, meu amor... você está apenas com saudade, como eu estou... mas tenho que agüentar firme, por mim e por Renesmee; eu tenho certeza de que você conseguirá nos encontrar.
- Eu estou tentando, Bella – disse com a voz falhando – Mas o mundo todo parece estar contra nós, a cada passo dado parecemos regredir dez... agora estamos aqui neste fim de mundo procurando duas bruxas. E pensar que teremos que enfrentar Flávius Aurélius e os Mercadores da Morte, ainda mais com toda a distância que teremos de percorrer.
- Você vai desistir? – ela perguntou me olhando com atenção.
- Não, jamais desistiria mesmo que levassem mil anos... permanecerei buscando a sua liberdade e a de Nessie nem que isso exaura todas as células do meu ser. Eu prefiro morrer antes de deixar de buscá-la aonde quer que esteja.
- Então meu amor... venha para mim...
- Bella – eu chamei vendo que sua imagem se desvanecia ao meu lado – Não vá.
- Eu preciso, Edward... você sabe que sou fruto da sua mente, não posso ficar... mas eu e Renesmee estamos te esperando, contra todas as possibilidades e acima de qualquer esperança, estamos te esperando.

E a imagem de Bella se foi como fumaça lançada ao vento, se desfez entre meus dedos quando tentei alcançá-la, uma névoa liquefeita cuja voz ficou ecoando em minha mente alquebrada. Mas isso serviu para eu despertar de um estupor letárgico em que eu me enfiava, levantei da cama subitamente e observei meu reflexo apagado na janela do quarto escuro... fiquei surpreso comigo mesmo por ter perdido tanto tempo em devaneios desnecessários. 
O trauma por ter sido quase morto e ter perdido meu poder me fizeram automaticamente perder um pouco de minha auto-confiança; eu me sentia aleijado por não poder mais ouvir os pensamentos dos outros e sabia que isso me tornaria muito mais vulnerável numa luta, entretanto, eu não podia ficar me lamentando... era hora de voltar à realidade e me concentrar em trazer minha Bella e Renesmee novamente para casa.
Respirei fundo e deixei o quarto, apurei minha audição para captar a voz de Carlisle e me dirigi direto para seu quarto, o corredor era mal iluminado e as paredes mantinham o padrão de papel de parede verde-descascado, o cheiro de mofo impregnava o ambientem mas não me importei... parecia ser o charme do lugar e eu só senti devido às minhas características sobrenaturais. Bati uma vez na porta e entrei dando de cara com Jasper e Carlisle me olhando atentamente.
- Boa noite – eu disse.
- Você está melhor? – perguntou Jasper – Andava meio... distraído.
Por um instante eu me senti mal, um peso surgiu em minha mente deixando-me envergonhado diante de Jasper... ele estava sendo muito mais forte do que eu, Alice também fora seqüestrada e sofria agora os mesmo horrores que Bella, mas Jasper não se entregou nem por um segundo. Ali estava ele junto de Carlisle e os dois se encontravam debruçados sobre mapas físicos e políticos da Escócia, Jass não havia se desesperado ou se deixado abater, ele havia aceitado o destino e o enfrentava de cabeça erguida... eu também faria isso.
- Desculpem minha distração – eu respondi – Eu estava com muita coisa na cabeça, mas agora já clareei minha mente e vim aqui para ajudá-los a traçar planos para nossa viajem.
- É bom saber que você está se concentrando – disse Carlisle sorrindo.
- E então? Para onde vamos? – eu perguntei me aproximando dos mapas espalhados sobre a mesa.
- Bem, como pode ver estamos muito longe de nosso destino – disse Jasper me mostrando Edimburgo, onde nos encontrávamos, e a vila de Wick no extremo norte do país – Será uma longa caminhada.
- E quanto a avião?
- Não compensa – respondeu Carlisle – Se dependermos de todas as conexões em aeroportos nós perderemos um tempo precioso, sem contar que o clima da Escócia é bastante complicado para tráfegos aéreos, basta uma manhã de neblina intensa para nos atrasar em algum lugar.
- Deste modo – continuou Jasper – Queremos aproveitar as imensas áreas desabitadas deste país e cruzar seu interior praticamente em linha reta até o extremo norte, e só então guinarmos para o leste em direção ao litoral e à cidade de Wick.
- O trajeto não é complicado?
- Não muito... a geografia da Escócia favorece nossa corrida, é claro que há montes escapados e de altura considerável, mas podem ser facilmente contornados. Temos que aproveitar as highlands e a extensa área do Caimgorms National Park que estará em nosso caminho, isso nos dará mais agilidade para cruzarmos o país mais rapidamente.
- Garret e Kaori foram reconhecer o terreno – disse Carlisle – Mas pelo que Jasper e eu analisamos... não teremos tantos problemas e talvez em menos de 2 dias consigamos chegar a Wick correndo a toda nossa velocidade.
- E quanto aos lobos? – eu perguntei sabendo que apesar da força dos quileutes, Jacob e Seth ainda eram humanos por baixo de todo aquele pelo, e certamente a viajem os fadigaria.
- Conversamos sobre isso – respondeu Jasper – No momento eles estão dormindo, mas nem pestanejaram em aceitar o plano, eles não se importam de correr daqui até o norte e acho que a resistência deles não é um problema para nós. Os lobos são muito fortes.
- Então basicamente... há uma rota para seguirmos?
- Sim – disse Carlisle – Aqui, veja... a idéia é seguirmos para oeste até o Parque Florestal Queen Elizabeth, e então subirmos até Fort Willian, de lá circularemos o Lago Monar e continuaremos em direção às vastas planícies de Braemore e finalmente seguir em linha reta até Wick.
- Será um percurso longo... – eu suspirei.
- Sim, e nosso tempo é escasso – disse Jasper – Por isso propus a Carlisle que deixemos Jake e Seth dormirem mais algumas horas para sairmos antes do amanhecer.
- Concordo... – respondi enquanto analisava novamente o traçado que Carlisle me mostrara no mapa.

A manhã não havia despontado no céu e nós já nos encontrávamos muito distantes da capital escocesa, as infinitas highlands deste país eram um espetáculo aparte que emocionava mesmo os corações mais pesados. O céu permanecia quase sempre num misto de nuvens espaçadas e banhos solares, hora ou outra um raio luminoso rompia o teto imensurável de nuvens e banhava áreas imensas com uma luz dourada e quente tornando tudo ainda mais impressionante.
Os pastos longínquos se abriam para nós com seu verde eterno e vívido, algumas rochas sempre despontavam do solo como caroços rochosos nesta pele esverdeada das planícies, colinas se erguiam aqui e acolá em montes de turfa verde orvalhada pela madrugada. Os campos da Escócia podiam se estender como um dos locais mais ermos, mas, ao mesmo tempo, de uma exuberância tal que era raramente encontrada em qualquer outro canto deste mundo imenso.
Kaori corria a nossa frente, ela mostrou-se incrivelmente veloz... até mais veloz que eu, pelo visto, perdi meu posto de mais rápido dentre os Cullen; Carlisle seguia ao meu lado e Jasper e Garret um pouco atrás já que estavam mais pesados carregando as mochilas de Jacob e Seth. Os dois quileutes nos acompanhavam a passo cerrado, correndo em nossos flancos como dois ventos furiosos... Jacob estava tão quieto quanto eu nos últimos dias, a ausência de Nessie e o peso da morte de quase todos os lobos de La Push recaiam sobre seus jovens ombros.
A tarde nos encontrou assim como a noite, estávamos nos arredores de Rhian, logo após o grande Lago Shin... e paramos para que Jacob e Seth se alimentassem e descansassem um pouco, afinal, já havíamos percorrido mais da metade do caminho em pouco mais 13 horas de viajem. Com os mantimentos adquiridos em Edimburgo os dois jantaram consideravelmente bem e acabaram dormindo imediatamente após a refeição.
- Eu sempre me impressiono com a capacidade que estes meninos têm para dormir rápido – disse Kaori num meio sorriso.
- O metabolismo deles é muito acelerado – respondeu Carlisle – Eles queimam muita energia mantendo o corpo numa temperatura tão alta para suportar as transformações quase instantâneas a que se submetem.
- Apesar de que Seth é uma coisa de outro mundo – riu Jasper – Entre o inclinar e o travesseiro ele já está dormindo... era uma coisa de louco, sempre caía no sono em nossas partidas de pôquer.
- Eles parecem tão tranqüilos dormindo, chega a quase me dar sono – completou Garret.
- Vamos deixá-los dormir até amanhã cedo? – eu perguntei preocupado com nosso tempo.
- Acho melhor – respondeu Carlisle – Não acho bom que corram tanto, a uma velocidade tão grande, sem terem descansado de forma adequada. De nada adianta se os dois tiverem uma crise de exaustão devido à estafa demasiada.

Assim, Jacob e Seth só foram despertos quando o sol estava quase raiando nos céus do oeste, tomaram o desjejum rapidamente e Jake ficou de mau humor por termos deixado que dormissem tanto... 
- Eu ainda não consigo correr dormindo, Jake – fungou Seth com um pedaço de carne seca na boca.
- Então comece a aprender Seth... eu não quero perder meu tempo dormindo – respondeu Jacob bruscamente.
E com os dois resmungando recomeçamos nossa viagem, mas isso me fez refletir em como a situação nos afetava... estávamos todos muito mais quietos que o normal. Mesmo Carlisle e seu incansável otimismo já dava sinais de fraqueza; Jasper, quando podia, se afastava do grupo e ficava sozinho num canto perdido em seus pensamentos tristes... assim como o resto de nós.
Nossa velocidade espantosa nos arremessava através das planícies verdejantes da Escócia rumo ao nosso destino traçado; corríamos desesperados e contra o tempo, rumávamos ao encontro de duas vampiras antiguíssimas que provavelmente não nos auxiliariam de boa vontade... nos apressávamos para rumar em direção à Volterra e lá encontrar nossos amores... ou nossa morte.
Assim, as milhas passavam velozes sob nosso pés, nossos corações muito distantes de nós e nossa força de vontade, apesar de trincada, impelia-nos a continuar nossa busca por justiça... e vingança. E foi com este espírito inabalável e cansado que finalmente chegamos a Wick, uma cidade costeira cuja larga e faiscante baía de Wick desembocava suas águas doces e claras no gelado mar do Norte.
Era próximo ao meio dia quando pisamos em suas circunvizinhanças, nosso objetivo não era permanecer em Wick uma vez que Erestor nos alertou de que as bruxas moravam muito afastadas da cidade, entretanto, assim que o sol se escondeu atrás de um grande aglomerado de nuvens, Kaori correu até um bairro próximo para colher informações... infelizmente não as que esperávamos.
- Não tenho boas notícias – ela falou se aproximando de nós que a aguardávamos sentados no alto de uma pequena colina gelada – Os habitantes daqui desconhecem a existência de um pântano pela região.
- Ótimo – bufou Jacob – Fomos enganados.
- Calma – pediu Carlisle – Kaori, os habitantes daqui conhecem bem a região?
- Sim... e eles não sabem de nenhum Pântano da Desolação e até estranharam a minha pergunta.
- E agora? – perguntou Garret.
- Talvez tenha alguma coisa relacionada ao feitiço das bruxas... – conjecturou Jasper.
- Tem razão – eu falei imaginando isso também – Pode ser que o encantamento impeça as pessoas de descobrirem o pântano, Erestor nos avisou disso... de um encantamento de proteção.
- Então sou a favor de seguir para o oeste até toparmos com este pântano – disse Seth.
- Acho que não temos muita escolha – respondeu Carlisle.
Com isso, e sem uma alternativa segura a não ser a conclusão de Jasper, seguimos correndo em linha reta para o oeste a fim de tentar “ver” com nossos olhos sobrenaturais algum vestígio invisível aos olhos humanos. Mas descobrimos, depois de muitas milhas, quando chegamos à Kinloch Lodge que havíamos ido longe demais sem encontrar o pântano.
“E aquele lamaçal lá atrás perto de Shurrery”? – perguntou Seth em nossas mentes enquanto sua forma maciça de lobo emparelhava comigo.
“Aquilo não passava de um charco” – respondeu Jacob mentalmente – “Se aquilo era um pântano então eu sou um buldogue francês”.
“Também acho” – concordou Kaori usando o dom mental, era ruim falar enquanto corríamos – “Já estamos quase do outro lado do continente, chegando no litoral oeste, corremos o dia todo e não encontramos vestígio de um pântano de verdade”.
“O que faremos então”? – perguntou Jasper.
- Estamos com um problema – disse Carlisle fazendo-nos parar – Não podemos ficar correndo de um lado para outro sem qualquer rumo, Erestor deixou claro que ao oeste de Wick existia um pântano, nós nos afastamos demais... não deveríamos ter deixado a região da cidade.
- Vamos voltar? – perguntou Garret.
- Acho que sim.
“Aí fica difícil, Carlisle” – disse Jacob ainda na imensa forma de lobo – “Nós perdemos um dia todo vindo até aqui só para termos que voltar para lá? O que faremos quando chegarmos a Wick”?
- Sinceramente, Jake – respondeu Carlisle cansado – Eu não sei, mas o que quer que façamos, temos que fazer lá... o segredo está em Wick e não fora dela.
E com o coração pesado e a vontade dilacerada, retornamos nossa corrida desabalada em direção a Wick... mas nada me preparava para uma desilusão tão grande.

1 comentários:

Nossa até eu fiquei desolada tambem...
Ang querido sou sua fã sempre voce escreve como ninguem
agora me respode uma coisa voce faz pesquiza pra saber sobre as cidades e suas peculiaridades..
parabens querido voce é show e sua fic tambem
beijusss

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