11 de out. de 2011

Capitulo 4

Posted by sandry costa On 10/11/2011 No comments


- Hora de levantar meninas. –a tia Julia nos chamou Levantamos meio grogues e depois fomos tomar café. - O que vamos fazer hoje? – a Mallê perguntou com os olhinhos brilhando - Shopping e depois... - Hoje tem festa na piscina na casa do Alex. – Alex. Esse nome me fez lembrar do meu tio Alex. Eu nunca o conheci pessoalmente, apenas por fotos. A pele morena como a do meu pai, cabelos pretos e meio bagunçados, jeito de moleque e expressão de homem. Olhos castanhos e um sorriso lindo. - Gabi? – senti uma mão em meu braço.Eu levantei os olhos e encarei, as três. – Você está bem? – a Nèéka estava preocupada assim como Mallê e tia Julia. - Hã... Estou. Só estava “viajando” – elas me olharam desconfiadas, mas não falaram nada. Terminei de tomar meu café e fui até o quarto ligar pra minha mãe. Revirei minhas coisas procurando o bendito celular, mas não o achei. Bufei de raiva. Caminhei até a bolsa da Nèéka, mas quando passei pela cama, avistei um objeto metálico em cima do travesseiro. - Impossível – falei ao verificar que o celular estava no exato lugar em que eu havia olhado três vezes. – C-como? – eu gaguejei enquanto o pegava. Água. Eu preciso de água e bem doce. O que está havendo comigo? Eu estava preste a sair do quarto, quando uma visão me fez congelar no lugar. Senti todos os músculos do meu corpo se retraírem. Minha respiração ficou muito acelerada e o meu coração parecia que ia sair pela boca. - Não – um fiapo de voz escapou de minha boca. Um copo de água. Bem em cima da escrivaninha. Mas um copo que não estava ali antes. Impossível. “Você só pode estar ficando louca Gabriela” Eu tentei formular uma explicação óbvia para aquilo, mas não existia uma. Forcei meus pés a se moverem e sai do quarto. Parei no corredor e respirei fundo, várias e várias vezes até sentir minha respiração voltar ao normal. Voltei ao quarto e arrumei minhas coisas. - Meninas eu não to me sentindo bem. Vão vocês, a gente se vê segunda. - Espera Gabi, eu te levo – tia Julia se ofereceu, mas eu neguei com a cabeça. - Não tia. Ta tudo bem, eu preciso andar. – elas me olharam confusas - Okay. Mas eu vou ligar pra Leah e avisar que você está indo. – eu assenti e mandei um beijo pra garotas. - Tem certeza que não quer que a gente vá com você? – a Nèéka perguntou e eu apenas assenti. Sai e vi que não seria um dia nada bom para uma festa na piscina. O céu estava cinzento e o sol aparecia muito timidamente por entres as nuvens. Eu caminhei pela calçada sem me importar em ir ligeiro. Um vento frio soprava, fazendo meu cabelo esvoaçar. O que está acontecendo comigo?Eu sempre notei que as coisas pareciam surgir do nada quando eu mais precisava, mas não como aconteceu hoje. E a minha força?De uns dias para cá ela tem estado bem maior, mas o que eu fiz com o Nathan foi... Perguntas e mais perguntas faziam a minha cabeça girar. Com certeza isso não é normal, mas eu não sei o que fazer? Passei pelo parque da cidade e parei. Não quero me trancar em meu quarto e ficar ouvindo a voz preocupada dos meus pais. Em passos curtos eu fui até a parte mais tranqüila do parque e me sentei a baixo de uma arvore. A vista era encantadora e poucas pessoas passavam aqui.Esse é o meu lugar favorito.É pra cá que venho quando quero tranqüilidade. Abracei meus joelhos e apoiei minha cabeça neles. Eu sempre tentei parecer indiferente há essas coisas estranhas que sempre aconteceram comigo, mas na verdade eu sempre tive medo de ser... Anormal. Nunca contei a ninguém sobre isso, nem mesmo aos meus pais. No fundo eu só tenho medo de não ser como as outras pessoas, e se for isso mesmo?E se eu não for normal? - Não devia fazer isso comigo e com sua mãe. – eu dei um pulo ao ouvir a voz do meu pai. - Pai? – perguntei surpresa por vê-lo ali – Como me encontrou? – ele sorriu e se sentou ao meu lado. - Eu sou seu pai Gabi, te conheço melhor do que você imagina – eu o encarei e depois voltei a olhar a paisagem. Nós ficamos em silêncio e eu agradeci internamente por isso. - Não quer contar o que aconteceu? – eu suspirei e neguei com a cabeça. Um aperto no peito fez eu me sentir mal, por mentir pro meu pai, mas eu não posso simplesmente chegar nele e dizer que sou uma anormal. Ele suspirou pesadamente e levantou. - Já faz tempo que você está aqui.Sua mãe está preocupada. – eu assenti me levantando. O caminho de volta foi em silêncio e assim que chegamos, os braços da minha mãe me envolveram. - Pelo amor de Deus filha.Nunca mais faça isso comigo, por favor. – a sua voz estava aflita. - Desculpa mãe. – eu a abracei e deixei as lágrimas rolarem. - O que está acontecendo querida? – ela pegou meu rosto com suas mãos e me fez olhar em seus olhos. Pretos como a noite e que hoje estavam sem aquele brilho habitual. - Nada mãe. Só me bateu uma tristeza de repente. – menti descaradamente. - Gabi eu sei que... – meu pai imterrompeu-a. - Lee amor. Quanto ela estiver pronta ela falará, não é filha? – eu agradeci com o olhar e assenti. Minha mãe não parecia muito satisfeita com aquela situação, mas concordou. - Okay então - Eu vou subir e tomar um banho. – subi para o meu quarto e tranquei a porta. Joguei-me em minha cama e chorei. As lágrimas encharcando o travesseiro. Por que as coisas tem de ser tão complicadas? Por que isso tinha de acontecer logo comigo? Por quê? A raiva fervilhava dentro do meu corpo e eu sentia-o tremer. Minha temperatura foi subindo cada vez mais assim como a minha raiva. Céus, o que é isso? Levantei e fui em direção ao banheiro. Tirei minhas roupas e entrei no banho. Gelado. Respirei várias vezes tentando me acalmar e depois de algum tempo senti a temperatura do meu corpo normalizar. Sai do banho e vesti uma roupa leve. Deitei-me em minha cama. O relógio marcava 16h. Fiquei olhando para o teto e pensando em como as coisas são. Adormeci sem perceber e sonhei. Eu caminhava por um trilha, sozinha. O terreno era íngreme e difícil de subir, mas por algum motivo parecia fácil de mais para mim.Eu continuei subindo até que de repente o vento bateu em meu rosto trazendo um cheiro adocicado que fez minha garganta queimar. Olhei em volta e inspirei o ar com vontade e minha boca salivou quando o mesmo aroma me atingiu novamente. Eu corri, mas em uma velocidade extrema. O vento batia em meu rosto fazendo-me sorrir.O cheiro foi se intensificando e eu cheguei há beira de um rio, onde um homem estava estirado com sua perna sangrando.Meu olhos se fixaram no ferimento e a ardência na minha garganta ficou ainda mais forte. Sem conseguir me conter corri até o homem e em salto perfeito cai ao seu lado.Seu olhos eram de puro pavor e eu sorria,ele soltou um grito de medo quando o ergui do chão e ataquei sua jugular e senti o liquido viscoso descer por minha garganta,apagando a queimação incomoda. - NÃO... – dei um pulo na cama. Um som alto e intimidador fez com que eu me encolhesse na cama. Olhei pela janela e vi a tempestade que caía no céu já escuro. Olhei no relógio. 22h30 min. Caminhei até a sacada e parei lá, sentindo o vento e a chuva me molharem enquanto as cenas daquele pesadelo queimavam vivas em minha memória.

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