1 de jul. de 2010

Capitulo 5

Posted by sandry costa On 7/01/2010 3 comments

RUNNING FROM LIONS.



"Um rastro de lua na rua de rastros
depois que a chuva parou."
Luiz Carlos


O sol da manhã entrava sem ser convidado por uma fresta da cortina no meu quarto, e eu me espreguicei ainda embrenhada nas cobertas. Meu corpo estava todo dolorido por causa de ontem, mas meu tornozelo já estava bom. Passei as mãos esfregando os olhos tentando retomar a consciência. Minha cabeça ainda estava à milhão por causa de Jacob, por causa de Embry, por causa daquele olhar triste de Sam e por causa do “por favor, não volte a floresta.” Eu sentia como se todos estivessem me deixando fora de algum assunto importante. As peças não estavam se encaixando.
Meu cabelo ainda estava molhado desde a noite anterior e eu não me importava. Joguei a coberta de lado, levantando da cama quase em estado sonâmbulo. Aproximei-me da janela e puxei a cortina para que ela abrisse por completo. O dia estava gostoso, o sol estava sob as nuvens acinzentadas. Agora sim a habitual Forks. Dirigi-me até o banheiro no fim do corredor, levando uma muda de roupa comigo, fiz minha habitual higiene matinal e desci as escadas sendo entorpecida pelo cheiro de omeletes.
Assim que entrei na cozinha meu estômago roncou alto. Papai fitou-me rindo enquanto terminava de colocar as xícaras na mesa. Eu dei um beijo estalado em sua bochecha e sentei-me depressa, puxando um garfo junto com uma omelete.
— Bom dia! — saudei meu pai com a boca cheia, o que fez ele me repreender. Soltei um sorriso largo e continuei a comer. Estavam ótimas!
— Dormiu bem? — ele me perguntou enquanto se servia de um pouco mais de suco.
— Feito uma pedra! — assenti. Não sei porque mas eu estava especialmente de bom humor hoje. — Vai chegar cedo hoje?
— Desculpa filha, mas hoje é meu plantão no hospital. — Joseph me informou com uma cara triste e eu resmunguei. Nessas horas que eu odiava que meu pai fosse enfermeiro. Era uma profissão que não permitia que você tivesse uma vida social, não permitia que você vivesse pra si mesmo, mas para os outros. Meu pai sempre disse que vale o esforço pra ajudar as pessoas, e eu sempre o admirei por isso. — Por que? Queria fazer algo hoje?
— Não sei, estava pensando se a gente podia ir jantar fora, ou ir no cinema. Existe um por aqui ou só do outro lado do oceano? — fiz graça enquanto colocava na boca o ultimo pedaço da minha omelete.
— Lógico que existe! Em Port Angeles, você pode ir Luh. Só não vá a noite, e chame os garotos pra te fazerem companhia. — ele franziu o cenho, tomando um ultimo gole do seu suco e jogando o copo em cima da pia.
— Precisa ver se eles estão disponíveis pra um dia entediante com essa pobre visitante. — suspirei cansada. Estava com saudades da bagunça dos garotos pela casa, da gritaria entre eles pra pegar algum objeto idiota, das cantadas idiotas de Embry e do humor infantil de Seth. Já faziam dois dias seguidos que eles me davam alguma desculpa esfarrapada e não me faziam companhia, e cada vez mais eu acreditava menos em cada uma delas. Joseph já estava com as chaves do carro na mão, e na soleira da porta da cozinha, mas parou assim que viu minha expressão desolada.
— Só dê um desconto pra eles Luh, eles estão fazendo algo realmente importante. — ele me deu um beijo no topo da cabeça e então se foi. Eu fiquei lá um bom tempo, sentada na velha cadeira da cozinha olhando pra onde ele havia saído. Porque diabos todo mundo me pedia para “dar um desconto”? Que coisa importante era essa? E o que era que eu não estava sabendo?
Levantei do dali cansada de pensar no assunto que não me levaria a nada. Eram muitas perguntas pra poucas respostas. Arrumei a bagunça do café da manhã na maior vagareza que pude, tentando fazer o tempo passar mais rápido, mas não sei se deu certo. Proibi-me de olhar no relógio. Depois de arrumar meu quarto, lavar o banheiro e passar o uniforme reserva do papai, percebi que não havia mais nada a ser feito ali e aquelas paredes estavam me deixando claustrofóbica.
Passava um pouco das duas horas, coisa que deduzi analisando a posição do sol enquanto estava a caminho da casa de Emily. Iria saber se os garotos estavam livres hoje, coisa que eu sabia que não estavam, se não Embry já teria batido na minha porta logo cedo como fez dos outros dias. Assim que me aproximei da casinha marrom, avistei Emily estendendo alguns lençóis do lado de fora.
— Emily! — Sorri, aproximando-me e ela virou pra me fitar. Eu adorava Emily, ela era a única garota com quem eu convivia por ali, era uma pessoa maravilhosa. Ela acolhia todos os garotos na casa dela, preparava o almoço e o jantar sem se importar nem um pouco com o trabalho que dava para cozinhar pra todos eles. Todos passavam mais tempo na casa dela do que nas próprias. Talvez ela não se importasse por que Sam estava entre eles. Os dois tinham uma relação perfeita, e parece que iriam se casar logo. Era bonito e às vezes triste demais ver os dois juntos, toda aquela felicidade estampada ali pra quem quisesse olhar.
— Luh! Que bom te ver! — ela se aproximou, deixando de lado o lençol que estava segurando e me abraçou apertado. Retribui sorrindo, fitando o seu rosto marcado pela enorme cicatriz. Eu não sabia como o rosto dela havia se ferido, nunca ninguém havia me dito e eu também não seria indelicada ao ponto de perguntar. Emily era linda, mesmo com aquela marca ela emanava beleza por seus olhos brilhantes e seu cabelo negro reluzente.
— Vai dizer que sentiu minha falta? — eu ri, aproximando-me da pilha de lençóis mais atrás e ajudando Emily a estendê-los no varal improvisado.
— Mas é claro! Os garotos andam atarefados demais, eu senti falta de companhia. — ela me seguiu, também terminando de arrumar as roupas no pedaço de arame. Eu soltei uma careta, ao menos não era só eu que estava me sentindo só.
— Então, hoje também? — resmunguei entre dentes, fazendo Emily rir da situação.
— Pois é. — ela soltou um sorriso doce pra mim e eu me peguei pensando em como ela aceitava isso tão fácil. Eu que nem tenho nada com nenhum deles me sinto só e desprezada, imagina ela que é quase mulher do Sam? Alô Emily te darei umas aulas de poder feminino.
Depois de terminarmos com as roupas, Emily me convidou pra entrar e tomar um achocolatado com alguns cookies que ela havia acabado de tirar do forno. É lógico que eu não recusei, não se recusa nada comestível que a Emily faça. Passamos uma hora conversando e engordando um pouco mais então decidi que já era hora de ir. Já que não haveria companhia eu iria sozinha mesmo a Port Angeles, quero fazer algumas compras. Convidei Emily que negou mais do que depressa dizendo que tinha muito a fazer ali, não entendi o que já que a casa parecia um brinco e as panelas do jantar já estavam no fogo.
Como eu adorava dirigir. A sensação de liberdade e o barulho do vento se chocando contra o para brisa do carro era confortável demais. Liguei alto o som do Dodge, deixando Aerosmith soar a vontade. Os solos de guitarra em Crazy faziam os alto-falantes baterem forte. Eu me sentia perfeitamente bem. Meus pensamentos estavam longe, e eu só queria me focar no movimento da estrada e na música que reconfortante.
Port Angeles não era muito maior que Forks, mas eu reconhecia o ar de cidade-metrópole. As lojas eram maiores, as fachadas com letreiros luminosos e os carros fazendo fila na porta do Drive-IN. Estacionei o Dodge próximo a uma livraria grande, e desci girando a chave na maçaneta em seguida. Um vento frio me arrepiou, fazendo com que eu me arrependesse por não ter trazido nenhum casaco. Adentrei ao lugar, e parecia-me aconchegante. As instalações eram um pouco antigas, mas os livros eram ótimos. Fiquei alguns minutos demorando-me nas prateleiras dos romances até que decidi por Orgulho e Preconceito de Jane Austen, um de meus romances preferidos. Eu já tinha um exemplar, mas deixei em Phoenix e como os dias por aqui estavam passando cada vez mais devagar era bom eu me ocupar com alguma coisa.
Depois de passar pelo caixa eu sai distraidamente da livraria, lendo a contra capa do livro que era diferente da que eu possuía. Entrei no carro e dirigi lerdamente o caminho de volta. A noite já havia caído e se algo acontecesse comigo era bem capaz de Joseph me trancar em casa pelo resto da minha estadia por aqui. Eu estava na estrada catorze, próximo a entrada de Forks e tudo foi rápido demais. Um vulto atravessou a estrada e no segundo seguinte eu pisei bruscamente no freio, fazendo o Dodge paralisar as rodas e deslizar alguns metros, derrapando. Meu peito subia e descia pelo susto. Mesmo com os faróis do carro ligados a escuridão não me permitia enxergar muita coisa adiante.
Eu estava prestes a girar a ignição pra dar partida novamente quando um lobo enorme de pelugem negra passou correndo. Meus olhos saltaram, ele era enorme! Ele parou de andar por um segundo, girou a cabeça me fitando com seus olhos incrivelmente verdes me perfurando e depois continuou sua caçada, tão rapidamente quanto chegou. Se antes somente pelo vulto eu já estava nervosa, imagina agora que encontrei com um logo gigante, se é que isso é possível.
Fechei os olhos por dois segundos e o barulho de um carro velho se aproximando invadiu meus ouvidos. Abri os olhos pra ver uma caminhonete vermelha parar do outro lado da pista. Jacob saiu apressado dela. Bati a cabeça duas vezes na direção o que mais podia acontecer?
— Luciana? — ele me perguntou apoiado no vidro do meu lado. Eu rolei os olhos e o encarei tentando parecer indiferente. Não deu muito certo porque eu ainda estava em choque pelo que aconteceu.
— O que você tá fazendo ai parada? — Jacob resmungou entre dentes e eu respirei duas vezes antes de responder.
— Um vulto se jogou em cima do meu carro, eu freei, o carro derrapou. Eu fiquei em choque. Eu estava me recuperando, um lobo gigante apareceu, eu entrei em choque de novo. — expliquei pausadamente como se falasse com uma criança de três anos. Eu não devia satisfações a ele, mas eu falei assim mesmo.
— O que? — sua voz se elevou uma oitava e depois soltou um riso nervoso enquanto passava uma mão pelo cabelo. — Será que você não consegue ficar longe de problemas um dia sequer? — Abri a boca incrédula, como ele ousa?
— Qual é o seu problema garoto?
— Qual é o meu problema? Eu tenho muitos, mas ultimamente o que mais me têm dado dor de cabeça é você. — Ele sorriu sarcástico.
— Não seja por isso, eu não sou problema seu Jacob Black.
— Pior de tudo é que é sim, como eu queria que não fosse. — ele revirou os olhos. — Tá legal, sai do carro. — Jacob puxou a maçaneta, abrindo a porta do meu Dart. — Você vem comigo.
— O que? — eu ri com a piada, eu o encarei segurando a minha porta — Mas de jeito nenhum.
— Qual é Luciana, eu não tenho tempo pra isso.
— Então vá embora!
— Eu não vou te deixar aqui sozinha com seja lá o que, que está à solta.
— Eu não vou deixar o meu carro aqui. — bufei cansada. Brigar com Jacob já estava se tornando repetitivo demais, daqui a pouco se tornaria rotina.
— Por favor, eu realmente preciso ir logo. Colabore comigo Luciana, amanhã eu mesmo venho buscar o seu carro ok? — Jacob parecia ter lido meus pensamentos, soltou um suspiro pesado, também deveria estar cheio das nossas brigas. Ao menos foi o que eu pensei, mas isso foi só até eu trancar o carro e chegar próximo a caminhonete vermelha do outro lado da pista. Lá estava ela. Uma garota pálida, com cabelos castanhos desgrenhados e olheiras funda. Eu nunca a tinha visto, mas não precisava de ninguém pra me dizer que aquela era Bella.
Assim que Jacob abriu a porta do carona pra mim ela se deslocou mais pra próximo do banco do motorista, dando espaço pra eu me sentar. Lancei um olhar faiscante pra Jacob que fingiu não notar. Sentei-me relutante, com os braços cruzados e a garota dirigiu um “Oi Luciana.” em minha direção. Então ela sabia o meu nome? Aposto que até pra ela ele falava mal de mim. Olhei de mal grado pra ela, notando que ela vestia uma camiseta enorme por debaixo do casaco, provavelmente pertencia a Jacob. Prefiro nem saber como aquela camiseta foi parar nela. Definitivamente não quero saber.
Não respondi. Ao invés disso voltei a encarar a janela e a paisagem que se estendia enquanto o carro andava. Alguns minutos depois percebi eu não conhecia aquele caminho.
— Esse não é o caminho pra La Plush! — virei-me pra Jacob, que fitava concentrado a estrada.
— Eu sei, eu vou deixar Bella na casa dela primeiro. — ele falou na maior naturalidade e eu o encarava incrédula, ignorando a presença da garota entre nós.
— Eu não acredito que você me tirou do meu carro, pra vir fazer escala! Já era pra eu estar em casa Jacob! Meu pai vai ficar preocupado! — era mentira. Meu pai provavelmente ainda estaria de plantão, mas qualquer motivo pra eu sair superior das minhas brigas pessoais com Jacob era válido.
— Não tem problema, eu falo com Joseph depois e explico o que aconteceu.
— Jake, tavez seja melhor você levar ela mesmo. Pode me deixar aqui, é próximo de casa eu posso ir andando. — Bella abriu a boca pra dar uma de boa samaritana, o que me fez rolar os olhos.
— De jeito nenhum Bells! Eu vou te deixar em casa e ponto final. É perigoso! — Jacob tirou os olhos da direção por um segundo e a fitou preocupado. Meu estômago embrulhou. "Bells", olhares apaixonados, é bem provável que eu vomite antes de sair do passeio da morte.
Passaram-se mais algumas arvores até que uma casa azul se aproximou e então o carro parou. Meus olhos caíram sobre um carro preto mais a frente e parece que os de Jacob também.
— Droga! — ele resmungou entre dentes.
— O que foi? — Bella o fitou receosa.
— Tem um deles aqui. — Jacob fechou os olhos e os punhos, se concentrando em algo. Eu não estava entendendo nada.
— É o carro do Carlisle! — Bella esganiçou assim que também notou o carro preto mais a frente. — Me deixe sair Jacob!
— Não!
— Jake! — Bella gritou. Jacob abriu a porta do carro e a puxou pra fora. Lançando um “espere aqui” pra mim. Como se eu tivesse outra opção. Os dois foram até a porta da casa e começaram a discutir. Mas que diabos estava acontecendo? A garota entrou na casa e Jacob voltou até o carro, batendo a porta com força assim que entrou. Sua expressão era de raiva, suas mãos tremiam da mesma forma do que quando ele e Paul brigaram.
— Já podemos ir? — soltei em um pequeno sussurro, mas ele ouviu.
— Vamos esperar. — Jacob cuspiu as palavras, ainda tremendo. E eu só consegui assentir com a cabeça, sem retrucar.



Fanfic escrita por Rav

3 comentários:

oohhhh agora entendi ta muito legal por favor continua escrevendo =]

acho q to entendendo mas se eu nao tiver entendendo nao tem poblema pois sua fic e muito linda ...........nao demora a postar nao por favor se nao vou ter um treco muito linda mesmo parabens:N e beijos :G

Uau está magnifica^^ Eu agora estou compreendendo a historia só estou em duvida em algumas coisas como por exemplo: O Embry teve o imprinting pela Luh? O Jake beijou a Luh só para ela calar a boca mesmo? Tem algum sentimento entre o Jake e a Luh?
Bem essas respostas eu vou ter que esperar com o passar do desenrolar da historia né!?
Mas olha vc está de parabéns!! A historia é emocionante e muito legal! Quero mais :h
Bjsculos^^

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