13 de dez. de 2010

Capitulo 33

Posted by sandry costa On 12/13/2010 5 comments





celebrações


Bella








- Talvez esteja na hora de voltar. Alice deve mandar alguém atrás de nós a qualquer momento. – murmurei, desejando por ficar ali por mais, muito mais tempo.


Estávamos em nossa campina desde a primeira hora da manhã. O sol já estava se pondo e os únicos movimentos registrados eram da leve brisa e de nossos lábios.




A idéia foi dele... aproveitar um pouco mais nosso pequeno lugar, considerando que aquelas eram nossas últimas semanas ali.


- Alice está ocupada demais e Nessie também. – ele respondeu contra minha pele.


Não queria voltar. Queria fugir de Alice.


Ela estava decorando a casa para o Halloween, mas esse não era o único motivo de querer ficar ali.


Poderia passar dias, semanas, até mesmo meses sozinha com ele, longe de qualquer contato, completamente isolados do mundo. Era assim que estávamos naquele momento.


Isolados.


Durante todo o dia, ninguém nos incomodou. O celular não havia tocado nem sequer uma vez. Estávamos conversando e fazendo
planos - sobre tudo que poderíamos e queríamos fazer de agora em diante - e rindo e nos tocando...
ele sempre muito carinhoso e brincalhão.


Aquele momento me fazia recordar as noites que ele passou em meu quarto. Uma época em que havia certas limitações. Esse pensamento me fez pensar em algo.


- Acha que ela vai se importar se a gente ficar aqui e esquecer da festa? – perguntei um pouco antes dele apertar seus braços ao meu redor. Seus lábios tocavam cada centímetro de meu
rosto.


- Podemos ficar aqui e descobrir. – Edward sussurrou em resposta.


Ele passou uma de suas mãos por meu pescoço. Um toque muito suave, mas ainda assim, me prendendo contra ele.


Sabia que Edward era o homem perfeito. Um fato comprovado há muito tempo. Sempre cavalheiro, carinhoso, atencioso. A forma com que ele usa as
palavras, tão bem colocadas, tão eloqüentes. Não é novidade para ninguém, mas sempre admirei tudo que ele
faz. Até mesmo sua forma de respirar é diferente. Mais bonita, mais pura.


Quantas mulheres podem dizer isso de seus namorados ou mesmo maridos e realmente estarem certas? Eu não estava vendo apenas o que
queria. Esse era meu Edward.


Quantos maridos ou namorados colocam suas respectivas parceiras em primeiro plano? Ok... não era justo comparar homens normais com Edward. E quando
digo normais, não quero necessariamente dizer
humanos. Porque mesmo quando humano – e eu posso apostar minha vida nisso – ele
era diferente, especial e único.


Edward nunca foi um homem normal.


Ele riu delicadamente quando puxei o colarinho de sua camisa e encostou sua testa na minha.


- Vou sentir falta desse lugar. – falei, respirando fundo e absorvendo seu doce perfume, perfume que ficava ainda mais marcante combinado com as pequenas
flores silvestres que nos cercavam.


- Eu também, mas não muito. Não é necessariamente o lugar que me agrada.


- Você sabe o que quis dizer.


- Eu sei. – ele sussurrou e me beijou novamente.


Eu estava no céu. Paraíso.


Pássaros começaram a cantar – longe de nós.


- Isso... é tão perfeito – o momento – que quase me deixa triste, porque agora parece que... ser mais feliz é impossível e que a
qualquer momento teremos que nos levantar e ir embora.


Ele sorriu as minhas palavras.


- Então... basicamente, eu estou te deixando deprimida? – ele perguntou em um tom delicado e brincalhão.


Ri da impossibilidade daquilo.


- De certa forma, sim, mas somente porque tudo está perfeito, entende?


Ele passou a mão por meus cabelos, descendo-a lentamente até minha cintura e parando alí.


- Sim, eu nunca vou conseguir me acostumar com tamanha perfeição. – ele disse com um pequeno sorriso nos lábios. - Sabe o que poderíamos fazer?


- O que? – perguntei, incapaz de esconder o reflexo de satisfação ao olhar diretamente em seus olhos.


- Conseguir um dormitório. No campus. Só para nós. Para quando for necessário estudar com outras pessoas no meio da tarde. É uma boa
desculpa.


- Aham, é por isso que você lembrou do dormitório agora... para estudar.


Minha voz pesada com sarcasmo. Ele riu.


Era tão gratificante vê-lo animado com toda essa história de faculdade.


Foi assim o dia todo. A todo o momento – ele ou eu – lembrava de algum pequeno detalhe.


- Não está um pouco tarde para isso? Quero dizer... todos já devem estar ocupados.


- O que acha? – ele perguntou, ignorando minha pergunta.


- É uma boa idéia. Acho que não tem como correr dos. De alguma forma vamos ter que nos socializar.


Já havia imaginado isso. Especialmente porque me increvi em duas aulas que ele não cursaria e se por algum motivo os professores passassem alguma atividade com algum outro colega, seria ideal ter um quarto no campus.
Uma desculpa para não precisar sair de lá.


- Não. É por isso que sempre vamos juntos, para minimizar qualquer contato, não que socializar com os outros alunos seja problema, mas é uma forma de evitar que as pessoas se
aproximem demais e comecem a fazer perguntas... você conhece bem o esquema.


- Mas não é um pouco tarde?


- Eu dou um jeito. - e então ele suspirou. - E... você está certa, temos que voltar.


Nem sequer perguntei o que ele ouviu. Só me levantei resignada.


Ele pegou minha mão.


- Já está ficando mais triste? – ele estava rindo.


- Deprimida. – respondi com o mesmo tom brincalhão.


Quando chegamos o chalé estava vazio. E em cima da cama havia duas caixas, logas e finas.


- Não precisa usar se não quiser. – ele disse colocando as caixas de lado. – Eu não vou usar também.


- Você realmente não gosta de Halloween.


- Assim como você.


Eu ri.


- Eu não tenho problemas nenhum com o feriado, só não gosto das festas. Renée costumava comprar uma loja inteira de doces... só para nós. – sorri para mim mesma com a lembrança.


- Mas você quase não comia doces. – ele questionou sorrindo enquanto me observava da cama – eu estava juntando as peças de roupas que estavam
espalhadas pelo quarto. Edward sempre se interessava por pequenos detalhes de
minha vida e esse era um que nunca havia mencionado.


- Não comia mesmo, exceto no Halloween. Era uma tradição nossa. A gente passava tanto mal no dia seguinte. – suspirei. – Agora é a vez de Nessie. Espero que ela não passe mal. – disse para mim
mesma. – Ela corre o risco de se empolgar...


- Ela está ansiosa como sempre fica antes de qualquer coisa. Alice conseguiu deixa-la agitada.


- Estou literalmente com medo da sua casa.


Não queria nem pensar.


- Nossa casa. E... acredite, estou medo também. – ele franziu a testa. Edward nunca reclamava das festas da irmã. Sempre suspeitei que ele até a
incentivava às vezes. Ele parecia apreciar todas. Todas menos essa.


- Qual o problema... com Halloween? – perguntei.


- Não consigo ver a lógica. Celebrar uma data, onde supostamente os espíritos dos mortos voltam a terra para possuir corpos. As pessoas comemoram coisas ruins no dia de hoje. Bruxas,
monstros, vampiros. – ele riu. – Sei que pode parecer hipocrisia, mas ainda não faz sentido. E também entendo que quase ninguém sabe o significado
real da data e que esse tipo de festa permanece por causa da tradição, doces e
das fantasias. Entendo isso. Mas eu
sei. Então... não faz sentido para mim.


Sorri ao seu pequeno discurso.


- O mundo está de cabeça para baixo. A humanidade deixou de se importar com o fato de que hoje todos deveriam se esconder dos espíritos e em troca de que? Doces!


Ele riu alto de meu tom descrente.


O telefone de Edward tocou. Vi o nome de Alice no visor e me antecipei em dizer:


- Estou indo para o banho. Você lida com ela. - joguei a bomba para ele – Edward sabia fazer isso melhor do que eu.


Ele franziu a testa e atendeu.


Segui para o banheiro. Meu cabelo estava cheio de pequenas folhas e poeira e após lavá-lo minuciosamente, voltei para o quarto sem ter idéia do que usar.


Edward estava colocando a carteira no bolso da calça.


- Saindo? – perguntei.


- Vou buscar Charlie. Ele está tendo problemas com o carro.


- Oh! Posso ir.


- Eu vou. Além do fato de ser o único com autorização para vê-la de toalha, não acho que seria apropriado ou memso seguro para você andar pela cidade assim.


Revirei meus olhos para ele.


- Só dois segundos, me visto rápido.


Ele me beijou de leve e sorriu.


- Prometo não demorar.


Bufei.


- Se você demorar mais de meia hora, vai se ver comigo depois. – ameacei. Não queria ser vítima de Alice sozinha. Estávamos nessa juntos.


Edward se aproximou e falou contra meus lábios.


- Não vou demorar. – ele disse novamente.


- Tudo bem. – resmunguei. E ele se foi... sorrindo.


Segui para o closet e olhei para as dezenas de vestidos que nunca havia usado e que provavelmente nunca usaria.


Qual a roupa apropriada para uma festa de Halloween? A resposta era simples e me fez encolher os ombros. Abri a caixa que Alice deixou na cama. Estava preparada
para algo absurdo e acabei surpresa ao perceber que não era tão ruim. Pelo menos dobrado.


Retirei - o que parecia ser um vestido - e o abri em cima da cama.


Não era tão ruim, mas ainda era algo que nunca usaria.


Normalmente não usava vestidos por conta própria.


Suspirei e decidi que não era o fim do mundo. Nenhum dos outros que estavam no Closet pareciam usáveis. No fundo da caixa havia um
bilhete – surpreendentemente com a letra de Rosalie - dizendo que o cabelo
também precisava ser apropriado.


Voltei para o banheiro com o intuito de secar o cabelo. Essa era uma das coisas que sendo humana ou vampira, demorava a mesma quantidade de tempo. Eu tinha muito
cabelo.


Com eles secos e lisos, voltei para o quarto e coloquei o vestido. Era de estilo oriental – preto - um dedo apenas acima do joelho, com detalhes vermelhos
discretos. As costas eram livres.


Ok, poderia ser muito pior. O cetim aderiu ao meu corpo como uma segunda pele.


- Justo demais. – resmunguei.


- Não é. – Rosalie disse, aparecendo atrás de mim. Assustei-me um pouco. Não a ouvi se aproximar.


- Me desculpe. Achei que fosse precisar de ajuda com o cabelo.


Ela estava linda. Perfeita. Seu vestido era curto – e não tão justo - e ela usava sapatos com salto fino.


- Você está ótima. – disse o obvio.


- Obrigada. Você também. Alice sempre acerta nessas coisas – ela se aproximou e colocou as mãos em meus cabelos – Ótimo, você já secou. Sente-se aqui.


Rosalie não demorou mais do que quinze minutos para fazer um coque elegante e elaborado.


- Prontinho. – ela anunciou e suspirou. – Edward vai ficar em cima de você hoje. Não que ele faça outra coisa na vida. – ela gargalhou
baixinho.


Sorri para a mais belas das Cullens. Não era mais estranho.


- Acho que temos que ir, então. – murmurei.


- Não será ruim. Pelo contrário, será divertido. Só nós e o lobo. – ela franziu o nariz.


- E Charlie.


- Charlie faz parte do “nós”.


Particularmente gostei de ouvir essas palavras saírem de seus lábios.


A algum tempo ele passou a fazer parte do círculo fechado dos Cullens. Claro, ele não sabia nem da metade, mas
estava aceitando tudo muito bem. Charlie se sentia confortável agora.


Sorri orgulhosa de mim mesma.


- Sapatos? – perguntei a ela. Rosalie já estava alí, ela poderia escolher o par mais apropriado.


- Oh! Só um segundo. – ela disparou graciosamente para o closet e voltou com um par de stilletos pretos de sola vermelha. – Esses ficarão
perfeitos.


Quando chegamos a casa, meus olhos se arregalaram. Tudo estava escuro – claro que estava vendo perfeitamente – com algumas luminárias
avermelhadas e outras azuladas espalhadas, desde a entrada principal, até a
cozinha. A sala deveria ser o pior cômodo de todos, com luzes piscando
“assustadoramente”. Pelo menos ela não teve o mal gosto
de colocar nenhuma caveira ou algo do tipo, pendurado pelo lugar.


Para ser sincera, eu estava esperando algo pior.


- Mãe! – gritou Renesmee. Ela desceu a escada correndo. Jacob a seguiu em passos mais lentos. – Você ta linda!


Havia fica o dia todo longe de minha pequena. Renesmee estava agitada demais com a festa, por isso ficou aqui para ajudar.


- Obrigada. Você está linda também. Tão perfeita.


Ela estava usando um kimono branco, bem oriental. Seus cachos presos em um coque elaborado com uma pequena presilha em formato de
leque dando o retoque final.


- Não disse? – murmurou Jacob para ela. Nessie fez careta para ele.


- Você não está fantasiado. – disse.


Eu provavelmente teria uma crise de risos se o visse em uma.


- Não.


- Vai aceitar isso? – perguntei a Nessie.


- Eu falei, mas ele não me ouviu. – ela reclamou.


Eu tive que rir. Isso ele não fazia por ela.


- Você está ótima, Bells. – ele me elogiou. – Aparentemente é a “noite asiática” para alguns dos Cullens.


Sorri em retorno e comecei a imaginar o que Alice poderia ter escolhido para Edward usar.


Meus olhos percorreram o ambiente, não conseguia vê-la, nem Jasper. Nem mesmo Emmett. Rosalie havia subido.


- Onde está todo mundo?


- Papai foi buscar vovô Charlie, Alice e Jasper foram pegar os doces e eu não sei onde Emmett está.


- Ela está irritada com você e Edward. – Jacob falou.


- Ela está? Por que? – perguntei. Eu quase não reclamei com Alice.


- Papai ia comprar os doces, mas vocês ficaram fora o dia inteiro.


- Oh. Edward não comentou nada comigo. – disse defensivamente.


E ele realmente não havia comentado nada.


Alice e Jasper apareceram alguns minutos depois. Ela me lançou um olhar irritado. Eu estava me comportando. Não entendi o mal humor.


Em poucos minutos toda a casa estava cheia de doces.


“Decoração necessária” havia dito ela.


- Agora está tudo perfeito! – Alice cantou, novamente de bom humor.


- Duas toneladas de balas. Ótimo. – resmunguei.


Ela se virou para mim.


- Estou surpresa que esteja usando a roupa que escolhi. – seu tom era seco.


- Surpresa, sério? Essa é nova para você.


Jacob e Renesmee riram.


Ela revirou os olhos. – Muito engraçado, Bella. – então ela se virou e continuou a organizar a sala que já estava
organizada.


Estranho.


Balancei minha cabeça, tentando clareá-la. Por que ela estava chateada comigo? Seria uma daquelas coisas de casais? Edward apronta e eu também sofro
as consequências?


Ouvi o carro de Edward se aproximar.


- Diga a seu marido “obrigada” por toda ajuda. – ela falou sem tirar os olhos do vaso de flores que parecia perfeitamente cheio de rosas. Segurei uma risada. Alice
estava brava com Edward e comigo como conseqüência.


- Acho que ele te ouviu. – disse seguindo para a entrada principal. O som do motor cessou.


- Pai. – chamei descendo as escadas da varanda.


- Hey, Bells, wow! – ele disse, legitimamente surpreso. Sabia que o tom era devido a minha “fantasia”.


- Alice. – disse. Ele entendeu imediatamente. – Nessie está ansiosa e te esperando.


Ele começou a subir as escadas e eu a descer. Ele parou de repente quando nos cruzamos. Pude ver Edward encostado na porta do carro. Olhando para mim.


- Você vê algum problema se eu sair com ela para pedir doces, quero dizer, essa é a tradição, certo?


- Oh, não. Claro que não.


Charlie e eu nunca fizemos isso juntos, então não ia negar isso a ele.


- Infelizmente vai ter que levar o comboio com você. – Edward disse a ele. Nem Rosalie, nem Jacob ficariam para trás. No embalo que Alice estava,
ela provavelmente iria também.


Bom... eu era a única que não podia andar pela cidade com minha filha. Na realidade eu não poderia andar pela cidade
abertamente de forma alguma.


- Imaginei. – Charlie respondeu. – Oh, Bella? Advinha... Ângela Webber ligou hoje. Ela queria notícias suas.


A notícia me pegou de surpresa. Nunca imaginei ter notícias de qualquer um de meus antigos amigos, muito menos imaginei que um deles que procuraria.


- Oh! – exclamei sem saber o que dizer.


- Disse que você estava no Alasca e que a vi em setembro. Também disse que tudo estava bem. Que você e Edward estavam firme e forte. E foi isso. Ela está na cidade para o feriado, por causa dos gêmeos. Eu, ham,
fiz certo?


- Sim, pai. Obrigada. – Teria que enviar um e-mail para ela mais tarde.


Ele sorriu e seguiu para a casa. Voltei-me para Edward.


- Ela dificilmente iria se esquecer de você tão rápido. – Edward comentou quando me aproximei.


Apenas sorri e comentei:


- Você chegou a tempo.


Ele me ignorou. Seus olhos suaves presos em meu rosto. Ele estendeu a mão para mim.


- Você é perfeita. – ele sussurrou em meu ouvido.


- É o vestido. – respondi.


- Não... tenho certeza que é você.


Ele beijou meu pescoço e se afastou rapidamente.


- Tenho que ir me vestir. Alice já está irritada o suficiente comigo.


- Sim... ela está. Você a deixou na mão hoje.


Ele riu.


- Só um pouco.


- Então fez de propósito?


Ele balançou a cabeça confirmando. Ouvi Alice bufar.


- Achei que ela fosse “ver”, mas aparentemente estava errado. Ela estava ocupada demais. Era o momento perfeito para ficar sozinho com você e eu não iria deixar passar.


- Bom... ela irá te perdoar... eventualmente. – disse, passando meus dedos em seus cabelos e o beijando rapidamente. – Agora vá, antes que as coisas fiquem pior para seu lado... e para o
meu.


- Volto logo. – Edward me garantiu, olhando-me dos pés a cabeça. O sorriso torto mais lindo mundo em seus lábios.


- Talvez passe a gostar mais de Halloween de agora em diante.


Depois de mais um beijo rápido, ele correu graciosamente floresta adentro.


Suspirei e voltei para a casa.


- Sinto muito. – falei somente para Alice, quando me encostei ao lado da escada, onde ela ainda organizava as flores.


- Está tudo bem, agora, pelo menos. Mas poderia não ter encontrado nenhum doce. E uma festa de Halloween sem doce não é uma festa.


- Eu sei, Alice. Sinto muito. De verdade.


- Não se preocupe...


- Acho que devemos ir. – Charlie a interrompeu. – Vai acabar ficando tarde demais para bater na porta dos outros.


As pessoas normalmente passavam a noite em claro nessa época, mas Charlie pareceu não se lembrar... ou se importar. Era como se ele estivesse se obrigando a fazer aquilo.


- Sim, vamos! – Renesmee havia ficado ainda mais animada com os planos de Charlie.


- Ham... pai...


Tínhamos que manter a aparência, então existia coisas que não podiam ser ditas em público. Os moradores de Forks não podiam saber que tinha uma filha. Apesar da história “pública”, não gostaria que o povo de Forks soubessem que Edward e eu a “adotamos”, daria muito o que falar.


- Já expliquei a ele. – Alice se adiantou. – Se alguém perguntar, ele saberá o que dizer. Nós vamos também, claro, mantendo distância... e tirando fotos. Estaremos de volta em uma hora.


- Oh, tudo certo, então.


Renesmee acenou antes de sair pela porta com Charlie e Jacob.


- Uma hora... por favor esteja decente quando voltarmos. – Emmett disse aparecendo do nada e gargalhando ao passar por mim.


Charlie franziu a testa com o comentário, mas seguiu com Renesmee.


Ele não tinha jeito. Caso perdido a dezenas de anos.


Todos se foram.


Sentei-me no sofá e contemplei o ambiente. Esse era um dos lugares que mais sentiria falta. Tanto aconteceu aqui. De uma forma diferente, considerava essa casa mais
um lar do que a de Charlie. Como um refúgio.


Claro... sabia que um dia – depois de muitos anos – nós voltaríamos.


Suspirei.


- Você está bem? – perguntou Edward, atrás de mim - não o ouvi se aproximar. Ele contornou o sofá e se sentou ao meu lado.


- Sim, só estava pensando. Como sempre. Não precisa ficar frustado ou preocupado, não era nada importante. – me apressei a dizer.


- Sempre fico frustado com isso, não há nada que possa fazer. – ele me disse e então seus olhos varreram o ambiente. Seus lábios franziram.


- Não ficou tão ruim. Não tem nenhuma caveira ou caixão pendurado em lugar nenhum. – expressei o que havia pensado antes.


Sua testa vincou.


- Isso seria de um mau gosto sem precedentes.


Eu ri. - Você está se comportando exatamente como eu. – disse, impressionada. Normalmente era de minha natureza fazer “bico” nesses momentos.


- Isso tinha que acontecer em algum dia. – ele disse.


Balancei a cabeça concordando.


Edward usava uma camisa social cinza, sem a gravata e uma calça social preta. A camisa estava por fora.


Afastei meu corpo, como para olhá-lo melhor.


- Ham... não foi isso que Alice escolheu para você – afirmei, ele estava bem despojado. - Mas ainda assim ficou perfeito.


Não que ele já não fosse perfeito.


- Obrigado. Estou me rebelando contra a “tirania”de Alice hoje. Ela ehavia escolhido um smoking. Acredita nisso? Como se hoje fosse alguma ocasião de
gala.


- Você gosta Smoking. – afirmei.


- Sim, mas hoje não requer um gravata borboleta.


- Não vejo porque não. Você fica lindo todo formal.


Ele riu.


- Agradeço novamente, Sra. Cullen. – ele respondeu muito formalmente.


Ficamos sozinhos por menos de quarenta minutos. Tempo o suficiente para me encantar com o som de suas novas composições.


- Espero que estejam decentes... criança entrando. – dessa vez foi Jacob quem brincou.


Estava encostada no piano enquanto Edward tocava para mim.


- Voltaram cedo. – comentei. Edward sorriu amplamente, seus olhos em Nessie.


- Concordo. – ele respondeu algum comentário feito mentalmente por ela.


Renesmee seguiu em nossa direção e sentou-se ao lado de Edward no piano.


- Humanos são estranhos. – ela sussurrou para Edward. Charlie ainda nem sequer havia entrado em casa.


- Aposto que Charlie odiou também. – comentei com ela, certa do que havia acontecido.


Essa era uma das épocas que a polícia mais recebia reclamações de jovens pertubando os moradores de Forks. Ele sempre teve muito trabalho nessas noites. Fiquei surpresa quando ele disse que não trabalharia.


- Ele odiou. – ela confirmou. – Ele não disse, mas sei que odiou.


- Como foi, Charlie? – perguntei quando ele entrou.


- Hum... bem, eu acho. – ele respondeu sem entusiasmo. Renesmee riu.


- Foi péssimo. – ela disse para olhando para ele e depois se virou para mim. – As pessoas corriam na rua, tentando assustar as outras com fantasias estranhas e
algumas casas tinha cada coisa feia na entrada. Papai estava certo. Halloween é
horrível. – Renesmee concluiu.


- Parabéns, Edward, espero que esteja satisfeito. Você conseguiu convertê-la. – disse Alice amargamente.


- Não sei quanto a “satisfeito”, mas estou um pouquinho feliz.


Ele sorriu para Renesmee que retribuiu.


Até mesmo Alice – a sempre empolgada Alice – pareceu esfriar um pouquinho depois que chegou.


Era como se todos tivessem esquecido do motivo de estarmos ali, vestidos em fantasias.


Rosalie e Emmett iniciaram uma conversa particular e esqueceram de todos. Alice e Jasper desapareceram sutilmente. Edward, Renesmee, Charlie e eu, iniciamos nosso
próprio tópico. Bom... diversos tópicos. Desde o problema no carro, até os horários
de estudo de Renesmee.


- Ainda não podemos matricula-la em uma escola. – disse Edward a ele.


- Estou tendo aulas com papai por enquanto.


- E quanto a você, Bella, não pretende ser uma das tutoras de Renesmee? – Charlie perguntou.


- Com quem você acha que ela aprendeu a ler tantos livros? – repondi.


Ele sorriu.


– Faz sentindo.


Levei Charlie para casa um pouco depois das onze.





A vida passa tão rápido. Especialmente quando se está tão feliz. Em meiados de novembro, Edward e eu levamos
Renesmee para conhecer a Space Needle em Seattle. Aquele dia foi muito
engraçado. Jacob também não conhecia o lugar e a forma
como ele e Renesmee se comportaram me fez lembrar em como me animava ao
conhecer novos lugares com Renée.


Como duas crianças. Claro, nos comportando assim apenas entre nós.


Edward parecia sentir a cada dia mais orgulho de Renesmee, especialmente com comportamento compreensivo dela em relação a Jacob.





Quando dezembro chegou, Renesmee havia crescido pouco mais de meio centimetro. Da forma que estava, Renesmee poderia alcançar a maturidade com a mesma quantidade
de tempo que Nahuel, mas também poderia acontecer antes ou depois.


Não havia um padrão em seu desenvolvimento.


Nessie começou a estudar. Em casa. Dessa vez oficialmente – com horários e tudo mais. Ela não queria esperar. E Edward não era mais seu único
professor. A cada dia ela aprendia uma coisa nova. Não precisavamos repetir, mas precisavamos ter argumento.
Muitas coisas eram questionadas.


A ligação entre pai e filha parecia ficar a cada dia mais forte. De todos, Edward era o favorito. Eles passavam horas juntos – ambos concentrados no assunto. Existiram dias que nem sequer saimos do chalé. Jacob passou a ficar
conosco lá.


Caçavamos regularmente. E a cozinha passou a ser um dos comodos mais visitados. Renesmee tinha um paladar mais exigente que Jacob.


Ela não comia qualquer coisa.


Edward passou a ceder um pouco mais aos apelos dos irmãos e passou a caçar com eles com mais freqüência.


Depois de tanto tempo vivendo com os Cullens e sendo uma, percebi que todos, apesar de serem incrivelmente apaixonados, tinham atividades diárias longe um do outro. Não eram
atividades longas, mas eles se separavam.


Edward e eu não éramos exatamente assim.


Quase tudo o que fazíamos, fazíamos juntos. Rara às vezes em que eu precisava sair – sozinha. Ainda eram poucas às vezes ele saía para caçar
com os irmãos. E eu com minhas irmãs.


Todos pareciam entender. Ninguém nunca questionou. Não em voz alta.


Alice e Rosalie gostavam muito de conversar sobre os meninos. Sentia-me em um verdadeiro clube da luluzinha.


- Bella, se dependesse exclusivamente de Edward, Renesmee iria para um convento. – Alice comentou uma tarde após caçarmos, o assunto mudava
tanto que as vezes me sentia perdida.


- Você o culpa por isso? – Rosalie disse secamente.


- Oh, pessoal, ele não é assim. – o defendi.


- Ele também não é exatamente mente aberta.


- Com relação a Nessie, eu também não sou. E imagino que nenhum de vocês será também. – completei.


- Oh, Bella, querida. Ele vai surtar quando Renesmee crescer, mais do que qualquer um de nós. Edward é tão superprotetor com ela quanto é
com você. – Alice completou. – Além do mais, ninguém pode prever a reação de um vampiro com uma filha biológica. – ela gargalhou baixinho.


- É questão de personalidade. Só não quero estar por perto quando ele começar a reclamar. – continuou Rose.


- Aham, como se você fosse ficar quieta também. – Alice acrescentou.


Rosalie não respondeu seu comentário.


Suspirei.


- Talvez fosse melhor afastar aquele cachorro fedorento dela...


- Não vamos fazer isso, Rosalie. – a interrompi.


- É só uma sugestão. – ela se defendeu.


- Essa sua birra com Jacob está ficando cansativa. – Alice foi quem falou.


- Perdão?


- Ele não é tão ruim assim. Você deveria dar um descanso a ele.


Alice o estava defendendo. Essa era nova. Sabia que ela gostava dele – até certo ponto. Mas vê-la fazendo isso era... estranho.


- Quer saber, esquece. – Rose dispensou o assunto.


- Já acabamos por aqui, talvez devêssemos voltar e ir fazer compras.


- De novo? Alice, eu tenho dezenas de roupas que nunca usei ainda.


- Sim, mas os meninos não. E eles nunca saem para isso. Além de tudo, não precisamos comprar roupas, existem muitas outras coisas.


- Todos estariam perdido sem nós. – Rosalie completou.


- Oh, vamos, Bella. Anime-se. Não tem vontade de entrar em uma loja e comprar coisas para Edward? – ela cantou. – Quero dizer... você nunca
fez isso... com a gente.


- Verdade. – respondi. – Acho que se for para comprar para ele eu topo.


- Yay! Vamos, então.


E passamos o restante do dia seguindo os planos de Alice.


Eu era muito inocente? Realmente acreditei quando Alice – minha irmã, viciada em compras – disse que não compraria nada para mim? Ou para ela? Ou para Rosalie?


Bom... em uma coisa ele estava certa. Foi divertido entrar em uma loja e ver algo que era “a cara” de Edward e comprar.


E melhor ainda, foi ver como ele parecia satisfeito com um gesto tão simples.





Esme passou a ligar todos os dias.


A princípio ela achou que incomodaria, mas insisti que sentia falta dela e Renesmee também. As duas conversavam por horas.


Minha filha adorava fazer qualquer coisa, com qualquer um de nós. Até mesmo jogar. Algo que sempre que possível todos se reuniam para fazer – era uma forma divertida de se passar o tempo. Carlisle e Esme não estavam alí para completar o time, então –
dependendo do jogo - Renesmee e eu assumíamos essa função.


Claro... quando chegava a vez dela rebater, todos amaciavam a mão – não que fosse necessário. Inclusive Emmett. Isso a deixava irritada.


Surpreendi-me ao perceber que gostava – um pouco - de jogar basebal. Bom... como vampira tudo era mais divertido.





Não havia muito o que organizar para o Natal e Alice não colocaria as mãos nessa data.


Percebi um pouquinho tarde que nunca havia preparado um jantar de Natal em toda minha vida.


- Hum... nunca preparei um Peru antes. – comentei enquanto lia um livro de receitas incrementado que havia comprado a uns dias atrás. – Acho
melhor encomendar um e não correr riscos.


- Você consegue fazer. Seria mais fácil se me deixasse ajudar. – Edward disse. Ele játinha oferecido para cuidar do jantar dezenas de vezes.
Expliquei que queria fazer isso sozinha, então ele passava seu
tempo quase todo na cozinha comigo – Nessie e Jacob eram minhas cobaias. Às
vezes nem mesmo Seth escapava.


Havíamos pulado o Dia de Ação de Graças, pelo menos como “comemoração especial”.


Há apenas uma semana do natal, decidi fazer um pequeno “jantar teste” com Jacob e Seth.


Era necessário, pois eu não tinha o senso apropriado de paladar – não mais. Sempre questionei o fato de Edward saber cozinhar tão bem. Já tentei fazê-lo admitir que esse era um talento adquirido
quando humano. Ele jurava que não.


- Espero que não esteja sem graça como da última vez. – comentou Jacob.


Ele havia experimentado o primeiro Peru recheado que tentei fazer. Aparentemente fui reprovada. Fiquei extremamente insegura e Edward garantiu que ele estava apenas
me provocando.


Não era difícil memorizar ingredientes, saber o tempo ideal de cozimento e qualquer outra tecnicalidade da cozinha, mas sempre tive problemas quando estava aprendendo como cozinhar um prato específico. Era por isso que os pratos que fazia para Charlie –
quando ainda morávamos juntos – eram simples e algo
em que tinha prática.


- Você comeu tudo, então não estava sem graça. – Renesmee apontou.


- Ok. – disse colocando a última grande travessa na mesa – o restante já estava posto.


– Ataquem.


E assim eles o fizeram. Renesmee assistia sorrindo.


A mesa estava do lado de fora do Chalé. Minha pequena casa de conto de fadas não parecia ter espaço o suficiente para meus amigos lobos.


Encostei-me em Edward - que estava sentado ao pé de uma árvore próxima, com um livro em mãos – esperando o veredicto.


- Se não der certo dessa vez, passo o bastão para você. – anunciei, observando os meninos devorando tudo. O fato deles estarem comendo não queria necessariamente dizer que estava bom.


- Deu certo da primeira vez e Seth parece estar gostando.


- Seth vai adorar qualquer coisa que qualquer um de nós fizermos. Ele é um garoto doce. – sussurrei para ele.


- Verdade.


Para minha alegria, tudo foi um sucesso.





Era o final de uma tarde de sexta feira. Faltava apenas dois dias do natal. Jacob, Nessie e eu, estávamos próximos a La Push – longe da rodovia - esperando por Charlie
que estava a pé de novo. Um de seus oficiais o deixou ali. Sua viatura parecia
ter atingido a data de vencimento e como nada funcionava da forma correta próximo aos grande feriados de final de ano, somente no início de Janeiro ele teria outra.


- Por que você não simplesmente encomenda o jantar? Você tem dinheiro para isso. Não precisa se incomodar em fazer. – Jacob perguntou, enquanto esperávamos por Charlie. Ele estava encostado casualmente contra
meu carro.


- Eu quero fazer. Nunca cozinhei refeições importantes antes. E essa é muito importante. E eu não tenho dinheiro para nada. Não trabalho.


- Bom... Não precisa se preocupar. Charlie vai gostar. E se seu marido tem dinheiro, você também tem. – ele disse.


Levantei os ombros dispensando esse trecho do assunto.


- Está antecipando que você não irá gostar? Estava tão ruim assim?– perguntei.


Jacob riu.


- Vou passar o natal com meu pai... E estava ótimo. Ainda não percebeu como adoro te encher a paciência?


- Oh! Estava contando com você. Podia ter me avisa isso antes.


- Não disse nada porque vou aparecer mais tarde, sem dúvidas. - Ele piscou para Renesmee.


- Tudo bem, guardo metade da comida para você.


- Tem que ser mais da metade. – Renesmee complementou.


Ficamos em silêncio por um momento. Apenas ouvindo o som da brisa tocando asárvores. Isso até Jacob resolver mudar aquilo.


- Então... – ele começou.


- Então?...


- Está tudo pronto... para Hannover?


O assunto ela claramente doloroso para ele e mesmo tentando ele não conseguia esconder.


Renesmee apertou sua mão.


O olhei atentamente antes de responder.


- Sim... acho que sim.


- Oh! Qual é, Bells, você pode falar sobre o assunto comigo. – ele sentiu minha relutância.


- Bom, todas as vezes que achamos que tudo está pronto, algum outro detalhe de alguma coisa inacabada acaba aparecendo.


- Mas no geral...


- Estamos prontos.


- Isso é bom. – ele disse.


- Você vai me visitar. – Renesmee disse, tentando animá-lo. Ele entendeu como uma pergunta.


- Claro que vou.


- Eu vou vim te visitar também, certo mamãe? – acenti - Vai passar muito rápido. E eu tenho que estudar, então não ia poder ficar a tarde toda com você.


Ele sorriu para ela.


Renesmee tinha o coração enorme.


- Prontos para ir, crianças? - Charlie falou se aproximando.


- Prontas. Te vejo amanhã, Jake. – me despedi entrando no carro e ligando o motor.


Charlie pareceu captar atmosfera e quando deixamos La Push, ele perguntou:


- O que há de errado com ele?


- Jake está meio triste com a mudança e tudo mais.


- Vamos sentir falta de vocês. – ele disse baixinho. Sua voz pesada de emoção. Nessie agarrou seu pescoço. Ela estava no banco de trás.


- Eu sei. – murmurei.


- Falando nisso, onde está Edward? Achei que ele viria também.


- Oh, ele saiu... foi comprar algumas coisas. – respondi.


Edward e Jasper haviam saído a mais de duas horas, com a promessa de voltar portando surpresas.


- Presentes! - a voz de Renesmee ecoou no carro.


Deixei Charlie em casa e segui com Renesmee para Port Angeles. Nós estavamos matando tempo.


- O que quer comer? – perguntei após algumas horas de compras – compras de Renesmee.


- Mmmm...


Antes que ela pudesse responder, meu celular vibrou. Sorri ao reconhecer o número.


Nunca deixaria de me sentir como uma adolescente loucamente apaixonada. Ainda sorrindo, levei o telefone ao ouvido.


- Edward?


- Sorvete. – Renesmee respondeu antes que ele pudesse dizer qualquer coisa, apontando para uma sorveteria.


- Você não gosta de sorvete. Só quer porque o da foto é rosa. – rebati. Ouvi Edward rindo no telefone. Ele esperou.


- É... tem o gosto estranho mesmo. – ela recordou fazendo careta a memória.


Gargalhei baixinho voltando minha atenção a ligação.


- Me desculpe. – disse. – Acabou de chegar?


- Sim. Onde estão?


- Port Angeles, já estamos indo para casa, ela já comprou tudo que precisava.


- Isso é bom. – ele falou.


- Não vamos demorar. – prometi.


- Não precisam se apressar por mim.


- Eu quero me apressar.


Ele riu.





Como Renesmee ainda não havia decidido o que jantar, a levei no mesmo restaurante italiano que jantei com Edward pela primeira vez - em minha quase desastrosa noite em Port
Angeles a mais de dois anos atras.


Contei a história a Nessia que se mostrou muito interessada. Até comeu o mesmo que eu, fazendo incessantes perguntas.


Ficamos mais uma hora na cidade e chegamos a Forks um pouco depois das nove da noite. Edward estava nos esperando na varanda.


Ele sorriu ao nos aproximarmos e levantou o dedo para mim, pedindo para que eu esperasse e seguiu para o lado do carona, onde Renesmee estava. Ele abriu a porta para ela.


- Obrigada, papai. – ela o agarrou pelo pescoço - algo que adorava fazer e tocou sua bochecha com uma das mãos.


Os olhos de Edward se suavizaram – ainda mais – e ele a abraçou forte.


- Senti sua falta também. Muito.


- Eu sei. – ela disse com simplicidade.


Naquele pequeno segundo, senti como se meu coração pudesse voltar a bater – essa sensação me acometia com
freqüência. A interação entre os dois era sempre tão
especial... tinha uma pequena impressão de que o
relacionamento já havia passado de paternal a
amizade.


Renesmee sorriu e desceu de seu colo e correu para dentro da casa.


Seus olhos a seguiram por um instante e se voltaram a mim.


Ele foi até minha porta, a abriu e passou um dos braços por minha cintura, me levantando antes mesmo que pudesse fazer o movimento.


Um pequeno sorriso – tão lindo, que poderia fazer meu coração saltar pela boca – apareceu instantes antes de seus lábios
tocarem os meus. Foi um beijo lento, suave mais crescente. Ele me colocou no chão sem interromper o beijo e seus dedos se entrelaçaram em
minhas costas, me prendendo a ele. Me empolguei – como sempre fazia e passei
meus braços ao redor de seu pescoço.


Ele riu em meu ouvido antes de dizer,


- Oi.


Não respondi, apenas o beijei novamente.


Não era necessário dizer o quanto senti sua falta, meus atos estavam fazendo isso. Sabia que ele sentia o mesmo.


Ele afastou seus lábios dos meus e me olhou em silêncio com aquele pequeno sorriso por vários minutos.


- Quero te dar uma coisa...


- Mmmm?


- Um presente.


- Não vai esperar pelo natal?


- Seu presente de natal está guardado a sete chaves. É outra coisa.


- Você nunca vai parar com isso, vai? Com os presentes? – encostei na porta do carro.


- Não, é das infinitas vantagens de ser casado, posso comprar tudo o que quero para você. O correto seria dizer “eu posso comprar tudo o que você quer”, mas você nunca parece querer nada.


- Já tenho tudo que preciso.


- Fico muito feliz por pensar assim. E... bom, não é bem um presente, é mais uma “lembrancinha”.


- Oh! Então meu presente foi rebaixado a “lembrancinha”?


Ele riu alto e pegou alguma coisa no bolso de trás de seu jeans.


- Você é uma mulher complexa, Isabella Cullen. – Edward murmurou e prendeu no lado esquerdo de meu vestido, um pequeno broche de metal. – Eu não comprei, juro. É sómais uma das coisas que pertenceu a minha mãe.


- Oh.


- Estava organizando tudo para levarmos conosco - não quero despachar as coisas que foram dela e me deparei com isso. Imaginei como ficaria lindo em você... e
acertei em cheio. Impressionante.


O pequeno apetrecho tinha o formato de uma rosa. Tão delicado e simples – ainda assim lindo – parecia um daqueles pequenos broches que se via
em atrizes de filmes antigos.


- Obrigada. – eu disse, realmente agradecida. Significava muito para mim quando ele me presenteava com algo que já pertenceu a sua mãe.


- Por nada.


- Sabe de uma coisa, esse pode ser meu presente de natal, eu amei, não precisa me dar mais nada.


- Aham, porque é assim que as coisas funcionam. – ele disse sarcasticamente, colocando apenas um braço em minha cintura
e me conduzindo para dentro da casa.


Estava tão atenta a ele que ignorei os barulhos que viam de dentro. Emmett e Jasper estavam concetrados em um jogo de basquete na televisão. Às vezes, eles faziam sons de desaprovação devido alguma jogada.


Renesmee estava com Rosalie e Alice na frente do computador.


Rose, quando me viu, sinalizou para que me juntasse a elas.


Ficamos até bem tarde na casa. Após passar alguns minutos com minhas irmãs, juntei-me a Edward. Jogamos duas partidas de xadrez, ele
venceu a primeira e eu a segunda – ou ele me deixou vencer, não tinha como saber. Era péssima nesse jogo, mesmo com toda
nova facilidade de raciocinar. Teria que treinar. Edward parecia gostar –
muito.


Carlisle havia ligado e falado com ele um pouco antes de chegarmos de Port Angeles. Aparentemente tudo estava bem, mas Carlisle precisava de Edward para ter
certeza.


Edward sempre funcionou com um “espião” nos locais onde seu pai começava a trabalhar.


Esme, como sempre, estava morta de saudades de todos. Só podia imaginar como tudo estava sendo difícil para ela. Carlisle
trabalhava quase toda a noite.


Bom... ao menos em duas semanas estáriamos partindo e eu poderia matar minhas saudades.


Por algum motivo, havia esquecido completamente da decoração básica de natal, mas Edward não.


Para minha grande surpresa e para a alegria de Renesmee, ele havia colocado umaárvore de natal em nosso pequeno jardim e uma pequena em nossa sala.


Havia planejado colocar uma mesa de jantar do lado de fora, mas isso foi até saber que Jacob não jantaria conosco. Além do mais, Alice preveu que
começaria a nevar em breve.


- O interior foi trabalho de Alice e Rosalie. Não se preocupe, eu supervisionei. – ele disse seriamente.


- Não acredito que esqueci de tudo isso.


Natal era uma época importante para Charlie. Ele sempre colocava uma árvore na sala, nunca completando sua decoração. Ele desistia antes de chegar à metade.


- Não se preocupe. Eu não esqueci e seu natal vai ser perfeito. – ele disse.


Sempre celebrei a data com Renée, mas nunca entrei completamente no clima de final de ano. Tudo nosso era mais simples, uma pequena árvore –
com pouca decoração – e o fato de ficarmos
acordadas a noite quase toda, beliscando algum lanche e conversando. Mesmo após a chegada de Phil, a tradição
continuou. Ele apenas se juntou a nós.


Estava gostando do fato de que agora, poderia ter minha própria tradição, com meu Edward e minha Renesmee.


Senti um grande aperto no peito. Saudade. Ligaria para Renée no dia seguinte.


Aquela noite, não consegui deixar de pensar em minha mãe. Não consegui afastar o estranho sentimento de luto. Sentimento que achei que havia expulsado quando a vi em
setembro. Minha mente processava coisas sem meu consentimento e assim percebi
que as coisas nunca seriam da mesma forma. Não havia como mudar isso.


Dessa vez, acho que Edward não percebeu minha mudança de humor.


Ele era o mais afetado quando isso acontecia, as vezes muito mais do que eu mesma.





Passamos parte da manhã de véspera de Natal com Charlie. Partimos mais cedo, ele tinha feito planos com Billy.


Naquele dia, Edward e eu tomamos uma decisão inédita.


Deixamos Renesmee aos cuidados de Charlie – Jacob e Seth. Ela iria mais uma vez a La Push.


Não sei se havia como ela ficar mais feliz e surpresa.


Senti-me estranha, mas não podia prendê-la a mim para sempre. Além do mais, La Push era um dos lugares mais seguros para Renesmee.
Nenhuma outra criatura mítica cruzava as fronteiras
daquela terra.


- Isso é novo. – comentou Emmett quando voltamos para casa – apenas para deixar o carro. – E ela está com Charlie? – ele perguntou, sem nenhum tom de gozação em sua voz. Edward – que estava ao meu lado – sorriu
discretamente para seu irmão urso.


- Não precisa se preocupar – ele disse. – Ela está perfeitamente segura em La Push.


Emmett estava preocupada? Isso que era novo.


Ele franziu a testa e balançou a cabeça.


- Se está dizendo.


- O que está fazendo aqui, sozinho? – Edward perguntou a ele, pegando minha mão. Começamos a andar lentamente, seguindo para fora da
garagem. Emmett nos acompanhou.


- Só vim para pegar as coisas de Rosalie, e esperar por vocês, mas acho que não vão querer ir jogar nada agora.


- Passamos lá mais tarde. – Edward disse.


- Tudo bem. Vejo vocês mais tarde então.


De mãos dadas, começamos a andar sem rumo pelas redondezas em silêncio. Edward olhava para meu rosto de tempo em tempo. Às vezes seu olhar se perdia a nossa frente. Eu o vi pressionando os lábios várias vezes. Algo parecia estar incomodando.


Apenas agora me toquei, mas essa manhã, um pouco depois dele pegar o carro – para irmos até Charlie – percebi uma pontada de consternação em seu olhar. Não questionei na
hora, por que Renesmee estava ao nosso lado e depois ele pareceu completamente
normal, e por isso acabei deixando de lado.


Minha imaginação conseguia me levar longe, mas aparentemente dessa vez eu não imaginei.


De repente paramos. Bom... ele parou.


Eu esperei. Seus olhos presos em minha face. Edward não disse nada por vários minutos e consequentemente comecei a me sentir ansiosa.


Ele suspirou e se colocou a minha frente, sem soltar minha mão.


Ainda estava esperando...


- Bella... – ele respirou fundo. – Eu não queria fazer isso agora, queria poder esperar até depois... para depois do jantar de amanhã.


- Esperar pelo que, Edward? O que aconteceu? – minha voz era baixa.


- Bella... isso não pode continuar. Não podemos seguir sendo atormentados dessa forma...


- Atormentados?


Oh, não. Senti meu corpo paralisar.


- Não podemos dar tempo para que ele encontre alguma forma de se aproximar e ferir... – ele parou, fechou os olhos e respirou fundo. – Preciso ter você na mesma página que eu. Preciso que
entenda.


Senti uma onda de calafrio percorrer todo meu corpo.


- Ok, Edward, volta um pouco. De onde está vindo tudo isso? – perguntei, tentando manter minha voz sob controle. Sabia exatamente o que
tinha acontecido.


- Alice teve outra visão com Abadir. – ele disse.


- Quando?


- Essa manhã.


- E o que ela viu?


Sua testa vincou e sua expressão se tornou furiosa.


- Ele havia decidido voltar, mas mudou de idéia... novamente.


Não disse nada por vários minutos. Meus olhos continuaram presos aos dele enquanto processava suas palavras “Não podemos dar tempo para que ele encontre alguma forma de se aproximar...” “Preciso ter você na mesma página que eu. Preciso que
entenda.” meus olhos se arregalaram em pânico.


- Não! – eu quase gritei.


- Bella...


- Você quer caça-lo?! Caça-lo de verdade? Como ir atrás dele?– perguntei, já sabendo a resposta.


- Sim. – Edward respondeu friamente. – E eu não quero fazer isso sem que você...


- Edward, não. – me afastei, soltando minha mão da dele, mas ele se aproximou novamente.


- Eu preciso que você esteja de acordo... – ele continuou dizendo, na mesma voz vazia de antes.


- Não estou. – me apressei em dizer. – Se ele aparecer aqui... eu entendo, mas sem caça. Sem ir atrás dele.


- As coisas não podem continuar da forma que estão. Não podemos... não posso dar tempo e espaço para ele... – ele parou. Seus olhos estavam presos aos meus de forma tão intensa que tive
problemas para organizar meus pensamentos.


- Não. – disse novamente, como um sussurro.


- Como disse, não quero fazer isso sem que você esteja de acordo, você precisa estar por dentro... de uma forma.


- De uma forma?


- É minha responsabilidade, vou sozinho.


Pelo seu tom, ele já sabia minha resposta.


- Não!


- De novo... não vou dar tempo para que ele pense em alguma forma de machucar você ou Renesmee. Isso não vai acontecer, Bella. Você
sabe muito bem que a sua segurança vem antes de tudo. A sua e de Renesmee.


De repente seu rosto pareceu torturado e sua voz baixa.


– Eu realmente gostaria que você entendesse, mas se isso não acontecer...


Ele estava determinado e estava certo. Mas eu não conseguia nem sequer imaginar, Edward saindo em uma expedição de
caça... a Abadir e principalmente... comigo ficando para trás.


- Eu vou com você. – disse.


- Não a quero perto dele.


- Eu vou com você. – disse novamente.


- Bella – Ele fechou os olhos e respirou fundo, tentando se recompor. Ele estava irritado. Dessa vez provavelmente comigo.


– Conversamos sobre os detalhes depois.


- Você não vai sozinho.


- Como disse, conversamos sobre os detalhes depois.


Ficamos nos encarando por alguns segundos. Ele quebrou o silêncio.


- Não precisamos continuar essa conversa agora, só queria que soubesse, porque você iria que algo estava errado de qualquer maneira e ficaria incomodada com incerteza. Então achei melhor falar, do que deixa-la imaginando coisas. Prometi nunca mais deixa-la fora de nada e vou comprir minha promessa. Além do
mais, não posso fazer nada sem saber onde ele está e no momento Alice não sabe dizer.


Respirei fundo.


- Nós vamos conversar sobre isso de novo.


- Eu sei.


- E em breve.


- Não vou fazer nada sem falar com você antes. Prometo.


Ele pareceu sincero, mas isso não me deixou mais tranquila.


Odiava admitir, mas ele estava certo. Dar tempo a Abadir não era bom. Ir atrás dele também não parecia uma idéia maravilhosa.


Seguimos para a fronteira no horário combinado para pegar Renesmee. Não estava em clima para conversar e o caminho – de ida e de
volta – foi bem silêncioso. Edward comentou uma coisa e outra, mas só isso.


Renesmee estava morta de exaustão e já havia apagado no colo de Charlie. Ele beijou sua testa ao se despedir dela, e seguiu para dentro de sua casa com um “vejo vocês amanhã”. Edward acelerou seu volvo pela estrada e em alguns
minutos estávamos em casa - que ainda estava vazia.


- Eles só devem voltar amanhã. – Edward comentou enquanto seguíamos para o chalé.


- Quer ir? – perguntei. – Nessie consegue dormir bem em qualquer lugar.


Ele sorriu para mim.


- Amanhã é natal e se nós quisermos fazer da data uma tradição, seria interessante para ela acordar em sua própria cama.


- Você sabe que se quiser ir, você pode, certo? Eu posso ficar com Nessie e ler um pouco...


- Eu sei que posso. – Edward respondeu com um pequeno sorriso. Ele parecia estar se divertindo.


- Não foi isso que quis dizer. Só estou tentando exicar que não vejo problemas em ficar sozinha por algumas horas.


- Eu tenho problemas com você ficando sozinha por algumas horas. Além do mais, não vai ser nem um pouco divertido se não estiver lá.


Eu ri. Ele não tinha jeito. E eu adorava isso.


Fiquei feliz em perceber que o clima não havia ficado pesado entre Edward e eu por muito tempo.


O que ficou comprovado durante a noite. Ele fez questão de me dizer – e provar, diversas vezes – em como ele preferia estar ali comigo.


Confiava nele e sabia que realmente falaria comigo antes de seguir adiante com aquele plano ridículo.


A manhã veio acompanhada do sentimento de adeus. Não de meu pai, mas de meu “lar”.


Estava deitada ao lado de Edward em nossa cama, olhando para o teto enquanto contemplava o fato de que em breve teria que deixar meu pequeno chalé.
Encontrava conforto no fato de que qualquer que seja o local, desde que Edward
e Renesmee estivessem comigo, eu estaria em casa.


- Em que está pensando? – ele sussurrou em meu ouvido.


Sorri. – Você não consegue evitar, consegue?


Não o respondi... não verbalmente.


Sem fazer nenhum tipo de joguinho, empurrei meu escudo e deixei meus pensamentos a seu alcance. Era difícil voltar a pensar
“normalmente” quando eu sabia que ele estava escutando tudo.


Edward riu, mas não disse nada, apenas encostou seu rosto no meu... escutando e ficou assim por um longo tempo. Ele se moveu apenas quando Renesmee fez menção em acordar, dando-me um beijo gentil e dizendo
“obrigado”.


Eu tinha muito o que fazer, coisas para preparar.


- Que horas vovô vai chegar? – Nessie perguntou – pulando em um banco - enquanto eu preparava o jantar na casa principal – que ainda estava vazia.


- Mmmm... depois das três, vamos ter que ir buscá-lo.


Às vezes eu olhava ao meu redor e mal podia acreditar no que via – a cena mais familiar que poderia existir, além também da mais improvável... em meu
caso. Tinha quase cem porcento de certeza que Edward estava gostando de estar
ali mais do que qualquer coisa.


Ele era tão tradicional, então esse tradicional ambiente o agradou.


A “mãe” cozinhando o jantar de natal para o restante da família. Cercada pela família.


Havia uma animada música tocando ao fundo – escolha de Edward – eu estava cozinhando, com Renesmee– que por várias vezes
beslicava algo e sorria como se tivesse feito alguma coisa errada – e meu
marido, que insistia em querer ajudar, mesmo sabendo que eu não aceitaria.


Assim como Nessie, ele estava sentado em um dos bancos da bancada central...


- Para essa cena ficar “perfeita” como nos filmes e nas tradicionais famílias americanas, você deveria estar na sala, assistindo um jogo de futebol e não
oferecendo ajuda o tempo todo. – disse a ele, que apenas sorriu.


- Você já experimentou comer? – Nessie perguntou do nada. Não sabia se ela estava falando comigo ou Edward, mas foi ele quem respondeu.


- Algumas vezes. Uma delas quando sua mãe pediu.


- Hey... eu nunca pedi para você comer, só perguntei o que faria se alguém te desafiasse.


- Bom... estava tentando te impressionar. E também me senti desafiado.


Nessie riu. – Como era o gosto? – ela perguntou.


Ele apenas fez careta.


- Mamãe? O que você faria se alguém te desafiasse a comer comida? – ela perguntou e gargalhou baixinho.


Olhei para eles – até um momento atrás estava conversando sem tirar os olhos do que estava fazendo. Aquela era a exata pergunta que eu havia feito
a ele.


- Muito sutil, Edward. – comentei.


- Não disse nada. Eu disse alguma coisa, Renesmee?


- Não, nem uma palavra. – ela respondeu a ele e se virou para mim. – Você não me respondeu.


Revirei meus olhos.


- Eu não sei. Certamente não iria comer se fosse desafiada por vocês.


Terminei mais rápido do que havia previsto e para passar o tempo até tudo terminar de assar, Edward colocou um filme e nós três no
acomodamos em frente à grande televisão da sala – Nessie
entre nós.


Quando a hora chegou, juntamos tudo que precisávamos e seguimos para o chalé. O restante da família ainda não havia retornado e talvez só o fariam
mais tarde... ou mesmo amanhã.


Tudo estava preparado. E sorri ao olhar para a simples – mais clássica – árvore de natal em nossa sala – a que estava no jardim da frente, agora estava decorada com pequenos flocos de
neve.


Edward mais uma vez se ofereceu para pegar meu pai e não deixou espaço para que eu recusasse. Nessie o acompanhou.


Um pouco mais tarde todos estavam no chalé – Edward, Renesmee, Charlie e eu. Emmett e Jasper haviam improvisado um caminho para que atravessar o rio fosse desnecessário. Agora, um carro poderia chegar ao chalé. Claro,
ninguém conseguiria fazer isso sem seguir instruções.


Nessie chegou usando um colar de prata – simples, porém muito delicado que Charlie deu para ela.


- Não precisava fazer isso, pai. – disse a ele, e recebi um exatamente igual. Como um conjunto.


- Obrigado. – minha voz estava cheia de emoção, o que o deixou desconcertado.


- Sem problema, Bells.


- Venha vovô, vou te mostrar meu quarto. – Renesmee cantou, puxando-o pela mão.


- Mais devagar, Nessie. Não tenho a sua energia.


- Obrigado por pega-lo. – disse a Edward. – Só em Forks para não se ter um carro reserva para o delegado.


- Sempre que precisar, mas você sabe disso.


Foi uma tarde comum e confortável. Charlie nunca havia questionado o fato de Edward e eu nunca comermos em sua presença. Ele entendia
que certas coisas deveriam permanecer em segredo.


Não trocamos presentes tradicionalmente – fizemos da nossa forma. Edward – que não conseguia evitar – me deu mais uma jóia incrivelmente trabalhada – nada simples como a de
Charlie – mais um colar de ouro branco coberto de diamantes. O que me fez
pensar nas pedras que já possuía e encolhi ao perceber a quantidade de dinheiro que eles
valiam.


Edward pareceu ter gostado muito do relógio que eu havia encontrado para ele.


Pertenceu a um general americano até meados de 1917. Clássico e elegante. Assim como ele.


- É incrível. Obrigado. Onde conseguiu? – ele perguntou abrindo o pequeno relógio de bolso.


- Tenho meus contatos.


- Isso é raro, Bella.


- Eu sei. – disse me sentindo orgulhosa.


Não foi tão difícil assim encontrar. Eu devo ter dado sorte.


Naquele dia, havia o proibido expressamente de comprar para mim qualquer outro tipo de presente em qualquer momento que não fosse nosso
aniversário. Ele tentou argumentar, mas no final concordou.





Quando retornei ao chalé – tinha ido levar Charlie em casa – Jacob estava lá – esperando por mim - com Renesmee e Edward. Seu grande sorriso era acolhedor e como uma
resposta automática, sorri de volta.


- Feliz Natal, Bella. – e ele me abraçou sem exitar.


- Feliz Natal para você também, Jake.


Ele me entregou uma caixinha de madeira com um pequeno laço em cima. Os olhinhos de Renesmee estavam brilhando de expectativa. Suas mãos juntas
e os dedos entrelaçados.


- Oh, Jake, sério, não precisa me dar nada.


Ele revirou os olhos para mim. – Só abra, ok, Bells.


Suspirei – e sorrindo – abri a pequena caixa de madeira.


- Jake... é lindo.


E era. Renesmee, Edward, Jacob – Lobo - e eu, desenhados em um pequeno quadro de madeira.


- Achei melhor me colocar assim, é bem mais fácil de explicar, você sabe, o lobo, ao invés de justificar o que um garoto estranho está fazendo em uma imagem tão especial e
familiar.


Franzi minha testa em desgosto. Jacob era família e não nosso animal de estimação.


- Jake, você é família, isso é fácil de se explicar.


- Obrigado, Bells.


- E eu quero outro desse, com você, da forma original.


Ele sorriu ainda mais e bateu continência.


- Sim, Senhora.


Renesmee pegou o pequeno quadro de minha mão.


- Vou sentir falta de vocês. – ele murmurou.


- Hey... não estamos indo ainda.


- Mas está perto.


- Sim... está perto. Jake... se for difícil demais para você...


- Eu sei, eu sei. Sou bem vindo.


- Você é. Sempre.


- Muito bem vindo. – Renesmee completou pegando sua mão.


Ficamos em silêncio por um momento. Ví os lábios de Edward esboçarem um pequeno sorriso e Jacob olhou para ele e para Renesmee – que quebrou o silêncio.


- Venha Jake, quero te mostrar o presente do vovô.


- Abaixe a cabeça, ainda preciso da casa inteira por mais alguns dias.


E eles desapareceram dentro do pequeno chalé.


Sério, Jacob parecia não caber dentro de minha casa.


Suspirei. Não queria deixa-lo para trás, mesmo por pouco tempo.


- Ele vai ficar bem. – Edward disse passando os braços ao redor de minha cintura e apoiando o queixo em meu ombro.


- Eu não sei. É algo muito novo.


- Ele sabe que nossas portas estarão abertas a ele. E Rachel tem passado mais tempo com Billy.


- Ele falou com ela? – perguntei.


- Não, mais Seth falou com Paul que falou com ela.


- Oh... isso é muito bom.


Me virei para ficar frente a frente com meu anjo.


– O que ele estava pensando agorinha? Foi algo que o fez sorrir.


E ele sorriu novamente com a lembrança.


- Ele estava me agradecendo... por cuidar de vocês. Aparentemente vocês só podem se afastar dele sob minha supervisão...


- Legal... como se eu não soubesse me cuidar.


- Você não sabe como universitários podem ser... desrespeitosos.


- Homens? E quanto às mulheres? Só por que não vou escutar o que elas irão pensar – sobre você - não quer dizer que eu não saiba. Você provoca
uma reação bem peculiar no público feminino. E
não adianta fingir que não sabe do que
estou falando.


Ele riu e me beijou por um longo momento.


- Feliz Natal. – Edward murmurou contra a pele de minha mandíbula.


- Um natal muito, mas muito feliz. – respondi.


- Você tem muitos desses por vir.


- Nós temos.


Ele segurou seu olhar no meu – seus olhos convidativos e cheios de algo mais que não consegui identificar.


- Acho nosso objetivo foi alcançado. Quase um ano se passou e nossa família estáintacta.


Suspirei. Quase um ano.


- Não tinha muita esperança na época. – começamos a andar bem lentamente em direção ao chalé.


- Nenhum de nós tinha muitas esperanças. Mas aqui estamos...


- Sim... aqui estamos.


- E como um futuro muito promissor.


- E incerto.


Ele entendeu o que quis dizer. Ele também acreditava que um dia os Volturi tentarão nos separar. Era uma questão de orgulho ferido e Aro nunca me pareceu o tipo de pessoa que consegue viver com
algo do tipo.


- Existem coisas que são certas na vida... - ele tocou meus lábios com o dedo e sorriu.


- Sim... você está certo, como sempre. – concordei.





Edward








Olhei para o relógio mais uma vez. Perdi a conta de quantas vezes meus olhos se voltaram para os ponteiros – que pareciam se mover lentamente e de propósito
para me irritar. Havia esquecido completamente como era ficar sozinho – o
restante da família havia partido pela manhã para Hannover e Bella estava com Renesmee na casa de
Charlie. Queria lhe dar privacidade – mesmo ela tendo garantido que não era necessário. Charlie
ficaria mais uma semana em Forks e depois seguiria para New Hampshire – férias
com a neta.


Sentado em meu Grand Piano, brincando com as teclas – para passar o tempo e porque era a única coisa da sala que não estava coberto por lençóis brancos – comecei a imaginar como seria essa nova etapa.
Sorri ao entender porque meus irmãos nunca
protestaram quando chegava o momento de nos mudarmos – eles tinham seus
parceiros, pessoas que os completavam – e começar algo desconhecido, mesmo esse
algo sendo simples, era excitante.


Uma nova vida, uma vida ainda mais feliz.


O som familiar do motor do carro de Bella, chegou ao meu ouvido rapidamente – provavelmente porque estava esperando ansiosamente para ouvi-lo – e aquilo me
fez sorrir e murmurar “ótimo”. Um dia é tempo demais para um homem ficar
afastado de tudo aquilo que mais ama.


Desci até a garagem para recepcioná-las. Nessie já estava dormindo – podia ouvir seus sonhos incoerentes e nada mais.


Sorri para mim mesmo ao perceber como sempre me sentia frustrado com algo o qual já deveria ter me acostumado.


Aprendi a apreciar o silêncio da mente de Bella - de certa maneira – o que não impedia o antigo sentimento de emergir sempre que minha mente se voltava ao assunto.


Seu sorriso era acolhedor e perfeito. A forma como seus lábios – rosados devido à recente caça – constratavam com sua pele perolada era encantador.


Nunca iria vencer a ansiedade que tomava conta de mim toda vez que ela se afastava e que sempre tentei não demonstrar.


Assim que o carro entrou na garagem, me apressei para abrir sua porta e pegar sua mão.


Perfeição, beleza, amor, atração, orgulho, felicidade... todas essas palavras se entrelaçavam formando apenas uma: Isabella.


Senti como se meu coração tivesse ganhado vida.


Incrível a freqüência com que isso acontecia.


Bom... “ganhado vida” não era necessariamente a forma correta de explicar.


Mais vivo – essa era a expressão ideal. Porque desde que Bella entrou em minha vida me sinto mais vivo, mas humano e era impossível voltar atrás, ser o mesmo
Edward da era “pré-Bella”.


E como sempre, me peguei viajando ao seu redor, filosofando sobre a vida e sobre o amor. Essa era outra coisa que acontecia muito.


- Bem vinda. – disse enquanto absorvia o mais doce e familiar dos perfumes. – Como está Charlie?


- Ele está bem, tentando evitar demonstrar qualquer sinal de emoção.


Charlie era um homem forte.


Renesmee se moveu lentamente no colo de Bella e seus olhos se abriram lentamente. Ela olhou preguiçosamente ao redor e abriu os braços para mim.








Retirei os cabelos molhados de seu rosto para que a luz da lua iluminasse sua pele. Pequenos pontos de luz realçaram sua beleza.


- Mal posso acreditar que não usamos esse rio com mais freqüência. – Bella comentou. Meus olhos presos nela. Estávamos um pouco afastados da casa, em águas mais profundas. Ela estava quase soldada a mim, seus
braços entrelaçados em meu pescoço e os meus em sua cintura.


- Existem outros rios. Mas você está certa... deveríamos ter feito isso mais vezes.


Tinha que concordar. Era incrivelmente satisfatório estar aqui com ela.


Seria isso porque partiríamos na primeira hora da manhã?


Ou somente por ela?


Sorri ao imaginar a resposta e puxei seu rosto para o meu.


Paraíso. Um mundo de sensações só para mim.


Nunca havia sido tão grato por não precisar dormir.


Como o sol já podia estar se levantando? Não acabamos de chegar aqui?


Suspirei.


– O que você faz comigo? – a provoquei. – De verdade, não estamos aqui a mais de dez horas. Isso seria impossível.


- Dez horas e meia, na verdade.


- Impossível. – repeti.


Nós tínhamos que partir. Partir de verdade. Senti uma estranha onda de Angústia.


- Viu... você vai sentir falta daqui também. – ela leu em meus olhos.


Como não sentir falta do lugar que mudou minha vida? O lugar onde encontrei minha felicidade eterna.


Lembrei da época em que decidimos voltar para Forks. Tentamos ficar em Denali, mas estávamos em número muito grande e não queríamos levantar nenhuma espécie de suspeita, então, tomamos uma decisão em família.


Tédio não fazia mais parte de minha vida há algum tempo.


Às vezes precisava travar meus lábios para impedir que palavras que eram perigosamente piegas saíssem. Era como se fosse impossível não me abrir com ela.


Queria dizer como minha vida era voltada a ela e Renesmee, somente elas. Queria dizer o quanto me sentia ansioso quando ela precisava se afastar – seja por desejo de
Alice ou mesmo para ver o pai. Queria dizer como minha mente – com muita
dificuldade – não conseguia se concentrar em qualquer outra coisa além de seus
traços encantadores, como era difícil sentar com
minha família e ignorar o desejo que sentia, como esperava
ansiosamente pelos momentos onde poderia ficar sozinho com elas e quando
ficava, o quanto era gratificante rir das perguntas e comentários de Renesmee, colocá-la na cama e
observar – sozinhos - o milagre diante de mim.


Realmente gostaria de dizer tudo isso a ela – o que seria normal, se essa vontade de me abrir não acontecesse o tempo todo.


Sempre expressei meus sentimentos por Bella, sabia que a agradava, mas no momento, dizer tudo o que sentia parecia inapropriado, no sentido de que a prenderia mais a
mim. Mesmo agora – com a eternidade diante de nós - queria
que ela aproveitasse as oportunidades do momento, que não deixasse de fazer coisas por minha causa. Minha presença
apenas somaria.


Tudo isso não era tão difícil de fazer. De vez em quando verbalizava meus sentimentos mais profundos, mas na maioria das
vezes não era necessário usar tantas
palavras, três das mais simples resumiam todos eles.


- Eu te amo.


COMENTEM...

Bom meninas, é isso aí.
Foi muito bom enquanto durou - acho que estou em fase de negação - ainda não aceito que esse cap foi o final, mesmo sendo - tecnicamente.
Agradeço de coraçõe todas vocês que acompanharam a história e comentaram, agradeço aquelas que não comentaram também... é muito bom saber que a história foi tão bem aceita por todas vocês.
Valeu mesmo por acompanharem... de coração.

5 comentários:

Sinceramente essa é uma das melhores fics que já li.
Realmente vc tem muito talento, parabéns!!!
Amei essa história...
Só que vc me pegou desprevenida. Como é que esse é o último cap? Nananinaninanão, tem tanta coisa pra acontecer, continua POR FAVOR!!!Tem que ter 2ª temporada. E o Abadir como é que fica? e a faculdade? e o Jake?
Tire umas férias, descanse e volte com a continuação, Ok?
Um grande abraço e se puder deixe um recado aqui.

Meny vai ter segunda temporada. na vdd ela ja esa escrevendo e tem tb uma oneshot q eu vou postar ainda esses dias

parabens Lorena, exclente cap
fic perfeita
vc escreve muito bem

bjjss

Amo essa fic. Amo amo amo, mas gostaria muito que tivesse continuação, pois vc contou a história desde o princípio mas tem muita coisa pra rolar né. Espero que continue, amo as fanfics com Jake e Nessie, e essa seria perfeita se tivesse continuação. Pára não viu! Beijos beijos!!!!

Bem...O q direi?
Estou sem palavras.
A história é realmente criativa e de uma imaginação fora de série.Parabéns!!!!!Gostaria de poder guardar essa fic nos meus documentos em meu nottebook para sempre reler.Como faço com os outros livros da série.
Enfim...Maravilhoso,excelente,amei e aguardo ansiosa a próxima fase.
Por favor ñ demore muito,tá.
BJS.

bem Kikilia eu vou pedir a Lorena se posso por ela pra download
bjão

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