P.O.V – Hellena di Fontana
Ela era vulgar, mas era extremamente linda, e aquele vestido tubinho vermelho de decote cavado e extremamente curto, revelava todas as suas curvas protuberantes me deixou com inveja. Ate porque eu nunca tive aquela quantidade de corpo todo, eu sempre fui... Magra.
Eu nunca poderia competir com aquele corpo, com aqueles cabelos, com aqueles olhos. Eu era uma menina mortal, uma humana de beleza simples e sem nenhuma curva notável, ou algo que atraísse as atenções em minha direção.
-Corin... O que... – ele gaguejou se pondo a minha frente.
-Voltou cedo meu amor. – ela segurou o queixo dele e o beijou. – Desculpe pela demora em acordar, mas a noite anterior foi muito cansativa. Você saiu e eu ainda nem estava vestida. – disse com sua voz sexy. – Você é a humana que Aro incumbiu Alec de cuidar?
Levantou suas sobrancelhas de um dourado contínuo.
-Eu... Eu... – as lagrimas riscaram meu rosto.
Alec se desvencilhou do toque da vadia perfeita.
-Hellena, não é o que esta pensando. – ele começou com as mesmas desculpas clichês. Eu sabia que ele devia estava falando a verdade, mas apenas a visão da perfeição daquela vampira, e a tentação dela, só isso já me deixava abalada.
-Tenho de ir. – corri para fora da casa.
-Espere! – Alec gritou, mas a vampira segurou seu braço.
P.O.V – Alec Volturi
-“Não é minha missão conquistá-la.” – Corin fez uma caricatura de minha voz. Eu continuava a fitar a porta por onde ela havia sumido. – Você é um mentiroso sem escrúpulos Alec, eu me viro por cinco segundos, e você arranja outra... fêmea.
Sua voz sensual entrava em choque com a irritação profunda que sentia.
-Cala essa boca! – eu gritei exasperado. Ela me olhou de olhos arregalados. – Você é uma prostituta estúpida Corin, porque fez isso?
-Não ouse me chamar desse jeito de novo. – apontou um dedo em meu rosto. Recuperei a compostura e a educação.
-Me perdoe, perdi a cabeça.
-Percebi. Você nunca falou nesse tom comigo.
-Tínhamos um trato Corin, nossa relação não seria nada alem de prazer. O prazer que você sempre esteve acostumada a ter. Ok, eu fiz isso. E agora o que você quer? – rosnei.
-Eu estava acostumada a ter amantes apenas para mim. – segurou o meu blusão de lã. – E não dividi-los, ainda mais com humanas. – me olhou com seus olhos de gato.
-Não sou um servo de uma súcubo Corin, você não é mais uma súcubo, você não pode ter dezenas de amantes só seus. Eu não sou seu! – gritei. Inspirei o ar fortemente. – Se você não for embora eu ligarei para Aro, e avisarei a ele que você esta atrapalhando minha missão, e você será expulsa da guarda.
Analisou minha expressão, como se procurando a mentira estampada nela, mas não encontrou. Eu estava convicto, se ela não fosse embora hoje, a denunciaria para Aro.
-Você me paga Alec Volturi. – sussurrou. A acidez contida em sua voz.
Me desvencilhei das garras dela, e fui pelo mesmo caminho que Hellena havia seguido.
P.O.V – Corin Volturi
Aquela humana ridícula... Eu ofegava observando ele sumir pelo mesmo caminho que ela seguira. Eu não iria deixar isso barato... Ah não deixaria...
Peguei o meu celular, e disquei o numero.
Depois de dois toques, a voz angelical e monótona soou do outro lado da linha.
-O que você quer Corin? – Jane reclamou.
-Jane, minha cunhada querida...
-O que você quer Corin?! – repetiu a pergunta em gritos.
-Tem falado com Alec?
-Não.
-Quer saber onde ele esta? – sorri mordendo meu lábio com o silencio do outro lado da linha.
-Pode falar...
P.O.V – Hellena di Fontana
Sai correndo o mais rápido que podia da casa dele. Meus olhos estavam cheios de lagrimas, tantas que eu nem conseguia ver o caminho a minha frente.
-Scusa. – gritei para a terceira pessoa em que me choquei.
Entrei em um beco, pegando um atalho.
-Hellena espere! – ouvi Alec gritar nas minhas costas. Apertei o passo, mesmo sabendo que seria inútil tentar correr. Ele me segurou pelos ombros, e virou-me de frente para ele. – Espere.
-Me solte Alec. – reclamei me debatendo.
-Escuta! – ele gritou. Olhei para ele.
Com o polegar, secou uma lagrima que descia por minha bochecha.
-Não chore Hellena, é bonita demais para isso... – sussurrou próximo.
-Não Alec! Eu não sou bonita demais! Eu sou uma humana sem graça! Não tenho o corpo de uma mulher! Não sou sensual, e perfeita como Corin! – eu parecia uma adolescente tendo uma crise de aparência, e chorando feito um chafariz.
-Eu não quero uma mulher perfeita. Não quero uma sensual, e com o corpo lindo. Eu quero você. – se aproximou tentando me beijar.
Parei, ele havia acabado de dizer que eu parecia uma beata religiosa louca, e que tinha um corpo feio. Sentiu o que havia dito e se corrigiu.
-Não quero alguém perfeita.
-Por quê? Porque eu? – virei meu rosto.
-Você é sincera, é verdadeira e tem essa inocência perfeita! A inocência que só humanas jovens têm. Você é pura, e é perfeita da sua forma. Corin é uma prostituta, eu só me divertia com ela.
-Eu não sei se posso segurar essa barra Alec. – as lagrimas pararam de sair involuntariamente de meus olhos que fitavam à rua a poucos metros de distancia. Voltei-os para ele. – Não agüento tudo isso.
-Hellena, não pode me deixar! Não agora.
-Estamos juntos a pouco menos de sete horas. Você passou mil anos sem mim, acho que pode agüentar mais alguns dias. – falei sem olhar em sua direção. – Tenho que me dedicar inteiramente à dança. Vou queimar todos aqueles quadros, tintas, partituras. Eu não posso ficar com os três, tenho que escolher um deles. E você também.
-E aquele papo sobre a dança? Não vale só para mim Hellena.
-O único problema Alec, é que você não me escolheu.
-Eu escolhi você!
-Não Alec, você ainda tem medo da repercussão que pode causar na sua vida. Você não esta pronto para ter alguém, e nem eu. Precisamos de um tempo.
-Não quero tempo.
-Preciso de um tempo. Pelo menos alguns dias. Ate essa historia baixar, eu me acalmar e começar a pensar melhor. – dei-lhe as costas e fui em direção a minha casa. Ele não me seguiu.
Meus passos soavam arrastados e cansados.
Cheguei à porta de entrada, e demorei horas para encontrar a chave e conseguir enfiá-la na fechadura, e quando consegui, ela quebrou.
-Merda! – eu gritei em português para a rua, não esperava que alguém me olhasse reprovador, afinal era em português, mas mesmo se eu tivesse dito em italiano, ninguém ouviria, a rua estava vazia.
Tipo, ela estava tão vazia que só dava para escutar os redemoinhos de folhas secas rodopiando. O céu estava nublado, o que contribuía para o ar soturno do lugar, e poderia apostar que nevaria essa noite. Entre todo o clima frio, eu vi a “protetora” parada do outro lado da calçada, com seu visual preto e flamejante.
-Olha só quem apareceu! – eu gritei de novo. – Viu? Acabei fazendo o que você queria! Eu terminei com ele! Uma coisa que só comecei há horas atrás, e estou terrivelmente arrependida! – meu rosto ficou quente, e meus olhos começaram a arder.
Em menos de dois segundos ela estava parada ao meu lado.
-Não chore Hellena. – depois de repetir a mesma coisa que Alec havia me dito, senti meu coração vincar. Ela pegou a chave em minha mão, e com gestos delicados, tirou de dentro da fechadura. – Ele não merece você.
-EU não o mereço! Ele é perfeito demais para mim! Bom demais! Eu sou uma simples humana, e recusei o amor da minha vida! – não parava de gritar, nem mesmo parava para respirar.
-Você é mais que uma humana. – colocou os dois pedaços de metal na palma da mão. O ferro das bordas ficou incandescente, e eles se juntaram como imãs atraindo um ao outro. – É especial.
-Quem é você? – suspirei cansada.
-Sua protetora. – me devolveu a chave inteira.
-Amo ele protetora... O que devo fazer?
Mas ela não respondeu, apenas sumiu com um vento mais quente, algo impossível devido à hora e o local.
Abri a porta e me dei com Blake treinando lá dentro.
-Oi Hell. – sorriu a me ver. Usava seus costumeiros pulôveres caros e de tons de verde, especiais para ficar em casa. Seu sorriso se desfez ao perceber meus olhos inchados e vermelhos. – O que foi amiga? – me abraçou.
-Brigamos Blake. – falei chorosa com o rosto em seus cabelos.
-Por quê?
-Por que eu conheci a ex dele, e ela é uma vadia perfeita. – choraminguei.
-E isso te afetou por quê? Você não é uma menina que costuma chorar, muito menos por caras, ou ex deles. – acariciou minha cabeça.
-Tem razão... – me afastei dela enxugando meus olhos. – Eu devo estar de TPM, ou com alguma crise de insegurança. – retomei minha compostura, erguendo o tronco e ficando reta. – Agora eu tenho que subir e me livrar de algumas tralhas.
-Que tralhas? – franziu as sobrancelhas.
-Coisas antigas e sem nenhuma utilização e nenhum valor. Eu já desço para conversarmos. – subi as escadas correndo. Empilhei tudo em duas caixas, tendo o cuidado de não despejar nenhuma das cores no papelão.
Quadros, tintas, pinceis, lápis, canetas, papeis, rascunhos, partituras – minhas ou copiadas – livro de musica, e coisas que nãos serviam para dança.
Coloquei uma roupa confortável para treinar, e desci com as caixas uma por cima da outra. Larguei-as na batente da porta da frente.
Me voltei para Blake, liguei o som – a musica da nossa apresentação no carnaval – me posicionei em meu ponto, e juntas começamos a dançar, uma lembrando os passos da outra, ou inventando nos que não sabíamos.
-O que tem na caixa?
-Pinturas e musica.
-Vai jogar isso fora? – arregalou os olhos.
-Não uso mais nada disso, e não quero conversar sobre. – ergui uma mão interrompendo a fala dela, quando abriu a boca. – Onde estão as meninas?
-Quenn foi mostrar a cidade para elas.
Continuamos a dançar na musica seguinte e na seguinte.
-Faz um favor para mim Blake? – supliquei com os olhos.
-O que?
-Se ele bater, diga que estou dormindo com uma dor de cabeça. Estou cansada e preciso dormir. – subi as escadas batendo os pés. – Ah, e joga fora para mim? – indiquei as caixas com a cabeça.
-Claro... - ela concordou.
Subi as escadas e me demorei no banho.
O que eu faria? Ah que droga, porque sou uma indecisa idiota? Eu sempre fico metendo os pés pelas mãos, e fazendo as coisas erradas. Não devia ter pedido um tempo para ele.
Falaria com ele amanha, e diria que fui uma idiota estúpida, isso!
Sequei meus cabelos, e deitei na cama. Amanha falaria com ele.
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