16 de mai. de 2011

Capitulo 16

Posted by sandry costa On 5/16/2011 No comments

Tempos nublados de esperança



Tempos nublados de esperança

Quando Edward finalmente chegou em casa, eu estava à sua espera. Sentada nos degraus da porta, eu mal podia conter a minha alegria em ver meu irmão.
- Porque você demorou tanto? Podia ter ligado. Sabe que não pode fazer surpresas comigo por perto. Mas eu poderia ter providenciado uma festa pra você, uma recepção, alguma coisa assim. Eu vi que você ficaria chateado comigo se eu a fizesse, então eu esperei até que você chegasse. Será que você poderia dar uma corridinha até Port Angeles e voltar? Daria tempo de preparar alguma coisa pra você. Não que a gente vá comer ou algo assim, mas seria legal fazer algo diferente pra variar...
- Alice. – ele me interrompeu. – Pare de falar, pelo menos por um segundo.
Mostrei-lhe a língua, pois sabia que não falava sério. Estava impaciente e sabia disso. Queria acalmar seu coração, então pulei de onde estava e o abracei.
- Senti sua falta. – eu disse, sinceramente.
- Eu também, baixinha. – ele retribuiu o abraço. – Eu também.
- Nunca mais me deixe sozinha tendo que aturar Rosalie. Sabe que quando está prestes a começar a “temporada de urso do Emmett”, ela fica insuportável.
- Rose tem seus ataques em qualquer estação do ano, Alice. – ele sorriu. – Não precisa arranjar desculpas para ela. Onde estão os outros?
- Jasper está lendo, Emmett e Rose estão na garagem. Esme foi até Port Angeles para comprar algumas coisas que estavam faltando em casa e Carlisle está no hospital, mas voltará a tempo de caçar e ter uma conversa com você.
- Carlisle quer conversar comigo? – ele perguntou.
- A conversa vai acontecer naturalmente.
- Não mais. – ele riu.
- Sim, não mais. – eu ri, acreditando que mesmo sem abrir a boca, a conversa não seria mantida em sigilo. Edward leria meus pensamentos da mesma forma. – Como estão os Denali?
- Estão bem, eu acredito. Passei muito tempo sozinho enquanto estive lá.
- Eu vi. – eu disse.
- Estava me monitorando, Alice? – ele perguntou, surpreso.
- Sim. Cada passo que você decidia dar. – eu afirmei. – Até os de Tanya. E foi muito engraçado vê-la decidir vinte e sete vezes se ia atrás de você no dia em que você decidiu voltar.
- Alice, não é educado bisbilhotar a vida dos outros. – ele sorriu.
- Como se você fosse esse cavalheiro todo. – eu ri. – Sei que tenta bloquear os pensamentos dos outros, mas quando quer...
- Eu não tenho escolha. – ele disse, ficando sério.
- Nem eu. – eu disse.
- Mentirosa. – ele riu, enquanto entrávamos em casa.
- Eu sei. Sou uma atriz nata. – eu disse, fazendo uma pequena reverência.
- Bom... estarei no meu quarto se precisar de mim. Senti falta de ouvir alguns clássicos.
- Está bem. – eu concordei. – Edward?
- Sim, Alice?
- Ela procurou por você.
Ele me olhou com dúvida. Quando a imagem da garota Swan veio à minha cabeça, ele baixou a cabeça, em sinal de preocupação.
- Oh. Ela.
- Sim, ela. Durante toda a semana. Todos os dias ela olhava para a nossa mesa e procurava por você.
- Muitos devem ter sentido minha falta esta semana, Alice. Nunca fiquei tanto tempo sem ir à escola.
- Mas ela é diferente. Ela estava sofrendo com sua ausência.
- Alice. Não diga bobagens. – ele me disse.
Ela é diferente dos outros humanos. Eu pensei.
- Guarde alguns dos seus pensamentos pra você, Alice. – ele me disse, enquanto subia as escadas. – Vou esperar Carlisle chegar.
Então, ele subiu.
Fui até onde estava Jasper, que estava entretido em uma leitura.
- O que está lendo? – eu perguntei a ele.
- O de sempre. História dos Estados Unidos.
- Encontrou o nome de algum conhecido?
- Os de sempre. – ele resmungou. – Então, tentou persuadir Edward a ser mais compreensivo com o caso da garota Swan?
- Sabia que ouvir a conversa dos outros é uma coisa muito feia? – eu disse, dando um beijinho em sua testa e sentando no braço a poltrona onde estava.
- Assim como vocês, não tenho culpa da minha audição ser tão apurada. – ele disse, fechando o livro e olhando para mim. – Alice, eu sei da sua vontade de interagir com os humanos, mas isso é desnecessário.
- Mas não é qualquer humano. – eu sorri.
- O que esta menina tem de especial? – ele me perguntou.
- Não sei, mas algo estranhamente familiar nesta menina me faz sentir zelo, me faz querer protegê-la e estar perto dela. Sei que Edward e os outros não aprovariam, por isso não tentei aproximação com ela. Mas eu queria muito tentar.
- Sabe que é perigoso. – ele me alertou.
- Estou ciente dos meus riscos. – eu disse. – Mas também estou ciente de que quero correr este risco. Convivo com humanos há tanto tempo... Será que não estaria pronta para ter uma aproximação maior com eles?
- Não digo em relação a você atacá-la. Mas sim em você acabar revelando a nossa identidade.
- Ah, claro, como se os humanos acreditassem em vampiros. Eles estão muito descrentes hoje em dia. Além do mais. – eu disse, enquanto levantava. – Onde estão minhas presas? – disse, abrindo a boca, arrancando uma gargalhada do meu marido.
- Venha aqui, monstrinho. – ele disse, enquanto puxava-me ao seu colo. – Sei que quer recuperar uma parte de você que você não lembra, mas seja paciente, e acima de tudo, seja cautelosa. Não somos como eles.
- Talvez sejamos. – eu insisti.
- Estamos mortos. – ele me disse.
- Não há vida somente num coração que pulsa. Uma flor não tem coração, mas vive.
- Nós existimos. – ele insistiu.
- Nós vivemos. Nós sentimos medo de perder quem amamos, nós amamos, nós sentimos sede, não como eles sentem, mas sentimos. Queremos ser livres como eles querem, temos necessidade de nos sentir acolhidos, assim como eles. – eu disse, insistindo. – Se isso não é viver, então acho que não entendi bem qual é o significado da vida.
- Alice, eu...
Sua frase foi interrompida por uma visão. Eu me via abraçando a garota Swan. Foi um flash tão rápido, uma visão tão borrada, mas foi tão bom estar abraçada com ela, como se fôssemos amigas. Ela sorria e eu também. Apesar de ela ser muito mais alta do que eu, estávamos numa sintonia. Ela era parte de mim.
- O que você vê? – Jasper me perguntou.
- Han... – pensei rápido, antes que ele sentisse que estava mentindo. – Rosalie brigando com uma vendedora na Victoria Secrets por dizer que uma lingerie amarela não combina com um tom de pele tão branco quanto o dela. – eu disse. – Melhor convencê-la a não ir a Seattle hoje. – eu disse, enquanto saia.
Resolvi dar uma volta pela cidade. Correndo, ninguém me veria. Fui até o bairro onde ficava a residência dos Swan. Senti um cheiro insuportável de comida humana. Tentei ouvir a conversa entre o Chefe Swan e sua filha, mas achei desrespeitoso, então eu desisti. Tive uma rápida visão de que Edward passaria por lá mais tarde, então era melhor que ele não sentisse o meu cheiro rondando a casa. Acabei optando por ir até Seattle, comprar algumas peças de roupa para a família. Peguei o carro de Edward e fui até lá.
Fui até uma das minhas lojas preferidas e estava escolhendo algumas peças de roupa para mim, Rose e Esme. Quando dei por mim, estava tentando descobrir o gosto da menina Swan, pegando algumas peças de roupa que achava que combinava com ela. Ri sozinha com o que acabara de fazer. Decidi levar as roupas dela também, seria uma lembrança daquela visão que tive.
Era muito confortável a impressão de ter uma amiga. De ter a quem contar seus segredos, seus medos, compartilhar momentos. Não que Rose não fosse uma boa irmã, mas Rose está tão ocupada com ela mesma e com Emmett, que não sobra tempo para ser uma amiga. A Esme é mais como uma mãe, e não dá para falar certos tipos de assuntos com uma mãe, assim como não dá para contar coisas para Edward. Como se ele já não soubesse de tudo da minha vida. Mas ele me respeitava, ou pelo menos sabia que quando eu cantarolava em meus pensamentos alguma música de alguma banda adolescente, ou pensava em meus seriados, roupas ou algum poema que ele não gostava, era pra ele ficar longe da minha cabeça. Até porque Edward não tinha paciente com o mundo adolescente.
Eu sim.
E muito me agrada. Por isso tinha a necessidade de ter uma amiga, para poder compartilhar estes momentos. Eu tinha o Jasper, mas como desabafar com ele quando brigarmos?
Cheguei em casa e ele ainda estava caçando com Carlisle. Fui colocar as compras em meu quarto, quando tive uma visão muito parecida com a primeira. Edward estava indo embora. Pra onde, desta vez, eu não fazia idéia. Mas conseguia vê-lo partir e isto me incomodou bastante. Eu odiava ficar longe de Jasper, não conseguiria ficar mais de um dia longe dele, mas também odiava ficar longe do meu irmão. Todos esses dias me sufocaram de tal forma que eu senti um grande vazio. Ele indo embora também levaria embora a chance de eu ter a minha amiga, ser amiga da garota Swan. Não... eu não podia permitir isso.
Fiquei esperando, sentada no topo da borda do terceiro andar, ansiosa para que ele chegasse logo e me contasse o que estaria planejando.
Antes que ele chegasse, tive mais uma visão. Era estranha e escura, não era nada preciso. Eu o vi em algum lugar que eu não conhecia. Era claro e iluminado. Fazia sol e ele brilhava. Porém havia mais alguém com ele e esta figurada estava esfumaçada, não conseguia ver quem era. Fui interrompida ao sentir a presença de Edward.
Avistei a figura pálida se aproximando da casa.
“Você está indo embora de novo” eu pensei. Ele acenou a cabeça. Eu não consigo ver onde você está indo desta vez.
- Eu não sei para onde estou indo ainda. – ele sussurrou, confidenciando.
“Eu quero que você fique” Eu pensei. Era um sentimento egoísta e eu sabia, mas não queria que ele fosse embora por tanto tempo. Ele balançou a cabeça e aquilo me deixou triste.Talvez eu e Jazz possamos ir com você?
- Eles vão precisar mais de você agora, se eu não estou aqui para olhar por eles. – ele me disse. - E pense em Esme. Eu levaria metade da família dela embora de uma vez.
“Você vai fazê-la tão triste”. Eu pensei. Esme ficaria arrasada ao ver seu primeiro filho ir embora novamente.
- Eu sei. Por isso você tem que ficar. – ele insistiu.
“Não é o mesmo sem você aqui, você sabe disso” – eu disse. Eu tentaria qualquer tática para fazê-lo ficar, mas chantagem emocional não seria fácil.
- Sim. Mas eu tenho que fazer o que é certo.
“Existem vários jeitos certos, e muitos errados, pense, não está lá?”
Então, deixei que vagasse em minha mente. Meus últimos pensamentos, a aparição dele neste lugar que eu não conhecia, tudo.
- Eu não absorvi muito disso, - ele disse.
Eu também. Seu futuro está mudando e mudando tanto que eu não consigo acompanhar. Mas eu acho que… eu pensei e fiz uma pausa. Ele continuou a observar meus pensamentos, mas nem eu podia controlá-los. Tudo não passava de borrões e nada mais. - Euacho que algo está mudando, na verdade. Sua vida parece que alcançou uma encruzilhada.
- Você tem noção de que soa como uma cigana charlatona em um parque de diversões agora, certo? – ele sorriu. Eu odiava quando ele me chamava assim. Primeiro, ele estava tentando me fazer esquecer do assunto. Segundo, ele sabia que aquilo me deixava extremamente irritada com ele. Contive-me e apenas mostrei a língua para ele. - Hoje está tudo bem, não é?
- Não vejo você matando ninguém hoje. – eu disse.
- Obrigado, Alice. – ele agradeceu.
- Vá se trocar. Não direi nada - deixarei que você conte aos outros quando estiver pronto. – eu falei, me levantando da escada e me dirigindo para dentro de casa. Precisava me arrumar para ir à escola. Antes, olhei para ele e pensei: Sentirei sua falta. Muito. E entrei.
Ao chegarmos na escola, fiquei ao lado de Edward esperando a garota, Bella, chegar.Meu Deus. Eu pensei quando ouvi o barulho daquela lata velha que era o seu carro. Sério. Aquilo era uma coisa horrenda. Se um dia Carlisle me desse um carro daqueles eu jogaria em cima da sua Mercedes.
Quando Bella chegou à escola eu pude reparar o jeito com o qual Edward a olhava. Era uma curiosidade de uma criança, vendo um brinquedo novo e com medo de tocá-lo para não quebrar. Ele analisava todos os seus passos, desde a chegada em sua monstruosa máquina de fazer barulho até a saída do veículo. Meu Deus, como ela é desajeitada. Eu ri baixinho para que Edward não escutasse. Mas mesmo que eu tivesse gargalhado ele não escutaria. Estava tão centrado na garota que a fanfarra da escola poderia passar e ele não a escutaria.
Enquanto a garota olhava os pneus do seu carro eu tive a visão. Uma van deslizando sobre o gelo iria fazer uma curva rápida e bater na garota, deixando-a esmagada entre seu carro e o carro de Tyler Crowley. – Oh, não. – eu disse. A menina iria morrer.

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