15 de out. de 2011

Capitulo 16

Posted by sandry costa On 10/15/2011 2 comments

Obscuros Segredos da Família Cullen


Depois de tanto tempo... finalmente chovia. A água se derramava sob a forma de uma garoa lenta que cobria tudo com um véu embaçado; eu senti falta da chuva, estranhamente, não estava acostumada com tantos dias seguidos de sol... e nesta linda e colorida Itália, o sol parecia surgir sempre, tentando alegrar dias infelizes.
Mas, há muito tempo, desde que parti de Phoenix rumo a Forks... jamais imaginei que algum dia sentiria falta da chuva; e a chuva da Itália era diferente da chuva de Forks... era uma chuva lenta, cálida e agradável que caia pelo mundo encharcando os suntuosos pátios do palácio de Volterra... o sol nascera a poucos minutos e o mundo ainda estava envolto numa semi-escuridão molhada quando Alec começou novamente a tocar seu violino triste.
Fazia quase uma semana que eu não via Renesmee, pelo que Matheu contou a Alice, minha filha saíra junto com Jane e Felix para resolver assuntos de Caius – só de imaginar que assuntos seriam estes, a minha alma congelava. Pior que isso, apenas a impressão de que Renesmee tomara o lugar de Alec que agora não servia mais aos seus mestres como antes... um vampiro cego não tem tanta utilidade no mundo vil dos Volturis.
Minha depressão se acentuava na ausência de Nessie, sem ela eu não tinha nada em que me agarrar e não havia sentido em lutar; nesta torre tão alta eu escutava o ronco dos trovões no céu que apenas zombavam da minha condição de prisioneira. Temi que isto se efetivasse e que realmente eu me tornasse uma eterna escrava de Volterra... como vampira imortal eu jamais poderia tirar minha própria vida, e mesmo que tentasse provocar Caius para que ele me matasse, provavelmente ele destruiria Renesmee apenas para me ver sofrer.

Então, mesmo não tendo o dom da clarividência como Alice... eu senti um péssimo pressentimento. Levantei-me da cama e andei até a sacada onde a chuva caía com vigor, lá respirei fundo aquele ar puro e molhado e tive novamente um sentimento de perigo. Não soube explicar de onde ele partira, eu nunca fui tão sensitiva, mas estava ali... como uma mão de aço comprimindo meu coração, eu sentia que alguma coisa de ruim iria acontecer.
Não era um sentimento de urgência que antecede um perigo iminente, era como a poeira que se aloja no canto das casas: está lá e sabemos disso, mas não nos incomoda tanto a ponto de nos ajoelharmos e juntarmos o pó. Este mau pressentimento era assim, estava ali e eu sabia disso... mas não era capaz de identificar sua origem ou qual a magnitude de seu perigo.
Para piorar, o mau pressentimento foi acompanhado de uma batida leve na porta, um segundo depois, Giordano entrou e educadamente se colocou de lado encarando a parede oposta, ele sempre fazia isso caso eu estivesse em algum momento íntimo.
- Bom dia, Giordano – eu disse educadamente, eu não tinha mágoa dele ou de Matheu, os dois eram excessivamente zelosos e benevolentes tanto para comigo quanto para Alice.
- Senhora Cullen – respondeu ele – Meu senhor Aro requer sua presença.
- Tão cedo? – eu respondi num suspiro triste.
- Mestre Caius e Mestre Marcus não estão no palácio e Mestre Aro quer aproveitar para conversar com a senhora de uma forma menos... formal.
- Se você soubesse o quanto isso me incomoda...
- Por favor, senhora Cullen... seria melhor para todos se a senhora e sua irmã se integrassem de boa vontade à nossa Ordem, deste modo, sua filha poderia ser livre do poder de Chelsea e a senhora poderia andar livremente por onde desejasse.
- O preço é alto demais, Giordano – eu respondi desanimada enquanto fechava as portas da varanda e me encaminhava até o closet, lá, encontrei um casaco de fio e coloquei por cima do vestido verde que usava. Devia parecer apresentável ao Rei supremo de Volterra para dar continuidade ao nosso plano secreto de adquirir a confiança dos três irmãos.
- Infelizmente, senhora Cullen – disse Giordano assim que passei por ele – É o único preço a se pagar...

À medida que os corredores ecoantes se estendiam, minha mente queimava tentando imaginar o que Aro Volturi queria comigo, as investidas dele estavam se tornando mais frequentes e eu passe a me perguntar se Caius e Marcus não estranhavam o fato de o irmão nunca mais tê-los acompanhado em seus assuntos fora do palácio. Aro parecia um menino que desejava que os pais saíssem de casa para ele poder aprontar... o problema era que eu era o motivo dos “aprontamentos” dele ultimamente.
Eu já estava acostumada a seguir Giordano rumo aos salões inferiores do castelo, para tanto que quando nos aproximamos das escadarias eu automaticamente enveredei para baixo rumo ao salão onde ficavam os três tronos. Entretanto, ouvi Giordano me chamar e o encarei sem entender, ele polidamente me indicou com o braço para o lado oposto ao qual eu seguia e que eu sabia que daria no grande hall de entrada do castelo.
Surpresa, eu segui na frente até alcançar um salão amplo que servia de átrio, tinha forma oval e era imenso, meus passos ecoavam pelo espaço sinuoso; lá muito acima, ao em vez de um teto, erguia-se uma cúpula de vidro que de tão polida parecia um diamante faiscante, a chuva escorria pelo vidro dando a impressão de que eu estava sob o mar; as colunas descomunais que sustentavam eram todos entalhadas em estilo romano, provavelmente quase tão antigas quando o resto do castelo.
Era um salão muito bonito, o chão e as paredes eram compostos de um mármore envelhecido e polido e havia afrescos e pinturas ornamentando as paredes redondas; no alto, um lustre se dependurava graciosamente no ar, envolto em centenas de milhares de pingentes de vidro na forma de gotas d’água.
Por mais que eu detestasse admitir, eu sempre me surpreendia com a magnitude do esplendor de Volterra. Ali, naquela cidadela de vampiros você inspirava a antigüidade e eu pude compreender porque Carlisle fora atraído até este lugar... era um mundo de segredos de eras passadas, nos salões de Volterra repousava memórias que há muito os homens haviam esquecido. O palácio parecia um baú de memórias da humanidade, cuidadosamente guardado por imortais cuja lembrança jamais se apagaria.
Só após o deslumbre inicial daquele hall se esvair um pouco, eu notei que Aro Volturi me observava com um sorriso largo nos lábios, ele estava parado, alto e silencioso, em frente às portas duplas de carvalho que davam para o pátio do palácio. Ao vê-lo, imediatamente disfarcei minha cara de espanto e me posicionei humildemente séria em sua frente.
- Mandou me chamar?- perguntei encarando-o.
- Isabella – ele disse com seu sotaque italiano e seu sorriso se abriu ainda mais – Eu imploro que não tome meus convites como uma ordem, detestaria pensar que eu a obrigo a alguma coisa.
- Aro, eu sou sua prisioneira...
- Convidada – ele disse me cortando.
- Sim... – eu gaguejei levemente me lembrando do rosto enfarruscado de Alice e de seu plano estrambólico – Sua convidada.
- Excelente. Giordano... aguarde aqui até que eu traga a senhora Cullen – e dito isso, Giordano aquiesceu e prontamente abriu uma das pesadas portas; o vento nos atingiu com vigor e eu notei que Aro abriu um guarda-chuvas imenso e se dirigiu para a porta – Vamos, Isabella?
- Para onde?
- Você verá em breve – insistiu ele me dando o braço.
Com um suspiro quase inaudível, me adiantei e passei meu braço ao redor do de Aro para sairmos, eu e ele sob o guarda-chuva, naquela chuva fina que mais parecia uma névoa liquefeita. Vi-me, então, chapinhando pelas poças d’água, sentindo as gotas cair lentamente ao meu redor... meu vestido se ensopando nas barras assim como a longa capa negra de Aro. O som melodioso da chuva encantava meus ouvidos, fazendo com que a tensão de estar na companhia do vampiro diminuísse um pouco.
Aro me conduziu para o lado direito do pátio evitando as canaletas dos telhados que despejavam água como se fossem cataratas, por um tempo caminhamos rente aos muros do palácio, mas em seguida nos afastamos e contornamos o castelo rumo aos jardins. Uma vez lá, Aro guinou para a esquerda evitando os canteiros de flores que Alice visitara uns dias atrás quando fora conversar com Quil; seguimos para o lado de trás do castelo onde uma imensa casa de vidro surgiu a nossa frente: uma estufa.
De fora se podia notar que os vidros estavam suados e seu interior oculto, Aro abriu a porta para entrarmos e deixou o guarda-chuva para o lado de fora sob uma pequena área que se erguia ali. Ao espiar o interior da estufa pela primeira vez, não pude evitar ficar boquiaberta uma vez mais.

Era uma estufa gigantesca, praticamente do tamanho do salão onde ficavam os tronos dos Volturi, eu não havia conseguido divisar toda a sua grandeza antes porque parte da estufa ficava oculta na mata fechada que crescia nos quintais do palácio. Mas era algo imenso e alto, eu jamais vira um viveiro de plantas deste tamanho, e não fora apenas a descomunal envergadura da estufa que me deixou surpresa... mas o que era cultivado em seu interior.

Rosas.

Havia rosas numa quantidade infinita, algumas em vasos, outras em canteiros; havia rosas crescendo a quase dois metros de altura e outras podadas como buques; rosas se esgueirando pelas paredes de vidro e tomando o caminho do teto. Eram todas vermelhas; parecia um mar de rosas formando ondas e mais ondas que se sobrepunham a qualquer outra cor que por ventura pudesse ali existir. E a fragrância era doce e quase inodora, pois mesmo com meu olfato de vampira eu sentia apenas o leve cheiro doce de suas pétalas aveludadas. As flores eram robustas e rugosas, eu nunca vira rosas tão grandes e perfeitas, pareciam couves flor rubras e cheirosas.
- São Rosas Gallica – disse Aro ao notar deliciado a minha expressão de espanto.
- São lindas... – eu disse baixinho disfarçando a surpresa.
- La stanza delle rose – suspirou Aro – Este foi o presente para a minha primeira esposa. Bianca... eu ainda me recordo de seus brilhantes e audazes olhos verdes. Ela era destemida e teimosa... me lembra muito você, Isabella.
- E o que aconteceu a ela? – eu perguntei rápido mudando o rumo da conversa.
- Partiu – respondeu Aro, mas seus olhos se desviaram por um momento como se a lembrança lhe fosse por demais dolorosa – Ela deixou Volterra, seu coração deixou de ser meu... entenda, ela era uma veneziana linda e rica, imortal e astuciosa, para Bianca, o amor não bastou.
- E você a substituiu por Sulpicia...
- De fato, décadas mais tarde eu conheci Sulpicia e me uni a ela. Mas ela também não me ama mais; parece que estou fadado a amar mulheres cujo coração não pertence a mim. Entretanto, Isabella, eu discordo de suas afirmativas passadas de que eu sou incapaz de amar.
- Então, Aro, devo desconfiar que você não saber amar – respondi direta.
- Em todos estes milênios de vida, uma menina de sua idade sabe amar mais do que eu?
- A destruição é a sua sina, Volturi, não tente conhecer um sentimento que não existe em seu coração – eu falei me afastando, já estava acostumada a provocar Aro e ele simplesmente rir, entretanto, desta vez, notei seu silêncio e seu olhar contrariado.
- Então você crê realmente, Isabella, que eu não conheço compaixão ou amor?
- Acho irrelevante me perguntar algo cuja resposta você já conhece, Aro.
- O que me diz daquela vez, há muitos anos, quando eu permiti que você deixasse Volterra viva e em companhia de seu amado? Pelas leis dos vampiros, você deveria ser transformada naquele mesmo instante ou sido morta... mas eu permiti que você seguisse humana, confiando em sua palavra.
- Provavelmente você formulou algum pensamento dúbio em sua mente, ou acredita que esta “compaixão” não foi provocada por segundas intenções.
- É isso que pensa realmente? – ele perguntou com um riso sínico nos lábios.
- Exatamente isso.

E neste momento eu me enfureci, há semanas vinha me segurando para tentar seguir o plano estúpido de Alice permitindo que Aro Volturi me cortejasse para que pudéssemos fugir através de uma brecha na segurança. Mas hoje eu estava farta, eu queria minha família de volta, minha casa em Forks e meus amigos ao meu redor. Não estava mais agüentando manter um falso comportamento complacente para com Aro... este maldito vampiro que destruía tudo em que tocava.
- Tudo em que você toca morre, Aro. A sua compaixão e seu amor são venenosos como sua voz mansa e seu riso falso; você me trouxe aqui para mostrar um presente suntuoso que dera a uma de suas esposas, mas o amor verdadeiro não requer presente assim, tudo o que importa é o quão disposto você está a se sacrificar por quem ama... e não destruí-la ou bani-la como deve ter feito com Bianca. Depois de tantos milênios, eu esperava que você envergasse uma sabedoria bem maior...
- E o que você entende sobre os milênios, Isabella?
- Entendo que os anos servem para nos tornar sábios e não tolos tirânicos...
Por um momento eu soube que fora longe demais, mas Aro se afastou de mim e colheu com as mãos uma delicada rosa repolhuda que brotava alta e vermelha, tocou a flor gentilmente e um sorriso amargo brotou de seus lábios pálidos; ao me olhar, seus olhos vermelhos continham um teor de ameaça, e quando falou, sua voz soou austera e dura.
- E você me toma por um tolo. Permita-me discordar, Isabella, pois você está errada, os anos que passam nos tornam sábios de modos diferentes, tornamo-nos sábios com aquilo que sofremos, somos uma tabula rasa até que as experiências nos influenciem e nos ensinem... tudo o que fazemos adquirimos de forma empírica. Você me culpa por ser um tolo tirânico, mas, afinal, Isabella... o que você sabe sobre o passado e o transcorrer do tempo e dos anos?
- Veja – ele continuou ante o meu silêncio – Vou lhe mostrar o ponto de vista de um Volturi. O que sabe você a respeito da história dos vampiros, de sua própria raça? Atualmente, recém-nascidos são criados ao bel prazer de vampiros irresponsáveis como seu precioso Edward que a criou pelo impulso de uma paixão. Mas, que sabe você sobre nós? Sabe o nome dos Primeiros, dos Mais Velhos? Não, não sabe... você tem consciência de todas as revoltas, infestações e guerras secretas que nós, Volturis, tivemos que travar em segredo dos humanos para manter nosso mundo seguro? Para manter os humanos em segurança? Não... você não sabe de nada.
- Há quase um milênio eu e meus irmãos levamos para o norte da Europa toda a nossa força para destruir a ameaça dos lobisomens que destruíam vilas inteiras nas fronteiras com a Rússia. Seres bestiais e irracionais diferentes de seus amigos quileutes, os lobisomens eram feras cujas garras e presas continham um veneno tão poderoso quanto o nosso... transformavam todos os habitantes de uma cidade em lobos furiosos e nós tínhamos que exterminá-los, um por um, por colocarem em risco não apenas os vampiros, como todos os humanos. Levou décadas para que sanássemos este problema... e alguém sabe disso? Alguém nos agradeceu?

2 comentários:

Nossa agora o Aro foi profundo, mas ainda nao gosto dele de jeito nenhum....
a fic fica mais linda e emocionante a cada capitulo
parabens
beijusss

Os volturi podem ser o que for, mas eles tornaram o mundo melhor, mesmo praticando o mal.
Débora

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