27 de out. de 2011

Capitulo 17

Posted by sandry costa On 10/27/2011 1 comment



Aro se virou para mim arrancando a bela rosa e esmagando-a em sua mão, seus olhos estavam injetados em uma explosão de lembranças dolorosas, eu dei um passo atrás e ele se aproximou me encarando como um leão encara um cordeiro... e eu senti medo.
- Houve revoltas na Ásia e na Romênia por conta de vampiros velhos que achavam que poderiam controlar tudo como nós controlávamos... tivemos que lutar porque fomos incitados à luta. Havia vampiros poderosos que sempre apoiavam a idéia de nos revelarmos e dominarmos o mundo tornando todos os humanos escravos de nossa vontade. Com esta idéia... o mundo não passaria de um abatedouro imenso; nós, Volturis, por outro lado, defendemos o anonimato, defendemos a liberdade dos humanos em continuarem suas vidas medíocres crendo que estão seguros do sobrenatural... mas alguém vê isso? Não... nos condenam e nos chamam de tiranos por impormos regras sobre nosso próprio povo.
- E agora me diga, Isabella... o que você sabe sobre seu próprio povo? Nada. Eu considero que um vampiro que não conhece a história de sua raça é tão ignorante quanto o nativo de um país que jamais leu sequer uma página da história de sua nação.
- A história não tem nada haver com o que nos tornamos – eu rebati, mas minha voz saiu fraca e incerta.
- A história consolida nosso caráter e escolhas, menina, suas palavras são bravatas ingênuas de alguém que não compreende o que diz... o domínio sobre os vampiros não é uma tarefa fácil, todos olham com inveja o poder que detemos sem saber o preço que se paga. Temos que correr o mundo para limpar a sujeira dos outros, temos que matar crianças quando são transformadas antes da idade, temos que educar os vampiros criados irresponsavelmente por outros... muitos dos quais você vê nos servindo são fruto desta nossa benevolência com recém-nascidos perdidos.
- Mas você não compreenderia isso, não é mesmo? – continuou Aro me dando as costas – Pois você foi criada pelos bondosos Cullen, os Cullen de olhos dourados que se imaginam melhores dos que os de sua raça por não matarem humanos... Carlisle é visto como um santo, como um anjo em meio aos demônios. Eu tentei livrar Carlisle desta visão deturpada enquanto ele viveu conosco aqui em Volterra, mas não importou quanto eu o prevenisse... Carlisle fez o que fez e eu tive que limpar a sujeira dele e de sua família.

Mesmo um pouco intimidada, não hesitei em dar um passo à frente e me posicionar diante de Aro, ele me encarou insatisfeito, eu era apenas uma menina tola que ele tentava controlar e intimidar, mas eu não daria este prazer a Aro Volturi.
- Não ouse falar mal de Carlisle – eu disse em voz alta – Ele é melhor do que você e nunca cometeu crime algum, a não ser o de tentar viver em paz com sua família.
- Então além de não conhecer a história de sua raça, você também não conhece os segredos de sua família, Isabella? Eu não fico admirado com este fato, afinal, os Cullen sempre mantiveram uma aparência bondosa, respeitosa e limpa... mas, eles mantém no fundo de sua família podre todos os erros e sujeiras que eu tive que acobertar.
- Você está mentindo! – eu gritei contra ele.
- Estou? – respondeu Aro sem se alterar, mas agora, um sorriso diabolicamente triunfante se espalhava por seu rosto – Você esquece que eu acompanho os Cullen antes mesmo de você nascer, Isabella, eu sempre tive que fazer favores a sua família... como em uma vez, há décadas atrás, antes mesmo de seus pais pensarem em se conhecer, seu querido Edward armou um escândalo no estado Americano do Texas... creio que ele sempre disse que caçava os malfeitores, não é mesmo? Mas na vez em que ele se descontrolou e atacou uma mulher em um teatro lotado, fomos nós que tivemos de ir até lá para limpar a bagunça... subordinar testemunhas e matar os que juravam tê-lo visto sugar o sangue da mulher inocente até secá-la completamente.
- Isso não é verdade... – eu balbuciei desacreditada.
- Ou quando, nas florestas do Colorado, Emett e Rosalie passeavam inocentemente pela mata quando, de repente, um caçador os confundiu com um animal e atirou na cabeça de Rosalie... obviamente, o projétil malmente a feriu, mas Emett ficou tão furioso que, junto de sua companheira, trucidaram não apenas o caçador como também todo um acampamento de férias montado ali perto. Foram vinte e sete vítimas, vinte e sete corpos mutilados e destroçados... e quem foi que Carlisle chamou? Sim, nós, eu tive de atravessar o oceano junto de Alec e Jane para limpar a chacina que os dois cometeram..
- E você pensa que foi tudo? – disse Aro e parecia que ele me devoraria com o olhar – Há não mais que quarenta anos atrás, Esme, a bondosa e doce Esme, cansada da vida eterna apiedou-se de uma pobre criança carente que ela encontrou morrendo de pneumonia nas ruas e a levou para casa transformando-a em um vampiro. Esme simplesmente ignorou nossas regras e transformou uma criança de dois anos de idade em um imortal... o resultado foi catastrófico e os Cullen, tão inocentes, não tiveram coragem de dar cabo ao problema que a criança se transformou e quem foi que resolveu tudo? EU!
- Você está mentindo... – eu disse quase sem voz.
- POR QUEM VOCÊ ME TOMA, ISABELLA? – berrou Aro – POR UM HUMANO? APENAS HUMANOS MENTEM POR NADA...

Eu recuei até dar de encontro com a porta, eu precisava sair dali, mas não consegui encontrar a maçaneta, minha cabeça girava e eu não podia acreditar no que Aro me contara: Edward, Rosalie e Emett matando pessoas inocentes e Esme quebrando as regras e criando uma criança imortal. Não era apenas impossível, era inconcebível.
Eu encarei Aro e ele parecia ter se arrependido de ter gritado, um rei nunca deve perder a compostura; assim, ele caminhou para longe de mim indicando que não pretendia me ameaçar, ficou distante alguns metros, uma figura alta envolta numa capa escura em meio ao mar de rosas e quando falou, sua voz surgiu distante e triste.
- Eu pedi muitas vezes a Carlisle para se unir a nós, para trazer toda a sua grande e bela família para dentro dos muros de Volterra, mas ele não me ouviu. Na época em que você surgiu aqui atrás de Edward Cullen, nós já estávamos fartos das respostas negativas de Carlisle, já estávamos fartos de seus erros e de reparar suas faltas. Quando você esteve aqui como humana e se relacionando com um vampiro nós achávamos que a loucura de Carlisle já estava passando dos limites, afinal, como permitir que seu filho imortal se relacione abertamente com uma mortal? Ele não parou para pensar em todas as conseqüências deste ato? Caius ficou furioso com isso, ficou furioso por deixá-los partir naquele dia, para meu irmão, nós havíamos esgotado a cota de chances que demos aos Cullen.
- Então – continuou ele na mesma voz pesarosa e triste – Meses depois eu recebo o convite de seu casamento e a promessa de que se tornaria uma vampira, com isso consegui acalmar um pouco meu irmão Caius. Entretanto, surgiu em nosso lar um vampira do clã Denali afirmando que vocês tinham criado uma criança imortal.
- Mais uma? Pensei comigo mesmo. Carlisle estava louco, estava ensandecido, como ele poderia cometer o mesmo erro duas vezes? Então Caius se enfureceu mais do que em qualquer outra ocasião e decidiu que deveríamos ir até a América destruir a criança e lançar aos Cullen um ultimato: ou se uniam a nós em Volterra ou teríamos que puni-los por todos os outros crimes que cometeram e que, por amizade e amor a Carlisle, deixamos passar impune.
- Vocês foram até lá para garantir o poder de Edward e Alice – eu falei num sussurro – A busca pela criança imortal foi uma mera desculpa para nos capturar.
- Ah, mas este é o ponto de vista dos Cullen, não é mesmo – disse Aro voltando-se para mim com um sorriso irônico nos lábios – Entenda Isabella, crianças imortais deram muito trabalho a nós antigamente, e agora uma a mais havia sido criada e novamente pelas mesmas pessoas... como eu disse, Carlisle havia esgotado sua cota de equívocos. Fomos até lá fazer o nosso trabalho, ou seja, punir os que quebraram as regras, claro que ofereceríamos novamente asilo aos Cullen, mas, ao chegarmos lá, o que encontramos?
- Um exército de vampiros nos aguardava com lobos por todos os lados. Num primeiro momento Caius ficou aterrorizando achando que Carlisle estava criando lobisomens. Isso nos enfureceu imensamente, crianças imortais, lobisomens, dezenas de vampiros... pareceu sinceramente que os Cullen estavam dispostos a nos destruir.
- Estávamos apenas tentando sobreviver! – eu me defendi dando um passo para frente – O que esperava que fizéssemos? Precisávamos de algo que os forçasse a nos ouvir, não podíamos simplesmente permitir que destruíssem tudo como aconteceu da última vez, aliás, recentemente vocês armaram contra nós na calada da noite. Nós fomos atacados sem saber e sem esperar. Vocês permaneceram calados por dez anos e então, da noite para o dia, chegaram até nós com milhares de vampiros, com plano de seqüestros e guerras... Aro, você matou amigos meus, meus familiares... se na primeira vez havia a desculpa de Renesmee e os erros passados da minha família, agora me diga, responda com sinceridade. Qual foi a desculpa para nos destruir desta vez?

A chuva açoitava com mais força o telhado de vidro da estufa, o som do impacto das gotas enchendo o ar, Aro se aproximou de mim e seu rosto estava sério, ali, naquela penumbra, sua pele antiga parecia emanar luz própria, seus olhos vermelhos queimando como duas brasas ardentes.
- A nossa desculpa tem haver com todos os vampiros, Isabella.
- Eu não entendo... – respondi hipnotizada por aquele olhar ígneo.
- Você sabe por que os vampiros andam em bandos pequenos? Porque os vampiros, em sua essência e maioria são nômades? Porque geralmente há apenas casais vagando por aí? Simples. Porque nossa raça não nasceu para viver em grande número, os vampiros imortais não são naturalmente originados para viverem em família e, principalmente... não podemos viver como humanos?
- Por que não? – eu perguntei sem compreender.
- Porque nós não somos humanos, Isabella, num mundo de imortais, nós somos deuses. É tolice achar que podemos nos comportar como humanos, os Cullen vão à escola e à faculdade e este é um comportamento absurdo para um imortal de centenas de anos, como poderíamos viver como humanos se não somos? É o mesmo que tentar criar uma águia no quintal de casa forçando-a a agir como um papagaio; os Cullen tentam ver o mundo sob a ótica mortal, unem-se numa grande família, moram em casas confortavelmente instaladas em meio às cidades, andam em carros velozes, trabalham em hospitais, vão ao cinema como meros adolescentes... por favor, isso não é típico de seres imortais.
- Mas não é errado agir como humano, Aro – eu tentei contrapor – É a única maneira de nos sentirmos vivos...
- Vivos? – ele perguntou genuinamente interessado – Isabella, veja este mundo caótico, olhe para tudo o que os humanos cometem de errado... os mortais destroem a si próprios, corrompem os inocentes, devastam as riquezas naturais, ateiam fogo em sua cultura... eles são crianças que não sabem o que fazer com o fogo de Prometeu. Sua inteligência é sua maior lástima. Sua tecnologia, sua maior e mais letal criação. Agora me diga, Isabella, quando o homem destruir todo este mundo, só nos restará governá-los para que consigam sobreviver... para que consigam coexistir em paz. Se um dia o mundo correr perigo, nós teremos de tomar as rédeas sobre a vontade dos homens... e isso porque não somos homens... somos deuses.
- E o perigo de nós vampiros nos portarmos como homens é o rompimento com as leis naturais que equilibram este mundo. Veja o que acontece quando estas leis não são respeitadas... anomalias começam a ocorrer e o caos ameaça imperar em nosso mundo frágil constituído por segredos e sombras. Renesmee é esta anomalia que surgiu entre a união de um vampiro e uma mortal... e o pior, que nós descobrimos muito tarde, é que sua filha não é a única e que a muito tempo vampiros loucos com sonhos deturpados vêm acasalando com mulheres mortais para formar uma forma hibrida e extremamente perigosa de vida. E é isso que temos que evitar a todo custo.
- Renesmee e Nahuel não oferecem risco à humanidade ou ao nosso segredo, Aro – eu respondi tentando achar uma brecha nas tão bem articuladas premissas do Volturi.
- Não? – perguntou ele em seu tom professoral – Isabella, você comete o mesmo erro de sua família, vocês Cullen com seus olhos dourados se consideram acima das leis dos vampiros, como podem possuir tamanho egoísmo?
- Egoísmo? – foi a minha vez de questionar.
- Sim, egoísmo. Vocês têm olhos apenas para suas necessidades humanas, mas não pensam na humanidade em geral, nem mesmo na nação vampiresca. Ficam presos a seu mundinho particular e não percebem o que estão criando... monstros piores que vampiros.
- Minha filha não é um monstro, Aro.
- Ah, não, minha querida, talvez não um monstro, mas com certeza uma evolução... uma menina linda, com sangue correndo em suas veias, sangue sendo bombeado por seu bondoso coraçãozinho, não é mesmo? Ela é capaz de se mesclar aos humanos ainda melhor do que nós, vampiros originais; Renesmee tem a velocidade, a imortalidade e a indestrutibilidade dos vampiros, mas ela é mais, é a evolução dos predadores, porque ela pode se passar por humana e viver entre humanos. E como será a próxima geração, Isabella? Sim, porque Renesmee ainda tem um ponto fraco, sua pele resplende a luz do sol, mas o que acontecerá quando ela tiver filhos? Nascerão vampiros ainda mais adaptados? Vampiros que possuem todas as nossas forças e nenhuma de nossas fraquezas? Vampiros que podem sair à luz do sol?

Eu encarei Aro em silêncio, meu cérebro cozinhava com todas as informações que ele atirava sobre mim, realmente, e por mais que eu detestasse admitir, eu jamais havia pensado sobre o impacto que certas coisas causariam não apenas aos vampiros, como também aos humanos. Por mais que eu odiasse, havia sentido nas palavras de Aro, então eu apenas suspirei e disse:
- Continue...
- Como eu dizia, vampiros andam em pequenos grupos justamente por sermos naturalmente notívagos e por não podermos nos misturar com os homens justamente por nos alimentarmos de seu sangue. Agora, comprovou-se que se um vampiro se relacionar com uma mulher, pode ocorrer de um hibrido nascer. Entenda Isabella, nem todo hibrido será como Renesmee que cresceu no seio de uma família regida pelo amor e pelo afeto. O que aconteceria se houvesse uma evolução de Renesmee? Híbridos que possam sair ao sol como humanos comuns? Híbridos despreparados que sairiam por aí e poderiam atacar qualquer um ao seu bel prazer? Seriam uma ameaça tão grande quanto os lobisomens foram outrora, ameaçariam o nosso próprio mundo, o mundo dos vampiros.
- Mas isso é impossível...
- Não é. A nossa preocupação quanto a sua família aumentou assim que descobrimos o laço que une os quileutes a seus respectivos pares, um fenômeno interessante denominado “Impressão”. Quando finalmente descobrimos que Jacob Black, senhor dos lobos de La Push, estava para se unir a sua filha devido a esta Impressão, resolvemos agir o mais rápido possível.
- Aro, eu não estou entendo o seu raciocínio – eu reclamei já tonta.
- Isabella, o que aconteceria quando uma hibrida como Renesmee se unisse a uma entidade mágica como Jacob Black? Que nova raça seria originada? Sabemos que os quileutes não são os únicos com estes dons de transmutação ou metamorfose, ou seja lá do que formos denominá-la, descobrimos outros transmorfos pelos mundo... homens capazes de se transformarem em ursos, tigres, águias gigantescas e por aí em diante. Agora, que nova espécie seria esta? Vampiros capazes de se transformar em lobos? Lobos com veneno de vampiro? Vampiro cuja pele não resplandece ao sol?
- Começa a entender o perigo ao qual vocês estavam nos expondo? Se os filhos dos filhos de Renesmee e Jacob ainda contivessem em seu sangue este gene especial, toda a sua prole não seria humana, mas sim, uma mutação contínua que daria origem a centenas de outros seres sobrenaturais. E como nós os controlaríamos? Carlisle disseminaria sua filosofia pacifista para todos ou eu teria que simplesmente sair correndo atrás deles para puni-los por seus atos?
- Vocês não pensavam em nada disso, Isabella, mas se o caos se instaurasse daqui a duas ou três gerações com os frutos desta união entre hibrida e transmorfo, então Carlisle provavelmente viria até nós para que limpássemos a sujeira para ele novamente... nestas horas, os Volturi parecem ter alguma serventia não é mesmo?

Eu recuei e me apoiei na parede de vidro da estufa, subitamente o perfume das rosas começou a me enjoar, à medida que as verdades nas palavras de Aro desabavam sobre mim eu comecei a refletir sobre tudo o que foi dito. De fato, eu jamais pensei nos vampiros como meu povo ou minha raça, jamais imaginei que deveria realmente haver alguma ordem ou algo que pudéssemos fazer pelos nossos semelhantes. Eu não sabia nada sobre a história dos vampiros, de onde veio o primeiro ou quantos vampiros existiam no mundo... e pior, estava chocada com o fato de Renesmee e Jacob virem a criar uma nova espécie ainda tão poderosa quanto lobos ou vampiros.
Além de tudo isso, as revelações de Aro sobre o passado dos Cullen me assombrava, eu sabia que Edward havia cometido alguns erros no passado, mas assassinar uma mulher em um teatro lotado? E quanto a Emett e Rosie terem chacinado um acampamento de férias inteiro? Sem contar com Esme e a criação de uma criança imortal mesmo tendo consciência das leis dos vampiros... minha cabeça rodava quando Aro se aproximou de mim.
- Vivemos em um mundo onde não podemos desequilibrar a ordem das coisas, Isabella – disse ele numa voz gentil percebendo a minha aflição – Os humanos não sabem de nossa existência apesar de que alguns até desconfiam, mas sabemos que vampiros e lobisomens só deveriam existir nos livros de fábulas. Agora, se nós nos portamos como humanos e esquecermos quem realmente somos, bem, ocorre um desequilíbrio em todo o nosso mundo e isso trás conseqüências desastrosas como a origem de raças até antes imprevistas. A existência de Renesmee já é um risco, se a partir disso novas espécies se originarem... o caos irá imperar neste mundo já conturbado.
- Isso significa que Nessie jamais poderá ter filhos? – eu perguntei zonza.
- Você precisa aprender a pensar no bem maior, Isabella. Antes você aprendeu a se comportar como os Cullen que mantinham os olhos apenas em si mesmos, Carlisle com sua prepotência pensava que poderia ter uma família linda e humana quando isto era totalmente impossível. Agora temos que lidar com sua inconseqüência. Mas infelizmente é assim que funciona, nós Volturis somos obrigados a lidar com os erros dos outros mesmo que o mundo nos veja como tiranos, déspotas e assassinos.
- Você está tentando justificar todos os atos obscuros dos Volturis?
- Eu estou apenas lhe mostrando que temos um propósito maior. Por anos eu implorei a Carlisle que se unisse a nós para evitar um perigo que este estilo de vida representa, mas ele simplesmente me ignorou totalmente... e agora fui obrigado a destruir sua família para preservar nosso mundo antes que tudo fosse povoado por espécies mais perigosas que os vampiros. Infelizmente, se ele tivesse me escutado, a tragédia maior não teria acontecido.
- Entenda de uma vez por todas, Isabella... vampiros não podem viver como humanos. Isso é contra a natureza e obviamente só poderia trazer coisas ruins, as outras famílias de vampiros são pequenas e vivem isoladas como o clã Denali que mora na região inóspita do Alasca. Mas tentar ter uma vida normal embutido na sociedade é impossível para nós, agora você vê que a imortalidade não é apenas um mar de rosas, ela vem coma a obrigação de permanecer no anonimato e qualquer coisa que comprometa isso é problema dos Volturi e tenha certeza de que faremos o possível para que nossas leis não sejam quebradas.

Eu respirei fundo e me vi sufocada por aquele oceano vermelho de rosas, a estufa pareceu uma prisão assustadora e a claustrofobia me impedia de pensar direito, Aro percebeu a minha agonia e imediatamente abriu as portas para que o ar corrente ventilasse o lugar.
- Talvez seja melhor você retornar aos seus aposentos, Isabella – disse Aro e sua voz soou cuidadosa e educada.
- Sim – eu respondi num sopro de voz – Acho que é melhor.
Logo em seguida estávamos caminhando sob o guarda-chuva rumo à entrada do castelo, a chuva havia se transformado novamente em garoa e o dia continuava desbotado e sem vida. Nem mesmo o ar fresco e frio foi capaz de clarear a minha mente... eu estava imersa em um mundo de dúvidas e me sentia completamente desamparada.
Aro permaneceu em silêncio por todo o tempo em que caminhamos, fiquei imaginando se esta manhã fora planejada ou ele simplesmente falou o que havia em seu coração. De uma forma ou de outra... ele conseguiu me deixar ainda mais perdida, eu me sentia traída por minha própria família.
As portas de carvalho do hall de entrada do palácio se abriram assim que pisamos sobre a marquise de pedra; como esperado, Giordano continuava em pé, silencioso como uma estátua, ao lado das portas duplas. Outro serviçal segurou o guarda-chuva de Aro enquanto Giordano se posicionava ao meu lado e me acompanhava para fora do salão de entrada, mas, antes de desaparecer pelo corredor, Aro me chamou uma última vez.
- Espero, Isabella – disse ele num tom esperançoso – Que você tenha feito um melhor juízo de mim depois de lhe fornecer um pouco do ponto de vista dos Volturi.
- Não um melhor juízo, Aro – respondi desanimada – Entretanto, consigo ver a lógica por trás do entendimento de mundo dos Volturi.
- Já é um excelente começo – respondeu ele e sorriu para mim.
Eu me virei sem me despedir e iniciei minha peregrinação para o alto da torre, os passos silenciosos de Giordano ecoando pelo corredor vazio, as paredes estavam úmidas e eu podia ouvir uma goteira em algum canto daqueles corredores infinitos. Ao nos aproximarmos da boca da escada que conduziria ao alto rumo aos meus aposentos, eu pude ouvir a melodia triste de Alec enchendo o ar... aquelas notas de violino me deixaram ainda mais deprimida.
E para piorar, ao entrar no corredor em que ficava meu quarto, notei Matheu parado ao lado de fora, guardando a porta e isso só poderia significar que Alice estava ali... por algum motivo isso me deixou com raiva.
- Senhora Cullen – cumprimentou Matheu.
- Bom dia, Matheu – respondi simplesmente antes de entrar no quarto.
Alice estava sentada na cama, vestia aquelas vestes estranhas de Volterra, ela mais parecia uma dançarina exótica e assim que me viu levantou-se com um sorriso nos lábios e correu me abraçar... por mais que eu tentasse eu não consegui retribuir o abraço de Alice. Eu desejei não sentir isso quando a visse, mas não pude evitar... eu estava chateada com a única Cullen ali presente.
- O que foi que houve? – ela perguntou me olhando de soslaio.
- Porque vocês nunca me contaram sobre os segredos obscuros da família Cullen?
- Mas do que está falando, Bell?
- Dos segredos sujos que eu nunca fiquei sabendo – falei num rompante de raiva, minha voz se elevando a cada palavra proferida – Da mulher que Edward assassinou num teatro lotado, das dezenas de pessoas que Emett e Rosalie chacinaram num acampamento de férias e da criança imortal que Esme criou contrariando as leis estipuladas pelos Volturi... é de tudo isso que estou falando.
- Então foi por isso que Aro te chamou hoje? Para lhe contar coisas a nosso respeito? – disse Alice chateada e eu fiquei ainda pior, pois tinha esperanças que as palavras de Aro fossem falas, mas, pelo visto, não eram.
- Você está dizendo que é tudo verdade?
- Bella, entenda, foi há muito tempo que estas coisas aconteceram...
- E por que ninguém nunca me contou, Alice?
- Não sei! – ela disse desesperada agarrando meus braços – Bella, isso é loucura, nós jamais dissemos que éramos perfeitos, estes erros aconteceram há tanto tempo que nem ao menos eu me lembrava deles, foi coisa nossa.
- Coisa dos Cullen? – eu perguntei irritada – E eu não faço parte desta família por um acaso?
- Claro que faz, Bella, mas entenda... não havia motivos para contarmos, eram coisas do passado e que não tinham mais importância.
- Para mim tem importância, Alice, se eu soubesse disso tudo não teria feito papel de idiota frente a Aro Volturi... eu saberia de tudo e teria certeza que podia confiar na minha família. E o pior de tudo é que sempre fora Aro quem consertava as besteiras que vocês faziam...
- Bem, naquela época Carlisle ainda confiava nos Volturi...
- Oh meu Deus! – eu exclamei indignada – Até isso é verdade, como é que pode? Então realmente Aro resolvia tudo? Ele me disse que desde aquela época já insistia para que Carlisle se unisse aos Volturi...
- Sim, bem, mais ou menos... entenda Bella, sempre que Aro aparecia com sua guarda, eu e Jasper nos afastávamos porque Carlisle temia que ele se interessasse por meu poder... mesmo quando ele resolveu o problema de Edward, ele não ficou sabendo do dom de ler pensamentos... nem conheceu Edward na verdade, só veio e resolveu tudo. Era sempre Carlisle quem conversava com ele... nós nunca tivemos contato com os Volturi e...
- Por favor, cale-se Alice – eu disse cortando-a e ela fez cara de mágoa – Isso é ainda pior, você não entende? Porque comprova que Aro realmente queria que Carlisle e vocês se unissem a ele por temer que o segredo dos vampiros fosse revelado... se os Volturi não sabiam naquela época de você ou de Edward, significa que não estavam interessados apenas no poder do clã Cullen.
- Bell... me escute.
- Eu não quero escutar você – eu disse – Foi um dos piores dias da minha vida saber que não posso confiar na minha própria família.
- Bella – disse Alice numa voz firme se aproximando de mim – Isso tudo é efeito da loucura de Volterra, você não entende? É isso que Aro pretende, fazer com que nós esqueçamos a nossa família... você não pode se deixar levar pelas loucuras dos Volturi... eles só sabem o que é melhor para eles...
- Você está errada, Alice – eu respondi me afastando dela – Os Volturi sempre pensaram no bem de nossa raça, sempre colocaram o bem estar dos vampiros em primeiro lugar. Nós é que sempre fomos egoístas e tentamos viver como humanos... eu me deixei levar por todo o esplendor que vocês me ofereceram e fiquei cega para todo o resto. Nós não somos humanos e temos de ter cuidado para não ameaçar os mortais... sem perceber, Alice, estávamos desequilibrando o mundo em que vivemos.
- Meu Deus, Bella – disse Alice horrorizada – O que Aro fez com você?
- Ele apenas me mostrou o quanto eu estava sendo ingênua com relação a tudo... com relação ao poder que tenho como imortal e, principalmente, com o perigo de criar novas espécies a partir de Renesmee.
- Bella, você perdeu o juízo? Está ouvindo as palavras que saem de sua boca? Você está dando razão às loucuras de Aro.
- As loucuras de Aro fazem sentindo, Alice... não os julgue sem antes conhecê-los direito.

Eu não sei ao certo se disse isso porque realmente os Volturi começavam a fazer sentido, ou se eu estava magoada demais com os segredos da minha própria família. Mas, de uma forma ou de outra, eu não voltei atrás e Alice se afastou de mim com uma expressão de mágoa e terror em seu rosto, ela me olhava com aqueles olhos brilhantes como se não me reconhecesse.
- Você usou as mesmas palavras que Matheu para defendê-los, será que já se esqueceu que estes vampiros são os mesmos que destruíram a nossa casa, nossos amigos? Foram estes vampiros que mataram Edward e Jacob.
- Eu sei disso – rebati num grito angustiante – Mas se vocês tivessem deixado de fazer tanta besteira nós não teríamos passado por tudo isso, acabamos nos acostumando a vivermos como humanos e nos esquecemos que nossa imortalidade também acarreta muitas responsabilidades. Durante anos vivemos imaginando que éramos os únicos imortais no mundo e isso, por si só, foi um equívoco grave.
- Eu não estou reconhecendo você – disse Alice se afastando em direção a porta, ela a abriu e estava saindo, mas antes me olhou novamente e havia tristeza em sua voz – Espero que você tenha dito tudo o que disse apenas por estar magoada...
Quando a porta se fechou eu desabei sobre a cama.

Espero que essa minha tristeza seja causada por descobrir que minha perfeita família não era perfeita... e não por ter compreendido um pouco o pensamentos dos Volturi.

Ainda assim, por mais que eu odiasse, sabia que Aro tinha razão em algumas coisas; Nessie E Jacob poderiam muito bem dar origem a uma espécie ainda mais perigosa que vampiros e lobos... uma espécie muito mais adaptada ao mundo dos humanos do que vampiros puros... predadores altamente evoluídos que poderiam infestar o mundo no futuro.

Sem contar com o passado dos Cullen... Aro havia convidado Carlisle para se unir aos Volturi antes mesmo de saber sobre Edward e Alice, ele pedira isso com o intuito de poder conter os problemas que minha família causaria no mundo equilibrado sem, no entanto, tê-los que castigar.


Minha mente estava exausta e confusa... eu havia falado como uma Volturi...


Estaria o veneno inebriante de Volterra transformando o meu coração? Por mais quanto tempo eu agüentaria antes que Bella se transformasse definitivamente em... Isabella?



Só agora eu percebi o verdadeiro perigo de Volterra. Só agora percebi que o pior vilão que existe não é aquele que lhe seqüestra ou que ameaça a sua vida. Não. O pior vilão, o mais perigoso...


... é aquele que faz com que você concorde com ele e com sua ideologia.

1 comentários:

MEU DEUS!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Agora você me fez acreditar que os Volture são bons!!!
De vilões a Mocinhos!!!Fico me perguntando o que mais me reserva essa fic, que sem sombra de duvida é a melhor!!!
Angus você escreve de uma forma que cativa o leitor a tentar entender todos os lados, você faz a balança se equilibrar!!!
E as vezes me pego defendendo quem sempre me pareceu o vilão!!!
Beijusss e até o próximo

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