30 de mai. de 2010

Capitulo 6

Posted by sandry costa On 5/30/2010 No comments

Planos


Imprint. Durante toda minha curta vida, constantemente envolta em uma aura sobrenatural, eu jamais ouvira nada mais confuso e inacreditável. Estar destinado a amar alguém, independente de como, onde ou por que, era algo definitivamente além de meu entendimento sobre a vida. Eu – que até então acreditava estar ciente de tudo, que acreditava entender plenamente a nossa existência e a dos humanos que nos rodeavam – de repente me encontrava sem palavras, perplexa.
Jacob não me poupou detalhes – assim me pareceu. Ele se manteve calmo e firme em cada palavra improvável que deixava sair de sua boca.
Ness, eu quero que você saiba que você tem escolhas, independente de qualquer ligação mística idiota que eu tenho com você. Eu fui seu amigo, seu irmão mais velho, seu protetor… E eu seria o que você quisesse que eu fosse pelo resto da minha vida patética. – Ele evitada olhar em meus olhos parados ao longe, desfocados pelos pensamentos que borbulhavam em minha mente.
Era estranhamente perturbador como cada peça de repente se encaixara no que pareciam ser lacunas profundas e eternas. Eu sempre soube que Jacob não era como eu e minha família. Percebi isso muito cedo, mas até ser um pouco mais velha e ser capaz de questionar tais diferenças, ele era meu tio Jake e eu o adorava. As “pessoas lobo”, como eu costumava chamá-los na infância, também faziam parte da família, independentemente se seus corações fossem – assim como o meu – os únicos a bater naquela família. Mas mesmo Seth, que nos visitava com mais freqüência, não passava mais que algumas horas conosco. E eu conseguia perceber a linha imaginária separando lobos e vampiros. O jeito que se comportavam quando estavam relativamente perto, a tensão que tingia o ar toda vez que minha mãe e meu pai me levavam até a fronteira de La Push para visitar Billy. E o cheiro. Vampiros e Lobisomens definitivamente não suportavam o cheiro um do outro, por que vampiros e lobisomens eram inimigos naturais.
Então, por que Jacob abandonou sua matilha para nos seguir? Por que morar com nove vampiros parecia não ter importância nenhuma para ele? Por que ele me escolheu ao invés de seu pai, sua tribo, seus irmãos…? Todas as perguntas que cresceram comigo de repente estavam respondidas. Era o destino dele me seguir, aonde quer que eu fosse, seja lá o que eu fosse.
Eu merecia saber Jake.- Eu consegui dizer depois de um longo silencio – Passei minha vida inteira me fazendo perguntas sobre você. Já faz algum tempo que eu não sei mais como te olhar. Como um amigo? Como um irmão? – Eu sentia um nó na garganta, lutando com as palavras que saíam meio sufocadas. – Eu merecia saber que meu destino sempre foi você.
Não diga isso Nessie – Ele me encarava incrédulo, como se eu tivesse dito alguma heresia. –Você nunca foi minha. Pare de achar que você não tem escolha. Se eu não te contei antes foi por que você não estava pronta e seus pais queriam que você fosse capaz de escolher por si mesma quando chegasse a hora, e eu também. – Ele dizia cada palavra como se estivesse me dando uma bronca por mau comportamento.
- Não Jake, eu nunca tive escolha – Eu o olhei fixamente – Assim que coloquei meus olhos em você, todas as minhas opções se foram. – Ele me olhava com uma expressão torturada, mas ao mesmo tempo emocionada. Eu não sabia mais o que dizer. Tudo que eu senti durante minha curta vida tinha se resumido aquela última frase, aquele momento.
Nós nos rendemos aos braços um do outro. Se algum de nós fosse humano, aquele abraço teria quebrado algumas costelas.
Pela primeira vez em muito tempo eu sabia o que esperar, sabia o significado de muitas coisas que outrora só me deixaram mais confusa.
Jacob esperou por mim, pacientemente. É claro que a espera dele não foi tão grande quanto teria sido se eu fosse uma garota normal. Mas nem garota eu era. Eu era uma vampira, e por mais queJacob fosse “a prova de vampiros” – como meu pai dizia – um único descontrole meu foi o bastante para deixá-lo no chão. Eu queria ser melhor para Jacob, queria ser como Emily era paraSam. A parceira ideal, completamente compatível. As poucas vezes que me deixaram ficar perto de Emily foram o bastante para que eu adquirisse uma grande admiração e respeito pela mulher de pele marcada. Ela era apenas humana, e mesmo assim cuidava de todos aqueles marmanjos melhor do que qualquer um.
Ter Jacob quente e macio em meus braços me fez desejar não ser tão indestrutível. Mas eu mudei logo de idéia quando a imagem de Aro dançou furtivamente por meus pensamentos. Eu não deveria me sentir assim, fraca e impotente. Eu deveria ser mais forte. Deveria ser impiedosa e ardilosa como a guarda costas de AroJane. Sim, eu me lembrava dela. Ouvi seu nome nas conversas furtivas de minha família várias vezes. Ela era uma vampira ofensiva, e não uma unidade passiva como eu até então tinha sido. Eu precisava me tornar uma nova Renesmee. Feroz, inteligente, letal. Só assim eu seria capaz de proteger minha família. E meu Jacob.
***
Jake, não consigo me concentrar com você me beijando – Eu sorri, mantendo meus olhos fechados, tentando focar na história que eu contaria para meus pais. Ouvi sua risada rouca em meu ouvido. Ele era tão injusto.
Desculpe, vou me comportar – Sussurrou em minha pele, deixando seu hálito quente tocar meu pescoço.
Argh! Pelo amor de Deus Jake, nós temos meia hora pra deixar nosso plano impecável – Eu saí de seu abraço com certa relutância, evitando olhar em seu rosto para não perder o fio da meada.
Tudo acontecera tão rápido naquela manhã… Quando acordei eu era 
Renesmee Cullen, filha deEdward e Bella. Meu melhor amigo era um lobisomem charmoso que eu não tinha permissão de desejar como outra coisa. Eu amava minha família e nunca escondera nada deles – principalmente de meu pai. Algumas horas depois eu era uma mestiça descontrolada que estava tendo visões com um estranho e quebrando mesas na sala de aula no meio de um monte de humanos. Meu melhor amigo tinha sofrido algum tipo de impressão medonha comigo e estava apaixonado por mim. E pior ainda, eu estava apaixonada por ele também, justo o cara que me deu mamadeira. Se já não fosse o bastante, eu ainda estava planejando uma fuga com ele para investigar um suposto desconhecido que me deixara um bilhete misterioso. Ótimo.
O plano era, basicamente, deixar meu pai ler minha mente cheia de Jacob. Ele com certeza faria uma cena. Então, todos saberiam que Jacob me contou sobre o imprint e nós nos beijamos e etc. Ok, essa era a parte fácil do jogo. Difícil seria manter longe de minha mente – e da de Jacob – o que realmente tinha acontecido naquela manhã. As informações teriam que ser coesas e concretas. Eu precisaria usar meus poderes em um nível que eu tentei poucas vezes. Pintar imagens nítidas, precisas e em ordem cronológica de forma que se passassem por lembranças reais do decorrer do dia. E eu só tinha – olhei no relógio – vinte e oito minutos para deixar minhas lembranças e pensamentos seguros, eu não iria arriscar chegar em casa e dar de cara com meu pai. Eles poderiam ter voltado mais cedo…
Não, eu não podia arriscar. Teria que deixar tudo pronto antes de me aproximar. E 
Jacob não estava cooperando muito me beijando e me abraçando daquele jeito.
Ness, tem certeza que vai dar certo? Tem certeza que não quer contar pra eles? Eu ainda acho isso meio arriscado – Jacob fazia as perguntas mais pra ele do que para mim.
Não Jake, não posso deixar que eles saibam. O que você acha que meu pai e minha mãe vão fazer assim que souberem? Eles vão direto para Forks. E se for uma armadilha? – Eu o encarei.
E se for uma armadilha pra você? – Ele perguntou. A tensão distorcendo suas feições.
Eu não disse que não seria arriscado. Mas que escolha eu tenho? Tenho que apostar nos meus instintos Jake, e eles estão me dizendo que há alguma coisa muito errada acontecendo nas nossas costas. E seja lá o que for, as respostas de que preciso estão em Forks. – Eu vi nos olhos dele que ele faria a mesma coisa. Nós éramos muito parecidos quando se tratava da família.
Só me prometa que não fará nada estúpido ok? – Jacob me olhou profundamente. Eu podia ver a dor que isso o causava. Me ver brincar com fogo e só poder acender sua própria tocha. Eu sabia disso por que sentia a mesma necessidade de protegê-lo e me sentia o ser mais inválido por não conseguir mantê-lo longe de mim, a salvo.
Jake, eu não estou em condições de prometer nada agora. Mas eu posso lhe dizer uma coisa – Me aproximei de Jacob lentamente – Nós vamos estar sempre juntos, não importa como ou onde. – Sorri e afaguei seu rosto.
Agora venha, preciso te passar as instruções – Puxei-o pela camisa e nos sentamos na grama do acostamento.
Coloquei minhas mãos sobre as de Jacob e fechei os olhos. Retrocedi até a aula com o Sr Anderson. Mostrei a Jacob o professor entrando na sala de aula e avisando a turma que, por conta de um problema familiar ele teria que se ausentar. Em seguida nós éramos dispensados. Passei então para uma imagem de Jacob me convidando para tomar sorvete. Imaginei nós dois andando por um parque, sorrindo e conversando. Nós nos sentávamos em um banco de mãos dadas, eu acariciava os braços de Jacob, traçando desenhos imaginários. Subia até seu ombro e pescoço e então, acariciava seu rosto. Nós nos olhávamos nos olhos com intensidade. Nos aproximávamos lentamente para o beijo quando Jacob começou a rir e minha concentração foi por água abaixo.
O que foi? – Perguntei meio irritada por ter sido interrompida
É essa a sua idéia? Você me seduzindo em um banco de praça? – Jacob ria nervosamente
Se você tem uma idéia melhor, sinta-se a vontade em compartilhar – Fechei a cara
- A idéia é boa Ness, mas eu sei o que você está tentando fazer – Ele me olhava com um sorriso simpático – Está tentando não me deixar tão encrencado com seu pai. – Ele tirou uma mecha ruiva que o vento soprou em meu rosto.
Jake, eu… – Droga, ele tinha percebido.
Tudo bem Ness, ele vai querer me matar de qualquer jeito só por ter te convidado para tomar sorvete – Ele sorria complacente. Eu ri
Eu sei Jake, mas se eu posso tornar as coisas mais fáceis pra nós, por que não fazê-lo? Além disso, vou precisar de você inteiro para fazer as malas e se eu levar pedaços de Jacob para Billy, bem, acho que não vou ser convidada para ceia de natal – Eu sorri e belisquei sua bochecha. Ele ergueu as mãos num sinal de rendição e disse:
Faça como quiser. – E fechou os olhos, esperando que eu continuasse.
Continuei de onde tinha parado. Mas dessa vez não fechei os olhos. Me mantive focada no rosto de Jacob, analisando suas reações para o que eu estava prestes a mostrar. Sorri maliciosamente para mim mesma e continuei.
Eu e Jacob, sentados no banco de um parque qualquer, a luz do sol nos atingindo por entre os galhos das árvores espalhadas pelo parque. Nós nos olhávamos nos olhos, e lentamente começamos a encurtar a distância entre nossos rostos. E então eu usei a sensação que me invadiu quando nós nos beijamos e a uni com uma imagem de Jacob e eu abraçados. Meus braços ao redor de seu pescoço. Ele mantinha um braço parcialmente apoiado sobre o encosto do banco e o outro pousado em minha cintura. Eu deixei a sensação do calor da pele dele tingir minha mente. A textura suave e doce da sua boca na minha. Eu mostrava a Jacob todos os detalhes de um beijo real, somados as imagens que eu criava de um ângulo externo. Ele arqueou uma sobrancelha suavemente, e eu não sabia se isso significava que ele estava apreciando o quadro. Talvez eu estivesse detalhando demais, por que a pele de Jacob de repente começou a esquentar sob minhas mãos. Eu decidi então concluir a cena do beijo. Fechei os olhos para me concentrar melhor e imaginei Jacob acariciando meu rosto. De novo eu usei suas palavras e expressões reais. Deixei minha memória trazer a tona a voz de Jacob me dizendo “preciso lhe contar algo sobre mim”. Depois disso, selecionei partes de nossa conversa e as adaptei na cena. Todo o processo demorou mais ou menos dez minutos. Concluí minha obra prima com uma imagem de nós dois caminhando de mãos dadas em direção ao carro. Eu me virava pra Jacob com um sorriso no rosto e dizia: “Vamos contar para eles hoje?”. E Jacob sorria de volta e respondia: “Não temos escolha, seu pai vai saber no momento em que entrarmos pela porta”.
Cessei as imagens e encarei Jacob, esperando uma resposta. Ele estava com uma expressão suave e mais otimista que antes.
Uow, isso é melhor que tv a caboMuito bom Ness, você está ficando boa nisso. – Ele sorriu e beijou minha testa – Isso pode funcionar, é sério, acho que pode dar certo.
Essa é a parte fácil Jake, não fique tão otimista ainda. Nós precisamos manter nossa mente ocupada até estarmos longe o suficiente. – Eu disse, me levantando e caminhando até o carro.
Se eu manter você na minha cabeça, vai ser moleza não pensar em mais nada – Ele sorriu, colocando-se de pé e me seguindo.
Eu sei, também estou contando com isso. Mas não sei se é seguro ficar muito mais tempo com eles. – Eu ainda não estava segura sobre esse plano. Um único deslize seria o bastante.
O que você quer dizer? – Jacob percebera meu tom de voz.
Quero dizer que vamos para Forks ainda hoje.

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