Capitulo 6

 AM I TOO MUCH FOR YOU? 'CAUSE YOU'RE TOO MUCH FOR ME.

"A única coisa que cai do céu é a chuva."
Kilatz

Lá estávamos nós a não sei quanto tempo parados, estáticos dentro daquela caminhonete. Jacob estava tão surreal que eu não me atrevi a dizer uma palavra. Ele agora tremia menos do que antes pelo que eu podia observar pelo canto do olho, mas mesmo assim ele me preocupava. Eu queria mais do que tudo saber o que estava acontecendo. Quem eram eles? Porque Jacob estava tendo esse ataque epilético de novo? E por que ainda estávamos na porta da casa dessa garota? Eram as perguntas que giravam em minha cabeça.
— Droga Bella! — De repente ele murmurou e saiu do carro novamente, mas dessa vez ele entrou na casa sem ao menos bater. Será que era o outro cara que estava lá dentro? Mas o que esses homens tanto vêem nela, ela nem é tão bonita assim. Franzi o rosto em uma careta enquanto me encarava no retrovisor, eu não era mais feia do que ela, era?
Repassei mentalmente os motivos do porque eu estar aqui. Vulto, derrapagem, lobo, susto e Jacob gritando comigo. Bufei pesado enquanto avistava-o saindo da casa correndo, entrando no carro e ligando-o bruscamente. Era como se eu nem estivesse ali. Me sentia uma intrusa nessa cena, como se escrevessem o script e eu não tivesse falas; fosse apenas uma figurante sem importância. Eu queria sumir.
Ele dirigia em alta velocidade, com a caminhonete velha derrapando pelas curvas. Seu rosto estava contorcido de raiva e ele não tirava os olhos da estrada. Mais uma derrapagem.
— Pára Jacob. — falei nervosa. Se continuasse assim nós iríamos bater! Ele não me escutou e continuou dirigindo daquela maneira desesperada.
— Pára. — Repeti novamente com a voz em tom de urgência. — JACOB! — gritei enquanto puxava o freio de mão fazendo o carro engasgar e derrapar alguns metros até parar.
— Você é louca, quer nos matar? — ele me fitou furioso, seus olhos faiscavam o que me fez arrepender de ter feito aquilo por um segundo. Eu disse por um segundo.
— Nós iríamos morrer se você continuasse dirigindo daquele jeito. Se fosse pra morrer eu podia ter ido com o meu carro mesmo, ao menos me pouparia tempo. — suspirei cansada, colocando uma mão no cenho. — O que está acontecendo Jacob?
— Nada que seja da sua conta. — ele esbravejou olhando pela janela.
— Mas você é mesmo repugnante garoto. Nem quando eu tento ser legal e te ajudar você consegue ser gentil.
— Tudo bem, me desculpe. — ele suspirou, virando-se pra me fitar. Ele estava com uma cara péssima. — É que é algo complicado demais pra que você entenda.
— Não subestime a minha inteligência eu sou a primeira aluna da classe em trigonometria. — sorri presunçosa, conseguindo arrancar um riso tímido dele.
— Tá legal. — ele passou a mão pelo cabelo, nervoso. Eu notei que agora ele não tremia mais. — Eu não sei como te contar isso.
— Pode começar do começo, talvez.
— Tá legal. — ele assentiu com a cabeça e se endireitou no banco, mordendo o lábio inferior. Coisa que eu não fiquei olhando fixamente, de jeito nenhum. — Eu gosto da Bella a muito tempo. — como se ninguém ainda tivesse percebido esse fato. — Mas ela não gosta de mim, — ele desviou o olhar janela a fora. — Não do jeito que eu queria. Ela tem um cara sabe? Um cara que não serve pra ela de jeito nenhum, ele pertence a família inimiga a nossa, os Quileutes. — ele voltou a fitar-me e eu assenti com a cabeça pra que ele continuasse.
— E fazem alguns meses que esse cara a deixou, sem mais nem menos. Simplesmente foi embora...
— E deixe-me adivinhar. Agora ela precisa muito de você? E te aluga 24 horas por dia? — eu o interrompi, entendendo tudo. Jacob era o estepe de Bella. Se não tem o príncipe encantado que vá o plebeu mesmo. Garota estúpida, a cada dia eu conseguia gostar menos dela.
— Não é “alugar” Luciana. Ela está frágil e nós somos amigos. É isso que os amigos fazem não é? — rolei os olhos. Jacob era muito ingênuo quando se tratava dessa garota. Nem de perto se parecia com o gigante turrão que vivia sendo estúpido comigo.
— Bem, continuando... E hoje, aquele carro. Bem, é da irmã desse cara sabe? E agora eu tenho certeza de que eles vão voltar, de que ele vai voltar e então... — ele não completou a frase. Somente lançava um olhar vago em direção ao molho de chaves na ignição do carro.
— E então tudo vai voltar a ser como era antes? — completei de sopetão. — Quer saber a minha opinião sobre isso? — ele não respondeu, apenas me fitou o que eu encarei como uma afirmativa. Ajeitei-me no banco do carro, ficando de frente pra ele.
— Primeiro eu acho essa Bella uma garota estúpida por não gostar de você. — comecei a enumerar nos dedos enquanto observava Jacob me olhando com um rosto confuso. — É porque eu sei que você deve ter alguma qualidade. Eu não achei nenhuma até hoje, mas bem, ela devia enxergá-las já que vocês passam tanto tempo juntos e você até briga com seus amigos por causa dela. — Ele desviou o olhar e eu continuei. — Segundo, eu acho a Bella uma garota estúpida por te usar só quando precisa. “Ai Jake eu estou tão só, o meu príncipe me abandonou, por favor fique comigo, vamos ter uma noite linda de amor” — fiz uma encenação tosca, mas que acho que se aproximou bastante da verdadeira porque ele riu enquanto eu falava.
— Conclusão final: Bella é uma garota estúpida e não merece que você corra tanto atrás dela como um cachorrinho adestrado. — soltei um sorriso presunçoso e ele riu escandalosamente não sei por que, eu nem falei nada de engraçado. São fatos, ele que não vê. — Mas você é um bobo apaixonado, nós ficamos cegos nessas horas. Acredite em mim. — Jacob apenas assentiu.
— Sabe, você também deve ter alguma qualidade no meio de todos esses defeitos. — Ele fitava o céu noturno pelo pára brisa.
— Eu só preciso de alguém que os enxergue. No fundo somos iguais Jacob, duas pessoas cegas e que só possuem defeitos. Pobre de nós.
Ficamos alguns instantes em silêncio, só fitando o céu sem nenhuma estrela. A noite me acalmava e eu já não estava tão neurótica em relação a Jacob. Ele era um cara legal quando desarmava seu casco “à prova de Bellas”.
— Quer ir pra casa agora? — ele fitou-me calmo e eu assenti com a cabeça. Jacob girou a chave na ignição e o carro começou a se movimentar devagar. O caminho até a reserva foi silencioso. Nenhum de nós falou mais nada, já tínhamos sido amigos demais por hoje. Ele estacionou o carro em frente a minha casa, já que a sua ficava uma quadra depois. Eu abri a porta e desci do carro ainda pronunciar uma única palavra. Caminhei até a soleira e girei a maçaneta.
— Luciana! — virei-me a ponto de ver Jacob empoleirado na porta, com a cabeça pra fora do carro. — Nossa trégua era só pra hoje certo? Amanhã nós ainda vamos brigar, não é? — ele abriu um sorriso imenso o que me fez sorrir de volta.
— Mas é claro Jacob, eu não conseguiria ficar tanto tempo sem brigar com você. — ele riu, assentindo e então finalmente ligando o carro e partindo. Observei a caminhonete se distanciar e balancei a cabeça em negativa. Maluco, maluco de pedra. Então entrei na casa silenciosa e me preparei pra dormir depois desse dia turbulento.
O sol raiava de novo em La Plush. Os dias estavam começando a serem mais ensolarados do que chuvosos e eu não tinha uma opinião formada sobre isso. Eu caminhava na praia depois do café da manhã. A maré estava tranqüila com as ondas quebrando leves sobre as rochas, fazendo o mar cantar uma melodia gostosa aos nossos ouvidos. Sentei-me próximo a margem, fitando o mar e sentindo a areia sob meus pés descalços. Segundos depois alguém sentou ao meu lado. Virei o rosto devagar para observar Embry encarando as ondas.
— Quem é você? — sussurrei distraída fitando mais uma onda quebrando nas pedras.
— Embry Call ao seu dispor. — ele riu divertido batendo seu ombro de leve no meu. Eu acompanhei sua risada.
— Faz tanto tempo que eu não te via que eu nem lembrava mais o seu nome, cara estranho. — sorri presunçosa, mas ele não respondeu.
— Fiquei sabendo que você viu alguma coisa na floresta. — ele expirou pesado e eu o fitei. Ele olhava seus pés e fazia desenhos desconexos na areia.
— É. — afirmei e Embry subiu o olhar até cruzar com o meu.
— Um lobo, enorme.
Ele assentiu com a cabeça e vagou os olhos pra longe.
— Só tome cuidado. Você parece ser um imã estranho pra confusão.
Sorri, concordando com a cabeça. Não era a primeira pessoa que me falava isso em menos de dois dias. Seguimos alguns segundos em silêncio, apenas observando o movimento da natureza, das ondas e das nuvens desfilando no céu.
— O que vocês fizeram todos esses dias que eu não podia saber?
— Se você não podia saber não vai ser agora que eu vou lhe contar. — Embry riu divertido e eu rolei os olhos, inconformada.
— Vocês estão começando a me excluir das coisas. Não gosto disso. — fiz cara emburrada e ele entrelaçou sua mão na minha, como se fosse a coisa mais natural do mundo. Fez um carinho com o indicador nas costas da minha mão e eu não fiz nada. Apenas permiti que Embry ficasse com a mão ali na minha. Era confortável e parecia certo eu tê-lo ali por perto, eu só precisava me convencer disto.
Ficamos em silêncio mais uma vez. Só o barulho do mar embalava nossos pensamentos.
— Embry, Embry! — uma voz urgente surgiu mais ao longe. Nós viramos o rosto pra encontrar Quil correndo ao nosso encontro.
— O que foi Quil? — Embry perguntou calmo. Agora o garoto já estava bem próximo a nós. E seu peito subia e descia descontrolado pela corrida.
— O Jake... — Quil começou dizendo entrecortado. No instante que eu ouvi o nome de Jacob soltei a mão de Embry e levantei apressada. Meus olhos começaram a piscar.
— O que? O que Quil? — bati as mãos nas calças, tirando areia da minha calça.
Quil vagou o olhar de mim para Embry que já estava de pé.
— Parece que o Cullen voltou

Fanfic escrita por Ravenna

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