13 de jul. de 2010

Capitulo 8

Posted by Helena On 7/13/2010 5 comments

8DAMMIT


"Quando a chuva pára, Por uma fresta nas nuvens surge a lua cheia."
Paulo Franchetti


Dezoito horas e trinta e quatro minutos. Era o horário que o visor do meu celular indicava. Uma hora e trinta e quatro, agora trinta e cinco minutos. Era o tempo que Jacob estava atrasado, o tempo que eu estava sentada no capô do Dodge, esperando na frente do cinema. Minha maquiagem a esta altura já estava toda borrada e minha paciência já estava mais do que esgotada. Minha cabeça formulava automaticamente xingamentos impróprios, me forçando a ir embora pra casa, mas meu coração e minhas pernas me impediam de uma forma estúpida de sair dali.
Eu sabia, de uma forma ou de outra que ele não viria mais, ao menos não pra ver o filme. Tínhamos combinado de nos encontrar as seis da tarde, na frente do cinema em Port Angeles, para assistirmos a sessão das seis. Eu apareci, já Jacob. Já se tornava rotina a forma que eu insultava Jacob quando ele estava longe, mas bastava ele entrar em meu campo de visão que as coisas saiam do controle de uma maneira que eu não saberia explicar. Algo além do meu controle, e eu me achava bastante patética por conta disso.
Eu cruzei as pernas, amarrando pela décima vez o meu all star surrado. Enquanto tentava repassar mentalmente o motivo de eu ter convidado Jacob para ir ao cinema. Mais uma vez um de meus impulsos involuntários, ou podemos chamar também de “uma-língua-maior-que-a-boca”. Porque eu não chamei Embry? Era a pergunta que assombrava minha mente. Embry parecia tão mais atencioso, tão mais engraçado, tão mais sorridente, tão menos complicado, tão, tão. Tão certo. Bufei, chutando uma pedrinha solitária que vagava pela de carros a minha frente. Levantei o olhar do asfalto imundo e corri os olhos pela calçada cheia de adolescentes, criando fila na bilheteria.
Todos rindo e de mãos dadas com seus respectivos amores. Fiz uma careta enojando tudo isso. Eu sempre tive dedo podre pra essas coisas. Sempre. E eu só queria acertar uma vez, uma única vez. A única coisa que eu queria agora não era o frio na barriga que me dava toda vez que Jacob me beijava, não era a minha garganta seca sempre que ele sorria idiotamente, muito menos aquele imã estúpido que me puxava pra perto dele toda vez que ele estava longe demais. Eu queria poder ter a escolha te trocar tudo isso por aquela mão quente de Embry na minha, tal como ontem de manhã na praia, e toda a segurança que ele me passava.
Por mais que eu não quisesse admitir, por mais que eu não tivesse percebido, eu sabia que estava me apaixonando de uma forma absurda por Jacob. E eu não conseguia me lembrar quando foi que isso aconteceu, porque diabos eu consegui essa proeza. Eu podia, eu podia não, eu devia ficar com Embry. Ele era um cara lindo, e eu sabia que gostava de mim, ele só estava esperando uma chance e eu teria toda a segurança que precisasse. Já com Jacob.... era ser inconstante demais. Bastava Bella estalar os dedos e eu tenho a completa noção de que Jacob sairia correndo pros braços dela. Eu não passaria de uma garotinha pra passar o tempo, que o divertia e o consolava quando não tinha ninguém melhor pra isso.
Suspirei passando as mãos pelos cabelos e saltando do capô do carro. Soquei as mãos nos bolsos e tirei os dois ingressos de “O massacre dos vampiros sem-cabeça” que eu havia comprado mais cedo. Eles não serviriam mais pra nada, eram pra sessão das seis que acabaria daqui a quinze minutos. Andei até a lixeira próximo a guia e dei um jeito de eles caberem lá dentro, mesmo o lixo estando abarrotado de pacotes de Mc’Donalds. Talvez fosse esse o meu problema, talvez eu não gostasse de segurança, mesmo parecendo o mais certo. Talvez a inconstância que me deixasse tão atraída por Jacob.
Girei nos calcanhares tão absorta na minha análise psicológica, que tropecei em um dois calcanhares que estavam parados a dois centímetros de mim. Cai desastrosamente aos pés daquele ser estranho, e sua risada ecoava pela rua. Mas que merda, isso já estava virando rotina! Eu tinha noção que todos dali me olhavam minuciosamente. E eu apenas decidia-me entre encarar a multidão de olhos ou ficar estirada no chão fingindo inconsciência até que alguma ambulância chegasse e então eu estivesse sã e salva.
Mesmo antes de eu me decidir, senti duas mãos grandes e fortes me erguendo pelos ombros. Assim que meus pés se firmaram no chão, dei duas batidas na roupa para limpá-la e encarei dois olhos acastanhados me fitando mais acima. Demorei-me um pouco piscando e assimilando aquela figura em minha frente. Quem me puxou era um homem tão pálido que eu podia jurar estar morto, ele era muito forte e do tamanho de Jacob, se não fosse maior. Seus olhos quase cor de mel faziam contraste com sua pele pálida. Ele era muito bonito, era uma beleza quase surreal.
— Ei moça! — pisquei duas vezes, ouvindo a voz dele tilintar nos meus tímpanos. — Está tudo bem?
Assenti duas vezes, passando as mãos nos cabelos, confusa.
— Tem certeza? — ele riu, com sua voz grave ecoando pela rua.
— Tenho.
— Sou Emmett, Emmett Cullen. — Ele sorriu e estendeu a mão para me cumprimentar.
Arregalei os olhos, abobada.
Aproximei minha mão da dele, mas antes de que elas se encostassem eu recuei um pouco. Antes de que ele percebesse uni as mãos em um aperto desajeitado — minha mão era pequena demais pra dele. Ele era gelado, gelado demais pra quem estava acostumada com o calor dos Quileutes.
— É, é o Cullen? — eu resmunguei quando separamos as mãos.
— Sou — ele assentiu e eu mais do que depressa enfiei minhas mãos nos bolsos do casaco tentando esquentá-las.
— É o Cullen, da Bella? — eu me achava ridícula. Mas era só isso que passava pela minha cabeça. Ele era lindo, mas era ridiculamente gelado! Eu não conseguia encontrar um motivo bom para Bella trocar Jacob por esse cara.
O grandalhão de gelo riu de novo. E eu continuava séria, com meu cérebro trabalhando a mil, tentando achar o maldito motivo.
— Não, na verdade não. Eu e o Edward somos bem diferentes — ele sorriu, com seus dentes pontiagudos reluzindo pra mim. — Eu costumo ser mais bonito que ele, se você quer saber. — encostou a mão pelo queixo como se estivesse pensando. Ele era um mau ator, se vocês querem saber.
— Mas você conhece a Bella? — ele parou de rir e me encarou. Eu fiz uma careta, girei os olhos.
— Luh! — Ouvi uma voz afobada alguns metros atrás de mim. Passei a mão pelos cabelos.
Eu já sabia quem era e sinceramente não estava nem um pouco a fim de escutar as desculpas esfarrapadas dele.
— Me desculpe Cullen, mas eu preciso ir. — Abanei a mão e segui impaciente em direção ao Dodge parado mais a frente.
— A gente se vê. — escutei o grandalhão murmurar, enquanto eu procurava as chaves do carro nos bolsos do casaco.
— Luh! — a voz de Jacob estava muito mais próxima eu quase podia notá-lo no meu encalço.
Abri a porta do Charger e sentei no banco. Fechei a porta bruscamente e notei um par de mãos apoiando-se nelas em seguida.
— Luh, por favor...
Girei as chaves do carro, que conspirava contra mim. Uma, duas, três tentativas e nada dele pegar. Parei de girar a ignição, fechei os olhos e contei até três, tentando me acalmar.
— Luh, não finja que eu não estou aqui, mas que merda! — Jacob deu um soco na lataria do meu carro, fazendo com que eu abrisse os olhos rapidamente. — Porque você é assim?
Coloquei a cabeça pra fora do carro e observei um leve amassado que ele havia feito com o soco. O encarei perplexa pela primeira vez no dia. Ele estava péssimo! Olheiras sob os olhos, um short jeans rasgado e uma regata branca como de costume, ele não sentia frio! Eu estava quase congelando mesmo com o casaco!
— Porque EU sou assim? Droga Jacob, olha o que você fez! — Sai do carro apressada e apontei o amassado na lataria. Ele apenas fitou o local, bufou uma vez e apoiou a testa no teto do Dodge, tentando se acalmar.
— Me desculpe. — ele sussurrou ainda apoiado na lataria.
— “Me desculpe”, Jacob? Nem sempre as coisas podem ser resolvidas somente com palavras, as vezes temos que fazer as coisas pra que dêem certo. — cruzei os braços, virando de costas pra ele. Se eu não tivesse que o encarar eu tinha certeza que a discussão seria melhor pro meu lado.
— Droga eu fiquei nervoso ta legal? Eu fiz tanto esforço pra vir te ver e quando chego aqui você... você estava conversando com um deles. — a voz dele saiu urgente e desesperada. Eu ri sarcástica.
— Então é isso?
— Droga, só fique longe deles, ta legal? É pedir muito?
— Qual é o problema com eles? Vai me dizer que todo e qualquer coisa de ruim que acontece na sua vida é culpa dos Cullen? — virei-me o encarando de frente, pronta pra briga.
— Digamos que sim. 90 % dos meus problemas eu diria que são causados por eles. — eu não preciso nem dizer que Jacob estava tremendo. Eu já nem ligava mais, isso já havia virado rotina em situações como essa. Já era de coisa-de-Jacob.
— E qual seria o culpado dos outros 10 %?
— Você. — ele cuspiu a palavra e eu paralisei.
A rua já estava deserta, as poucas pessoas que ainda a habitavam fingiam não presenciar aquela briga. E eu sabia que tudo ia voltar a ser como antes. Uma pequena palavra de quatro letras, me fez desmoronar. Eu só respirava por obrigação, meus olhos se encheram de lágrimas que eu proibia de cair, eles estavam focados na figura de Jacob a alguns passos de mim, tão paralisado quanto eu. Foi ai que eu senti, aquela primeira gota companheira molhar meu rosto. Já fazia quase um mês que eu não me sentia assim. Quase um mês que minha vida começou a criar vida. Mas eu sabia que essa sensação iria voltar. E eu a senti de novo. Senti meu coração parando de bater aquele ritmo acelerado.
As gotas caiam com mais vontade, molhando meus cabelos recém escovados para o encontro. Engoli em seco e passando a mão pelo cabelo embaraçado entrei no Dodge o mais rápido que pude. Jacob não me seguiu, o que eu agradeci mentalmente. Eu acelerava enfurecidamente pela estrada, aquela palavra ainda ecoava na minha cabeça: você. Você. Eu sabia, todas as minhas suspeitas eram verdade. Eu não era nada pra Jacob. Era somente mais uma pedra no sapado entre ele e Bella. A chuva urrava, chocando-se contra a lataria do carro. Eu só queria esquecer, desaparecer, fugir de Forks que nem eu fugi de Phoenix. Talvez eu fosse morar no Alaska, distante o bastante de garotos machistas. Apesar de tudo eu ainda acho que os garotos em La Plush eram diferentes do de Phoenix. Mas eu conseguia gostar do único terrivelmente igual.
Estacionei o carro de qualquer forma na guia enlameada próxima a porta. Movi-me vagarosa até dentro de casa, aproveitando a água da chuva, tentado fazê-la melhorar meu estado. Bati a porta de casa e incrivelmente meu pai estava lá. No único dia em que eu não queria vê-lo, ele estava lá, jogado no sofá, sorrindo e provavelmente queria saber como foi o meu dia. Corri escadas acima, tentando inutilmente passar despercebida. Logo que entrei no quarto ouvi passos apressados de Joseph logo atrás de mim.
— O que foi filha? — Ele colocou a cabeça para dentro do quarto e eu já juntava os bolos de roupa, jogando-as em cima da cama.
— Eu vou embora. — resmunguei sem encará-lo.
— O que aconteceu? Filha você não... por favor. — ele implorou, chegando mais perto e pegou no meu ombro.
— O que aconteceu Luh?
— Pai, só quero ir embora, ok? — falei com a voz embargada dizendo ao contrário das palavras. Eu não queria ter que falar sobre aquilo, ainda mais com meu pai.
— Você brigou com alguém? — sua voz preocupada cortava o meu coração em pedaços menores do que já estavam.
— Mais ou menos pai. — joguei a mala em cima da cama.
— Com o Embry? — parei de socar as roupas na mala e respirei fundo quando ouvi o nome de Embry. Ele merecia tanto, nós merecíamos.
— Não pai, não foi com ele.
— Com quem então? — Ele parou ao meu lado, fitando-me com os olhos caídos sobre mim.
— Eu não quero falar sobre isso. — fechei os olhos, tentando esquecer ao invés de lembrar, e senti os braços protetores de Joseph envolvendo-me. Eu retribui o abraço com toda a força que pude.
— Ok, não vamos falar. — houve uma pausa. — Mas filha, — olhando nos meus olhos ele completou, quase me sufocando com aquele olhar. — Você não pode ir embora, não agora, ainda não. É importante que você fique, por favor Luh.
Inspirei derrotada, escondendo meu rosto na curva de seu pescoço e largando as roupas por ali, jogadas.
— Está bem, mas não reclame se eu ficar trancada aqui no quarto.
Ele sorriu fraco e nos desfizemos o abraço.
— Obrigado. Tudo vai melhorar logo, confie em mim. Só fique bem por enquanto, ok? — eu assenti com a cabeça.
— Posso ficar um pouco sozinha? — Ele me olhou, fazendo sua análise.
— Tem certeza de que não quer falar sobre o que aconteceu?
— Tenho.
— Ok — Ele beijou o topo da minha cabeça e deu meia volta deixando-me sozinha de novo.
Desabei na cama, sobre o bolo de roupas, e encarei o teto sem querer pensar em nada. Talvez fosse a hora de eu encarar esse problema, um dos tantos. Embalada pela chuva pesada que ainda caia, mesmo ainda sobre o bolo de roupas amarrotada, mesmo com a roupa e os cabelos encharcados, o cansaço me dominou e eu cai no sono.
Chovia muito e eu estava correndo pela floresta. Era diferente da ultima vez, eu não me sentia perdida, ao contrário eu corria tão rápido que mesmo com a visão embaçada, eu sabia de uma forma inexplicável aonde estava cada arvore, cada galho e qual direção tomar. Eu não enxergava um palmo à frente do rosto, hora por culpa da chuva, hora por conta da velocidade em que eu corria. A sensação das gotas pesadas se misturando com o vento cortante se chocando contra o meu rosto era indescritível. Eu pisava macio nas folhas do chão, era como se eu pisasse com a maior segurança do mundo. Nada podia me abalar, de repente o dia ruidoso ficou estranhamente barulhento.
Eu ouvia vozes confusas distantes, mas cada vez mais elas ficavam mais nítidas.
— Luh, Luh. Você precisa voltar! — Ouvi Seth gritando na minha cabeça.
— Vai ficar tudo bem Luh, eu te prometo, só não faça isso. — Agora era Embry que estava dentro da minha cabeça, me suplicando. Não importa o que eles falavam, parecia não me abalar nem um pouco, eu não parava de correr.
— Luh, você não pode fazer isso sozinha, pare com isso! — Sam resmungou e eu balancei a cabeça, tentando de uma maneira inútil tirá-lo da minha cabeça. Eu não queria voltar, mas sabia que se ele falasse, eu teria que fazê-lo. — Volte agora Luh.
Minhas patas brecaram com força na terra enlameada do chão. Tropecei um pouco até parar de vez por causa da velocidade em que eu corria. Inspirei pesado através do focinho e girei dando meia volta, derrotada.
— Não fique brava. Arranjaremos um jeito de salvar Jake, não se preocupe. — Agora era Quil quem tentava me acalmar.
De repente tudo ficou escuro e o chão pareceu distante demais pra ser pisado.
Acordei ofegante, passando uma mão pela testa para desgrudar o cabelo ainda molhado da chuva e a outra mão esbarrei desastrada na cômoda ao lado da cama, o que fez o copo de água se despedaçar no chão.
Droga! Eu era um lobo? Igual aquele que vi na floresta no dia do vulto? Sentei na cama, espalhando todo o bolo de roupas pelo chão do quarto. Joseph entrou no quarto correndo, ainda de camiseta e boxers, com a cara amassada de sono.
— O que foi Luh?
— Eu tive um... pesadelo. — falei tão baixo que nem eu escutei direito por causa da chuva que não havia diminuído nem um pouco. Eu ainda estava atordoada, as imagens e sensações do sonho ainda passavam na minha mente, tão nítidas quanto antes.
— Com o que? — ele se sentou ao meu lado, passando a mão pelos meus cabelos ainda colados na testa por causa da chuva.
— Eu... — fiz uma longa pausa, tentando assimilar o que eu iria dizer. — era um lobo. — Joseph me olhava atento. — Os rapazes falavam na minha cabeça, — eu fitava minhas próprias mãos sobre as pernas. — Parecia tão... real.
Ouvi um suspiro e senti meu pai se levantando.
— Vista-se Jess, vamos falar com Sam.
— O que? — olhei-o atordoada. — Pai ainda é de madrugada!
— Eu sei, mas isso já esta saindo fora do controle. — e então ele saiu do quarto, sem nem me olhar. 
 
                                                                                       Fic escrita por Ravena

5 comentários:

NOSSA TA MARAH... MUITO ANSIOSA PARA OS PROXIMOS CAPITULOS, BEM EU Ñ POSSO CONCORDAR COM O EMM, O ED É MAIS BONITO :o KKKKK
POSTA MAIS PLIZ .....
PARABÉNS :S
BJSCULOS ^^ :G

Nossa muito bom, amei esse capitulo, estou loca para ler os próximos capítulos! :i

Continua assim!
Parabéns! :n

:e nossa eu amei o que sera que o pai dela tava falando:n

Uau.. ameii
Sabia que a Luh iria se transformar!!
Ela tem que ficar com o Embry.. ele é tão bunitinho com ela!! E pelo menos assim ela não sofre pelo Jake!!
To amando muito sua fic já!!
Desculpa por não comentar nos anteriores, mas não consegui mesmo, até tentei, mas travava sempre!!
Parabens pela sua fic Ravena!!
Bjuss

Irielen

KARAKA TA MUITO LINDO VC É UM CRANIO SUPER ORIGINAL NOSSA MUITO BOM MESMO PARABENS

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