Amizade
impossível
Murgen
Treze
anos antes.
_Mamãe,
mamãe!
_Sim
pequena Murgen! – Murgen me encontrou, fazendo minha tarefa, cuidando de uma
baleia doente.
_Mãe
como é a superfície? – novamente essa pergunta, ela não desiste.
_É
como já disse Murgen. Não há água só ar e o povo de lá não tem calda e sim uma
coisa estranha no lugar. Essas coisas os fazem andarem como os cavalos
marinhos, na vertical. Sob esse povo temos o céu que é onde vivi os grandes
mestres, como o Pseidom.
_Como
os cavalos marinhos?! - a confusão
refletia nos pequenos olhos prata de minha única filha.
_Não
exatamente igual. Parecido! – pausei para suspirar, essa deve ser a milésima
vez que respondo as mesmas perguntas – Não sei explicar direito!
_Porque
não podemos falar com eles, mamãe?
_Claro
que podemos! Os mestres, sempre, ouvem nossas preces.
_Não
mamãe. Não os mestres. O povo da
superfície. Porque não podemos falar com eles?
_Porque
são maus, matam o que não compreendem. E os humanos não compreendem o que
somos. – esse assunto realmente me incomoda. – Invadem nosso lar e matam nossa
gente, nossos peixes. Sei que o grande eu sou, disse que eles pescariam e
deveríamos aceitar, mas abusam. E é para isso que existimos. Para proteger as
águas e tudo que nela habita, desses abusos.
_Eles
também matam crias mamãe? – minha intenção não foi assustar a Murgen, de
maneira alguma, mas parece que já assustei. Ela não precisa saber da verdade,
ainda é cedo.
_Calma
Murgen. Não fique assustada. Eles não vão te fazer nenhum mal. Ate porque, você
só vai à superfície quando tiver dezesseis anos de nascida!
_O
que é isso mamãe?
_O
que é isso, o que? Respondi sem realmente entender.
_Nascida! - esclareceu minha menina.
_Ah
sim! Quando contamos a partir do dia que saiu do ovo, chamamos de nascida. –
percebi que ela Francia a testa no esforço de compreender – E quando completa
16 anos de nascida e pode ir à superfície, que é um renascer de certa forma,
voltamos ao inicio e contamos de novo. Entendeu?
_Acho
que sim mamãe! - sorri para minha
menininha. Esta crescendo tão rápido!
_Agora
vá brincar você é nova demais pra se preocupar com isso.
_É
só que... – Murgen hesitou fitando o seu betta azul.
_Só
que ô que? Indaguei.
_Não
gosto de ter que parar as caças, toda vez que a água viva sobe. Quero poder
pega-las!
***
Três
anos depois.
_Não! Você perdeu o juízo Murgen! - meu amigo acinzentado falou bravo.
_Acalma-se
Fred. Só vou pegar-la. – meu golfinho
soltava sons de angustia pela minha teimosia. Eu estava muito perto da
superfície. A água viva, alvo de nossa disputa, acabou de subir e eu posso pega-la.
– falta pouquinho agora!
_Murgen,
sua travessa, estamos perto da praia, se não sabe pode ter humanos lá – às
vezes, eu queria não poder entender os animais marinhos, só para não ouvir esse
tipo de coisa!
_Não
seja burro Fred! Estamos em Atlântic, e é uma ilha deserta, mamãe diz que só os
mestres vêm aqui.
_Com
certeza, a rainha Mary Walter, também disse que é proibido, até você ter 16
anos! – me corrigiu ameaçador. Parei e perguntei.
_Fred
você não vai contar a ela?! Não é?!
_Porque
não contar? É esse meu trabalho! Tomar conta de você. – ele estava certo de que
deveria fazer isso.
Eu
detesto fazer isso, mas... Não tem outro jeito. Olhei em seus olhos os
prendendo aos meus. _Fred você não vai contar, nada do que vou fazer agora,
para o rei e a rainha. – usei meu dom – seu olhar ficou vazio e logo concordou
com um aceno de focinho.
Minha voz firme faz com que, acredite que se
decidiu sozinho. Não sei se funciona com pessoas, mas com os bichos tenho
certeza, não é a primeira vez que uso. Descobri que posso os fazer mudarem de
opinião, tem pouco tempo. Nunca tive coragem de tentar com meus pais. E graças
a esse dom. Agora, vou finalmente pegar a maior água viva, mostrar a todos, que
posso participar desse esporte. Estiquei-me e minhas mãos não receberam a
queimadura que esperava, mas tocaram outras mãos. Mãos macias e secas!
Uma
menina, de cabelos marrons e olhos azuis, que parecia ter o mesmo tempo que eu,
solta minhas mãos e sorri pra mim. E agora?!
***
_Oi!
– a menina estranha disse, segurava minha água viva em uma das mãos.
_Você
fala? Nossa! Seus olhos são diferentes! - Falou seguindo meu olhar ate a água
viva.
_Você
a quer? - Fiz que sim com a cabeça. Ainda com medo de falar.
_Então
toma! - Hesitei em pegar.
Ela encolheu as mãos murmurando:
_É,
elas queimam mãos humanas. Minha mãe já me disse isso! – a menina esta na areia
clara, como as do fundo das águas, só que secas!
_Meu
nome é Hera, você quer brincar? – Ela esperou minha resposta que não veio. A
menina me assusta. Não tem calda, é como se tivessem cortado no meio e onde
deveriam estar suas barbatanas, tem uma coisa plana e com divisões nas pontas.
Bizarro!
_Fique
em pé. – me pediu sorrindo, se soubesse o que é isso atenderia. - Aqui é raso.
Não precisa ficar sentada ai pra sempre!
_
O que é sentada? Perguntei curiosa, gostei da menina, apesar das bizarrices,
queria atende-la.
_O
que?! Você não sabe o que é sentar? - Ela balançou a cabeça e dobrou a coisa
estranha que tava no lugar da calda. – isso é sentar! - A menina sorria. –
agora estou sentada!
_Qual
o nome disso? - Apontei para a coisa que estava dobrada.
_O
que? Isso? – ela, pois as mãos na tal coisa – São minhas pernas! E você fala
afinal!
_E
o que é isso? - Agora apontei para a coisa plana.
_Meus
pés! São iguais aos seus não? Você não é humana?
_Humana!
Você diz o povo da superfície! - pausei
pensando o que ela queria dizer com isso - Não. Não sou humana! Você é. Não?
_Povo
da superfície?! Repetiu confusa – Não. Não sou humana! – Francia a testa, então
tentei explicar!
_Meu
nome é Murgen, Sou uma Walter! – Levantei minha calda para ela ver. E quem
parecia assustada agora, era ela!
_Você
é uma sereia! – falou surpresa.
_Sereia?!
O que é isso? Não sou isso. Sou um Walter. E você o que é?
***
Fic em conjunto
Capitulo Marilan
2 comentários:
nossa q encontro lindo e marcante eu gostei miuto do dialogo delas Marilan parabens vc escreve muito bem ........e eu amo essa fic
obrigado ze!
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