10 de set. de 2010

Capitulo 12

Posted by sandry costa On 9/10/2010 3 comments


Uma Vida Inacabada



Eu nunca deixo de estranhar a família de Carlisle e, por muitas vezes, me peguei imaginando como era sua vida antes de Esme ou seus “filhos”, eu sei que ele viveu uma época com aqueles três tarados italianos mas, ainda assim, me pergunto o que o levou a transformar pessoas moribundas em vampiros. Imagino que Carlisle fosse imensamente solitário perdido em seus pensamentos até resolver salvar pessoas e dar-lhes uma segunda chance com a vida eterna... acho que não é uma decisão fácil de se tomar e, por mais bizarro que pareça, acho que Carlisle conseguiu transformar seu sonho em realidade constituindo uma família tão grande, feliz e estranha.

O clã dos Cullen possui seus membros especiais como Edward, Bella, Alice, Jasper e Nessie mas, eu admito que o dom especial mais impressionante é o de Carlisle: a humanidade. É difícil definir Carlisle e Esme para quem é de fora, aparentemente parecem dois jovens com seus 27 ou 29 anos de idade e recém-casados; Esme possui uma beleza recatada e maternal como se ela tivesse nascido exatamente para ser mãe e Carlisle possui uma tranqüilidade absurda estampada na cara...é impossível tirar ele do sério eu acho; eles emanam uma aura de bondade, sensibilidade e carinho e são o centro da família Cullen.

Os dois estão sentados ao lado de Kaori olhando-a ternamente e curiosos com a sua história, eu me sentia tranqüilo e descansado e desconfiei que talvez Jasper estivesse acalmando a todos com seu dom; Alice e Bella estavam sentadas no outro sofá, Alice com um braço em volta de Bells e o outro mexendo distraidamente em seu cabelo curto e bagunçado. Emett tinha um sorriso estranho no rosto e Rosalie olhava para Kaori com profundo interesse. Edward estava parado atrás do piano.

Nessie não falou mais comigo.

- Então, Kaori – começou Carlisle suavemente – O que trás você a Forks?
- Eu...não vim aqui propositadamente. Apenas segui correndo e acabei chegando até o território de Jacob.
- A Reserva La Push não é de Jacob, ele apenas mora nela. – Disse Nessie de súbito.
- Sim, me desculpe, eu não quis dizer isso.
- Mas você viaja sozinha? - perguntou Esme.
- Sim, viajo. Já havia visto grupos de vampiros, dois ou três no máximo mas nunca uma família tão grande quanto à de vocês e, principalmente, fixadas com uma residência.
- Sim, somos incomuns mesmo. – sorriu Carlisle para ela – Mas não precisa ficar com vergonha, Kaori, você pode nos contar o que aconteceu com você, talvez possamos ajuda-la.
- Eu não sei ao certo o que aconteceu, num momento eu viajava pelos arredores de Washington e Seattle e no outro estava sendo caçada por dois vampiros estranhos.
- Caçada? - perguntou Jasper interessado.
- Sim. Algo muito estranho, eu jamais tive problemas antes pois sempre evitei outros vampiros, desta vez só não fui morta porque ao atravessar a fronteira da Reserva eles deixaram de me perseguir, por algum motivo eles não entraram aqui.
- Claro que não. – ribombou Emett do canto da sala – Há quarenta lobos maiores que bois aqui, vampiros não entram em La Push desse jeito.
- Eu entrei, mas não sabia que existiam lobisomens aqui, na verdade, nem sabia que lobisomens existiam.
- É isso o que me deixa mais cismado. – começou Jasper – Você nunca esteve aqui e por isso cruzou a fronteira sem saber dos lobos, mas os outros vampiros não, era de se esperar que eles viessem atrás de você mesmo assim. O que me parece estranho...como se eles soubessem o que havia em La Push e não entraram porque tinham consciência de que se o fizessem não sairiam com vida.
- Hum... – gemeu Alice – Acho que Jass tem razão.
- Bem, mas porque eles estavam te caçando afinal? - perguntou Bella – O que você fez para eles?
- Não sei explicar, é tudo tão confuso.
- Nós temos um meio de ver suas lembranças se você nos permitir, Kaori. – disse Edward – Minha filha Renesmee tem o dom de absorver memórias e conversar por pensamentos ao tocar as pessoas e a habilidade dela funciona mais ou menos como a sua, todos nós podemos ver o que você passou. Se você não se importar é claro.

Kaori me olhou e sua voz tocou minha mente e eu soube que ela falava apenas comigo.
“Você acha que eles estão tentando definir se digo a verdade?”
“Não Kaori, eles estão apenas tentando ajuda-la. Eles não têm intenção de lhe fazer mal e não estão dizendo que você está mentindo, acontece que esta família já foi vítima de uma conspiração antes que quase levou todos a morte e eles têm razão para desconfiar de vampiros rondando os arredores. Eu não sei o que você viu mas não custa darmos uma olhada para definir alguma coisa e poder te ajudar de repente”.
- Tudo bem. Se é importante para vocês. – Ela disse finalmente.

Logo estávamos num circulo fechado em plena sala de estar. Nessie – meio a contragosto na verdade – estava segurando a mão de Kaori e, por sua vez eu a dela; Edward tinha a mão sobre meu ombro e Bella o abraçava pela cintura, Alice abraçava Bella com Jasper segurando seus ombros, Emett sem noção segurava a cabeça de Jasper para provoca-lo e Rosalie segurava a mão de Emett; Esme estava abraçada a Carlisle que, por sua vez segurava nos ombros de Rosalie.
Se alguém olhasse de fora iria pensar que éramos macumbeiros...com certeza. Parecia uma oração em grupo e eu não pude deixar de rir até que Edward me cutucou para eu me concentrar.
- Kaori, tudo o que você lembrar nós veremos. Se você quiser aproveitar e nos contar sua história nós ficaríamos verdadeiramente lisonjeados e, desta maneira, provavelmente poderíamos ajuda-la melhor. – Carlisle disse sorrindo ternamente para Kaori.
Ela concordou timidamente com a cabeça, estava olhando para nós com um pouco de apreensão mas eu podia entende-la, ela estava cercada por uma gangue de vampiros mais um lobisomem, sinceramente, não sei como eu consegui convence-la a vir até aqui; eu fiquei novamente com pena de Kaori, ela se sentia sozinha e amedrontada com tudo e pelo visto havia “morado” naquela árvore no meio do pântano durante algumas semanas, eu não sei o que ela havia passado mas estava preste a descobrir.

Só não imaginei que ficaria tão chocado.

Subitamente fez-se um silêncio absurdo, tão profundo que pensei ter ficado surdo, em seguida uma miscelânea de cores e formas atingiu minha mente me fazendo suspirar alto; havia sons e sentimentos de medo por todos os lados, uma correria, gritos, pedidos de socorro, solidão, escuridão e silêncio. Eu percebi que Kaori regredia em suas lembranças para nos mostrar o que ela queria que víssemos para tentar compreender talvez o que ela fazia ali.

De repente eu estava vendo uma fazenda grande cujos campos de trigo corriam altos e dourados por vários hectares de terra, o céu muito azul não era maculado por nenhuma nuvem e um vento de primavera varria lentamente a poeira de uma longa estrada de terra; no fim da estrada havia uma casa grande de madeira com dois andares e varandas sossegadas que circundavam todo o casarão.
Um cão latia do quintal onde alguns maquinários de arar a terra estavam parados, um homem de macacão azul mexia num motor e seu rosto sujo de graxa me pareceu familiar por alguns instantes; era óbvio que este pensamento era antigo, de décadas passadas a considerar pelo carro estacionado no celeiro e pelo vestido que uma mulher usava, ela cruzou a varanda em direção ao homem segurando um jarro de limonada gelada. Era jovem e bela, os cabelos negros ondulando ao sabor do vento, seu rosto oriental sorrindo e feliz como uma manhã de natal. Kaori.
- Está terminando? - perguntou ela  com o sotaque carregado do meio-oeste do país.
- Acho que sim, esta porcaria de arado deu em alguma pedra no meio do caminho novamente, eu não sei o que anda acontecendo para ter tantas pedras em meio ao trigal.
- Tome. – ela ofereceu um copo de limonada que o homem tomou de um gole só.
- Ah, o que eu faria sem essa minha linda esposa? - o homem então se livrou do motor e agarrou Kaori pela cintura erguendo-a no ar e beijando-a, ela riu e retribuiu o beijo dele.

Então, Kaori já fora casada em uma outra época, já tivera uma casa e uma família; o que será que teria acontecido?

- Você está me deixando toda suja de graxa, Damon.
- Não tem problema, te dou banho depois...
Os dois ficaram ali rindo alto e era claro que se tratava de um casal recente. Kaori estava linda naquele vestido estampado de flores, ela estava estranhamente diferente desta garota que conheci hoje, seu rosto era leve e alegre como se não houvesse nada no mundo capaz de desfazer a felicidade que ela sentia; o sorriso brotava fácil de seus lábios enquanto ela ficava ali nos braços de seu marido.
Subitamente, em meio aos gracejos e risos do jovem casal, um cavaleiro apontou na estrada de terra se deslocando rápido como o vento e erguendo nuvens de poeira em sua corrida desabalada. O rapaz se afastou um pouco de Kaori e murmurou algo ao vento.
- O que foi, Damon? - perguntou Kaori estranhando.
- É Eliot... aconteceu alguma coisa, ele não deveria estar aqui há esta hora e está vindo rápido demais.
 - Será que ele encontrou outra?
- Espero que não meu amor...espero que não. Se quiser entrar...
- Não. – disse Kaori ficando ao lado do marido – Eu espero aqui com você.

Logo, talvez nem mesmo um minuto depois o cavaleiro chegou até eles. O cavalo estava cansado evidenciando uma longa jornada a total galope e o cavaleiro estava esbaforido,  seu chapéu de feltro marrom jogado para trás e seu rosto encharcado de suor.
- Patrão. – começou o homem com a voz rouca.
- O que foi, Eliot...não me diga que...
- Sim senhor – respondeu o homem com urgência – Mais uma, além do ultimo campo de trigo que plantamos, no pasto do terreno arrendado; os cães farejaram e encontraram a carcaça, do mesmo jeito que a outra.
- Sem sangue... – afirmou com assombro Damon.
- Sim patrão, nenhuma gota de sangue... a carcaça deve ter menos de um dia e não tem nenhum marca de tiro ou outra coisa; se for algum coiote...
- Coiotes não matam vacas de 600 quilos, Eliot. Nem um bando deles tampouco, o velho Orsom aqui ao lado teve problemas com coiotes mas eles matavam galinhas e ovelhas...coiote algum mata vaca e nunca ouvi falar de coiotes que sugam sangue...que tipo de animal daria cabo a tanto sangue assim?
- Não sei patrão, mas acho melhor o senhor ir lá porque o Stevie ta querendo chamar o Reverendo Willian para exorcizar a fazenda.
- Pois volte lá e diga ao Stevie que se a fazenda precisar de exorcismo eu mesmo chamo o Reverendo, eu já estou indo e provavelmente teremos de passar algumas noites em claro para pegar o maldito que anda sugando o sangue do gado.
Damon então virou-se para Kaori dizendo:
- Fique aqui com Kevin, eu vou até lá e volto antes do anoitecer.
- Damon, por favor, tenha cuidado.
Ele beijou Kaori e correu até o celeiro onde estava parado o carro, o motor rugiu alto e Damon saiu rápido formando uma nova nuvem de pó pelo caminho; Kaori ainda olhou o marido por um tempo até o carro desaparecer na curva longínqua e então entrou dentro da casa. Os móveis eram bonitos mas tinha um tom antigo e forte, a sala era ampla e cheia de pequenos enfeites de gesso pintados à mão, Kaori subiu pelas escadas até o andar superior onde ficavam os quartos; na primeira porta à esquerda ela entrou e eu pude ver um alto berço de criança de onde vinham sons de riso sincero. Kaori olhou então o filho, tinha os olhos levemente puxados e os cabelos escuros como os da mãe, ela pegou o pequeno no colo e foi até a janela de onde admirou o verde-dourado da plantação de trigo, suspirando alto ela sussurrou no ouvido do da criança.
- Não se preocupe, meu pequeno Kevin... papai volta logo.

De repente um novo turbilhão de cores me atingiu quando Kaori avançou suas lembranças, eu senti a mão de Edward apertar meu ombro e percebi que todos se sentiam angustiados como eu...nós podíamos prever o que viria em seguida. De repente o caleidoscópio luminoso diminui de velocidade até que parou e eu me vi num cômodo escuro da casa onde Kaori morava...havia gritos de homens lá fora.
- Patrão – gritou alguém – Ele pegou o Stevie...ele pegou o Stevie...
- Atire no desgraçado...atire na cabeça – berrou Damon de algum lugar lá fora.
- Ele não cai...o desgraçado não cai...
Tiros e gritos continuaram, eu vi Kaori colada aterrorizada contra a parede da cozinha e em seu colo o pequeno Kevin chorava a plenos pulmões, do nada um homem entrou correndo pela sala e veio até ela, seus cabelos brancos iluminaram-se com o clarão dos tiros lá fora e sua batina preta esvoaçava atrás das pernas enquanto ele andava rápido.
- Reverendo...o que é? - perguntou Kaori amedrontada.
- É o demônio, minha filha, ele não morre...levou tantos tiros e não cai...ele fica rindo e correndo rápido como o vento desviando das balas e sumindo na plantação...ele volta rindo e começa tudo de novo, ele levou Stevie para o meio do trigal...
- Meu Deus...Damon?
- Escute, saia pelos fundos e fuja...fuja daqui com a criança e não volte...estamos todos condenados...fuja menina...FUJA.......
O padre saiu rápido e só então eu notei que ele carregava um longo rifle de caça, sua silhueta estampou a porta por uns instantes e ele saiu para a noite amaldiçoada onde homens morriam gritando e balas de metal não surtiam efeito na criatura que agora os desafiava. Eu cerrei os dentes de ódio.
Kaori agarrou com força o filho e correu pela casa, mas ela não saiu pelos fundos e sim pela frente...ela tinha que ver o marido e ver se estava bem, eu me retesei quando vi o que esta atitude causaria. Kaori saiu para a varanda a tempo de ver o mostro quebrando a espinha do Reverendo, o rifle caído no chão impotente, o som dos ossos quebrando ecoou na noite escura e balas voaram contra o corpo da criatura.
- Desgraçado, bastardo do inferno...maldita cria do diabo – berrou Damon.
Ele empunhava um antigo Colt e descarregou o tambor inteiro de balas contra o vampiro, o som era semelhante a quando você bate uma pedra contra outra, as balas não vaziam efeito...nem sequer podiam arranhar o vampiro. A criatura então olhou para Kaori com os lábios arreganhados num prazer insano e desvairado; nunca vi nada como aquele vampiro, nem mesmo quando Vitória nos atacou com seu exercito de vampiros. Era doentio, seus olhos vermelhos ígneos incendiavam a noite e seu rosto deformava-se com o prazer sádico da matança, seu cabelo desgrenhado dava a ela um aspecto selvagem e obsceno...ele passou a língua pela boca e sua voz diabólica cortou a noite como um trovão:
- Sangue de criança....sangue de criança...coraçãozinho cheio de sangue.
- Kaori...corra...CORRA e não olhe para trás. – berrou Damon.

E ela correu. 


Autor Angus

3 comentários:

Meu Deus!!! :p eu vou morrer de ataque cardíaco! quero mais! o que acontece com a criança! ai meu Deus!... Angus vc ta de parabéns sua fic é realmente incrível! :n :g

Angus, sua fic é perfeita, vc escreve muito bem, parece profissional!!!! Muito ansiosa pelo próximo cap, por favor não demora, não!!!! E, please, reforça o amor de Jake por Nessie, já tô ficando agoniada, parece até que ela não é a alma gêmea dele e ele tá tendo uma quedinha por outra, aff, não faz isso, pelamordedeus rsrsrsrs...

nossa q horror ela passou q sera q aconteceu depois... ai curiosidade mata...mas vc escreve com uma clareza q me falta ate palavras pra descrever como me sinto quando leio algo q vc escreveu vc é simplismente brilante parabens

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