Capitulo 25

Romeu e Julieta



Passaram-se cinco dias que não se passaram; o tempo não parecia seguir seu curso natural e todos os relógios em que eu olhava pareciam quebrados porque as horas não avançavam, o sol levava uma eternidade para percorrer seu caminho pelo céu e o dia parecia ter mil horas. A noite também estava estática e nada do que eu fizesse aliviava esta minha impressão de que o mundo parou de girar, ficar sem ver Renesmee foi como se me tirassem todos os sentidos, o mundo tornou-se monocromático e os aromas e gostos não me davam mais prazer... era um universo sem vida, sem sentimentos e completamente silencioso.

Meu pai estranhou a minha súbita indisposição assim como muitos outros, Sam me ligou hoje cedo perguntando se estava tudo bem, ele se preocupou com a minha ausência... mas eu não queria me transformar num lobo para que todos os outros soubessem imediatamente o que se passava na minha cabeça e o que tinha acontecido entre mim e os Cullen.
Parecia um labirinto sem saídas cujas paredes eram altas demais para que eu pudesse transpô-las apenas com a minha saudade de Nessie, tudo estava precisamente ruim e eu me recordei de uma época assim há anos atrás quando eu sentia a angustia me corroer toda vez que pensava em Bella.
Eu havia tentado ligar no celular de Renesmee mas só caía na caixa postal e desconfio que Edward o tenha confiscado para que eu não entrasse em contato com ela, achei uma atitude meio século XVIII, mas, no fim, eu sabia que era perfeitamente normal vindo de Edward... ele sempre foi tão tradicional que fico me perguntando como é que se casou com Bella que é totalmente o contrário dele.

A espera me corroia, eu acreditei tolamente que poderia controlar isso e que conseguiria me manter afastado de Nessie para evitar que Edward tomasse atitudes mais firmes com ela... me enganei totalmente. Eu sou fraco longe dela. Agora havia um suspiro de chuva caindo lá fora e a janela do meu quarto embaçou com a minha respiração... eu encarei meu carro na garagem e decidi que teria que ir até a escola para ver Nessie.
Peguei a chave do Rabbit sobre a cômoda e disparei para a cozinha...
- Pai, eu vou até Forks... – eu falei com pressa.
- Jacob, espera um pouco, você pode me fazer um favor? - Billy gritou, me impedindo de sair da casa.
- Claro, pai. – eu suspirei decidido a fazer o que ele queria para poder ir de uma vez.
- Já que vai a Forks... leve estes peixes para o Charlie, não há mais espaço no congelador e eu não quero jogá-los fora.
Isso me travou completamente. Eu realmente não planejava falar com o Charlie... claro que eu não tinha certeza se os Cullen haviam contado para ele o meu lance com Renesmee, mas se Charlie soubesse era bem provável que ele me expulsasse da delegacia na base da bala ou me deixasse preso lá por uns dez anos. Uma desvantagem de um dos avôs de minha namorada ser o chefe da polícia local.
- Que foi, garoto? Não vai pegar o pacote? - Billy disse me empurrando o embrulho de papel contendo os peixes.
- Eu não volto tarde. – respondi com pesar, achei que seria melhor levar os peixes porque senão teria que explicar a meu pai o motivo por não querer ver Charlie... além disso, se o Chefe Swan me matasse a minha dor deixaria de me incomodar.... o que seria uma baita vantagem dada a circunstancia.

As estradas lamacentas da Reserva faziam o meu velho carro balançar para todos os lados, a minha pressa em ver Nessie estava extravasando pelos poros do meu corpo, para relaxar eu resolvi ligar o rádio do carro.... e, ironicamente, tocava Bad Moon Rising do Creedence. Uma música muito propicia à ocasião eu tive que admitir.
Segui direto para a Forks High School, eu pensei em me esgueirar pela escola e ficar próximo ao refeitório aonde as janelas era bem amplas e Renesmee poderia me enxergar facilmente... eu sabia que não poderia me camuflar no meio dos outros alunos porque um cara do meu tamanho não passaria despercebido, quando Nessie entrasse no refeitório eu daria um jeito de chamá-la...
Mas, no momento em que virei a esquina para entrar na rua da escola eu enxerguei... numa rua secundária sob a proteção de uma série de árvores frondosas, um conhecido Land Rover preto: Alice. Eu deveria saber que Edward enviaria alguém para vigiar Renesmee, sendo assim, parei o carro uma quadra antes e atravessei a rua do lado contrário aonde Alice havia estacionado, o carro estava virado com a traseira para a minha direção o que significava que talvez ela não pudesse me ver chegando... quando faltavam alguns metros eu peguei o celular e procurei o número de Alice na discagem rápida... ela atendeu na primeira chamada.
- Uau... – eu disse surpreso – Achei que você não me atenderia.
- Bem, eu não deveria se é o que quer saber. – A voz de fada de Alice parecia normal comigo, sem nenhum tom de acusação – Onde você está?
- Olha para o outro lado da rua. – Eu respondi enquanto acenava, Alice me viu e desligou o celular balançando a cabeça em descrença e em seguida saiu do carro para me encontrar.
- Sabe, isto não é uma boa idéia, Edward lerá a minha mente no momento em que eu pisar dentro de casa.
- Alice, eu não sei mais o que fazer. – eu disse para ela numa voz cansada.
- Não há muito que se fazer agora, Jacob. Faz pouco tempo e eles ainda estão meio... abalados.
- Eles estão muito zangados?
- Edward não fala com Renesmee e Renesmee não fala com Edward... para resumir a historia; Bella anda conversando muito com Nessie mas ela não consegue convencer Edward a reconsiderar tudo isso... Até Jasper tentou acalmá-lo um pouco mas não teve sucesso. Sabe, de todas as coisas que você já fez, esta sem dúvida foi a que mais irritou Edward.
- Isso me alegraria a tempos atrás. – eu disse num suspiro – E o resto do pessoal?
- Hum – disse Alice numa careta – Rosalie quer te matar, Esme não gosta de ver todos brigando, Emett e Jasper não esquentaram muito, Carlisle está um pouco chateado e Kaori em choque por ter te visto pelado...
- E você? - eu perguntei desconfiado.
- Ah... eu sou a menos tradicional daquela casa e não sigo muito as regras sociais, você me conhece. Acho que foi muito inocência de vocês dois terem caído no sono quando estávamos prestes a chegar e também que você errou em não resistir ao jogo de sedução de Renesmee... mas eu até não te culpo porque nenhum de nós tinha noção de que Nessie já estava tão... madura.
- Eu realmente sinto muito, Alice.
- Olha, Jake. – disse ela segurando minha mão – Eu não posso dizer que não estou chateada com você e Renesmee, logo agora que tudo voltou ao normal vocês fazem esta besteira para colocar a família toda em atrito, então, desculpe, mas acho que vocês tiveram o que mereceram.
- Eu sei, não culpo você por pensar assim... mas mesmo com você aqui eu vou ter que...
- Não – calou-me Alice com um berro – Não quero saber o que você pretende fazer... Edward já vai me matar por termos conversado e eu não quero que ele me mate por mais alguma coisa que você ainda planeje fazer, seja lá o que for.
- Desculpe... não quero te causar problema. – eu comecei a me afastar mas Alice ainda segurava minha mão, eu a encarei por um segundo e vi que ela estava chateada por tudo o que estava acontecendo, Alice sempre fora a que mais se afetava quando acontecia alguma coisa com a família dela.

Ainda ouvi a porta do Land Rover bater suavemente quando Alice voltou para seu interior, eu segui pela rua até alcançar a escola, ainda tinha alguns minutos antes que o sinal para o almoço tocasse e aquele alvoroço de adolescentes deixasse as salas de aula rumando para o refeitório. No prédio principal a secretária mexia numa estante de metal com pilhas de papeis e não me viu passar, eu segui sorrateiramente até a ala mais distante do complexo onde um prédio quadrado de janelas amplas dava para um pequeno bosque no fundo da escola.
Lá, eu corri para as árvores e não demorou muito para que o sinal tocasse, houve um alvoroço e o ribombar de muitas vozes, logo o refeitório se encheu de estudantes famintos e lá, entre os estranhos eu reconheci o rosto mais adorado do mundo: Renesmee.
Ela seguia com as amigas que eu conheci há um tempo atrás, mantinha o olhar baixo e não parecia prestar atenção à algazarra ao seu redor, seus cabelos estavam presos num coque atrás da cabeça e ela agora irradiava uma beleza muito parecida com a que Kaori ostentava, uma beleza triste, luminosa e recatada. 
Renesmee e suas amigas se sentaram numa mesa vazia próxima a uma janela aberta do refeitório após se servirem, Renesmee obviamente não tocou na comida e parecia alheia a tudo o que era dito a ela... então, oculto entre as árvores da floresta, eu sussurrei seu nome torcendo para que o vento levasse minha voz até ela.
Na primeira tentativa não funcionou, mas eu não desisti e tornei a chamá-la rezando para que sua audição sensível de vampira detectasse minha voz e minha saudade, e então, quase imperceptivelmente, Renesmee pareceu sentir como se uma brisa leve tocasse seu rosto e se virou para a janela em direção ao bosque... imediatamente eu deixei meu esconderijo e acenei para ela. Ao me enxergar, Nessie abriu o sorriso mais radiante que havia no mundo, ela se levantou, cochichou alguma coisa com Pan e sorrateiramente deixou o Refeitório vindo correndo em minha direção.

Eu dei alguns passos para trás para que as árvores do bosque nos ocultassem, Renesmee veio direto para meus braços, se chocando contra meu corpo com um pulo ansioso; nós permanecemos entrelaçados por um tempo para ter certeza de que estávamos juntos novamente, Renesmee prendeu meu rosto em suas mãos me olhando com intensidade antes de me beijar com força.
- Cinco dias parecem cinco anos longe de você. – ela sussurrou enterrava o rosto contra meu peito, seus cabelos espalhando um perfume floral pelo ar.
- Eu sei... sinto muito por isso, eu achei que conseguiria ficar longe de você mas nem isso eu faço direito.
- Que bom que não consegue ficar longe de mim.
- Como estão todos? - eu perguntei com apreensão.
- Minha mãe está normal na medida do possível, acho que ela ainda está um pouco confusa com tudo mas vai se recuperar... papai é outra história, eu preferiria que ele estivesse furioso comigo e até me batesse, mas ele está decepcionado e nem sequer me olha nos olhos.
- E como você está? - eu perguntei erguendo seu para mim.
- Bem, eu não me arrependo do que fizemos... mas, ao mesmo tempo, gostaria de não ter feito. – ela me respondeu sussurrando.
- Eu entendo você, mas agora não podemos fazer mais nada. Acho que vamos ter que continuar nesse rítimo até seu pai melhorar.
- Mas não podemos continuar assim... escondidos como se fossemos criminosos.
- Eu sei, Nessie... mas realmente a coisa desandou completamente.
- Que horror, isto está parecendo Romeu e Julieta, meus pais estão furiosos com você e só podemos nos ver escondidos. Mas não se preocupe, meu amor, eu vou pensar em alguma coisa. – Nessie falou.
- Não faça nada sem pensar...
- Estou planejando tudo com muito cuidado e o que eu menos quero é ficar longe de você. – e ela me beijou novamente exatamente no momento em que o sinal bateu, Renesmee deu uma olhada rápida enquanto o refeitório se esvaziava e voltou-se para mim – Acho que seria pior se eu faltasse aula não é mesmo?
- Sim, ainda mais com Alice vigiando a escola.
- É. – ela disse num suspiro e então me abraçou forte – Quando verei você novamente?
- Não sei, mas eu dou um jeito, está bem? Agora vá ou vai se atrasar... eu te amo.
Renesmee beijou-me novamente e virou-se para correr para a aula, eu sentia sua hesitação mas eu não podia impedi-la de voltar para a escola, e então antes dela se afastar muito eu lembrei de algo.
- Nessie, Charlie está sabendo de do problema? - eu gritei para ela.
- Parece que meu pai, inconvenientemente, deixou algo escapar para ele.

Eu não passei por Alice novamente para que Edward não conseguisse extrair isso de seus pensamentos, chegando no meu carro eu olhei para o peixe embrulhado no banco do carona e pensei seriamente em jogá-lo fora e mentir ao meu pai que eu entreguei a Charlie... mas isso nunca foi do meu feitio. Permaneci ali, no carro, parado por alguns minutos tentando adquirir coragem para ir até a Delegacia, provavelmente eu levaria um tiro... mas então, em meio a este meu momento de indecisão, uma raiva repentina tomou conta de mim.
Afinal, que diabos? Essa é minha vida... eu sei que eu pisei na bola com Edward, mas essa é a minha vida e eu não ficaria pedindo desculpas a todos pelo que fiz com Renesmee, se eu fosse qualquer um que quisesse apenas se aproveitar dela daria razão para me encherem. Mas, qual é? Sou eu! Todos sabem que eu tive a impressão desde que Nessie nasceu e que o que eu mais desejo é ficar o resto da vida com ela.... esse tradicionalismo de Edward teria que recuar um pouco porque eu não aceitaria isso por muito tempo. Se ele insistisse nisso eu casaria escondido com Renesmee e aí sim gostaria de ver a confusão.

A delegacia estava calma como sempre, os carros patrulhas não estavam lá mas eu vi a viatura de Charlie no estacionamento... aproveitei a minha fúria recém adquirida e apanhando o pacote com os peixes subi decidido os degraus rumo à porta da delegacia... lá dentro um policial nanico e gordo me encarou desconfiado.
- Eu quero ver o Chefe Swan.
- E quem seria você?
- Diga que Jacob Black está aqui.
O policial pegou o telefone e discou o ramal de Charlie, ele me anunciou e um segundo depois baixou o fone no gancho novamente.
- Pode entrar. – ele anunciou abrindo a parte superior do balcão para eu passar.
Depois de bater na porta da sala de Charlie, eu entrei. Ele estava atrás de sua mesa com uma expressão indecifrável no rosto, eu não tinha certeza se ele queria me matar ou apenas me dar um tiro no joelho; ao fechar a porta ele fez um sinal com a cabeça para que eu me acomodasse na poltrona que ficava de frente para sua mesa, eu sentei e deixei o pacote sobre o colo... Charlie não disse nada e então eu acabei falando antes.
- Olha, Charlie... se vai me dar um tiro que seja logo porque pelo menos a minha vida acaba de uma vez e o sofrimento desaparece.
- Porque eu iria atirar em você, Jake? - ele perguntou calmamente e eu me perguntei se ele realmente sabia de algo.
- Pensei que Edward havia lhe contado o que aconteceu estes dias atrás...
- Ele contou... – disse Charlie num suspiro.
- E você não vai me dar um tiro?
- Um só tiro te mataria? - ele perguntou sorrindo um pouco.
- Eu não estou entendendo nada, Charlie.
- Eu não te culpo, Jacob... é isso. Eu não estou feliz com a situação e pode parecer estranho vindo de mim, mas, francamente eu não te culpo... eu sou pai e pai de uma moça, nenhum pai ficaria feliz de pegar a sua filha numa situação dessas. Eu agradeço a Deus por nunca ter acontecido comigo, mas, por mais esquisito que possa parecer... não acho que você seja tão culpado assim.
- Charlie, você andou bebendo? - eu perguntei descrente no que ouvia.
- Sabe, essa situação toda me afeta mais do que deixo transparecer. – ele falou enquanto levantava-se da sua poltrona e caminhava até a janela, Charlie estava preste a se abrir para mim o que era um ato inédito porque ele era extremamente fechado, eu encarei o fato de ele estar de costas para mim como um aviso para não interrompê-lo – Eu faço de conta que tudo é normal e que todos vocês são pessoas normais, mas, é claro, que eu apenas tento dizer para mim mesmo que acredito em toda esta besteira.
Não é uma coisa fácil – continuou ele com a voz rouca – Quando Edward foi embora naquela vez e Bella ficou mal por um bom tempo eu realmente fiquei feliz quando vocês dois começaram a sair juntos... “Jacob é um bom rapaz”, eu dizia para mim mesmo, vocês formavam um bonito casal e se o relacionamento viesse a vingar eu poderia ter Bella perto de mim para sempre. Claro que não aconteceu porque Bella jamais esqueceu Edward e o resto é só história... mas eu fiquei realmente insatisfeito pelos dois terem se casado e por tudo o mais, não me entenda mal, eu amo minha filha e amo Renesmee... mas se não fosse os Cullen... Bella ainda seria...
- Humana? - eu completei e Charlie automaticamente abanou as mãos para que eu não me aprofundasse no assunto.
- Se você e Bella tivessem ficado juntos muita coisa seria evitada e eu poderia ter uma família muito mais normal...eu creio. Eu finjo que não me importo de Renesmee ter crescido tanto e aparentar ter 18 anos quando deveria ter 10, mas, eu faço o que posso para ter minha filha perto de mim... e agora já é tarde demais para isso, Bella escolheu Edward e agora ela é... o que é.
- O que eu estou querendo dizer, Jake – ele continuou – É que você amou Bella, lutou e esperou por ela durante um tempão e depois disso nunca teve mais nenhuma garota até que você e Renesmee resolveram se apaixonar – eu fiquei calado porque Charlie nem sonhava em saber sobre a Impressão dos lobisomens – E ficaram juntos... bom, novamente eu sabia que ao menos minha neta estava com um bom homem... o bom homem que você se tornou... você esperou por muito tempo uma garota depois da Bella, Jacob... dez anos. Acho que entendo que você não tenha conseguido se controlar em... bem, você sabe.
- Eu sei que o que fiz não foi muito certo, Charlie.
- Ah! – ele exclamou olhando para mim novamente – Quem sou eu para julgar? Mas acho que você fez certo em acatar a proibição de Edward quanto a você se encontrar com Renesmee.
- Por que?
- Porque você mostrou a ele que o respeita apesar de tudo... ele é pai, Jacob, e um pai sempre sonha em poder levar sua filha até o altar de uma igreja antes que todas as outras coisas aconteçam. Querendo ou não você tirou isso de Edward, um pai não gosta de saber sobre os assuntos particulares de sua filha e quando isso acontece fica um clima ruim... quando você aceitou deixar de ver Nessie, bem, mostrou que pelo menos você leva a sério a relação.
- Não serve muito de consolo. – eu suspirei.
- É claro que não... – respondeu ele simplesmente.
Eu me levantei novamente e ergui o embrulho, Charlie assentiu e eu deixei o pacote sobre a mesa, sabia que não havia mais nada a ser dito até porque Charlie nunca se abriu tanto assim sobre a família do genro, eu parei na porta antes de sair e me voltei para ele.
- Obrigado, Charlie... por compreender como me sinto.
- Até mais, menino. – ele limitou-se a respondeu e tornou a olhar pela janela.

Eu voltei para casa, mas antes de chegar a La Push decidi parar em um mirante na estrada que era usado para os turistas fotografarem os penhascos da Reserva, ali o vento era mais vigoroso e os cheiro de sal do mar pairava no ar com um gosto ferruginoso. Não havia ninguém ali além de mim e a solidão me fez bem naquele momento, apenas o rugir das ondas quebrando contra os paredões de pedra maculava o silencio da região.
Eu não estava exatamente infeliz, me fez bem saber que ao menos Charlie entendia como eu me sentia... eu esperei demais por Bella e depois que Nessie nasceu eu jamais tive outra garota em minha vida, foram dez anos. È bastante tempo esperando... e agora estou nesta situação pouco agradável.
Mas não era isso que me preocupava na realidade e sim algo que Renesmee havia dito, ela enfatizou que estava pensando em alguma coisa para que nós pudéssemos voltar a nos ver e isso não me passou um bom pressentimento; Renesmee era exatamente como Bella, ela demorava a tomar uma decisão, mas quando tomava... não havia nada no mundo que a fizesse mudar de idéia, isso poderia não ser boa coisa porque eu não fazia idéia do que ela estava tramando.

Mas seja lá o que for que Nessie esteja aprontando, vou esperar para ver...

Afinal, não deve ser nada de tão grave a ponto de termos um fim trágico como Romeu e Julieta...

Autor Angus

Categories: candor lunar