Voltarei

Genero: Romance

Sentei-me em uma pedra e fiquei a admirar a linda lua crescente que estava acompanhada das estrelas suas amigas inseparáveis, cheguei a ficar com inveja da lua. O mar estava calmo se não fosse pelos movimentos suaves que havia na extremidade oeste. Seus cabelos negros que só de olhar você poderia saber como eram sedosos, pele rosada que brilhava a luz do luar, os olhos de um azul tão lindo que eu poderia jurar que azul igual aquele não existia.

Fiquei a admirar aquela figura tão deslumbrante quando do nada ela salta dando um mergulho na água. Consegui ver claramente seu corpo, o pescoço onde havia um cordão, os ombros feitos com perfeição, os seios fartos tampados pelos cabelos, a barriga que me causava uma vontade enlouquecedora de tocá-la assim como todo o resto do corpo, e por ultimo suas pernas que não eram pernas. Era uma calda, uma calda azul escuro com alguns rabiscos roxos.

Quando vi aquilo meu coração disparou. Como é possível isso? Uma mulher com calda. Fiquei em choques por alguns segundos, só até eu notar que aquilo, a calda, só a deixava mais magnífica.

Nossos olhares se encontraram e ela sorriu um sorriso que deixou meu coração acelerado. Não conseguir deixar de devolver o gesto. Depois ela mergulhou na água desaparecendo no fundo do mar, mas antes que desaparecesse totalmente pude ver o final de sua calda. Verde escarlate.

Depois daquela noite estrelada eu fui todas as noites a praia, me sentava na mesma pedra de sempre e a esperava. E ela nunca me decepcionava. Ela sempre aparecia, mergulhava, sorria e ia embora. Eu ficava frustrado quando ela ia. Eu queria abraçá-la, conversar com ela, mas isso nunca acontecia, pois da mesma forma que ela aparecia ela desaparecia. Mas isso ia mudar, aquela noite seria diferente.

Quando começou a anoitecer eu peguei o velho barco de meu pai e o levei para o meio do mar onde eu a via todas as noites. Desliguei o barco e fiquei a esperando, devo dizer que não esperei muito, o que me foi de um grande alivio, pois não via à hora de vê-la.

Ela chegou nadando com suavidade, ela passou por de baixo do barco e depois se levantou, ela olhou na direção das pedras na praia onde eu costumava ficar, ela baixou os ombros como se estivesse com medo de algo, talvez ela esperasse por mim, talvez ela ansiasse por mim da mesma forma que eu anseio por ela.

-Esperando alguém? –minha voz saiu rouca.

Ela se virou rapidamente em minha direção e depois sorriu.

-Sim, mas acho que ela não vem. –sua voz era como de sinos, era linda.

-Por que achas isso? –sorri de lado.

-Por que ela não veio admirar-me essa noite. –ela sorriu o sorriso que eu tanto amava.

-Talvez ela estivesse pensando em uma maneira de não apenas admirar-te, mas também de trocar palavras com você ou talvez algo mais. –a luz da lua me deu a imagem mais linda que eu poderia ver. Minha sereia corando.

-Como chamas? –perguntou arqueando uma sobrancelha.

-Gabe e a senhorita?

-Rachel.

Daquele dia em diante eu sempre pegava o barco e ía ao seu encontro, nós conversávamos, às vezes trocávamos caricias, mas sempre que eu ia aprofundar as caricias, ela saia.

-Rachel? –ela estava com os braços apoiado no barco.

-Sim?

-Você me ama? –ela olhou para baixo, eu me aproximei e levantei seu rosto com a mão.

-Sim. –meu coração disparava, eu só sentia a necessidade de fazer uma coisa. Aproximei nossos rostos e a beijei, um beijo calmo que demonstrava tudo que eu sentia por ela. Pedi permissão para explorar sua boca e ela concedeu, nossas línguas dançaram uma coreografia sensual, era como se elas ansiassem desde sempre uma pela outra.

-E tu me amas? –ela perguntou depois de nosso beijo.

-Como nunca amei ninguém. –respondi sem pestanejar. –Eu quero ficar contigo para sempre Rachel.

-Não. Nós não podemos. –ela se virou e nadou um pouco para longe.

-Por quê? –era como se meu coração tivesse sido acabado de ser arrancado de meu peito.

-Por que eu sou uma sereia e tu és um humano. –ela olhou para a água.

-Não. Não é por isso. –eu não a conhecia há muito tempo, mas conhecia ao ponto de saber quando ela estava mentindo. –È por outro motivo. Diga-me. –exigi.

-Gabe. Eu te amo, mas eu irei me casar com John o filho do rei amanhã. –meu coração havia sido arrancado e queimado. Eu sentia o cheiro da fumaça.

-Mas... Mas você não o ama pelo amor de Deus Rachel. –exclamei, ela não podia jogar nosso amor fora.

-Gabe, não se preocupe arrumarei um jeito de voltar para você e assim poderemos viver juntos para sempre. –ela se aproximou do barco, eu peguei sua mão.

-Como? –eu sentia a esperança sendo brotada em mim.

-Eu tenho uma perola, ela pode me conceder dois desejos, eu tenho mais um e esse será com que eu me torne humana, assim poderemos ficar juntos. –eu sorri e ela também. Acabei com a distancia entre nós e a beijei mais uma vez. Ela se afastou e depois acenou.

-Eu voltarei. –ela acenou com a mão.

-Rachel?

-Sim?

-Qual foi seu primeiro desejo?

-Ti encontrar. –depois ela mergulhou no mar desaparecendo, mas antes que desaparecesse eu pude ver novamente o final de sua calda. O verde escarlate mais lindo de minha vida.

Categories: ONESHOTS