6 de dez. de 2010

Capitulo 28

Posted by sandry costa On 12/06/2010 2 comments




renée


Bella





Graças às habilidades premonitivas de minha irmã, sabia que Renée chegaria à casa principal as três e dezessete minutos da tarde. Edward ofereceu para pega-los no hotel, mas Phil recusou educadamente, garantindo lembrar-se do caminho – que era sinuoso e complicado para qualquer humano que não tenha usado aquela estrada pelo menos uma dezena de vezes.


Estava certa de que eles se perderiam.


Renesmee não estava contente em ter que viajar sem nós. Mas ela era madura o suficiente para entender a situação muito bem. Como havia entendido outras vezes.


- Tem certeza de que não é melhor vocês ficarem aqui no chalé com Renesmee, enquanto Edward e eu passamos o dia com Renée na casa principal? – perguntei a Alice enquanto ela “assaltava” o closet em busca
de roupas para Nessie.


- Não. Sem distrações para você. Concentre-se apenas em Renée. Nessie vai ficar bem. Tudo vai dar certo. Pare de se preocupar.


Estava certa que Nessie ficaria bem, não estava preocupada com ela, não era isso que estava fazendo meu estômago se contorcer de ansiedade.


- Você não pode ver como ela irá reagir, o que a faz ter tanta certeza de que tudo vai dar certo?


Odiava ser tão insegura.


- Porque sei que irá. – respondeu ela com convicção.


- Vocês têm fé demais em mim. – sussurrei sentando-me na beirada de minha cama. – Eu sempre fui e sempre serei uma péssima atriz.


- Sim, você sempre foi péssima para atuar...


- Oh. Muito obrigada. – a interrompi com um tom amargo.


- Me deixe terminar... Deus do céu! Será que vou ter que deixar Jasper aqui com você? Eu realmente esperava que ele fosse comigo. Você precisa se acalmar, Bella. Eu sei que tudo vai dar certo porque tenho a absoluta certeza de que Renée irá contornar qualquer alteração física que ela identifique. Você ainda é a mesma Bella de sempre... a prova está aqui na minha frente – disse ela gesticulado para mim. – Você estásurtando por nada como sempre fez.


- Jasper não precisa ficar e não é por nada...


- Não existe risco nenhum para Renée, você sabe disso. A única coisa que estáacontecendo aqui... é que você está com medo dela não aprovar a vida que estálevando. O que não irá acontecer, porque qualquer um que te conheça remotamente bem consegue ver em seus olhos como você é feliz e feliz aqui, conosco.


Suas palavras me deixaram paralisada por um momento. Alice poderia estar certa, mas poderia estar facilmente errada também. Eu sempre me preocupei com o que Renée pensava, com sua opnião, por que isso mudaria agora?


Estava sim, preocupada com sua reação, mas não era apenas isso. Tinha que admitir que também estava preocupada com fato dela não gostar do meu novo “EU”.


Será que estava surtando por nada? Afinal, ela é minha mãe e nunca deixará de me amar só porque estou diferente.


Mesmo chegando a essa conclusão, minha ansiedade não diminuiu.


- Você pode até estar certa, mais isso não muda nada para mim...


- Mas deveria. – disse ela se levantando e jogando mais algumas peças de roupa na mala de Renesmee.


- A mala de Nessie está pronta, assim como as minhas, não acho que esqueci nada... – ela não estava mais falando comigo e sim consigo mesma.


- Está levando tudo, não tem como esquecer nada. – disse me levantando da cama.


Ela riu.


- Talvez eu deva levar tudo, melhor ter diversas opções, certo?


- Nessa parte você é quem manda. Faça como achar melhor.


- Você só diz isso porque não está indo. – comentou ela.


Segui para a sala. Edward e Renesmee estavam sentados de frente a lareira. Ainda era cedo e ela havia acordado a menos de uma hora. Seu rostinho ainda sonolento.


- Vai levar o livro com você? – perguntei ao me sentar próxima a eles. Ela estava com um dos livros que Jacob havia dado a ela


- Uhum.


- Talvez você deva ler para Rose, ela vai adorar. – sugeriu Edward em tom de brincadeira.


Renesmee riu e repondeu:


- Não vai não.


- Se você ler tenho certeza que ela irá gostar. – ele insistiu.


Ela balançou a cabecinha muito rapidamente, dispensando a idéia. Renesmee estava longe de ser completamente ingênua.


- Nessie, pode vim aqui um segundo? – chamou Alice do quarto.


Renesmee se levantou e disparou a seu encontro. Edward se aproximou ainda mais de mim.


- Posso ver que Alice não conseguiu acalmar seus nervos.


- Como se existisse alguma forma de se fazer isso. – disse rindo.


Ele abriu meu sorriso torto favorito. Eu só fiquei encarando – feita uma idiota.


- Alice está certa, Renée vai ver como está feliz e vai ignorar todo o resto. E sim... eu sei que não faz a menor diferença, você não vai se acalmar enquanto não passar por esse dia e ver por você mesma que eu... e Alice estamos certos.


Revirei meus olhos.


- As pessoas precisam parar de tentar me acalmar. Não vai funcionar.


- Oh, eu não estou tentando te acalmar. Sei que é causa perdida. Mas posso distraí-la por algum
tempo...


- Me distrair? – perguntei levantando minhas sobrancelhas.


- Sim, distraí-la.


- Como? – o desafiei.


- Para começar, podemos ir caçar, depois que nos despedirmos de Renesmee, ainda é cedo... temos um pouquinho de tempo em mãos antes de Renée chegar.


- Boa idéia, assim eu consigo colocar no rosto um pouquinho mais de cor, pelo menos por algumas horas.


- Podemos caçar amanhã novamente se quiser... coisa rápida. Cervos.


Franzi meu nariz.


Eca! Odeio o sabor do sangue desses animais.


- Talvez... se dermos sorte podemos achar algum leão da montanha...


- Talvez.


Enquanto conversava com Edward, estava também atenta a Alice e Renesmee no quarto. Aparentemente elas estavam tendo problemas.


- Acho melhor você ir até lá. - sugeriu Edward.


Peguei sua mão ao me levantar e o puxei comigo.


- Mais eu quero usar essa pulseira com o broche. – insistiu Renesmee.


Alice suspirou.


Ela já havia tentando convencer Renesmee a usar outra jóia, uma que combinasse com o vestido verde que ela havia escolhido. Nessie insitia que queria usar o broche – de safira azul- que dei a ela em seu aniversário.


- Tudo bem. Você venceu. – disse Alice. – Vou escolher um vestido que combine com o que você quer.


- Obrigada. – murmurou Renesmee toda presunçosa por ter ganhado a discussão.


- Você é pior que a Bella. – resmungou Alice lançando um olhar amargo para mim.


Edward e eu observavamos a discussão da porta do quarto.


- O que eu fiz? – perguntei a ela.


Alice simplesmente fez careta para mim.


- Aqui – murmurou Edward retirando do bolso uma pequeno aparelho de celular e se abaixando a frente de Renesmee. – É seu. Assim todas as vezes que sentir saudades de sua mãe...


- E de você – completou ela.


Ele sorriu.


- Sim... você pode nos ligar.


- Obrigada, papai. – agradeceu ela com um sorriso.


Ela guardou o aparelho em sua pequena bolsa tira colo.


- Nessie, venha se vestir, vamos nos atrasar. – chamou Alice.


Alguns minutos depois elas estavam prontas para partir. Jacob já havia marcado presença – mesmo sendo dia útil, ele deveria estar na escola - e estava esperando para “acompanha-los”.


Deixamos o chalé e Jacob-lobo nos acompanhou de uma certa distância. Ele ficava satisfeito em apenas olhar Nessie.


Renesmee parecia estar com o humor um pouco melhor quando nos despedimos. Edward disse que ela não estava mais triste por partir e que seu lado “Alice” já fazia planos de comprar vários presentes para nós.


Estávamos na garagem da grande casa.


Todos tentaram me reconfortar antes de partirem.


- Boa sorte, Bella. Não se preocupe com nada, vamos cuidar muito bem de Nessie.


- Eu sei que vão, Jasper. E eu não estou preocupada.


Ele riu e eu completei.


- Não estou preocupada com Nessie.


Era sempre muito útil tê-lo por perto nesses momentos de “crise”, pois em apenas alguns segundos depois estava me sentindo muito tranqüila. Era meio que irritante também, devo admitir, mas não demoraria muito para passar.


Alice me deu um beijo no rosto e sorriu antes de pular no banco do passageiro de seu porche amarelo.


- Tudo vai dar certo, querida. Eu sei que vai – Esme me abraçou. Dei mais um beijo no rosto de Nessie que estava aninhada em seus braços e sussurrei em seu ouvido.


- Cuide de Alice, especialmente quando forem a Juneau, não a deixe perder o controle e comprar a cidade inteira.


Renesmee riu e balaçou a cabecinha concordando. Alice fez careta pela janela do carro. Todos riram.


- Nós vamos estar juntas logo, logo, não se preocupe. – disse a ela que abriu os bracinhos para Edward.


Renesmee agarrou em seu pescoço.


- Vou sentir muito sua falta também. – disse ele respondendo um de seus pensamentos. – E prometo. – murmurou Edward e então olhou para mim. – Vou cuidar bem de sua mãe.


Eu sorri. Ela estava exigindo isso dele.


- Temos que ir. – anunciou Carlisle. Edward colocou Renesmee no chão. – Boa sorte, Bella. Edward.


E então eles se foram, assim como toda sensação de paz e tranquilidade.


Respirei fundo. Edward pegou minha mão.


- Pronta para ir?


- Estou.


Não fomos longe, e como havíamos caçado a pouco tempo, apenas poucos cervos foram o suficiente para fazer com que o meu rosto ganhasse um pouco mais de vida e para que as marcas aroxeadas de meus olhos desaparecessem, assim como as de Edward.


Tinha muito em que pensar. Agir como humana não seria difícil, tive muito tempo para praticar com Charlie. Agora minhas reações eram tão automáticas quanto as do restante de minha família. Piscar, cruzar as pernas, passar as mãos pelos cabelos, tudo passou ser muito simples. Eu não precisava prender a respiração em proximidade a humanos, já estava acostumada com a sensação de queimação na garganta. Era constante e impossível de se suavizar, porém fácil de ignorar.


Chegamos em casa - na casa principal - por volta das duas da tarde. Era tempo o suficiente para tomar um banho e parecer mais apresentável, considerando que estava cheia de folhas e toda molhada com a água do rio e
automaticamente cheia de lama. Culpa de Edward que em uma de suas tentativas de me distrair “tropeçou” e acabou me puxando para dentro da água. Funcionou.


Depois de correr com ele, nadar era uma das minhas atividades preferidas ao ar livre. Bom... técnicamente... nós não nadamos.


Sempre deixava algumas peças de roupas no quarto de Edward – agora nosso. Me vesti casualmente – Jeans azul e uma cashmire bege.


Estava estranhamente mais calma – não completamente, é claro, mas conseguia raciocinar melhor, ignorando parcialmente meu lado pessimista.


Terminei de me arrumar e desci. Edward estava na cozinha preparando algo... quando me juntei a ele.


- Espero que isso não seja para mim. – brinquei, sentando-me na bancada ao seu lado.


- Não acho que vá achar isso muito apetitoso. – respondeu ele. – Eles podem chegar com fome... se não, pelo menos assim o jantar já estará pronto.


Suspirei satisfeita. Ele sempre considerava tudo. E também tinha quase certeza que ele gostava de cozinhar... ou pelo menos apreciava os elogios recebidos.


Fiquei lá... sentada, observando-o trabalhar. Ele parecia tão a vontade, apesar do mal cheiro dos ingredientes crus. O sorriso que eu tanto amava estava espalhado em seu rosto, provavelmente porque – como sempre – eu o estava observando de boca aberta. Isso nunca iria mudar.


- Pronto. – disse ele colocando o que havia preparado no forno.


- Renée ama Pasta.


- Eu sei. – respondeu ele com um sorriso, contornando o balcão e apoiando suas mãos ao meu redor – formando uma uma espécie de jaula. – Você parece bem mais calma. – reparou ele.


- É temporário. – admiti, antes que se tornasse impossível pensar coerentemente.


- Acho que estamos prestes a descobrir.


Ouvi o barulho do motor de um carro se aproximando assim que ele terminou de falar.


E era temporário... senti o ar se prender em minha garganta, assim como senti as mãos de Edward segurando meu rosto.


- Tudo vai certo. Tenho certeza disso. Respire fundo.


Ele esperou até que eu conseguisse colocar um pouco de ar para dentro.


- Ainda temos cerca de dez minutos, Phil vai se perder. – Edward riu. – Você precisa colocar a lente.


- Oh... certo. – demorei mais alguns segundos para conseguir me mover.


Já estava acostumada com a nova cor de meus olhos... então foi estranho quando coloquei as lentes e me ví com um tom muito similar ao de Renesmee – ao meu antigo tom de chocolate. Ainda assim, ficou mais natural do que quando precisei utilizar com Charlie.


Edward sorriu ao me ver e estendeu a mão para mim.


- Você está linda.


Sorri para ele. Edward nunca foi necessariamente imparcial quando se trata de elogios dirigidos a mim.


- Como vamos fazer isso? – estava me sentindo meio perdida.


Ele entendeu o que quis dizer.


- Podemos atender a porta juntos... ou se preferir, eu posso fazer isso e você fica aqui. – estávamos na sala.


- Você atende. – Seria péssimo assustar Renée antes mesmo de poder dizer OI.


Meu pânico pareceu aumentar juntamente com o som do motor do carro.


- Shhhh. – Edward tentou me acalmar esfregando meu braço.


Meus olhos estavam presos a porta e os de Edward em meu rosto. Podia ouvir a voz de minha mãe – reclamando com Phil por não tê-la escutado sobre a direção a ser tomada.


Edward tocou meu rosto, sorriu e seguiu para a porta.


Respirei fundo.


Com três curtas batidas na porta, Renée anunciou sua chegada. Edward já estava com a mão na maçaneta. Ele esperou alguns segundos e abriu a porta.


Ela estava parada lá, linda e sorridente... como sempre.


Oh, como sentia sua falta. Passei um ano inteiro sem vê-la. Era tempo demais. Telefonemas e e-mails nunca seriam o bastante.


- Edward! – exclamou Renée. – É muito bom vê-lo novamente. – Ela o abraçou gentilmente.


Ele riu e passou os braços gentilmente por ela.


- É bom vê-la também, Renée. Phil, como vai? – Edward ofereceu sua mão ao jovem marido de minha mãe.


- Bem, Edward. Obrigado.


- Vamos entrar. – convidou Edward.


Respirei fundo mais uma vez. É agora...


- Mãe? – chamei me aproximando dela.


- Bella! Oh, Bella! – ela lançou os braços em minha direção. Eu teria que ser cuidadosa, evitar ao máximo que minha pele tocasse a dela. Havia me vestido de acordo, utilizando uma cachmere grossa e de gola alta. Deixei que meus cabelos caíssem ao lado de meu rosto como forma de proteção.


- Mãe! Eu senti tanto a sua falta. – mal conseguia controlar a emoção em minha voz.


Edward sorria amplamente um pouco mais atrás.


- Eu sei querida, senti sua falta também. Deixe-me vê-la. – disse ela quebrando o abraço e afastando o corpo para me olhar. Suas mãos em meus braços.


Esse era o momento que eu temia tanto. O que ela veria? O que ela acharia das mudanças que eram óbvias em meu rosto.


Seus olhos me analisaram por um curto momento – na realidade, curto apenas para ela. Olhei novamente para Edward tentando decifrar o que ela poderia estar pensando, mas ele ainda sorria. Aquilo me acalmou... um pouco.


- Você está linda. – disse ela encantada, para minha imensa surpresa. – Tão diferente, mais linda. Agora entendo o que Charlie quis dizer.


Oh, Charlie! Eu deveria saber que meu pai tentaria facilitar as coisas, tanto para mim quanto para ela. Mas o que ele poderia ter dito?


- Obrigada, mãe. Oi Phil. – quase havia esquecido dele. Renée ainda me olhava – ainda analisando e processando tudo. Phil me abraçou rapidamente e expressou sua satisfação em me ver. Ele
pareceu sincero.


- Me diga... de verdade, como está? Eu fiquei tão preocupada quando você adoeceu... não sabia o que fazer, não sabia se havia algo a se fazer... – sua voz assumiu um tom mais agudo e alto. Isso acontecia quando ela ficava nervosa e preocupada.


- Eu estou bem, mãe. Completamente saudável. Eu juro.


Renée soltou uma grande quantidade de ar que atingiu meu rosto como uma carícia. Seu aroma era incrível. E muito fácil de resistir.


- Conte-me tudo o que aconteceu? – exigiu ela, me puxando para o sofá. – Venha, Edward.


Ele se sentou ao meu lado, assim como Phil ao lado de minha mãe. Edward pegou minha mão. Um gesto simples, que não passou despercebido por Renée. Eu coloquei a outra mão em sua cintura para caso ela decidisse toca-la.


- Ok, Ok, uma coisa por vez. Não está cansada? Quer alguma coisa?


- Em um minuto.


- Eu estou bem. – reafirmei. – E já expliquei tudo por telefone a muito tempo atrás.


- Eu quero ouvir de novo. – exigiu ela.


Suspirei.


- Ninguém sabe o que foi, a única coisa que sabem é que agora eu estou cem porcento saudável.


Eu estava falando, ainda sentindo o choque pós ansiedade. Como queria poder perguntar a Edward o que ela estava pensando. Isso teria que esperar um pouco.


Preocupação... era o que estava estampado no rosto de Renée.


- Eu juro. – afirmei novamente. Ela não pareceu acreditar e olhou para Edward.


Ele riu.


- É verdade, Renée. Não sabemos o que afligiu Bella, vários médicos a observaram por muito tempo. A única coisa certa até agora é que ela está bem. Livre de seja lá o que foi essa doença.


Ela pareceu aceitar melhor sua explicação do que a minha. A preocupação em seu rosto diminuiu. Mas não desapareceu.


- Charlie disse que você sofreu um pouco com os... – ela fez careta ao pensar na palavra apropriada a se dizer - ... efeitos remanescentes. Está correto?


- Sofrer... não. Demorei um pouco para me acostumar. Posso ver que está tendo dificuldades também. – falei ao perceber a intensidade em que ela analisava cada traço de meu rosto.


Havíamos combinado em explicar minha nova “palidez” como uma conseqüência da “doença”. Se bem que após ter caçado, a cor de minha pele não ficou muito diferente do que era. Isso duraria muito pouco, mais era
suficiente.


Renée riu levemente.


- Bom... você está um pouquinho diferente, mas não é um diferente ruim. E você parecesaudável.


- E estou. Juro.


- Acredito em você. – finalmente. Ela olhou para a mão de Edward na minha novamente.


- Então... como a vida de casado está tratando vocês? Pelo que posso identificar só fez bem a minha Bella.


Eu ri... um pouquinho mais alto.


- Eu espero que sim. – disse Edward em um tom divertido.


- Você está certa. Não posso reclamar de nada. Tudo tem sido perfeito. – apertei a mão dele.


Era verdade, minha vida ao lado de Edward – meu marido, penso nele assim com muito orgulho – apesar de turbulenta em alguns momentos, era perfeita. Eu estava feliz. Mais do que isso na realidade. Parte dessa felicidade deveria ser atribuída a Renesmee, mas eu não podia menciona-la. Não como minha filha, nem mesmo como uma pessoinha – que veio de algum outro lugar e que estava sob minha responsabilidade. Renée ficaria louca. Começaria a falar sobre responsabilidades em excesso, sobre ainda não ter me formado na faculdade e no final – tinha certeza absoluta – ela iria culpar Edward por me fazer aceitar tudo isso tão cedo.


Conhecia a cabeça de minha mãe bem demais.


- Vocês estão mais lindos do que nunca juntos. – comentou ela. – Como se fossem feitos um para o outro.


- Obrigada, mãe.


Me senti muito bem ao ouvir suas palavras.


- Posso oferecer algo para vocês comerem ou beberem? – perguntou Edward, olhando para Renée e Phil.


- Eu gostaria de um copo de água, se não for incomodo.


- De forma alguma. – disse Edward se levantando. – Phil?


- Água também, eu te acompanho. Melhor deixar as meninas colocarem a conversa em dia. – disse ele se levantando.


- Boa idéia. - concordou Edward. Ele olhou para mim brevemente antes de partir para a cozinha. Seu olhar parecia presunçoso. Quase como um “eu te avisei”.


Renée observou Edward se afastar de boca aberta. Era divertido vê-la tendo as mesmas reações que eu.


- Santo Deus! Como ele é lindo. – sussurrou ela não sabendo que ele a podia ouvir muito bem.


- Eu sei. – respondi também em sussurros.


Minha mãe sempre pareceu muito mais jovem do que realmente é. Como uma adolescente em um corpo de adulto.


- Tenho que dizer... você escolheu muitoooo bem.


A sensação de alívio inundou meu corpo. Ela estava falando comigo como sempre fez. Como se a pessoa que estivesse sentada diante dela, não fosse uma pessoa – fisicamente – diferente da que ela conhecia. Era como se fosse a Bella de sempre.


Estava morta de curiosidade para saber como ela estava processando tudo isso.


- Eu não o escolhi... ele que me escolheu. – informei a ela.


- Bom... ele tem melhor gosto do que você então.


Nós rimos juntas... como nos velhos tempos.


Edward retornou com o copo de água nas mãos e entregou para Renée.


- Vou deixa-las conversarem em paz. Tem um jogo da liga principal de Baseball passando, nós vamos assistir. – ele piscou para mim.


- Oh... Phil estava louco achando que iria perder o jogo. Ele não reclamou muito, porque não é do feitio dele, mas eu sabia que estava chateado.


- Problema resolvido então. – falou Edward com um sorriso antes de se retirar para a frente da grande TV de plasma, que ele havia colocado na sala de estar ao lado – nunca vi ninguém usar aquele cômodo, era como se estivesse alí apenas para fins decorativos.


Renée o observou partindo novamente antes de se virar para mim.


- Edward sempre tão educado e atencioso. – ela comentou.


- Ele sempre foi assim.


- Mas sério agora... entre nós duas. Está gostando de ser casada?


Ela provavelmente iria refazer todas as perguntas que já havia feito por telefone. Conversamos sobre isso diversas vezes.


- Eu estou. Muito. Edward é ótimo.


- Ele parece ótimo. – disse ela. – Pensei que com o tempo ele perderia aquela intensidade que tem nos olhos quando te observa, mais parece que errei nessa questão. E muito. Esse homem parece mais apaixonado do que nunca! – sua voz era incrédula, como se o fato descrito fosse impossível.


- Oh... ainda bem. Eu estou torcendo que demore um pouquinho mais para que ele se canse de mim. – brinquei.


- Eu não acho que isso vá acontecer. Ele pode ser lindo, rico e elegante, mas você ainda é boa demais para ele e tenho a impressão que Edward sabe disso.


- Você é minha mãe, tem que dizer isso. – comentei entre risos.


Em que mundo EU algum dia seria boa demais para Edward?


- Agora chega de falar de mim. E quanto a você? Tem feito alguma maluquice por esses dias?


- Eu? Nunca! – respondeu ela.


- Aham... sei. Eu acho que vou ter que conversar com Phil... esse seu tom dispensando o assunto pode ser perigoso. – a provoquei.


Ela gargalhou alto jogando a cabeça levemente para trás.


- Eu juro, ultimamente só tenho me aventurado na cozinha.


- Coitado do Phil. – rebati e ganhei um tapinha no braço.


- Estou ficando melhor, acredite ou não. Eu provo a você. Cozinho o jantar para nós hoje.


- Nem pensar. Não vou deixar você cozinhar. Você é minha convidada e convidados não cozinham. – dispensei a idéia rapidamente.


- Mais eu quero fazer isso para você. Por favor.


Ela fez bico. Como uma criança.


- Amanhã. Hoje Edward já preparou o jantar. Você vai voltar, certo?


- Se não for atrapalhar.


- Não. Você nunca atrapalharia em nada. Por favor volte...


De repente algo me ocorreu. Tudo estava indo tão bem – tão diferente do que eu esperava. Por que não abusar um pouquinho mais da sorte?


- Por que não fica conosco até partirem? - a convidei.


Não havia feito isso antes porque não queria força-la a ficar em um lugar que a assustava. Com alguém que a assustava. Sua filha. O monstro.


Para minha felicidade... ela não parecia me ver dessa maneira.


- Eu não sei Bella, não quero impor nada.


- Impor? Não, mãe. Eu gostaria de verdade que você ficasse aqui.


Ela sorriu para mim, colocando uma de suas mãos em meu joelho.


- Bom... eu vim até aqui para poder passar um tempo com minha filha favorita... Ok. Eu fico. Amanhã faço o Check out do hotel e venho para cá.


- Perfeito!


Eu estava sinceramente satisfeita.


- Mas não vamos poder ficar mais do que um dia. Phil precisa voltar a trabalhar.


- Tudo bem. Eu entendo. Ainda assim... um dia e uma noite é melhor do que apenas um dia.


- De acordo.


Passamos quase três horas conversando ali mesmo no sofá da sala, usei algumas desculpas – humanamente aceitáveis - para me levantar e trocar as lentes. Depois de mais algumas perguntas sérias passamos aos assuntos triviais. Como livros que havíamos lido, filmes que havíamos assistido. Até sobre seus novos vizinhos conversamos. Aparentemente a senhora que mudou para a casa ao lado não é uma das fãs de minha mãe.


- Ela olha para mim de um jeito engraçado. Acho que tem algo haver com Phil ser um pouco mais jovem... mas não sei bem. Pessoas idosas podem ser tão preconceituosas. – reclamou ela.


- Tenho certeza que você está imaginando isso. Ou pelo menos aumentando. Sua cabeça tende a ver as coisas de uma forma um pouquinho distorcida as vezes.


- Distorcida? Não. Ela não gosta de mim... disso eu sei. Só não entendo porque. E por falar em coisas distorcidas. Como está Jacob?


Senti vontade de rir com a forma que ela abordou o assunto.


- Ele está bem.


- Só mencionei ele agora, porque acho um pouquinho estranho ele e Edward terem se aproximado.


- Jacob é meu amigo. Isso já era algo esperado. – menti casualmente. Não podia contar a verdade de qualquer forma.


Ela estava me aceitando tão bem que imaginei por um curto momento como ela reagiria a revelação: “eu tenho uma filha com meu marido vampiro e Jacob – que é um lobo, quase um lobsomen - sofreu um imprinting com ela... e agora ele não consegue deixa-la por nada nesse mundo”


De novo... tive que travar meus lábios para impedir que uma risada escapasse.


- Ainda acho estranho. Talvez ele só tenha se aproximado porque ainda tem esperanças... com você. Talvez ele não tenha superado o
que sentia.


- Tenho certeza que não é isso.


- Ele tem namorada? – perguntou ela, tentando provar seu ponto.


- Não, mais ele anda muito com uma menina da reserva. Leah. – Era verdade. Se Jacob me escutasse ele com certeza faria careta a minha insinuação.


- Bom... ainda acho que ele tem sentimentos por você.


- Você está errada... De novo. – brinquei.


- Se está dizendo. – disse ela dispensando o assunto.


Eram quase sete da noite. Hora do jantar e eu realmente não queria comer. Esqueci de pensar em uma desculpa para fugir da comida. Talvez Edward tenha feito isso.


Podia ouvir a TV nos comentários pós jogo. Edward e Phil conversavam a vontade, como se fosse velhos amigos. Era fácil – e útil - para Edward “detectar” o interesse da pessoa e inciar um assunto que poderia se arrastar
por horas.


Como Edward também era fã de Baseball, sabia que estava sendo particularmente fácil para ele conversar com meu padrastro.


- Hora do Jantar. – anunciei e me levantei do sofá.


- Hummm... o que vai cozinhar para nós? – ela perguntou curiosa me acompanhando.


- Não vou. Edward preparou Pasta hoje mais cedo.


E então fui apresentada a oportunidade de escapar do jantar.


- Ele me usou como cobaia. Comemos tanto que acho que vou ficar cheia até o final da semana. – disse colocando a mão sobre meu estomago e fazendo cara feia. Como se estivesse cheia demais.


Escutei a risada baixa de Edward. Eu deveria saber que ele estava prestando atenção em nós.


- Não vão comer conosco? – perguntou ela despreocupada.


- Eu acho que não agüento mais.


Funcionou. Ela e Phil não questionaram nossa falta de apetite, pelo contrário, Renée ficou encantada com as habilidades culinárias de meu marido.


- Humm... isso está incrível, Edward.


- Fico feliz que tenha gostado.


- Onde aprendeu a cozinhar assim? – perguntou Phil, também impressionado.


- Programas de televisão. Eu gosto de cozinhar para Bella. – ele me olhou sorrindo.


- Muito prestativo. – comentou Renée.


Mas uma verdade maquiada. Ele usou o verbo no tempo errado. O correto seria... ele gostava de cozinhar para mim.


As horas passaram muito rápido e já estava tarde. Minha curiosidade parecia arder ainda mais toda vez que percebia que Renée me olhava mais “profundamente” como se procurasse por algo. Como se não entendesse...


Nos despedimos na porta...


- Boa noite, querida. – disse ela me abraçando apertado.


- Boa noite, mãe. Te vejo amanhã bem cedo.


- Estaremos aqui e vamos nos divertir muito. – afirmou ela.


- Sem hora para dormir. – falei.


- Quem precisa dormir? – ela completou sarcasticamente.


Eu definitivamente não precisava dormir.


Eles entraram no carro e lentamente seguiram em direção a pequena estrada que dava a rodovia principal.


Mal podia acreditar que tudo havia corrido tão bem. Mal podia acreditar que meus medos tolos haviam ficado para trás.


Alice estava certa em uma coisa. Renesmee seria uma distração. Por várias vezes senti uma forte vontade de falar sobre ela a Renée e se Nessie estivesse por perto, eu acabaria as apresentando... o que não seria bom.


Eu acho.


Ainda tinha muito para descobrir através de Edward.


Ele fechou a porta e me abraçou apertado, me levantando do chão.


- Não disse que ia correr tudo bem? – sussurrou ele em meu ouvido. – Você esteve perfeita.


Suspirei satisfeita, absorvendo o cheiro delicioso de sua pele. Depois me afastei.


- Conte-me tudo. Todos os detalhes... por menores que sejam. – demandei.


- Sim, senhora. – respondeu ele com um sorriso.

2 comentários:

Continua pq esta fic está boa demais...
Parabéns.
Bjs

KKKK a Bella nunca vai dexa de se preocupa demais néah?!Eu queria que o Ed cozinhasse pra mim..!Sua fic ta ótima
Beijos! =D

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