Nas Sombras de Volterra
A noite estava quente, embora uma brisa fria insistisse em entrar pela janela aberta. As cortinas se moviam em uma dança ondulante. Uma sensação inquietante não me permitia dormir – por mais que girasse sobre os lençóis de um lado para o outro, posição alguma me deixava relaxar. Ele estava em minha mente. Estava em minha pele. Em meus sentidos. Eu me levantei.
Caminhei á passos lentos até o bordo da janela e observei a lua. Porque ele não saia da minha mente? Eu não tinha as respostas, mas a imagem do estranho ainda dançava em meus pensamentos; ondulante; como a cortina ao vento.
Fechei os olhos, buscando seus olhos. Olhos estranhos e perturbadores. Olhos carmim. Seu olhar me queimava como se uma fogueira os consumisse de dentro para fora. Eu queria me queimar. Queria seu fogo. Queria seu toque.
Vesti um casaco sobre a camisola de seda e desci as escadas do hotel – conhecer a Itália um dia havia sido um sonho, agora era um pesadelo perturbador; do qual eu não queria acordar.
As ruas antigas estavam praticamente desertas, e eu pensei em como era idiota – ele não estava ali. Eu não o veria mais. No fundo de minha mente eu nem sabia se realmente o havia visto uma vez. Talvez fosse apenas minha imaginação dizendo que eu deveria reprisar “Drácula” menos vezes.
Continuei caminhando pelas ruas de pedra. A praça estava deserta. Eu caminhei mais. De repente, eu o vi saltar de cima da catedral. Graciosamente, o estranho pousou no chão, como se pudesse voar. Sua silhueta negra, iluminada apenas pelo brilho da lua.
- Procurava por mim, menina?
O som de sua voz arrepiava cada pelo do meu corpo. Sim, eu o estava procurando! Mas porque? Para que? Por mais que a resposta estivesse ali, no fundo da minha mente, eu não a encontrava.
O estranho virou-se em direção á mim. Sua pele era branca como osso e seu cabelo estava cuidadosamente desalinhado. Ele sorriu, mostrando uma fileira de dentes perfeitos.
- Procurava por mim, menina? E agora está com medo.
Eu não respondi. Ele se aproximou mais. Sua respiração fazendo cócegas em minha pele, seu hálito adocicado aguçando meus sentidos. Ele sorriu novamente.
- Posso te dar o que você deseja, menina – seus olhos eram quentes como um vulcão – se me disser que quer.
Eu respirei fundo, enquanto o estranho tocava meu pescoço suavemente com a ponta do nariz. Frio. Sua pele era fria como mármore. E nesse exato momento luzes se acenderam em minha mente e eu sabia por que o queria tanto. Eu entendia. Vampiro. O estranho era um vampiro. E eu também queria ser. Era pelo que eu havia esperado por toda a minha vida.
Segurei sua mão e entrelacei meus dedos nos seus. Olhando diretamente em seus olhos. - Sim. Eu quero.
Seus dentes cravaram suavemente a pele do meu pescoço e o mundo girou ao meu redor.
AUTORA BIA LIMA
1 comentários:
gostaria de poder ler essas marvilhosas publicaçoes amas nao consigo visuLIZAR O CONTEUDO
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