Lembranças desagradáveis.
Narradora.
Taças de champanhe tilintavam em harmonia com a sonata de Mozart. Uma harpa sublinhava o som discreto do bate-papo na festa. Aro Volturi circulava em meio a smokings pretos e vestidos cintilantes. As pessoas usavam sempre a mesma palavra para descrevê-lo: bilionário. Podiam referir-se a ele como homem de negócios ou poderoso ou mencionar que era alto, casado, pai, avô. Poderiam mencionar alguma característica da sua personalidade, sua arvore genealógica ou ética no trabalho. Mas a primeira palavra começava sempre pela letra B – Bilionário. O Bilionário Aro Volturi.
Aro nascera rico. Seu avô fora industrial nos velhos tempos. O pai aumentara a fortuna. Aro a multiplicara varias vezes. A maioria dos impérios familiares desmorona na terceira geração. Mas não o dos Volturi. Um dos motivos fora a educação dos filhos.
Naquela noite de gala celebrava a causa mais cara ao coração de Aro: a fundação Alec Volturi, em memória do filho assassinado. Aro iniciara o fundo com uma doação de 100 milhões de dólares. Os amigos logo engrossaram o bolo. Aro não era ingênuo, sabia que muitos doavam para puxar seu saco. Mas a coisa não se resumia a isso. Durante sua breve existência, Alec tocara as pessoas. Um menino nascido com tanta sorte e talento, Alec possuía um carisma quase sobrenatural. As pessoas eram atraídas por ele.
Sua outra filha, Jane, era uma boa menina que havia sido educada para ser uma boa Mulher. Mas Alec... Alec tinha algo de mágico.
A dor se fez sentir novamente. Ela estava sempre lá. Em meio aos cumprimentos e tapinhas nas costas, a dor permanecia ao seu lado, cutucando seu ombro, sussurrando em sua orelha, lembrando-lhe que seria sua parceira por toda vida.
- Bonita festa, Aro.
Aro agradeceu e continuou andando. As mulheres estavam primorosamente penteadas e trajando vestidos que realçavam seus ombros nus. Elas combinavam bem com várias esculturas de gelo que derretiam lentamente sobre toalhas de linho importadas. Garçons de luvas brancas circulavam com bandejas de prata repletas de camarões, filé mignon e uma miscelênea de canapés.
Ele se aproximou de Jasper Cullen, o jovem que dirigia o fundo de caridida da Fundação Alec. O pai de Jasper, Carlisle Cullen, fora um dos seus velhos cologas de turma em Newark, e ele, como tantos outros, parecia afzer parte do império dos Volturi. Jasper começara a trabalhar para diversas empresas da família durante o curso secundário.
- Agradeço por sua presença, não sabe como me alegra ver um Jovem talentoso em meio a esses velhos sarcásticos que só sabem puxar meu saco.
- Obrigado, Sr. Volturi.
- Quantas vezes já lhe disse para me chamar de Aro?
- Umas mil vezes – respondeu ele.
-Como anda Alice?
-Meio indisposta, ficou cuidando de nosso filho.
-Diga que estimo sua melhora.
-Direi sim, obrigado.
-Precisamos nos reunir na semana que vem.
-Telefonarei para a secretaria.
-Ótimo
Os dois conversaram mais um pouco, logo depois Aro pediu licença a passou a cumprimentar os outros convidados. Foi então que viu Demetri na saleta. Demetri não deveria estar ali. Os olhos dos dois homens se encontraram. Demetri fez um movimento com a cabeça e se afastou. Aro esperou um instante e depois seguiu o jovem pelo corredor.
Os dois homens entraram na biblioteca de Aro. No passado, aquele local havia sido uma sala maravilhosa de carvalho e mogno, com prateleiras que iam do chão ate o teto repletas de livros e globos antigos. Dois anos antes, sua esposa, decidira que a sala precisava ser totalmente redecorada.
O antigo piso e as prateleiras de madeira foram arrancadas e o aposento se tornara branco, luzidio e funcional, com tanto calor humano quanto uma estação de trabalho num escritório. Sua esposa se orgulhara tanto da decoração que Aro não tivera coragem de dizer o quão detestável lhe parecera tudo aquilo.
- Algum problema esta noite? – Perguntou Aro.
-Não – respondeu Demetri.
Aro ofereceu uma cadeira a Demetri, mas ele recusou e passou a andar de um lado para o outro.
-Foi difícil? – perguntou
-Tivemos que nos assegurar de que não havia nenhum furo.
-Claro.
Alguém atacara seu irmão Marcos. Então Aro contra-atacara. Era uma lição que ele nunca esquecia. Não se fica de braços cruzados quando você ou um ente querido esta sendo atacado. E não se age como o governo com suas “respostas padrão” e toda aquela frescura. Se você é agredido, a compaixão e a piedade devem ser postas de lado.
No fim se você eliminar o mal pela raiz, menos sangue será derramado.
-Então o que há de errado? – Perguntou Aro.
Demetri começou a andar de um lado para o outro. Coçou a cabeça. Aro não gostou daquilo. Demetri não ficava nervoso facilmente.
-Eu nunca menti para você Aro. – começou falando
-Eu sei.
-Mas certos segredos profissionais devem ser guardados.
-Segredos?
-Quem eu contrato por exemplo. Eu nunca digo os nomes a você e nem digo nomes a eles.
-Isso são detalhes.
-Sim.
-O que foi Demetri?
Ele parou de andar.
-Oito anos atrás, você lembra que contratamos dois homens para fazer um serviço?
O rosto de Aro empalideceu. Ele engoliou em seco.
-E eles fizeram o serviço nota 10
-Talvez.
-Não estou entendendo.
-Eles fizeram o serviço ou, pelo, menos, parte dele. A ameaça foi aparentemente eliminada.
Aro desabou na cadeira, como se alguém o tivesse empurrado. Sua voz era suave:
-Por que isso agora?
-Sei que deve ser doloroso para você.
Aro não respondeu.
-Paguei bem aos dois homens – continuou Demetri.
-Conforme eu esperava.
-Sim – ele pigarreou. – Bem, após o incidente, eles deveriam permanecer na moita por algum tempo. Por precaução.
-Continue.
-Nunca mais ouvimos falar deles.
-Eles foram generosamente pagos para isso correto?
-Sim.
-Então o que há de surpreendente nisso? De repente, eles fugiram com a fortuna que ganharam. Vai ver se mudaram para o outro lado do pai´s ou trocaram de identidade.
-Isso – disse Demetri – Foi o que imaginamos.
-Mas...
-Seus corpos foram encontrados na semana passada. Eles estão mortos.
-Não continuou vendo problema nenhum.
-Os corpos já foram enterrados há anos.
-Quantos anos?
-Pelo menos 7 ou 8 anos. E foram encontrados perto...perto do lago onde ocorreu o incidente.
-Não estou entendendo.
-Para falar a verdade, eu também não.
- Isso não pode voltar a tona.
-Eu sei, Aro.
-Temos de descobrir o que aconteceu, tudo.
-Eu tenho vigiado os homens da vida dela. Principalmente o marido. Por precaução. Agora estou concentrando todos os recursos nele.
-Muito bem – disse Aro – Custe o que custar, isso tem de ser enterrado e eu não me importo se alguém tiver de ser enterrado junto.
-Entendo.
-E tem mais Demetri.
Ele esperou.
-Sei o nome de um dos homens que você contrata – estava se referindo a Felix. Aro esfregou os olhos e olhou novamente para os convidados.
-Use-o e o mate.
1 comentários:
Essa fic é perfeita... intrigante.
Sou fã numero 1. Pena que demora a ser postada!!
Bjks
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