29 de ago. de 2011

Capitulo 7

Posted by sandry costa On 8/29/2011 1 comment


P.O.V – Alec Volturi

Cheguei ao castelo com uma hora de atraso, quando todos já estavam em seus respectivos postos. Jane ainda não havia voltado, ela devia ter parado para comer algo.
Meus passos cortavam o silencio do castelo, eu não sabia muito bem o que fazer ou para onde ir, fazia muito tempo que eu ficava a esmo.
Fui até o meu quarto e deitei na cama, cruzando os braços atrás da minha cabeça e encarando o teto, nessas horas eu até chegava a ter saudade de Corin. Depois de ameaçar a humana que seria a rainha dela, ela havia sumido.
Ok. Corin não era mais uma súcubo, mas elas creditavam que uma vez súcubo, sempre súcubo, mesmo estando exilada e sem dons.
Levantei-me da cama e arrastei meus pés ate minha escrivaninha. Abri uma gaveta e tirei lá de dentro uma mascara, a mascara que eu usara para ver Hellena escondido em Veneza, ver-la ser o cisne negro.
Ela deixara de ser a doce e inocente Odette para virar à sedutora e poderosa Odile. Minha princesa que virou uma bruxa.
“Ele jura amor à outra mulher, que ele viu Odette. Mas se ele tivesse olhado melhor, quer dizer, sentido melhor, ele perceberia que era na verdade Odile. Ele apenas viu o exterior, não teve a capacidade de sentir. Ele não amava Odette o suficiente para perceber a diferença.”
Passei minha mão pelo gesso gelado. Esmaguei o objeto entre meus dedos, borbulhando de raiva por dentro. Odiando a mim mesmo.
Fiquei onde eu estava, parado. Inerte.
Inerte. Talvez essa seja a palavra que melhor descreve os vampiros. Todos somos inertes.
Somos a areia que gruda na ampulheta da vida, e insiste em não cair, observando o grande e ininterrupto fluxo da vida, mas sem nunca sairmos do lugar.
Ou talvez uma pedra no meio da linha do tempo. Parado ali atrapalhando o caminho dos humanos. Alguns passam reto sem nem mesmo nos notar. Mas algumas acabam por tropeçar em nos, e nunca mais levantam.
Hellena tropeçou em uma dessas pedras, mas ela levantou. Não ficou lá ou virou outra pedra, ela levantou e voltou a andar, não muito tempo, mas voltou.
Nunca acreditei em destino, nenhum caminho já esta pronto, os humanos fazem seu caminho. E se não existe destino para eles, porque há de haver para vampiros?
Mas e se foi o destino que juntou Hellena comigo? E se ela foi mandada para a minha não-vida apenas para embaralhar tudo, destruir tudo que acredito, todas as minhas crenças, apenas para destruir a mim por dentro, e depois ir embora, me deixando confuso?
Mas se existem as súcubo clarividentes, as súcubos que selaram minha existência, fazendo-me vampiro, então deve existir destino.
Eu não entendia nada do que sentia agora, antes, era unicamente o desejo de ter uma companheira para as noites que eu vivia só. Alguém para dividir a eternidade. Mas depois de conhecer-la melhor e mais a fundo, algo novo foi crescendo dentro de mim, algo que nunca senti.
Achei que meu corpo imortal e congelado no tempo não criaria nada de novo, ficaria do mesmo modo de quando atingi a idade adulta e virei isso que sou agora, mas criou. Algo que acreditava que apenas humanos sentiam.
Ainda me lembro da primeira vez que nos falamos, tão apressada e afirmando não ter tempo, como todo humano.
Quando se é mortal nunca a certeza de nada, nem do dia de amanha. A única certeza, é que um dia, a vida acaba. Tudo para eles acontece rápido, a vida é como um cometa que corta o céu, e logo depois some.
Mas quando se é vampiro, tem-se a certeza que o amanha vira, e com ele o depois, o depois e infinitamente o próximo.
Tudo passa menos você. Você esta só, apenas com suas presas, e seus companheiros que dividem a eternidade contigo.
Me questiono de onde vem o desejo insaciável de matar, de onde vem a vontade sádica de ver os humanos morrerem sob nossas mãos. Talvez seja a inveja deles.
Há um tempo atrás, eu discordaria fielmente de quem se atrevesse a dizer uma burrice dessas, mas não agora. Parecia nesse momento, que o ardor de ser condenado a imortalidade, foi fraco comparado a esse novo tipo de ardor.
Eu estava destruído por dentro, e isso estava me matando, chegava até a questionar minha imortalidade, e isso era um passo muito grave para o suicídio.
Ouvi passos vindos do corredor, e o formigamento denunciando a chegada de um imortal. Damascos e tabaco. Marcus. Antes que ele chegasse, larguei o resto do pó de gesso no chão e chutei com o pé.
-Alec? – murmurou meu nome entreabrindo a porta.
-Qual o problema Marcus? – disse ríspido.
-O que te aflige meu jovem? – entrou no quarto se sentando em uma poltrona.
Marcus foi um tipo de pai para mim sempre, e Didyme minha mãe, foi ela que cuidou de mim quando eu descobri ser incubo. Ela sempre me apoiou, e no dia que ela partiu, foi um sofrimento imenso para ambos de nos.
Não respondi.
-Ah, a súcubo. – murmurou. – Você me lembra um homem que teve o mesmo problema há algum tempo atrás.
-Ele se apaixonou pela rainha delas? – rosnei sem olhar-lo.
-Ham... Bom, talvez um problema um pouco diferente, mas difícil de um modo parecido. Ela era uma súcubo poderosa, uma súcubo do fogo, a mais fiel das servas de Desdêmona, e eles se apaixonaram.
-O que houve com eles?
-O destino os separou. – novamente o destino. – E nunca mais se viram.
-O que quis dizer com todo esse falatório? – gritei. – Que eu deva desistir?
-Todos aqui querem que você faça isso, mas eu em particular acho que não deve desistir.
-Ela não me quer mais Marcus.
-Não foi bem isso que eu vi, ou senti.
O poder dele não se engana. Se havia sentido algo, existia algo.
-O que sugere que eu faça? – sibilei.
-Vá atrás dela. – seu tom era quase entediado, e por um momento pensei ter visto-o dar de ombros. Ele não parecia mais o morto-vivo de antes, parecia estar sentindo alguma coisa, e pela primeira vez, se importar com algo.
-Jane não permitira.
-Pare de arranjar desculpas, eu cuido de Jane. – foi ate mim e segurou meus ombros. – Alec você esta tendo a oportunidade de ter quem você ama não a desperdice, se ela voltar para o mundo oculto, lá você não poderá ir atrás dela!
Sacudiu-me, a sua segunda demonstração de não-apatia. Eu quase me sentia feliz por ele, que passou tantos séculos só, triste e lamentando a morte de Didyme.
-Não sei onde ela esta.
-Pense bem Alec, você a conhece melhor do que ninguém, se ela voltasse, para onde iria? – sorriu um sorriso alegre.
-Hellena não é mais a mesma.
-Ela é jovem, ainda demorara a mudar, mesmo sendo treinada por súcubos.
-Talvez seja meio obvio o lugar.
-As súcubos são ardilosas o suficiente para escolher o obvio, o que ninguém escolheria. – não sabia que ele conhecia tão bem as súcubos.
-Acho que voltariam para Verona.
-Então vá para Verona. – abriu os braços. – O que tem a perder?
-Alem de meu orgulho próprio e meu ego?
-De que servem eles? – riu novamente.
-Esta feliz por mim Marcus? – sorri.
-Você sempre foi um filho para mim, e para Didyme também. Ela me pediu que cuidasse de você sempre. E por muito tempo eu deixei-o de lado, mas depois de ver o sentimento que tem pela súcubo, lembrei-me de minha promessa.
-Obrigado por tudo Marcus. Sempre foi um bom pai, e Didyme uma mãe maravilhosa. Você merece ser feliz novamente.
-Não sei se sentirei aquilo novamente. – sua voz ficou mais fraca.
-Temos a eternidade para tentar. Para mim demorou mil anos, mas chegou, porque não à de chegar para ti?
Meneou a cabeça.
-Quem sabe? Agora sugiro que vá logo, antes que Jane venha atormentar-te.
-Tenho que falar com Aro antes.
-Não, não tens. Eu converso com ele. Agora vá. – me empurrou para a janela.
-Voando? – franzi o cenho.
-A maneira mais rápida.
Suspirei subindo na batente da janela.
-Obrigado novamente. – saltei por ela me transformando no ar.
Por um momento pensei ter ouvido ele me desejar boa sorte.
E pelo visto, eu precisaria.

1 comentários:

Que fofo amei o Marcus fazendo o papel de Pai,
ele merece ser feliz, mal posso esperar pra ler o proximo capitulo bjs.
Parabéns

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