O SÉTIMO ANO
Por mais evidente que fosse a satisfação geral em razão do tão esperado dia, era perceptível também uma certa onda de temor, que por vezes emanava de alguns de nós. Foi com certo pesar, admito, que eu contemplei a completa metamorfose de Renesmee, e não penso que seja somente pelo fator “aceleração”. Me senti meio impotente diante o avanço da minha pequenina flor, sendo eu aquele que deveria estar inabalavelmente seguro de mim e dos meus sentimentos. Rosalie às vezes tinha prazer em me alfinetar com exclamações inconvenientes sobre o “próximo capítulo” da minha vida junto a Nessie. Mas até certo ponto era compreensível. Eu jamais poderia esperar que todos pudessem compreender de fato todas as nuances do imprinting, sendo que nem mesmo eu podia me gabar de conhecê-las em sua totalidade. Mas, diante das minhas alternativas, eu preferia lidar com o sarcasmo ocasional do que com a remota possibilidade de me afastar, por qualquer que fosse o motivo. Renesmee se resumia não só a um detalhe emocional em minha vida, mas era ela a melhor definição de felicidade para mim. Não era concebível em minha mente qualquer realidade que não a incluísse. Por convenção, minha reação à existência dela foi comumente denominada “amor à primeira vista” na casa dos Cullen. Porém, com o passar dos anos (e com uma certa ajudinha do meu “decodificador mental” favorito, não posso negar) nosso vínculo ganhou uma denominação um pouco mais próxima do real, mas nem por isso menos piegas: Feitos um para o outro. Edward me consolava com a justificativa de que “amor à primeira vista” era, no geral, algo efêmero, enquanto que “feitos um para o outro” tinha um toque de predestinação, e por isso era mais seguro e duradouro. Qualquer que fossem as explicações filosóficas por detrás daquilo, o sentimento que transcorria em minhas veias era algo que, provavelmente, nem o tal do Shakespeare teria sido capaz de descrever com precisão.
Após ser conclamada a paz ao final de todo aquele terror em ocasião da vinda dos Volturi para nos executar, como se acreditou, o alívio se deu por mais um fator decisivo: Renesmee seria imortal como todos nós, vindo a atingir a idade adulta após o período de sete anos. Aquela notícia foi como um oásis no deserto para toda a família e para mim, em conjunto com minha alcatéia. Ainda era estranho me auto proclamar como o lobo alfa do novo grupo que se formou logo após a eminência de um ataque aos Cullen. Naquela época era um martírio, agora era um martírio, e essa condição era aparentemente permanente dentro de mim. Mas, no tocante aos outros, tudo eram flores. Até mesmo Leah tornou-se suportável aos meus ouvidos e mente. Era um grupo bastante harmonioso, eu tinha que admitir.
Vampiros e lobos agora praticamente tinham suas rotinas atreladas uma à outra. Ninguém queria ser pego novamente de surpresa por qualquer circunstância desagradável, e isso exigia turnos dobrados dos lobos na reserva e aperfeiçoamento dos dons dos vampiros, tão abundantes no nosso clã local. Com o tempo, chegamos a um equilíbrio entre a sensatez e a paranóia, visto que aparentemente nada nos alcançaria desprevenidos... Então relaxamos, enfim. Por medida de ordem, Quil e Embry, que chegaram a pertencer por um tempo à minha matilha, receberam a orientação dos anciãos de permanecerem junto a Sam. Isso não os deixou muito satisfeitos no começo, nem a mim! Mas nunca foi considerado prudente equiparar as forças entre duas matilhas muito próximas... Os instintos poderiam provocar confrontos entre nós, segundo os sábios do nosso meio.
Os planos relacionados à colégios e universidades aparentemente foram adiados, por tempo indeterminado. Nenhum dos Cullen nem dos meninos da reserva freqüentavam mais entidades educadoras fazia já um tempo, para a alegria de muitos e desespero de alguns. Ao que parece, haviam pessoas ali com mais de 100 diplomas, então... Mas, o principal motivo não tinha muito haver com nossos interesses em particular. Não poderíamos freqüentar nenhuma instituição por pelo menos uns 15 anos, graças ao nosso congelamento físico perpétuo. Só a partir daí seria seguro ingressar novamente na vida acadêmica com certo anonimato (e, claro, uma boa cota de invasão a registros escolares locais, por via de segurança). Mas nem por isso estávamos todos entregues ao ócio total.
Do meu lado, Seth concluiu o ensino médio primeiro que eu, já que se recusara a deixar o colégio (não por que era dedicado ou coisa assim, mas por ser um tanto popular por lá). Paul conseguira vário empregos no decorrer dos anos e estava atualmente trabalhando em uma gráfica em Port Angeles e, por mais difícil que possa parecer, era bastante responsável e bem elogiado. Quil fazia um curso de fotografia à noite, quando sua pequena Claire estava descansando de todas as estripulias do dia. Ele realmente não queria deixar pra trás nenhuma memória de sua princesinha, e queria fazer isso em grande estilo. Do lado dos vampiros, Alice embarcara na mesma vertente de Quil, embora seu curso fosse, digamos, um pouco mais “seleto” (tradução: caríssimo). Ela agora se divertia arquivando-nos em imagens de todos os tipos, em seu discreto mural de 18 m² que ocupava uma parede inteira da sala de estar da mansão. Rosalie e Emmet também não quiseram ficar parados e toparam o desafio de ir a uma universidade da Ive League durante quatro anos, por que eles já não tinham qualificações o suficiente... Retornaram mais apaixonados do que quando saíram.
Quanto ao restante de nós, ficamos entregues às glórias da natureza e da boa vida, assim eu poderia descrever com uma boa pitada de eufemismo, é claro. Carlisle tivera que abandonar o emprego definitivamente, já que alguns de seus pacientes eram presenças constantes e sempre o encurralavam com indagações sobre como o tempo parecia não surtir efeito algum em sua aparência, e tais comentários chegavam com uma freqüência perigosa demais aos ouvidos dos reitores do hospital. Ele agora se dedicava a Esme integralmente, e assim seria até que todos esses pacientes e reitores já estivessem sob lápides. Jasper passava a maior parte do tempo em casa, mas ocasionalmente embarcava em alguma escursão para caçar em áreas com faunas mais exóticas junto aos outros. Leah, eu e, posteriormente, Seth nos tornamos mestres na arte de organizar luais para nossas famílias e demais lobisomens, contando agora com a presença dos nossos antigos arquiinimigos. Por fim, Bella e Edward dedicavam-se a Renesmee tanto quanto eu, com um empenho em se tornarem os melhores pais possíveis que era louvável. Os dois passavam muito tempo juntos, conversando, caçando e... Bom...
Os anos transcorriam de maneira bastante fluida para todos. Seria possível até dizer que eles passavam imperceptíveis, não fosse o fator chave que o demarcava ao redor de todos: Nessie. Meu lindo anjinho, que a cada dia passado crescia em estatura, inteligência e força de uma maneira impressionante. Embora houvesse uma desaceleração constante em seu desenvolvimento, estava claro que o período de sete anos para a maioridade era real e não tardaria.
E não tardou.
Cá estávamos sete anos depois, às vésperas do tão aguardado acontecimento, embora não fosse necessário esperar a data formal de seu aniversário para constatar o óbvio: Renesmee já era adulta. Não digo mentalmente, pois era de se convir que ela sempre foi intelectualmente mais desenvolvida que a maioria de nós. Mas seu físico atingiu a marca de mulher tão logo a troca de dentes se completou, no começo do inverno do sexto ano. A partir desse ponto, Carlisle anunciou o fim do seu período de crescimento. Na opinião de todos, se a natureza alguma vez foi gentil com alguém, sem sombra de dúvidas esse alguém era ela. Muito diferente da beleza marmorizada que todos os vampiros da família Cullen ostentavam, ela era um misto de primavera e verão tão vivo em cores e delicadeza feminina quanto meus olhos podiam descrever. Sua tez pálida, mas com um leve toque rosa aveludado era um convite aos olhos de qualquer ser vivente. Seus longos cachos agora se modelavam graciosos em suas costas e rosto, salientando um contraste arrasador de múltiplas tonalidades de ruivo. Seus olhos eram uma réplica perfeita de minha mais doce memória, embora já tão distante: O olhar penetrante da Mãe. Por outro lado, seus modos e expressões eram de uma evidente semelhança com os do Pai. Contemplá-la, em seu total esplendor, era mais que gratificante. Era uma experiência mágica até mesmo pra quem já estava habituado ao sobrenatural.
O temor de todos residia justamente neste quesito: apesar da aparência de adulta, Renesmee ainda era apenas uma criança de sete anos. Como devia ser para ela lidar com tantos conceitos e controvérsias sobre idade e amadurecimento? Crescer em um lar onde as idades estavam dispostas em uma total salada mista não era coisa pra quem tem estomago fraco. Eu, Seth e Bella, por exemplo, éramos os mais jovens em seu círculo mais íntimo, com 24, 22 e 25 anos respectivamente. Mas as demais idades variavam entre 100 e 500, até onde se sabia. E o mais chocante: quem olhasse de fora somente veria um grupo de pessoas com idades estimadas entre 16 e 26 anos. Mas eu tinha certeza de que estávamos todos nos preocupando em vão; ela sempre nos superava em todos os aspectos e nesse não seria diferente. Mas, até que ponto era saudável uma criança ser tão excepcional? Com o surgimento de Nahuel e a descoberta da existência de outros como Nessie, o alívio foi tamanho que obscureceu todos os outros questionamentos. Ninguém se preocupou com o fato de que só tínhamos como parâmetro um meio-vampiro homem e, como se sabia, haviam diferenças peculiares entre os sexos. Nahuel não entrou muito em detalhes na época sobre as características de suas meias-irmãs híbridas, talvez pelo fato de ele não ter nenhum convívio com elas. Sua única companhia feminina era sua tia, que era vampira. Fosse como fosse, Nessie estava bem e iria viver para sempre. Isso, em tese, já era suficiente.
Na maioria do tempo, eu me resvalei nos móveis da casa, que a essa altura já deviam somar três vezes mais do que o habitual, graças ao talento incontestável de Alice para organizar festividades. Era espantoso como uma garota tão baixinha podia, em tão pouco tempo, promover um evento digno de ser comparado a uma cerimônia de posse da coroa real. Jasper estava negligenciando um pouco nesses últimos dias em sua tarefa de equilibrar os ânimos de todos dentro do maior período de tempo possível (ou seja, 24hrs por dia, 7 dias por semana), talvez até por ele mesmo estar bastante apreensivo em relação ao rumo que a celebração estava tomando. Ia ser uma festa de arromba literalmente, graças ao monstruoso sistema de som que Emmet cuidadosamente arquitetou para a ocasião. Pro caso de a minha “audição canina”, como ele carinhosamente gostava de dizer, não suportar os 120 dB de potência, sempre havia a opção de desfilar pela festa ornamentando o tapa-ouvidos “com orelhinhas de cachorro” que eu usava na páscoa, enquanto todos usavam os de coelhinho. Esme se divertia planejando o menu para a recepção formal, que ocorreria antes da festa propriamente dita, e Carlisle passava a maior parte do tempo com ela. Rosalie se aliara a Alice no processo de planejamento e execução como se sua própria existência dependesse daquilo. As duas passavam dias e dias entre detalhes insignificantes e idéias absurdas que brotavam de suas cabecinhas imortais. Enquanto a festa ganhava proporções inquietantes, os únicos que pareciam partilhar do meu estado de inércia diante daquilo tudo eram Edward e Bella, que iam e vinham por entre os caixotes, mesas e ornamentos como se aquele fosse um universo paralelo. Por um lado, era até engraçado ver nós três no mesmo barco, pois assim eu não me sentia tão inútil. Mas, por outro, eu me vi incomodado com a falta de participação deles em toda a empreitada. Apesar de não conseguir me encaixar naquela algazarra toda, intimamente eu queria que o resultado estivesse à altura da homenageada, e esperava que eles quisessem o mesmo. Alice, todavia, nos informou que o evento seria um sucesso absoluto, com ou sem a nossa contribuição. O melhor de tudo era a desproporcionalidade da produção quando se analisava a minúscula lista de convidados: No total, seríamos eu e minha pequena família; os Cullen; os lobisomens; umas duas famílias de La Push; Tanya, Kate (junto a seu companheiro Garrett), Eleazar e Carmem do clã Denali; Zafrina, Senna e Kachiri do clã das Amazonas; Benjamin e Tia do clã Egípcio (Amun aparentemente se ressentiu um pouco depois do que aconteceu, sete anos antes, e preferiu não fazer a viagem. Sua esposa Kebi também não compareceria, é claro, mas somente por consideração ao marido) e alguns vampiros nômades. Ou seja, menos de 50 pessoas em uma festa que comportaria sem nenhum problema umas 400. Charlie não pôde ser incluído na lista, para sua própria segurança. Demos a ele mais uma daquelas explicações vagas, garantindo que lhe traríamos as fotografias em seguida. Como era de se esperar, seu caráter conservador e irredutível o mantivera alheio às bizarrices que compunham a nova realidade de sua filha. Mas, em consideração a ela, ele aceitou tolerar as meias verdades que lhe dizíamos, em troca da permanência de Bella em Forks, muito embora eu não conseguisse imaginar que ele fosse capaz de engolir aquelas histórias mal contadas sobre o fato de Nessie crescer tão depressa, enquanto que nós não envelhecíamos. René, por sua vez, com seu temperamento resoluto e meio inconseqüente, não quis saber de ser poupada. Dois anos depois do casamento ela veio visitar Bella e os Cullen e, deparando-se com a filha tão drasticamente mudada, não admitiu nada menos do que a verdade. Ficou chocada, é claro, como qualquer ser humano em tais circunstâncias. Porém, seu amor maternal não seria diminuído por nada nem ninguém, nem mesmo pelo sobrenatural. Quando conheceu Nessie, sua reação foi a esperada. Encantou-se completamente por aquela linda criança de cachinhos ruivos, tão inteligente e grande que poderia se passar por alguém com muito mais idade, apesar de só ter dois anos na época. Ela estava ciente da grande comemoração e sentia muito por não poder estar presente, mas compreendia as implicações da ocasião e os riscos. A mesma promessa foi feita a ela sobre as fotografias, com o acréscimo de um vídeo com os melhores momentos.
Eu me afundei no sofá da sala e bufei de impaciência. “Será que os próximos três dias antes da festa seriam assim, ou piorariam? “ pensei comigo mesmo, apesar de saber que essa era uma pergunta retórica. Estava tonto e entediado também, então liguei a TV. Nesse momento, Bella entrou na sala. Ela veio se sentar comigo e pela sua expressão, nós partilhávamos do mesmo estado de espírito.
– Eu não agüento mais isso! – ela disse, com sua voz ecoando em um tom desgostoso – essa ansiedade é tão ruim quanto um esforço físico. Me sinto psicologicamente exausta.
– O pior de tudo é esse sentimento de culpa por não estar colaborando com absoltamente nada – o pesar ecoando na minha. Ela assentiu à minha afirmação.
– Mas, em se tratando de Alice, o céu é só a linha de partida!
Eu dei uma risada em concordância e ela me acompanhou. Era incrível como, por mais desanimados que estivéssemos, momentos simples como aqueles podiam nos reanimar por completo.
– Ei – ela girou o corpo para ficar de frente pra mim – exatamente há sete anos atrás, eu estava deitada nesse mesmo sofá, quase morrendo. Então você surgiu por aquela porta, e eu te vi. Nesse momento eu soube que tinha que lutar mais para viver. Não sei por que, mas acho que muito disso era obra de Renesmee. Não creio que seja improvável supor que você já provocava nela algum tipo de reação, Jake.
– Por favor, não vamos falar nesse assunto. Me faz lembrar de como eu era um cretino naquela época...
– Ah, quer dizer que você já não é mais um cretino?! – seu humor cruel me distraiu um pouco do jorro de memórias que me abateram ao me recordar daqueles dias, mas só assim eu me dava conta de quanto tempo havia passado. Aquele Jake parecia um outro cara, alguém que se apossou do meu corpo por um tempo e que, graças a Deus, desapareceu.
– Quando você me conta como seus pensamentos eram nobres, eu me lembro de como eram os meus diante dos mesmos fatos.
– Sério?! Você quer desabafar? Eu estou aqui pra te dar um ombro pra chorar se você quiser.
– É melhor que ele nem comece, Bella! – Edward entrou na sala e veio se juntar a nós, a expressão como a de uma criança que encontra um brinquedo perdido – O que se passava na mente desse sujeito naquela época era de um teor baixo e doentio. Você viverá melhor sem saber dos detalhes.
Em outras épocas, eu me descontrolaria e avançaria com um murro no queixo de Edward, mas nós dois acabamos por desenvolver uma amizade sincera que permitia de bom grado essas provocações insolentes. Eu e ele éramos como irmãos de sangue, sempre encrencando um com o outro. Porém nunca nos ressentíamos de nada. Contemplando aquele quadro de nós três ali sentados, rindo juntos como uma família realmente deveria ser, eu tinha que admitir que não merecia estar ali, rodeado de tanta felicidade.
– Por mais que eu odeie admitir, ele tem toda a razão! Será melhor pra nossa amizade, Bella, se minhas antigas e sórdidas fantasias permanecerem na obscuridade.
– Nossa, Jake... Agora eu fiquei preocupada! Como eu pude ser amiga de alguém assim, tão vil como você? – ela fez uma cara de choque, depois emendou em uma risada, juntamente com Edward.
– Sabe, às vezes eu me pergunto a mesma coisa. Você nunca foi muito certa da cabeça... e seu círculo de amizades é a prova viva disso.
– Ei, fale por você. Eu nunca tive problemas com meus pensamentos. Só com os dela! – Edward disse e deu uma cheirada carinhosa nos cabelos da esposa
Nesse momento, Renesmee entrou na sala e veio se juntar a nós. Eu me pergunto se alguém notava o súbito brilho nos meus olhos toda vez que a via, tamanha era a alegria e contentamento por sua presença. Óbvio que a maioria percebia a repentina alteração no meu ritmo cardíaco, o que nunca deixava de acontecer, mesmo depois de sete anos. Era como se a cada aproximação dela, eu me deliciasse com a descoberta de uma nova sentação e a atmosfera, de repente, se iluminava por completo. No ar pairava um aroma de rosas do campo. Nessie sempre foi e sempre seria a dona absoluta dos meus sentimentos, pois todos eles se metamorfoseavam de acordo com suas necessidades. Quando brincávamos e riamos, eu era seu irmão mais velho; o sentimento fraternal dominava. Quando ela se entristecia, por algum motivo, e precisava de apoio, eu era seu segundo pai; o sentimento paternal assumia o posto. E quando ela precisava compartilhar seus receios sobre o que quer que fosse, eu era seu melhor amigo; o amor cúmplice entrava em ação. No quesito “amor fileo”, eu já me considerava um mestre... Mas imprinting se estendia a mais um tipo de amor: Eros. Amor entre homem e mulher. Esse, até então, estava oculto e eu não tinha consciência de sua existência. E assim permaneceria, até que ela o despertasse. Não me via como sendo um mero escravo dela, mas era como Edward me dissera: éramos predestinados um para o outro. Almas Gêmeas. Eu seria o que ela precisasse que eu fosse.
Ela se sentou entre os pais, com uma delicadeza que era natural em seus movimentos, sendo aninhada pela mãe e recebendo um beijo na cabeça do pai. Seus olhos estavam sérios e sua expressão evidenciava uma inquietação e uma certa relutância.
– Seria possível alguém informar às minhas duas tias queridas de que a festa é minha, e talvez a minha opinião devesse ser um pouco mais levada em consideração?!
Todos rimos de sua frustração e, mais ainda, por que adorávamos quando ela se expressava com palavras. Eu a imaginei se esforçando para alcançar os rostos das duas tias, na tentativa de lhes mostrar seus desejos, enquanto elas se agitavam e tagarelavam, ignorando-a completamente. Edward provavelmente leu minha mente naquela hora, porque ele assentiu com a cabeça pra mim e nós dois rimos mais intensamente.
– Será que dá pra nos incluir no processo de comunicação mental, por favor?! – Bella protestou, curiosa, enquanto Nessie fez uma cara maldosa
– Vocês dois não prestam! – ela fingiu compreender o teor da nossa piada e Edward me estendeu o punho, em cumplicidade. Eu retribui o gesto zombateiro.
– Depois eu te conto, meu amor – ele sussurrou no ouvido de Bella e Nessie olhou pra eles de soslaio
– E ai, Nessie, animada com o grande dia?! – minha voz sempre assumia um caráter mais doce ao me dirigir a ela, mesmo em tom de brincadeira
– Ah é, YUPI!! – seus olhos se reviraram e ela atirou uma almofada no meu rosto
– Que é isso?! Perguntar não ofende... – eu me encolhi, de gozação, como se aquilo pudesse realmente ter me machucado
– Parem com isso, meninos... Não estraguem o sofá de Esme! – Bella advertiu, fingindo seriedade.
Estávamos todos entregues ao bom humor novamente quando Emmet, vindo da garagem, surgiu na sala. Ele vestia uma camisa regata azul clara que estava toda encardida e uma bermuda esporte... seu boné estava virado para o lado, como de costume. Trazia consigo uma maleta de ferramentas que devia pesar uns 15 quilos. Se ele fosse humano, provavelmente estaria ensopado de suor.
– Eu nunca pensei que fosse tão complicado instalar uma LED, mas o manual estar escrito em chinês nunca foi um fato animador – ele falou, contrariado – Até as figuras eram complicadas de se entender...
Nós quatro nos viramos ao mesmo tempo para ele.
– Alice te fez instalar um telão LED ? – Edward perguntou, resumindo o sentimento coletivo de incredulidade.
– Foi – ele deu de ombros – apesar de que eu não acredito que alguém vá prestar muita atenção em uma tela de 150 polegadas, quando a pirotecnia de 7 toneladas de fogos de artifício começar a explodir no céu.
Nessie se afundou completamente no sofá, em um misto de desespero e indignação. Bella se virou para Edward, depois pra mim, mas sem realmente olhar pra nenhum de nós. Edward fez um gesto brusco para Emmett, e ele entendeu que devia se calar e seguir para onde estava indo. Dinheiro realmente estava se tornando uma arma perigosa na mão daquelas duas nos últimos dias dos preparativos. Esme estava vindo da cozinha em direção aos quartos, quando de repente Nessie pareceu esboçar um alívio.
– Vovó – o tratamento de “avó e avô” era tão incompatível com Esme e Carlisle, quanto o de “papai e mamãe” era com Edward e Bella, e de “tios” com os demais – por favor, fale com a tia Alice e a tia Rose para pegarem mais leve?!
Ela se levantou do sofá, indo na direção de Esme, e colocou as mãos em seu rosto. Esme a envolveu em um abraço e as duas se aproximaram juntas da janela, onde provavelmente tinham uma visão das duas referidas vampiras.
– Meninas – Esme esclamou – tenham moderação. Vocês estão angustiando a aniversariante!
Nessie fez um beicinho e assentiu com a cabeça, suplicante. Ouvimos a vozinha de sino de Alice responder:
– Esme, venha ver os enfeites em formato de anjinho que nós achamos na internet, pra colocar no centro das mesas – foi como se ela não tivesse escutado uma palavra do que Esme havia dito, mas nós sabíamos que era de propósito. Só não esperávamos pela reação de Esme. Ela abandonou os braços de Renesmee e disparou na direção da porta, indo de encontro às garotas, e só o que ouvimos foi ela gritar “esperem por mim!!” enquanto corria. Renesmee se virou para nós num giro vacilante e sua expressão era de assombro.
– Inacreditável!! – ela gaguejou, então voltou cambaleante para o sofá e se afundou novamente, atônita.
A TV ainda estava ligada em um canal qualquer. Estava passando o noticiário local, e a repórter apresentava a previsão do tempo para os próximos três dias, como era de costume. Amanhã: tempo nublado, com chuva ocasional. Depois de amanhã: chuva torrencial o dia todo. E por fim, na terça-feira, o “grande” dia: SOL O DIA INTEIRO, a repórter fez questão de salientar, tamanha era a raridade de tal acontecimento meteorológico. Eu desliguei o aparelho imediatamente, prevendo a explosão de raiva e insatisfação que se seguiria. “Filhas da mãe de sorte essas vampiras”, eu pensei, “Pelo menos agora elas não vão precisar se preocupar com mais nenhum acréscimo à decoração; suas peles já vão ser ornamentos suficientemente chamativos”. Mais uma vez, Edward concordou com minhas meditações, só que não deixou transparecer nada, com receio de só piorar as coisas. Somente disse, em um volume baixo que não seria ouvido por elas, que agora estavam entregues a uma onda de protestos e exclamações insolentes:
– Alice não prevê o futuro à toa!
Realmente, eu não tinha me atentado a esse detalhe. Talvez se houvesse chuva no dia da comemoração, elas não gastariam tanto tempo planejando uma festa ao ar livre. Fariam algo especial, mas discreto o suficiente para caber dentro da casa. Eu costumava olhar as mesas e a decoração, envolvidas por lonas de plástico, com uma interrogação em minha mente. “Elas nunca vão tirar as lonas de cima dos móveis, se quiserem que sobre alguma coisa inteira durante a festa.” Agora eu compreendia perfeitamente.
De súbito, um silvo atravessou minha garganta e eu me levantei bruscamente, indo na direção em que elas estavam. Senti-me impelido por uma raiva que não sentia já há muito tempo. Estava disposto a confrontá-las até que ambas se constrangessem por seu exagero e desistissem. Aparentemente todos notaram minha alteração incomum de humor, pois atrás de mim senti que eles se levantaram e me seguiram, não sei se por curiosidade ou por preocupação. Desci as escadas da entrada principal, saltando de três em três degraus, e dei a volta, contornando a garagem. Ao ver que nos aproximávamos, Alice parou o que estava fazendo e olhou para nós, provavelmente já conhecia minhas intenções àquela altura {graças a Edward estar lendo-as em minha cabeça, claro!}. Mesmo assim, agiu com sarcasmo:
– Ah, que bom! Finalmente resolveram tirar as bundas do sofá e contribuir! Mas não precisavam trazer Nessie junto. Por Deus, ela é a estrela da festa e eu não me referi a ela quando tentei recrutar ajuda...
– Será mesmo que ela é a estrela da festa, Alice?! – minha voz assumiu um tom agressivo que, por mais que eu desejasse que assim fosse, acabei por julgar meio exagerado – Pelo que eu vejo, as opiniões dela não estão nem mesmo sendo ouvidas, que dirá consideradas!
– Ah, pelo amor de Deus, Jacob – ela revirou os olhos – Nessie é filha da mãe dela! Você não esperava que a gente fosse ceder à falta de entusiasmo de suas idéias, não é?!
– Eu acho que esperava sim!! Aliás, esperava muito mais... Olhem só pra esse lugar. Por mais que Renesmee mereça do bom e do melhor, isso já passou do limite do aceitável há muito tempo – minha raiva estava se intensificando. Senti a mão fria de Edward no meu ombro. Olhei pra ele e notei seu o olhar cauteloso. Me dei conta de que estava tremendo, mas nem por isso me concentrei pra retomar o controle.
– Não gaste sua saliva! Nós estamos certas de que Nessie irá gostar quando chegar a hora – Rosalie, por fim, entrou na conversa
– Cala a boca, que ainda não chegou a sua vez de falar – eu já estava berrando. Ela ficou chocada com a minha grossura e foi para o lado de Emmett, que acabara de chegar da garagem, curioso com a barulheira, porém absolutamente tranqüilo, ao contrário do restante.
– Eu acho que você está se excedendo um pouco – a voz de Alice assumiu um tom mais petulante
– Alice, por favor... – Edward pediu, em tom de advertência
– É, eu devo mesmo estar exagerando – eu fanfarreei secamente – Talvez nós devamos alertar a NASA, para que quando os astronautas virem lá do espaço a emissão incomum de luzes vindas de nossa “festinha”, ninguém pense que é um ataque terrorista de armas químicas. Não, melhor ainda, por que a gente não convida também os Volturi e sua corja para compensar essa total desproporção...
Eu só percebi o que tinha dito quando minha resposta, ao invés de réplicas insolentes e agressivas, foi um silêncio mortal e profundo. Eu me desarmei completamente e meus músculos, por fim, pararam de tremer, enquanto eu encarei o chão. Não pensei que, ao dizer aquilo, feriria tanto os sentimentos de Alice. No fim das contas, ela tinha a melhor das intenções ao se empenhar tanto na organização da festa. Onde estava Jasper nessas horas? Quando finalmente tive coragem de olhar em sua direção, vi seu pequeno rosto se contorcendo e seus olhos se apertando, como se ela pretendesse desabar no choro, sendo isso possível. Esme a envolveu em seus braços de uma maneira maternal e, seguidas por Rosalie, caminharam em direção à casa. Essa, antes de entrar com elas, olhou para mim uma última vez.
– Cretino!
Na minha visão periférica, eu via Edward encarando o chão, petrificado. Olhei pra trás e vi Bella examinando minhas feições, preocupada. Renesmee, ao seu lado, tinha uma expressão surpresa, e eu a interpretei como sendo de nojo. Um profundo constrangimento me abateu e tudo o que quis fazer foi sumir dali o mais rápido possível. Por isso, quando me lembrei da imensa floresta ao meu redor, não tive dúvidas. Me atirei em direção às arvores, correndo desenfreado. A investida de Bella em me conter foi interrompida por Edward, que provavelmente devia estar com raiva de mim também. Ao ter certeza de que já havia saído do raio de visão deles, comecei a me despir pra a transformação. Ganhei a floresta com velocidade e me mantive correndo por um bom tempo. A voz de Seth surgiu em minha cabeça.
– Jake, está tudo bem com você?!
– Agora não, Seth – disse com rispidez, me arrependendo imediatamente. Não gostava de agir daquele jeito
– Ele, provavelmente, deve ter se tocado que passa tempo demais naquela casa e resolveu voltar às raízes – foi a vez de Leah dar pitaco. Eu não ia agüentar aquilo por mais tempo.
– Eu estou bem. Só tive que sair de lá por alguns minutos. Mas todos estamos bem – menti, em vão
– Não está bem coisa nenhuma, Jake. Se esqueceu que nó podemos ver as imagens em sua mente?! – Seth não desistiria de tentar me consolar
– Nossa, que coisa horrível de se dizer. Até pra você... – Leah me provocou
Foi o suficiente. Voltei à forma humana imediatamente e... Por Deus, eu estava chorando. Eu não me lembrava da última vez em que havia chorado. Talvez no enterro de Harry, muitos anos atrás, mas não tinha certeza. Fosse como fosse, eu precisava me recompor. Mas a vergonha era demais e me causava uma dor semelhante facadas no peito. “Como eu pude dizer aquilo, como se não significasse nada?!” eu remoia em minha mente. No impulso de me esconder, subi na árvore mais próxima e escolhi um galho baixo para me recolher. A chuva cotidiana começou, enfim. Eu planejei ficar ali por tempo suficiente para que todos se esquecessem da minha existência. Essa idéia somente fez com que a dor no meu peito se intensificasse. Me separar de Renesmee pra sempre era uma idéia insuportável demais para se pensar, e tentei me concentrar em alguma coisa ao meu redor, na tentativa de conter as lágrimas que eu derramava involuntariamente. As folhas da árvore roçavam em meu rosto com o bater do vento, que assobiava em meu ouvido molhado. Fechei meus olhos e me concentrei nos sons que a natureza produzia, ao se agitar com a mesma urgência da minha alma. Meu coração finalmente voltou a bater regularmente. Podia sentir a umidade em minhas bochechas secando com o calor que meu corpo emanava e minha respiração também se tranqüilizou.
A chuva durou, mais ou menos, uma hora, então a terra respirou, satisfeita. A natureza tinha sua maneira de se expressar, e eu a conhecia bem. A chuva era um renovo para todos os seres e plantas da floresta, um balsamo natural, dado de bom grado pelos céus. Aquele cheirinho de ozônio tão delicioso era o último acorde da sinfonia que a natureza estava tocando pra mim naquele final de tarde. As nuvens já se dissipavam, a o céu começava a assumir um tom azul cobalto.
Um som de galho sendo pisado me despertou do meu transe. Olhei pra baixo e vi ninguém menos que Renesmee me esperando. Ela desviou os olhos quando eu a olhei de frente, então percebi que estava nu. Seu rosto corou e eu dei um salto para o chão, no lado de trás da árvore, o coração disparando outra vez. “Será que esse dia não tem fim” eu resmunguei afoito, enquanto me apressava em recolocar a bermuda no corpo. Não tive paciência de vestir a camisa também e contornei o tronco da árvore para me aproximar dela. Ela ainda olhava pra baixo, parecendo contrariada, e eu temi que a tivesse escandalizado.
– Nessie, eu...
– Está tudo bem, Jake. Não se preocupe, eu não vi nada – por alguma razão ela não me convenceu muito
– Eu não sabia que alguém viria até aqui, senão eu...
– Eu sei, é claro que não! Mas eu tinha que vir, Jake – ela me encarou pela primeira vez – Fiquei muito preocupada com você. O jeito que você agiu, eu...
– É, eu entendo! Eu fui um imbecil mesmo – minha face pendeu para o lado, com a lembrança
– Eu não vim atrás de você para te acusar! – vi sinceridade dessa vez – Vim aqui pra te agradecer!
Eu fiquei perplexo diante da última frase dela. “Me agradecer?” eu não falei com os lábios, mas devo ter falado com os olhos por que ela continuou:
– Te agradecer, sim, por ter feito aquilo. Foi muito nobre. Claro, você exagerou um pouco, mas – ela sorriu, porém ainda um pouco tensa – isso foi só um detalhe sem importância.
– Não, Nessie, teve muita importância sim. Eu magoei profundamente os sentimentos não só de Alice, mas de todos eles, mencionando os Volturi daquele jeito.
– Eu te garanto que você não ofendeu aos outros e que Alice já está recuperada e disposta a te perdoar. Na verdade, todos ficaram preocupados com o que você iria fazer essa noite. Eu... em especial.
Eu não pude mais duvidar de sua sinceridade, embora ainda houvesse algo em seu tom de voz que me perturbava um pouco.
– Seja como for, eu não posso mais voltar lá... Pelo menos não hoje. Não saberia como agir, depois do que fiz.
– Eu não quero que você fique assim, Jake – ela falou, praticamente me dando uma ordem – todos estão te esperando, pra te mostrar que está tudo bem. Inclusive, você alcançou seu objetivo: Alice desistiu de realizar a festa de coroação da princesa e resolveu que vai me ouvir de agora em diante.
Não pude deixar de me animar com aquela notícia. Pelo menos, meu escândalo não havia sido em vão. Agora, eu cria, ambas as partes ficariam satisfeitas, e não só uma delas.
– Eu acredito em você, Nessie, e fico muito feliz que eu tenha te ajudado no final das contas, mas eu realmente preciso ir pra casa hoje. Eu ficarei bem, prometo.
Envolvi seu rosto em minhas mãos, mas ela estremeceu ao meu toque. Definitivamente, algo não estava direito.
– O que você tem, Ness?! Está me escondendo alguma coisa... Se sente mal?!
– Não – ela balançou a cabeça, negativamente, de certo modo se livrando de minhas mãos – não é nada, juro. Eu acredito que seja somente a ansiedade por agora estar no comando de minha própria festa – o tom esquisito de novo se apossando de sua voz. Eu resolvi não insistir no assunto.
– Eu prometo que passarei lá amanhã, pra mostrar que estou vivo, ok?!
– Está bem – ela cedeu, conformada – mas eu não vou esperar você até o fim do dia. Se você demorar, eu mesma vou te buscar em La Push, viu?!
– Você tem minha palavra – estendi meu dedinho pra ela. Por um segundo, ela ficou relutante em retribuir o gesto, mas acabou enlaçando seu dedinho tão minúsculo no meu. Demorou outro segundo, e ela puxou o dedo de volta, colocando a mão no bolso.
– Sua mão é muito quente – ela disfarçou.
Minha temperatura nunca havia sido um empecilho para ela. Na verdade, eu me espantei com o desenrolar de nosso breve papo. Não me lembro dela ter conversado tanto tempo comigo usando as palavras. Geralmente ela tocava meu rosto e eu tagarelava em resposta. Não vou dizer que foi ruim escutar sua voz doce. Seria até bom que ela fizesse aquilo mais vezes. Mas a impressão que tive foi de que ela estava escondendo algo, e eu iria descobrir o que era. Notei que o silêncio a estava deixando mais estranha ainda, então resolvi despedi-la.
– Me acompanhe até em casa, pelo menos?! – seu olhar foi arrebatador ao fazer o pedido com tanta doçura. Não tive como negar, apesar de não ter nenhuma vontade de me mover um centrímetro que fosse na direção da mansão Cullen.
No trajeto não dissemos nada um ao outro. Nessie só corria e eu a acompanhava, já transformado em lobo outra vez. As vozes de Seth e Leah surgiram de volta dentro da minha cabeça.
– Jake, Jake... Fala comigo – Seth estava impaciente
– Desista, Seth... Ele deve estar com dor de cotovelo por causa de alguma coisa.
– Eu estou bem, Seth, não se preocupe – falei, por fim – eu vou dormir em casa hoje. Só vou levar Nessie de volta à mansão. Estávamos dando um passeio na reserva.
– Eu devia saber que a garota tinha alguma coisa haver com seu humor.
– Leah, vá beber água sanitária! – sendo o lobo alfa, talvez eu exercesse minha autoridade até quando estivesse sendo sarcástico
– Rá, rá, engraçadinho! – ela zombou e descobri que não.
Chegamos, enfim, a um ponto próximo o suficiente da propriedade. Eu permaneci como lobo e Nessie continuou a agir com inquietação.
– Obrigada, Jake! Você é um anjo!
Balancei o focinho para ela. “Você é que é um anjo. O meu anjo!”. Ela sorriu e se despediu com um aceno. Observei-a enquanto caminhava lentamente na direção de casa. Me virei então para ir para a minha, quando sua voz exigiu minha atenção. Balancei meu corpo de volta a posição em que podia ver seu rosto à distância. Ela hesitou um pouco, depois sorriu timidamente e gritou, antes de se virar e desaparecer de vez:
– Você é especial demais pra mim!
10 de abr. de 2010
O SÉTIMO ANO
Fanfic escrita por Raffaella Costa
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