30 de out. de 2010

capitulo 3

Posted by sandry costa On 10/30/2010 3 comments














Consequências









Os dias pareciam não querer passar. Aquilo era uma tortura.





Sim, sabia que seria assim e entendia por que. Alice havia visto, havia visto minha dor, minha agonia.





Mas a dor era minha e tinha que viver com ela.





Caçar Vitória era uma obrigação e uma coisa em que eu realmente não era bom. Nunca precisei fazer isso antes.





Seguindo a deixa de Alice – que mesmo não concordando com minha decisão, entendia meu senso de obrigação – encontrei um rastro recente em Oregon. Se ela seguisse em linha reta não seria tão difícil encontrá-la.





Mas a quem estava enganando? Seria extremamente difícil encontrá-la.





Vitória não imaginava que estava sendo caçada. Não havia por que. Algum tempo havia se passado desde a morte de James. Mas... não consegui chegar perto o suficiente... seu caminho era errático e minha falta de habilidade não estava ajudando.





De qualquer maneira continuei focado na tarefa.





Os dias se passavam e o sentimento de culpa cresceu, mesmo parecendo impossível e mesmo concentrado em minha missão.





Culpa pela dor que estava causando, a todos que mais amava.





Era um pouco menos difícil quando a noite chegava. Sentia-me como se pertencesse a ela.





Um monstro da noite.





Não queria – não me sentia merecedor – mas ainda podia ver seu rosto perfeitamente por baixo de minhas pálpebras.





O rosto de meu anjo era triste.





Coloquei a mão no peito e apertei meus dedos em garra contra ele. Senti um aperto insuportável no lugar onde meu coração de pedra se encontrava.





Como Alice poderia achar que tudo isso acabaria bem?





Mesmo se algum dia cedesse a minha fraqueza e voltasse atrás em minha palavra... as coisas não poderiam terminar bem.





Não havia saída. Não para mim.





Deveria sofrer. Estava aqui para isso. E iria provar o contrário. Alice já se enganou antes.





Rosnei para mim mesmo quando percebi que havia perdido o rastro antes mesmo de alcançar os limites do estado. E mais uma vez não consegui me aproximar dela o suficiente para saber o que se passava em sua mente.





Vitória era boa em escapar.





Ela percebeu que a procurava?





Improvável.





Estava encostado na parede de um beco escuro em algum lugar de Ashland-Oregon. Somente sabia onde estava devido à placa do posto de gasolina a minha frente, não que me importasse com isso. Todos os lugares parecia o inferno.





Comecei a pensar.





Seria mais fácil ter ajuda de Alice nesse momento, mas não queria ouvir o que ela – com toda a certeza – iria dizer. “Você está cometendo um erro, Edward”. Podia ouvir sua voz insatisfeita com perfeição em minha mente.





Olhei para o telefone... e isso foi tudo que fiz. Olhar.





Não sentia vontade de falar com ninguém.





Errado... eu queria muito falar com Bella. Queria poder ouvir sua voz doce e macia, murmurando meu nome enquanto dormia.





Tão linda, tão pura, mas não era minha. Não podia me pertencer.





Meu rosto se distorceu em dor.





A noite chegou ao seu ápice e não havia movido nem mesmo um milímetro.





Pessoas passavam pela avenida a frente, levando suas vidas, tentando resolver seus pequenos problemas. Problemas com solução.





As coisas eram tão simples para os humanos.





Minha mente vagou novamente.





Se eu fosse humano...





Poderia estar com ela agora.





Poderia segura-la em meus braços.





Poderia fazê-la feliz sem ameaçar sua vida simplesmente por estar ao seu lado. Poderia fazer tanto por ela. Oferecer uma vida melhor, uma vida de luxo – Bella merecia tudo isso.





Quase sorri ao imaginar sua reação ao presentes que considerava apropriado.





Meu coração morto fisgou.





Minhas pernas cederam e escorreguei para o chão. Morto.





Sentia-me morto, mais morto do que sempre fui.





Só Deus sabe o tempo que fiquei ali, dividindo lugar com os ratos e baratas.





Precisei usar todas as minhas forças – pelo menos o que restava - para sair de meu estado semi-catatônico e continuar.





Achar o rastro novamente não foi difícil. Era fácil identificar quando um homicídio havia sido cometido por um humano sem alma ou um vampiro faminto.





Ela limpava a própria bagunça. Sempre tentando não chamar atenção, como todos nós fazíamos.





Uma vez que encontrei seu cheiro – rastro – comecei a correr, com medo de perdê-lo novamente.





Meu telefone voltou a tocar – incansavelmente. Com certeza era um deles... tentando argumentar que seria melhor se ficássemos todos juntos. Que assim seria mais fácil superar...





Não. Seria impossível superar. Estava condenado a sofrer.





Penitência por minhas escolhas.





Contanto que ela esteja segura. Feliz.





Precisava parar de lamentar por um momento e me concentrar. Teria muitos anos à frente para isso.





Suspirei e empurrei com muito esforço a imagem de Bella para o fundo de minha mente e me concentrei em Vitória.





Fechei meus olhos e deixei o olfato me guiar. Seu cheiro não estava mais tão forte, o vento parecia colaborar e não queria mais cometer erros.





Acabar logo com isso.





Eu estava com sede. Não caçava há muito tempo – antes de partir de Forks – e me deixar levar da forma que estava fazendo poderia ser um erro.





Era um pouco mais fácil, desligar todos os outros sentidos. O olfato se tornava mais aguçado.





Um cheiro delicioso, doce e floral encheu meus pulmões. Minha garganta pareceu em chamas e antes mesmo que pudesse perceber o que estava fazendo, havia deixado o rastro de Vitória e seguido o novo perfume.





Era como se não conseguisse me controlar. Minha mente processou lentamente o que estava acontecendo.





Humanos.





Não!





Gritei em minha cabeça.





E parei de respirar e de correr. Abri meus olhos e pude vê-los.





Meus dedos estavam enfiados no tronco de uma grande árvore. Como se aquilo pudesse me manter no lugar se decidisse me alimentar agora.





Uma pequena família – três pessoas – acomodada em uma tenda, que estava ao lado de uma fogueira.





Meus olhos ficaram presos a eles. O fogo em minha garganta aumentou. Tive que engolir a grande quantidade de veneno que havia se formado em minha boca.





Humanos inocentes que quase se tornaram minha presa.





O homem estava com um pequeno aparelho de TV em mãos – assistindo a um jogo que ele considerava importante – e a esposa não estava nada feliz com isso. Aquele momento deveria ser deles. Ela se cansou de olhar para o fogo e percebendo que não receberia a atenção do marido, seguiu para a tenda. A expressão irritada da mulher se suavizou quando a criança abriu os olhos lentamente e sorriu para ela.





Algumas pessoas não sabiam valorizar o que tinham. Outras levavam em conta pequenos detalhes.





Daria tudo para ser um homem humano. Para poder dar completa atenção a minha família humana.





Não consegui impedir minha mente de imaginar como seria...





Acompanhar Bella a praia em um lugar quente, sem precisar me esconder da luz do sol. Tocar sua pele sem precisar me concentrar em não machucá-la. Acompanhá-la na faculdade, a ver crescendo na vida - Bella tem tanto potencial.





Desejava ser capaz de um dia, pedir ao seu pai sua mão em casamento e seguir a vida ao seu lado.





Esse era meu limite... apenas “desejar”. Bella nunca poderia ser minha e isso estava mais do que comprovado.





Arhg! Estava me sentindo muito pior agora. Como isso é possível?





Minha cabeça rodava e me senti como se precisasse de apoio.





Ainda observando a pequena família de longe, sentei-me no solo molhado.





Balancei minha cabeça tentando afastar a imagem de Bella vestida de branco e sorrindo para mim...





Arhg! Foco.





Como sempre, me comportei irresponsavelmente – esse traço havia se tornado uma de minhas principais características. Minha obsessão por Vitória quase selou o fim de três vidas humanas.





Teria que ser mais cuidadoso. Vai ser muito mais difícil seguir seu rastro sem poder me deixar levar pelo olfato. Difícil, mas não impossível.









Os dias se arrastavam...





Semanas...





Meses...









Não sabia mais o que fazer. Estava sem opções.





Em nenhum momento consegui chegar perto em meses de rastreamento.





Agora, após cruzar todo oceano atlântico, estava completamente perdido. Não sabia como continuar. Por onde continuar.





Estava perdido. Não literalmente, sabia que estava na América do Sul. Brasil para ser mais exato. Mas como seguir de agora em diante... era impossível determinar.





Como queria fazer aquilo sozinho – e mesmo não vendo nenhuma solução imediata – descartei pedir ajuda a Alice.













Minha família havia desistido de tentar entrar em contato.





Para não deixá-los preocupados – ou mais preocupados – entrava em contato a cada dois meses. Normalmente só falava com Carlisle. Não poderia ouvir a voz de Esme, não poderia lidar com esse sentimento de culpa agora.





Honestamente acho que nunca conseguiria voltar para os braços de minha família. Nunca mais seria o mesmo homem... e minha presença iria apenas contaminar todos.





Por dias, me deixei queimar. Queimar de sede, de vergonha, de ódio.





Ficaria sentado aqui... queimando, porque não sentia vontade de fazer nada.





Fechei meus olhos e mais uma vez consegui ver o rosto de meu anjo, mas dessa vez sorrindo para mim. Podia sentir seu doce e inebriante perfume, como se Bella estivesse ao meu lado. Esses momentos – momentos em que me permitia sonhar – eram os melhores de meu dia.









Estávamos deitados em nossa campina. Seus olhos curiosos em minha pele que reluzia em dezenas de pequenos pontos de luz.





Ela não estava assustada. Bella estava encantada.





Seus olhos castanhos eram quentes, convidativos.





Naquele segundo, imaginei em como ela era incrível, uma pequena humana capaz de relevar o fato de estar sozinha com um vampiro. Um monstro que se alimenta de sangue.





Aquilo não poderia terminar bem, lembro de ter pensado na época, mas estava feliz, feliz como nunca estive antes. Sentia meu corpo aquecido, sentia a necessidade de tocar sua pele, de fazê-la minha...









Meu telefone vibrou – depois de tanto tempo – me trazendo de volta ao buraco que estava. Me surpreendi ao olhar o nome no visor.





- O que é, Rosalie?






Autora Lolo Cristina

3 comentários:

Nossa!!!Edward realmente sofreu muito.
E o pior esta por vir...
Parabéns Lolo Cristina, como sempre mais um cap perfeito, adoro essa fic.
Bjs

Oh my god...morri,tadinho do ed.parabens estou muito anciosa para o prox cap.bjinhoss

LOLO ESTA LINDO, PARABENS
CORRENDO PRO PROXIMO

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