15 de mai. de 2011

Capitulo 16

Posted by sandry costa On 5/15/2011 1 comment


P.O.V – Hellena di Fontana

-É aqui que vai ficar?
-Me deixei aqui Quenn! – reclamei.
-Te busco que horas? – perguntou pela milésima vez.
-Eu volto sozinha! – por que eu aceitei a carona dela? Ah claro, apenas porque eu já atrasara meu encontro com ele a mais de uma semana. E eu havia prometido para mim mesma desfazer aquela besteira duas horas depois de ter feito-a.
Se não tivesse pegado essa carona, eu teria voltado no meio do caminho e desistido. Obvio que não levei Quenn ate a rua da casa dele, não queria que ela soubesse onde ele morava exatamente.
-Tem certeza que pode confiar nesse Jesse? – ta, eu não contei a verdade, eu falei que o meu colega da dança havia me convidado para a casa dele para treinar, com outros bailarinos, e a minha inocente amiga acreditou.
Se fosse Blake, ela saberia que era mentira, eu dizendo algo para ir para outro lugar, ou para trepar com ele, o que para elas era mais provável, já que nos estávamos saindo a... dois dias... Francamente.
-Pode confiar em mim! – sibilei. Abri a porta. – Não vejo à hora de comprar um carro – bati a porta e acenei para ela. – Não se preocupe!
Ela acenou com a cabeça e saiu em alta velocidade. Quenn! Estamos em Verona! Pensei em gritar, mas não seria muito adequando, simplesmente me coloquei para seguir o caminho que eu havia feito há uma semana.
Cheguei com facilidade ate a porta da lustrosa casa que estava com uma nova cor de fachada. A entrada estava limpa, e com a grama bem aparada, e ainda cheirava a tinta fresca.
Levei meu dedo ate a campainha e recuei. Será?
Pare de ser indecisa! É isso que você quer Hellena! Forcei meu dedo a se aproximar mais. Dei uma ultima olhada para o vasto parque, que hoje estava cheio de casais, famílias, e idosos passeando. O cheiro de pinheiro, e neve enchia os meus pulmões em um vento gelado e cortante.
Antes mesmo que eu criasse coragem e prensasse o botãozinho vermelho contra o meu dedo, a porta se abriu, e ai sim eu me lembrei o porquê de estar ali.
Alec não era só lindo, ou perfeito. E só de olhar para suas íris verde escuras, ver-las se arregalando de surpresa, e ver um sorriso verdadeiro traçar seus lábios, eu recordei os momentos que passei ao lado dele.
Ta! Ok. Foram uns sete, dez dias, ou ate menos! E umas doze horas namorando ele, mas, pareciam terem sido doze anos.
Eu sei que estou agindo como uma menininha de doze anos, apaixonada por um ator de filme, mas era impossível os sentimentos não reacenderem em mim ao rever-lo.
Os seus cabelos impecavelmente lisos de um tom de castanho escuro caiam disciplinentes por seu rosto cheio de manchas de tinta. Usava uma camisa de mangas compridas e que também estava machada de tinta da mesma cor. Fazendo conjunto com uma jeans, e all stars.
All stars? Nossa.
-Uau. – não contive uma exclamação para a visão do Alec jovem. Ele não poderia ser italiano, os italianos têm um nariz muito grande, e o nariz dele era reto e perfeito, nem um pouco exagerado. Quem é você? Da onde vem?
Só fui reparar tarde demais que eu falava meus pensamentos em voz alta.
-Tudo bem Hellena? – ele riu.
-Senti tanto a sua falta. – pulei no pescoço dele.
-Ou, cuidado, a tinta esta fresca. – ignorei o aviso dele, e continuei pendurada nele. Percebendo que eu não ligava a mínima para o que ele dissera, contornou minha cintura com seus braços fortes. – Também senti a sua falta mio amore...
Não contei por quanto tempo ficamos abraçados, mas pareceu uma maravilhosa e convidativa eternidade. Que mania de nunca contar nada, acho que nasci para ser imortal mesmo.
-Entre Hellena. – ele abriu caminho para que eu entrasse em sua casa. Havia rolos de pincel por todo canto, e junto com eles, grandes vasilhas de tinta, a mesma tinta que manchava seu corpo e rosto.
Tudo tinha um cheiro que me deixava tonta.
Percebendo meu estado enjoado, ele se apressou a dizer.
-Vou trocar de camisa e então daremos uma volta pelo parque. – concordei com um gesto de cabeça. Ele pegou outra camisa limpa de cima de uma cadeira.
Tirou à suja, e colocou a limpa. E nos poucos segundos que ele ficava de peito nu na minha frente, fez com que eu sentisse meu coração acelerar e um formigamento agradável percorrer minhas pernas.
Hellena, Hellena... Relutei em sentir essas coisas.
Ele segurou a minha mão, e me levou para fora da casa. E como as outras dezenas de casais do parque, passemos juntos, com meus saltos da bota afundando na neve fofa.
-Por que demorou tanto para voltar? – perguntou sem me olhar.
-Tive medo. – murmurei com minha visão ofuscada pela brancura excessiva da neve. Andamos em direção a margem do lado congelado.
-Também tive. – murmurou causando um silencio.
Fui eu que o desfiz dessa vez, com um pergunta inesperada.
-Nasceu na Itália Alec?
-Não.
-Onde nasceu?
-Não me lembro.
Abaixei os olhos em direção ao caminho de neve pisoteada. Crianças passaram por nos, rindo e brincando com um cãozinho.
-O que estava fazendo quando cheguei?
-Pintando minha casa. – falou sorrindo de canto.
-Não brinca. – parei nossa caminhada, me virando de frente para ele.
-Não. – acenou com a cabeça.
-O grande Alec Volturi, o vampiro milenar e um dos mais poderosos do castelo Volturi, pintando paredes? – levantei uma sobrancelha morena. – O mundo esta mesmo de cabeça para baixo.
-Vampiros amando humanas... O mundo realmente esta de cabeça para baixo. – senti meu rosto queimar. Vi o peito dele enrijecer com o sangue coagulado em meu rosto.
Anotado, não corar quando ele tiver fome.
-Achei que tinha ido embora.
-Não te deixaria aqui. Só.
Só... Essa palavra era minha companheira constante nos dias que passei sem ele. Eu tinha as meninas, mas mesmo assim, a solidão não passava. Senti meus machucados recentes arderem por debaixo da luva.
Apertei os olhos quando ele aproximou a boca da minha. Eu tinha medo, da mesma forma que não estava preparada para me machucar antes, estava menos ainda agora.
-Alec... – sussurrei. Ele parou a meio milímetro de mim. – Não estou pronta para sofrer de novo. Não posso sentir tudo aquilo de novo.
-Não sentira. Eu te prometo... – murmurou se afastando.
Acariciou meus cabelos, reassumindo a postura altiva e divertida, como se tirasse uma mascara triste, e colocasse uma alegre.
-Quer me ajudar na pintura? – sorriu malicioso.
-Adoraria. – devolvi meu sorriso na mesma medida.
Voltamos pela mesma trilha nevada. Ao chegarmos em sua casa, ele abriu a porta, deixando-me passar na frente. Entrei tirando o máximo de roupas que julguei necessárias, Alec continuou com a camisa limpa.
-Por ser um vampiro, o obvio não seria você pintar a casa em nano segundos?
-Não quando se esta só. Mesmo assim já pintei o segundo andar.
Mergulhei as cerdas do pincel na lata cor de creme. Levei o objeto ate a parede, e comecei a pintar. Com o canto dos olhos, observava Alec levantar moveis com apenas uma mão.
Ficamos em silencio, entretidos em nosso trabalho por um longo tempo.
-Esta movendo a mão errado pintora. – sussurrou junto a meu ouvido, sua proximidade me deixou tensa e arrepiada. Segurou a minha mão, e começou a me mostrar a movimentação correta.
-Obrigada senhor artista. – caçoei pintando a ponta de seu nariz.
-Ei! – reclamou. Pegou o pincel e pintou minha bochecha.
Empurrei-o, e saímos rolando entre os jornais que cobriam o assoalho.
Quando paramos, Alec me prendia com seu tronco contra minha cintura. Segurava meus pulsos no chão.
-Te peguei. – me fitou com seus olhos escuros. Estávamos tão próximos que eu podia sentir o cheiro dele na minha língua.
-Silencio é um som terrível não acha? – meus lábios estavam secos.
-Acho... – interrompi a fala dele com um beijo.
Me machucar? Eu esqueci o que essas palavras significavam, esqueci o que qualquer coisa significava. Eu as vezes era impulsiva demais.
Invertemos as posições, comigo por cima, sem separar nossas bocas. Levantou a barriga, ficando sentado na minha frente. Era estranho como em menos de cinco minutos havíamos nos perdoado, e deitado um em cima do outro.
Senti o formigamento percorrer toda a extensão do meu corpo, se instalando nas minhas pernas. Ansiei mais do que beijos quando Alec se afastou.
-Respire meu cisne.
-Não parou com esse apelido? – cruzei os braços.
-Estava com tanta saudade?
Corei. Ele parou de respirar. Urgh, como se eu pudesse controlar isso.
-Tenho que voltar... – murmurei.
-Não antes de eu te mostrar uma coisa que montei há algum tempo. – tomou minha mão e começou a me arrastar escada acima. – Mas tem de prometer que não se irritara com o que lhe mostrarei.
Revirei os olhos.
-Eu prometo.
Com os dedos entrelaçados aos meus, ele me guiou pelo corredor, parando a frente de um quarto com a porta fechada. Com cuidado abriu a tranca, e me pediu para entrar com um gesto de cabeça.
A sala era para ser um gabinete, mas Alec transformara-o em um ateliê, e o ateliê todo estava com meus quadros.
Rodei pelo quarto de paredes azuis.
Meu cavalete estava próximo a janela, e ao lado dele, uma mesa coberta de tintas e pinceis. Todos os tipos e cores possíveis.
Eu deveria ficar irritada e espumando por ele ter mexido em meu lixo, mas não estava, e me sentia totalmente alegre de rever aqueles materiais. Aquelas pinturas milenares.
-Remexer no lixo alheio é crime! – me voltei para ele.
Não disse nada, apenas sorriu breve.
-Gostou? – parecia temeroso.
-É lindo Alec... – me aproximei dele e o envolvi em um abraço. – E eu te amo. – falei convicta.
-Também te amo Hellena.

-Tenho de ir. Daqui a pouco Quenn vai bater de porta em porta ate me encontrar... – ri enquanto comíamos uvas, sentados no chão.
-É só não abrirmos a porta. – mexeu os ombros.
-Não duvido nada que ela arrombe-a.
-Vamos fugir então. – passou um braço por meu ombro. Tirei mais uma uva do cacho e levei a minha boca.
-Que idéia plausível. – zombei. – Tenho realmente que ir Alec, amanha tenho treino o dia todo. Alem de a professora de acrobacia não ter me liberado. – bufei.
-Vai a pé?
-Uhum. – concordei jogando o caroço da uva em um prato.
-Eu te levo.
-Acho melhor não... – gaguejei.
-Por quê? – franziu o rosto.
-Minhas colegas não sabem que estamos juntos de novo.
-Isso é meio obvio, já que voltamos há uma hora atrás.
-É eu sei, mas... – continuei a me enrolar com as palavras.
-Uma ótima oportunidade de mostrar que voltamos.
-Elas não gostam muito de você.
-Ai.
-Não ficaria chateado com um garoto se ele magoasse sua irmã?
-Hellena – ele segurou meu rosto. – Minha irmã é Jane.
Ri.
-Eu sei, mas imagine que sua irmã não fosse alguém que pudesse torturar o culpado ate a loucura. – rolei os olhos. – Não ficaria chateado com esse cara?
-Ok. Você venceu. Mas eu te levo ate a esquina. – disse serio.
-Ok. Você venceu. – nos levantamos e descemos as escadas.
Alec abriu a porta, e juntos atravessamos a rua de mãos dadas. Ao chegarmos na esquina, ele me deu um beijo rápido e sorriu.
-Cuidado.
-Tomarei. Não se preocupe. – garanti.
Segui andando pela rua, dando algumas olhadas para o lugar que Alec estava parado, observando minha caminhada. Dobrei outra esquina, e não vi mais ele.
Quando virei meu rosto em direção a rua, dei de cara com a “protetora”.
Eu nunca tive medo dela antes, ela sempre fora misteriosa, mas nunca assustadora, ou ameaçadora.
Mas agora ela estava. E muito.
O rosto dela parecia possuir uma áurea vermelha, deixando sua pele brilhante, e seus olhos com traços avermelhados, estavam tão estreitos que pareciam fechados.
-Não cumpriu a sua promessa! – sibilou.
-Ei... Ei... – comecei a dar gritinhos quando comecei a sentir ondas de calor escapar dela em minha direção. – O que eu fiz?
-Você sucumbiu! – fogo escapava de seus olhos. Rosnou mostrando seus dentes afiados.
Epa, perai. Fogo, beleza excessiva, caninos, “não sucumba! Não pode sucumbir”, sucumbir...
-Você... Você é uma súcubo! – apontei para ela assustada.


1 comentários:

Nossa como pude ficar tanto
tempo sem ler esse fic esta
perfeito, otimo. para bens.

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