O dia nasceu nublado, combinando perfeitamente bem com os meus sentimentos... eram 7:15 da manhã e eu sabia que Jake estava indo trabalhar, pensei em ligar para ele mas, novamente, não quis dar uma de namorada chata e grudenta, homens precisa de espaço, mesmo que seja para parecer que são independentes mesmo que nós mulheres saibamos que isso não existe de verdade.
Com o dia claro, eu me peguei invariavelmente pensando em algo para fazer... justamente quando dei uma olhada para fora e vi que Esme varria cuidadosamente as folha secas das árvores que o vento trouxera para o gramado do jardim. Eu jamais havia feito isso antes, ajudado Esme a varrer as folhas secas... obviamente pisar na grama com sapatos Swarovski era um crime contra o mundo da moda, mas, enfim, eu já não era mais a mesma e a atividade me pareceu estranhamente chamativa.
- O que significa esta vassoura em sua mão? – perguntou Esme atônita logo que eu surgi no jardim.
- Hum... pensei em ajudá-la um pouco com as folhas... – disse sem jeito.
- E você sabe usar isso?
- Bem, não... mas achei interessante começar a aprender, nunca sabemos quando uma vassoura será útil não é mesmo?
Por um tempo eu e Esme permanecemos tagarelando sobre a abertura dos desfiles invernais parisienses e ela estava decidida a não comparecer neste ano, simplesmente não tinha lhe dado vontade de viajar à Europa... estranhamente eu também não estava disposta a me afastar de Forks.
Varrer as folhas foi um bom exercício para treinar minha ansiedade, fiquei nesta função por quase meia hora até sentir um flash atrás de mim e, ao me virar, Rosalie e Bella emolduravam sorrisos de orelha a orelha enquanto olhavam para mim.
- Alice Cullen empunhando uma vassoura? – estardalhou Rosalie - Isso tem que virar um quadro.
- Para pendurarmos na sala... – provocou Bela.
- Ah ah – eu ri com sarcasmo – Que engraçado.
- Nunca imaginei, maninha, que Jacob a transformaria em uma dona de casa.
- Rosalie, não seja tola... apenas estou ajudando Esme, e eu não tinha nada para fazer e precisava preencher os espaços da minha mente...
- ... para – completou Bella rapidamente – Não ficar sonhando acordado com Jake.
- Mas nos conta... Alice – disse Rosalie de um jeito que eu não gostei – Você já sentiu o calor de todo o corpo de Jake?
- Ai Rosalie – eu gemi percebendo que Esme ergueu os olhos interessada na conversa. Isto de viver 50 anos com as pessoas era um problema, apesar de tratarmos Esme como mãe, bem, ela era uma vampira secular também e os assuntos femininos íntimos de suas filhas não a intimidavam nem um pouco.
- Meu Deus, Alice... não sabia que era tão certinha...
- Não é fácil se controlar perto de um humano, Rose... eu tenho que ir com calma.
- Mas então... você só andam dando uns beijos por aí? – ela disse inconformada – Que sem graça...
- Ele já disse a palavra mágica? A declaração? – quis saber Bella estranhamente curiosa.
- Hã?
- Ele disse que te ama? – perguntou Esme fechando o círculo ao meu redor.
- Ham... não... mas, acho que eu, de repente... meio que falei – eu confessei me lembrando de ter dito a Jake que o amava quando estávamos no seu carro ontem a tarde.
- E ele? – perguntou Rosalie genuinamente interessada.
- Hum... agora, se bem me lembro... ele sorriu e me beijou... – respondi e ouvi as três vampiras arfarem na minha frente, até Bella que normalmente se constrange e falar sobre estas coisas pareceu levemente incomodada, o que me fez imediatamente querer saber o que havia de errado.
- Como assim “o que há de errado”? – escandalizou-se Rosalie sobre o olhar penalizado de Esme enquanto Bella girou os olhos diante da encenação de Rose – Você disse que o ama e ele não te respondeu.
- Bem... ele me beijou.
- Que seria o mesmo que dizer “obrigado... você é uma garota legal e eu também gosto de você”, mas, definitivamente, não é um “eu te amo”, né Alice.
- Talvez ele só precise de um tempo, Rosie – apressou-se Esme quando percebeu que franzi o cenho pensando no que Rosalie havia dito, mas o estrago já tinha sido feito.
Bella estava evidentemente constrangida agora, como ela era horrível para estas coisas acabou permanecendo calada e me olhando com um misto de pena e curiosidade, Rosalie estava quieta sob o olhar carrancudo de Esme. Eu me senti uma bomba relógio ambulante, parecia que todos simplesmente tivessem medo de que eu me entristecesse com alguma coisa e entrasse em colapso novamente me isolando de tudo e todos... acho que causei um trauma em minha família e agora eles tentavam me proteger de qualquer notícia ruim; algo impossível para uma vidente.
Minha cabeça ficou pesada imaginando esta pequena confusão... Jacob não me amava? Ou será que tinha medo de dizer esta palavra por conta de tudo o que passou com Bella, ou ainda, teria dúvidas com relação à impressão por Nessie?
- Você está bem, querida? – sussurrou Bella.
- Sim – eu respondi rápido demais – Claro que sim, afinal, não é grande coisa o fato de eu ter me declarado para Jake e ele não, acho que homens demoram mais para fazer declarações e evidenciar seus sentimentos, não é mesmo?
- Ali, onde vai? – chamou Rosalie e só então eu percebi que havia me levantado.
- Eu vou caminhar um pouco pela floresta... só isso.
- Alice, por favor – pediu Esme – Você não precisa ficar deste jeito, o fato de Jake não dizer que te ama não significa que ele não sinta isso...
- Ora, eu sei disso... – respondi – O que vocês pensam que eu sou, uma adolescente? Sou uma vampira antiga e não vou sair por aí pensado besteiras sobre assunto de namorado... só vou caminhar para realmente pensar melhor nas coisas.
E saí do meio delas que permaneceram me olhando como se eu estivesse morrendo. Ah, quem me dera fosse verdade o que eu havia dito, que eu jamais me comportaria como uma adolescente, mas, infelizmente, era justamente isso que estava acontecendo. Eu tentei respirar fundo e lembrar que eu era uma vampira centenária e que já havia passado pelo crivo de um amor, mas então também recordei que amei apenas uma vez na vida; Jasper havia sido meu único amor.
E agora eu temia sofrer por um novo.
Mas era bobagem pensar nisso, o fato de Jake não dizer que me ama não significava necessariamente que ele não me amava, eu sou sua primeira namorada depois que Bella escolheu Edward, é natural Jake estar um pouco apreensivo. Mas ele parece tão seguro de si... e eu não ligaria de ouvir ele dizer que me ama.
Sem perceber, distraída como estava eu caminhei sem rumo para o meio da floresta que fazia fronteira com a propriedade de Carlisle, andei pelo que pareceram alguns poucos minutos até que encontrei, depois de 5 ou 6 quilômetros, o rio que a esta altura não passando de um filete sibilante de água corrente; esta era a fronteira para terras quileutes.
Encarei a floresta escura do outro lado da margem pensando se deveria ou não atravessar, nós vivíamos em paz com os lobos desde nossa aliança contra os Volturi, mas, entretanto, não era bom entrar em seus domínios sem permissão; mesmo sendo eu a namorada do Alfa.
Além disso, alguma coisa me dizia para não ir até lá, podia ser bobagem minha... coisa de minha mente extremamente fértil, mas eu senti que não deveria entrar no território dos lobos; meu dom de clarividência falhava completamente quando apontado em direção às terras quileutes, mas o sexto sentido feminino me alertava de alguma coisa.
Pensando que eu já havia ido longe demais e que eu estava dando uma de namorada paranóica, dei meia volta no chão úmido da floresta e segui a trilha que rumava novamente para a minha casa, sentindo um arrepio imaginando como não estariam meus sapatos mesmo com todo o cuidado que eu tomava.
Só que, antes mesmo de dar dez passos, eu ouvi um corpo pesado tomar impulso e saltar o rio pousando ruidosamente nas folhagens mais além, instantaneamente eu fiquei em alerta; havia algo na floresta e eu não precisei de muito tempo para descobrir dois olhos brilhantes e negros me encarando muito acima do nível do solo... muito acima do nível dos meus próprios olhos.
Reconheci de imediato o odor forte dos lobos quando transformados, mas não era de nenhum lobo que eu conhecera antes, tinha algo estranhamente selvagem e irracional naqueles olhos estáticos, como se a criatura estivesse ali com propósitos estritamente maldosos. Não compreendi a situação de imediato, afinal, nenhum lobo agia fortuitamente conosco, alguns tinham receio é verdade, mas todos sempre foram muito acolhedores desde que nos tornamos amigos e principalmente agora que Jacob Black namorava uma “menina” Cullen como todos se dirigiam a mim.
- Ah... olá? – eu perguntei imaginando o que estaria acontecendo.
Mas tudo o que recebi em troca foi um urro raivoso que fez meus sentidos de vampira me alertarem para algo muito perigoso, apesar de estanhar de imediato o comportamento daquele lobo desgarrado eu não arredei o pé, permaneci firme me perguntando o que aquela criatura estaria fazendo longe das matilhas e bem distante do olhar de um dos Alfas.
- Eu não sei quem é você, não consigo reconhecer os lobos através dos grunhidos, mas seja lá quem for, não estou gostando da brincadeira... você está fora dos domínios quileutes, por favor, volte para perto de seus companheiros.
E com isso o lobo deixou seu esconderijo na mata para me encarar, tinha um tom cinza chumbo, uma coloração que eu ainda não vira em nenhum outro lobo Quileute, seus olhos eram negros como duas ônix foscas e era exatamente da minha altura... seus possantes músculos retesados ao me encarar, e apesar daquela face lupina... apesar do aspecto de animal selvagem e do cheiro camuflado nos pêlos, eu reconheci aquele lobo, ou melhor.. loba.
- Arina?! – eu disse num misto de surpresa e susto – O que está fazendo aqui e por que está transformada?
Claro que eu não esperava uma resposta verbalizada e Arina continuou se aproximando de mim cautelosamente, foi quando percebi sua intenção: ela pretendia me atacar. Parecia-se com um animal selvagem diante de uma presa, pisava com suas imensas patas cuidadosamente o chão, tentando antecipar meus movimentos, procurando qual o melhor ângulo, eu me vi numa situação espinhosa. Seria uma tragédia, eu não podia lutar contra uma loba de La Push se meu namorado era um lobo, então achei melhor manter a diplomacia tão custosamente adquirida e dei um passo atrás... Arina acompanhando cada pequeno movimento que eu fazia.
- Arina, eu não sei o que você tem na cabeça agindo desta forma – eu disse recuando, mas mantendo um tom de ameaça na voz, eu não sairia simplesmente correndo de uma menina arruaceira como esta – Mas trate de voltar ao seu canil! Pense muito bem nas conseqüências de seus atos, minha família e o seu povo são aliados e eu sou namorada de um dos Alfas, por isso, sugiro que dê meia volta e eu farei de conta que este pequeno incidente teatral não aconteceu.
Obviamente, Arina fez o exato oposto do que eu disse.
2 comentários:
OIe. Passei apenas para agradecer todos os comentários carinhosos e as leitoras que acompanham Lendas da Paixão. Obrigada de coração.
BEIJOS DA JU>
Nossa essa eu to pagando pra ver, agora sim quero ver o que vai acontecer mesmo sendo contra a briga mas bem que essa loba merece uma surra.
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