13 de jul. de 2011

Capitulo 42

Posted by sandry costa On 7/13/2011 1 comment


P.O.V – Alec Volturi

Foi como se estivessem enfiando uma flecha flamejante dentro do meu peito. Hellena, uma súcubo? De repente tudo fazia sentindo, tudo se encaixava, como um quebra-cabeça, antes travado, mas que após descobrir o lugar de uma peça, começava a se unir mecanicamente.
-O que? – Hellena cravou as unhas em meu braço e saiu do escudo que eu fizera com meu próprio corpo.
-Sim Hellena. Você é minha filha, uma súcubo. – Desdêmona falou olhando-a seria, chegou até a franzir as sobrancelhas finas.
-Isso é impossível. – ela disse convicta.
-Não minha querida não é. – sorriu.
-Você não pode ser minha mãe! Minha mãe é humana!
-Sim, ela é humana, pois não herdou os genes súcubo, mas você sim.
-Não... não  é possível! Eu sou humana! – ela gritava.
-Hell, você não é humana. – uma menina de rosto conhecido saiu do bando de mulheres de vermelho. Era a menina que eu falara em Veneza, uma tal de...
-Blake?
Mais uma menina saiu do grupo. Tinha cabelos loiros dourados e olhos azuis claros, olhava para nos culpada, como que arrependida de ter mentido.
-Quenn?
Outra apareceu, cabelos brancos como a neve e olhos de um azul tão profundos quanto os de Elurram.
-Hoppe?
A quarta e ultima, de cabelos lisos e castanhos escuros, com olhos verdes.
-Georgina? Mas... Como? Não é possível!
-Fui designada para protegê-la quando chegou à Itália. – Blake disse.
-Uma súcubo nunca pode ficar sozinha, então eu vim acompanhar-la. – Quenn disse torcendo as mãos.
-Quando começou a demonstrar mais poder, foi necessário tirar as humanas da sua casa, para podermos ficar por perto e usar algum feitiço para disfarçar-la. – Georgina completou.
-Somos suas damas de companhia, suas guardiãs. – Hoppe.
-Mas... Vocês mentiram para mim sempre! – gritou dando mais passos. – Os nomes de vocês são esses pelo menos?
-Sim... – a voz de Quenn tremia.
Hellena começou a girar.
-E Dacra, o que ela era?
-A nossa mensageira. Não podíamos deixar você continuar com um vampiro, se ele descobrisse o que você era, mataria-a, e nos não podíamos chegar e dizer “pare de sair com um vampiro!”.
-Então porque não me impediram de entrar no castelo deles em Volterra?
-Você ordenou que eu deixasse-a ir, uma ordem direta. – Quenn falou novamente. – Você é minha líder, não podia desobedecê-la.
-Mas... Porque uma súcubo não pode ficar só? – ela chegou ate a esquecer a aula que eu havia dado a ela sobre súcubos, mas naquele momento ate eu esqueci disso.
-Temos poder demais dentro de nos, então temos de deixar-lo sair, ele acaba afetando mentes mais fracas, por isso temos que ter sempre uma irmã por perto...
Isso todos já sabíamos, essa era a razão de súcubos não terem parceiros e precisarem repor energia sempre. Todo imortal tinha o corpo adaptado a energia que possuía, mas não as súcubo. Elas eram imortais superiores quando se transformaram, e a energia de seus corpos não se adaptava a ele, por isso tinham que andar em grupo, uma para anular o “veneno” da outra.
Hellena parecia pronta para retrucar, mas então levou a mão ao colar que pendia em seu peito, vendo como era igual à de todas as outras súcubo presentes.
-Esse colar. O que ele é?
-É nosso wisp, a criatura mágica que separa nossa magia, a boa da ruim.
Ela olhou de um lado para o outro, o desespero pintando seu rosto.
-Você. – apontou para Desdêmona. – Era a mulher dos meus sonhos.
-Sim. Eu me comunicava com você pelos seus sonhos.
-E aqueles sonhos terríveis com pessoas mortas?
-Isso é por causa do seu elemento.
-Qual é ele?
-O espírito. – sorriu.
Agora sim o silencio se infestou como uma praga nefasta.
-Espírito. – ela repetiu descrente.
-Sim. Você é como eu. Uma das únicas damas de espírito que existem nesse mundo e no outro. O elemento da realeza. – a rainha dizia com um orgulho estampado, mas não parecia completamente satisfeita com isso.
-Somos as únicas?
-Não. A Kahlan também.
-Kahlan?
-Sim, sua prima... – começou a apertar o couro das luvas demonstrando sua impaciência. - Hellena, podemos contar tudo que quiser quando formos para o mundo oculto.
-Mundo oculto? – a voz dela tremeu.
-Como você pergunta, hein? – a rainha riu divertida.
-É por isso vossa majestade que digo que nossas filhas têm que ser criadas a nossa volta, elas já crescem entendendo tudo, não precisam levar esse choque. – uma das poucas súcubo morena daquele grupo disse.
-Tem razão Donna... Mas quando se nascem humanas não é possível...
-Criar-las no mundo oculto.
-Não quando se precisa escondê-las. E pare de me chamar de vossa majestade. – balançou a mão. – Vamos Hellena? Tem treinamento pela frente.
-Me esconder? Mas por quê?
Respirou fundo.
-Podemos ir?
Hellena arregalou os olhos e ficou parada.
-Não pode simplesmente chegar aqui dizer que eu sou de uma raça de mulheres mais poderosas do mundo, que sou a princesa dessa raça e que tenho que ter um treinamento em outro mundo.
Todas olharam para ela como se falasse que o céu é cor-de-rosa.
-Na verdade sim.
-Eu... Eu preciso pensar primeiro... É informação demais para um dia só!
Seu peito subia e descia.
-Minhas coisas elas...
-Nos já as pegamos. – Blake disse.
-Hellena não pode mais ficar perto de criaturas inferiores. – a amiga dela se aproximou colocando a mão em seu ombro. – Vai ferir a eles e a si mesma.
Ela ergueu os olhos molhados.
-Blake isso é demais para mim, eu simplesmente não posso agüentar essa pressão. – abaixou os olhos para os braços, possivelmente olhando para seus escapes.
-Ninguém vai entendê-la como eu. – a rainha se moveu graciosamente até Hell. Tomou-lhe o pulso marcado da menina. Puxou os cadarços que colavam as mangas em sua pele. Quando a carne branca apareceu, ela mostrou marcas iguais as de Hellena. – Eu sinto a mesma coisa que você.
-Como? – levantou os olhos para a mulher.
-É a conseqüência do nosso elemento. As súcubo do ar, tiram o poder do ar a nossa volta, a da água da água, e assim por diante. Mas nos... Nos tiramos nossos poderes da nossa própria alma.
-Li um livro que falava a mesma coisa.
-Esses humanos... – revirou os olhos amarrando a manga de volta. – Tem o dom de descobrir o que não devem. – estendeu uma mão para ela. – Você vem?
Vi os olhos de Hellena queimando de indecisão.
-Preciso pensar um pouco antes. Digerir tudo isso.
Ela não disse mais nada, saiu correndo do salão.
-Hellena... – murmurei, mas ela passou reto por mim.
Todos olharam para mim, todas súcubo.
-Com licença. – fiz uma mesura e me preparei para sair.
-Espere. – uma voz súcubo disse. Voltei-me em sua direção, dando de cara com os olhos da minha humana naquele rosto perfeito e tão velho. Ela se aproximou. – Sei quem você é.
-Sou o filho de uma de vocês. – falei serio.
-É eu sei. Eu mesma que tirei seus poderes e te deixei nesse castelo. – não tinha muita idéia do que falar para ela. Me analisou de cima a baixo. – Pode ir.
Soou fortemente como uma ordem, pensei em responder, mas eu sabia que não podia, então andei de costas até estar a uma distancia segura e me virei, indo em direção ao rastro dela.
Hellena não conhecia nada do castelo, então seguia na sorte pelos corredores labirínticos.
Ainda podia sentir o olhar de todos queimando a minhas costas, mas mesmo assim segui o caminho ate ela.
Ouvi passos atrás de mim.
-Alec?
-O que quer Renesmee? – me virei cansado.
-Então você a ama. – não era uma pergunta.
-Desculpe se te decepcionei de alguma forma, mas não tenho tempo de conversar agora. Se me da licença. – dei-lhe as costas e subi uma grande leva de escadas.
Quando cheguei ao topo, senti o vento varrer meus pensamentos ruins para longe de mim. Ela encontrara meu esconderijo.
Estava sentada na beira da torre, correndo o serio risco de cair. O rosto virado na direção do infinito que se estendia lá embaixo. Sua maquiagem estava borrada nos olhos.
Virou-se na minha direção, os cabelos flutuavam a sua volta, lançando seu cheiro para todos os lados.
-Alec... – murmurou com a voz rouca de choro.
Sentei-me ao seu lado e segurei sua nuca.
-Pare de chorar Hell. – pedi.
-Não quero ir Alec. Uma palavra sua e eu fico. – passou as mãos por baixo dos olhos limpando o preto manchado deles.
-Não é uma escolha nossa. – as palavras me feriam, e pareciam ferir a ela. – Se ficar morrera, ou enlouquecera, assim como todos a sua volta.
-Quer dizer que eu sou uma bomba química ambulante que contagia todos?
Desviei meus olhos em direção a Volterra, contemplando a cidade. As colinas verdejantes como nuvens, a muralha etrusca cintilando como uma jóia de pedras.
Em outros tempos ela parecia tão inacessível, e protegida de qualquer coisa, mas agora me lembrava um lugar que não se moveu no tempo, como um camafeu preso em um vestido de montanhas, passado de geração para geração.
Precisava dessa calma para por as idéias em ordem.
-Esse era o meu lugar favorito para pensar.
-Não é mais? – ela fungou.
-Depois de te conhecer eu só vim aqui uma vez.
-O que eu vou fazer Alec?
-Não tem escolhas meu amor. – passei minha mão por seus cabelos. – Só a uma. – desci ela por seu rosto.
-Nunca mais vamos nos ver?
-Não sei. Mas não podemos mais ficar juntos. – ofeguei.
-Porque minha vida sempre fica uma droga?
-Hell... Sua vida vai começar agora, tem noção de quantas portas se abriram para você a partir de agora? – fitei seus olhos.
-Não quero oportunidades, quero você. – segurou minha camiseta puxando-me para si. Correspondi ao seu toque tentando me conter.
-Eu também. – nos beijamos como ela nunca havia me beijado. – Mas você é uma súcubo agora. – falei quando nos separamos. – Não a espaço para mim em sua vida mais.
-Nunca vou te esquecer.
-Nem eu.
Me levantei.
-Vou deixá-la pensar.
Apertei meus olhos, abri a boca, mas a fechei logo depois. Não queria dificultar a vida dela mais ainda, eu não podia.
-Eu te amo.
Sussurrei descendo as escadas.

1 comentários:

Que lindo e ao mesmo tempo triste, pq eles não
podem ficar juntos? Arruma uma forma de poderem
ficar junta sei que vc pode rsrs. Parabens

Postar um comentário

Não esqueça de comentar, isso incentiva os escritores e também a mim que tento agradar a vocês.