19 de ago. de 2011

Capitulo 14

Posted by sandry costa On 8/19/2011 2 comments

 Princesa Alice


Eu sempre quis morar em um castelo.
Todos dizem que pareço com uma fada com meu sorriso exuberante, meus olhos brilhantes e meus passos leves; Nessie, quando era bebê, dizia que eu parecia uma princesa encantada e que eu deveria morar em um castelo... bem, eu nunca imaginei que acabaria morando em um.
Morar é eufemismo... sou prisioneira em um castelo, um castelo de vampiros loucos que pensam poder dominar o mundo através de sua vontade régia e sua ótica deturpada. Mas é uma pena, o castelo de Volterra é lindo e exuberante com todas as suas torres e torrinhas, corredores longos e ecoantes, tetos pintados por artistas seculares; suas fontes, jardins, móveis antigos e obras de artes raríssimas. Eu poderia me sentir bem aqui... se não fosse prisioneira.

Encarei de mau-humor o meu guarda-roupas, era muito menor que o de Bella e eu sabia que minha querida cunhada jamais usaria metade das roupas enfiadas lá. As cores dos vestidos eram muito repetitivas assim como dos sapatos, ou as calças, ou as saias... assim como tudo dentro do móvel; e então focalizei um conjunto pesado de cor escura, eu nunca fui de usar preto mas seria uma boa idéia começar a ostentar a cor dos Volturi.
Eu sabia que aquele vestido não estava ali por mero descuido de quem quer que tenha arrumado estes guarda-roupas, as peças eram finas e caras e aquele vestido significava algo como “use quando você estiver acostumada à sua nova casa”. Era como se ele estivesse ali como um marco, como se fosse para ser usado quando finalmente estivéssemos acostumadas à Volterra... se não me engano, havia um vestido parecido no guarda-roupas de Bella.
O conjunto era semelhante ao que Renesmee ostentava agora que servia aos Volturi sob o domínio de Chelsea; havia uma saia plissada que não foi capaz de cobrir os meus joelhos e tampouco metade das minhas coxas, os sapatos eram pretos e confortáveis de meio salto, havia uma camisa cinza-chumbo que era delicada ao toque, por cima da camisa um corselete escuro (que fora horrível de colocar mesmo para uma intrépida vampira) e por fim as meias arrastão que ficavam levemente ocultas sobre esta micro saia.
Meio envergonhada de mim mesma caminhei até o canto do quarto e me encarei no espelho imenso que descansava ali, olhando meu reflexo não tive dúvidas: além de loucos, os três irmãos Volturi também eram velhos luxuriosos e sem-vergonhas. Eu me encarei e me vi como um cosplay.
“Meu Deus!” – exclamei para mim mesma – “Alice, você parece Emily Browning em Sucker Punch”.
Eu não me lembro de ter visto Jane nestes trajes, mas pensando bem, ela vivia com aquele sobretudo e eu nunca observei o que havia por baixo, era um estilo meio Steampunk e eu me perguntei se os Volturi não andavam vendo muitos filmes... acho que eles adoram demais o visual Anjos da Noite para o meu gosto.
Enfim, Jasper teria um ataque se me visse vestida deste jeito... eu pareço uma dançarina de casas noturnas para vampiros, não que eu não me considerei sexy, mas era uma coisa um pouco fora do meu comum. Um suspiro acompanhou o meu desgosto, a vestimenta de sonhos fetichistas dos Volturi me encarava do espelho gritando algo como “o que aconteceu com você”?

Com mais um suspiro desanimado eu dei de ombros, afinal, era só uma roupa e eu já usara micro-saias antes, a única diferença era que agora eu desfilaria por ai na frente da corte Volturi, mas se Nessie fazia isso... já era hora de seguir seu exemplo. 
Levando em conta a minha atual estafa de permanecer trancafiada neste quarto, resolvi ir até Bella para ver se ela não estava com vontade de descer até os jardins e talvez visitar Quil em sua prisão que ficava no lado oeste do palácio. Levantei levemente e saltitei tocando de leve a porta, imediatamente ela se abriu e um sempre sorridente Matheu me encarou com um sonoro “bom dia”; entretanto seu sorriso morreu assim que me viu nos trajes volturianos.
- Ah, se me permite a indiscrição, senhora Cullen... está indescritivelmente linda – ele disse dando uma bela olhada no traje.
- Obrigada Matheu – respondi num meio sorriso e ligeiramente encabulada, eu não estava acostumada a ter outras vampiros me elogiando além de meu marido – Achei este traje no guarda-roupas, acho que é o que as vampiras de Volterra usam, não é mesmo?
- De fato, mas se me permite, nenhuma outra vampira deste castelo, mesmo nestes trajes, parece tão linda quanto a senhora.
Eu passei por ele sem olhá-lo, percebi então, enquanto subia as escadarias até o quarto de Bella, que minha querida cunhada não era a única que tinha um admirador; pelo visto, Matheu estava levemente interessado em mim. Mas como usar isso a meu favor? De certo ponto fiquei ofendida, Bella consegue um rei e eu um mero guarda-cavaleiro?
Mas balancei a cabeça vigorosamente. O que eu estava pensando? Que bobagem, era muito melhor ter um vampiro como Matheu do que um louco varrido como Aro, se bem que tudo isso era loucura. Era apenas parte do plano, se Bella seduzir Aro nós temos um ponto a nosso favor, se um guarda se interessa por mim, é outro ponto... as facilidades é que são interessantes.
Jasper me mataria se me pegasse pensando nisso. O plano estava se formando e se tornando cada vez mais arriscado.

Giordano me encarou com um olhar sério e levemente surpreso, mas não disse nada por eu estar trajando uma veste de Volterra; ele abriu a porta para eu entrar e agradeci com um sorriso. Dentro do quarto, Bella estava esparramada sobre a cama olhando para o céu através das portas de correr que conduziam à varanda.
- Pelo visto o desânimo é geral – eu disse e ela se levantou para me olhar, fazendo uma careta ao me ver.
- Ótimo, além de Renesmee, agora você me aparece vestida assim. Onde estão as outras dançarinas?
- Vamos Bella, estas são as vestes do palácio... ou você não notou que as roupas em seu guarda-roupas estão escassas? Eles literalmente nos obrigam a usar o uniforme da corte.
- Eu não vou vestir isso aí! – disse ela teimosa.
- É melhor não por enquanto, você é a rebelde lembra? – eu disse sorrindo e me sentando ao seu lado na cama – Eu vesti porque não tinha quase mais nada e é bom para fazer uma média.
- Não é precipitado? Eles poderiam desconfiar desta súbita boa vontade...
- Não depois de ontem, maninha – eu respondi baixinho – E o ego deles é tão grande que ficam satisfeito ao se verem sendo obedecidos. Nessie já foi?
- Pouco antes de o dia amanhecer totalmente – disse Bella desanimada – Nessie está muito chateada, ela acha que estamos nos entregando e que você literalmente desistiu de voltar para casa.
- Bem, é o que acontece quando não se tem muita saída – eu disse olhando Bella com intensidade para ela saber que eu estava interpretando – Renesmee verá com o tempo que nós teremos que nos adaptar.
- Eu sei, espero apenas que ela agüente – respondeu Bella também interpretando o nosso plano.

Por um momento permanecemos em silêncio, eu sabia que este plano maluco estava consumindo nossas forças, fingir para os Volturi não era problema, entretanto, fingir para nós mesmas estava nos desgastando além da conta. Bella sentia-se arrasada por mentir para Renesmee e nós duas ficávamos neste impasse de mentir entre nós mesmas.
Era complicado e estava se tornando ainda pior, temi que nos perdêssemos neste pântano de traições, afinal, a mentira é corrosiva e arrasta para o fundo aqueles que se aventuram durante muito tempo em suas ramificações. Apesar de necessário, eu temia este plano cada vez mais; ainda assim, tinha consciência de que agora não tínhamos mais como voltar atrás.
- Alice – chamou Bella quebrando o silêncio – O que Aro viu em sua mente, digo, como nós...
- Não foi nada demais – eu disse apressadamente temendo que Bella falasse demais e lhe lancei um olhar incisivo para que ela não se prolongasse muito no assunto – Viu apenas o que conversamos, ou seja, que precisamos orientar melhor o nosso futuro.
Eu tremi só de imaginar o que Bella pensaria se descobrisse que nós escapamos por um golpe de sorte, Aro simplesmente não espreitou os pensamentos exatos que nos entregariam; ele acabou observando justamente nossa última conversa quando, propositalmente, eu e Bella começamos a interpretar definitivamente nossas personagens.
- Eu estou indo dar uma volta nos jardins e visitar Quil – eu falei rápido mudando de assunto – Você quer ir comigo?
- Não, estou pensando em ficar por aqui mesmo, não estou disposta a andar pelo palácio – respondeu Bella desanimada, eu sabia o que ela tentava me dizer: não estava feliz com a idéia de topar com Aro pelos cantos do castelo.
- Está bem então... depois eu passo aqui para ver como você está.

Saí um pouco mais quieta de quando entrei, Bella estava muito introspectiva revelando que tudo isso estava pesando demais para ela, eu sentia o mesmo problema, sentia minhas forças sendo consumidas e minha mente perigosamente se perdendo nesta loucura que pairava sobre Volterra.
Assim que deixei Bella, pedi para Matheu me levar até os jardins e até a ala oeste do castelo onde Quil era mantido prisioneiro, a ele não houve tratamentos especiais, era visto como um selvagem irracional e eu detestava isso... mas como sempre, permaneci calada.
Era bom caminhar pelos jardins, havia sebes altas e bem aparadas com flores alvas crescendo entre seus galhos emaranhados, árvores frondosas se espalhavam em linhas rigidamente traçadas que formavam um caminho natural entre os muros altos e acinzentados. As árvores eram de uma espécie que eu nunca vira antes, seus caules eram esguios e levemente desbotados, como um cinza fraco, suas folhas eram longas e luzidias num tom de verde forte e aveludado, desprendendo no ar um cheiro doce de primavera.
Flores espalhavam-se por todos os canteiros numa miríade semi-infinita: havia narcisos, begônias, beladonas, gardênias, crisântemos, rosas (vermelhas, amarelas, brancas), hortênsias, copos-de-leite, amores-perfeitos...
Uma variedade tão absurda que eu me vi pasma e flutuando num mar de flores, cores e cheiros; de tão embasbacada, simplesmente parei em meio a tudo aquilo e permaneci estarrecida contanto a variedade das flores que floresciam ao meu redor.
- Eu nunca imaginei... – suspirei surpresa.
- Que haveria um lugar assim em Volterra? – riu Matheu – Francamente, senhora Cullen, é um erro julgar que Volterra seja um antro de trevas e desespero.
- É o jardim mais inacreditável que eu já conheci.
- E há mais beleza ainda – disse Matheu me mostrando com a mão um arco de pedra que se erguia pouco mais a frente.
Eu caminhei até lá e atravessei o arco chegando a um lugar pouco mais baixo onde uma gigantesca fonte jorrava água para todos os lados; tratava-se de uma bacia descomunal onde estátuas de anjos em tamanhos naturais se erguiam jorrando água por suas harpas e cítaras de pedra branca. Era uma imagem tão impressionante que eu fiquei hipnotizada com a limpidez da água e o som que ela fazia quando caía em cascata jorrando dos anjos estáticos, eram tão detalhadamente perfeitos que quase pareciam reais.
- Fora o próprio Michelangelo quem as esculpira – disse Matheu num sopro respeitoso.
- Sério? – perguntei espantada.
- Sim, eu lembro de tê-lo visto trabalhando noite e dia aqui neste jardim até terminá-los... um sujeito genioso e extremamente talentoso; muito brincalhão, sinto falta dele e de seu riso.
- Você conheceu Michelangelo?
- Conheci – respondeu Matheu e seu rosto assumiu uma expressão saudosa, como se as lembranças de dias antigos lhe viesse à tona – Assim como conheci mestre Galileu, um homem além de seu tempo; Leonardo Da Vinci, tão circunspecto e tão belo em sua arte; Botticelli, o quieto pintor que de tão genial não parecia humano, por sinal fora ele quem pintara o afresco que orna a cúpula de seu quarto. Houve tantos, em tempos diferentes, tempos mais artísticos... mais românticos.
E dito isso me lançou um olhar tão profundo que eu fui obrigada a desviar de seus olhos, se eu pudesse ruborizar, teria ficado vermelha no mesmo instante.
- Parece surpreendente que homens assim tenham trabalhado para os Volturi, como Aro não tentou imortalizá-los?
- Mestre Aro tentou, sondou a possibilidade, mas decidiu que homens como eles deveriam ser imortalizados pela história e não apenas em corpo físico, homens como Galileu, Da Vinci, Michelangelo e Botticelli não precisam permanecer vivos para serem lembrados, o que importa é o seu intelecto imortal... não sua existência carnal.

2 comentários:

Gente... essa Alice não presta... como pode.. E o Jasper coitado que esta atras dela! Agnus, Agnus.. o que estais a aprontar hein??

Nossa a fadinha realmente se superou nesse capitulo...rskk
E voce como sempre tao incrível e tao inacreditavel...parabens querido voce realmente sabe o que faz, e faz bem feito
beijusss

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