4 de nov. de 2011

Capitulo 8

Posted by sandry costa On 11/04/2011 1 comment



Eu corri sem rumo sentindo as lágrimas rolarem por meu rosto, enquanto uma dor dilacerante se instalava em meu peito.Os soluços faziam-me engasgar com as lágrimas que continuavam a banhar meu rosto sem piedade, mas eu não tentava impedir que elas caíssem apenas deixei que rolassem a vontade, essa era uma maneira de colocar para fora toda a mágoa, toda a dor que eu sentia naquele momento.

O destino é algo engraçado e ao mesmo tempo perturbador, ele prega peça em você.Te faz acreditar e aceitar algo, para depois derrubar todas as suas expectativas com um golpe apenas.Não importa o quanto você tenta fugir dele ou fazer com que por um milagre ele te esqueça, por que ele vai te encontrar.

Por que meus pais mentiram pra mim dessa maneira?Por que me enganaram e me privaram do direito de saber quem e o que eu realmente sou?

Eles não podiam ter feito isso comigo, não.Com que direito eles interferiram na minha vida assim?

A raiva se misturava com as lágrimas que caiam por minha face, me deixando cada vez mais magoada e perdida.

Eu continuei correndo, tentando fugir do fantasma da realidade que insistia em me perseguir de maneira assombrosa, como se eu fosse uma fugitiva e ele o responsável por me levar de volta a meu aprisionamento,.Não é justo como as coisas que você mais ama e presa são tiradas de você sem que você possa sequer pestanejar e tentar impedir que isso aconteça, por que quando se dá conta do que realmente está acontecendo já é tarde demais.Uma corrente de ar frio bateu na minha pele, fazendo com que eu , instintivamente, me encolhese.

Me escorei em uma árvore e deixei meu corpo cansado se apoiar a ela, e sem que eu percebesse estava sentada no chão, abraçada aos meus joelhos chorando compulsivamente, mas eu não lutei contra as lágrimas nem contra a raiva e a dor que estava sentindo, apenas deixei que elas saíssem para fora extravasando todas as sensações que me dominavam.

O que eu acabei de descobrir não pode ser verdade.Simplesmente não.

Todas a coisas que eu vivi,meus sonhos...Tudo não passava de uma ilusão?

A minha vida toda não pode ter sido uma mentira.

Apenas uma mentira?

- Por... Que? – falei entre os soluços.

Uma chuva fina começou a cair mas eu continuei imóvel, parada no mesmo lugar...chorando.

Olhei para o céu a procura de alguma resposta mas tudo que encontrei foram nuvens cinzentas cobrindo todo aquele azul que eu adoro.

É impressionante como nada é o bastante para satisfazer nossos desejos mais insanos, mas o meu desejo é e sempre foi, tão simples. Única coisa que eu queria nesse momento era ser normal, como qualquer outra pessoa.

Eu senti como se o ar tivesse sido arrancado de meus pulmões, me trazendo a angustia de alguém que está sufocando, sentindo o ultimo pingo de vida se esvair pelo seu corpo sem que você possa fazer nada para evitar que isso aconteça.

Ah Deus, então quer dizer que eu não sou humana.Quer dizer que eu nunca vou poder ser normal como qualquer outra pessoa, eu nunca vou poder ter uma vida?

- É claro que vai poder Gabi. – uma voz rouca e grave fez eu erguer minha cabeça ligeiro.Eu encarei o par de olhos negros como a noite e suspirei pesadamente.

- Vai embora. – grunhi sabendo que não adiantaria muito.

Eu deveria estar gritando, esperneando e fazendo a tradicional cena de menina revoltada mas não. A raiva e o ódio passaram o que ficou foi apenas a magoa, a dor de ter sido traída e ter vívido uma vida inteira de mentiras.

- O amor deles nunca foi uma mentira.

- Saia da minha cabeça.AGORA. – gritei com raiva.

Por que ele não pode simplesmente ir embora e me deixar sozinha?Será que isso é algo tão difícil assim?

- Ele é assim mesmo meu anjo.Chato e com essa mania de ficar lendo seus pensamentos. – eu congelei ao ouvir a voz de sinos embalada pelo vento, tocar meus ouvidos.Eu levantei meus olhos devagar e a vi...

Ele era linda.

Seus cabelos eram ondulados e iam até o meio das costas, em um tom escuro.Sua pele branca brilhava com o sol da tarde que batia em seu rosto iluminando o sorriso pequeno, o rosto perfeito e os olhos variando de um castanho mel para um verde escuro.

Eu senti as lágrimas caírem ainda mais forte quando olhei em seus olhos, o meu corpo todo estremeceu e eu me encolhi sentindo a chuva molhar-me até mesmo a alma.

- Vão embora.Por favor. – eu me levantei mas antes que pudesse correr, um par de braços me envolveu e me puxou para si.

- Me solta – eu me debatia contra os braços do tio Alex enquanto ele apenas me apertava mais contra si.

- Não. – ele disse apenas, enquanto eu continuava me debatendo.

Mas então minhas forças foram se acabando e tudo que eu consegui fazer foi envolver a sua cintura com meus braços e escorar minha cabeça em seu peito.

Ali eu chorei sem saber por quanto tempo.A ultima coisa da qual me lembro foi de sentir a chuva ficar forte demais e desabar em um temporal e então eu não estava mais na floresta e sim num lugar escuro e senti meu corpo ser colocado em cima de algo macio e quente.

Então eu apaguei.



***



Abri meus olhos lentamente. O temporal continuava caindo lá fora, trovões cortavam o céu e a chuva caia torrencialmente.Olhei em volta e percebi que estava em uma cabana.

O quarto tinha um estilo rústico e a casa definitivamente não parecia ser abandonada.

Levantei-me e olhei pela janela, enquanto a chuva caia.Sentei-me ali enquanto pensava nas coisas que aconteceram ultimamente.

Enquanto dormia eu sonhei que meus pais corriam para me abraçar e diziam que a culpa era deles, que aquilo só estava acontecendo por culpa deles, mas eles não se referiam aos fatos de agora e sim por algo que iria acontecer.

Eles pediam perdão por terem me criado num mundo de monstros e então uma batalha acontecia e nela... eu morria.

Aquilo me fez pensar em algo que não passara pela minha mente: eles fizeram tudo isso apenas para me proteger. Só queriam que eu ficasse bem sem tem que viver com medo de que alguma criatura mística aparecesse pra me matar.

Ouvi passos pelo corredor e logo batidos na porta.

- Pode entrar. – sussurrei e a tia Ash entrou e venho até mim.

Ela não falou nada, apenas ficou sentada ao meu lado em silêncio.

Eu a encarei e vi o quanto ela é parecida com o papai.

Voltei a olhar para a janela.

- Por que eles fizeram isso? – perguntei sem desviar os olhos da chuva.ela suspirou e respondeu.

- Seus pais te amam Gabi e fizeram isso pra que você pudesse ter a vida que nós não tivemos: uma vida normal. Mas talvez criaturas como nós nunca poderão ser normais e viver como tais.Talvez eles tenham escolhido a maneira errada de tentar te proteger mas a questão é que para eles era difícil ter que aceitar que a garotinha deles estava condenada a mesma vida a qual eles estavam.

- Mas eles deviam ter me contato. É um direito meu. Eu tinha que decidir se queria ou não essa vida.

- Eu sei que eles fizeram a escolha errada, mas até mesmo nós imortais erramos, então que tal você pensar bem em tudo que está acontecendo e depois diga a mim e ao Alex o que você quer.Ficaremos o tempo que for preciso. – ela levantou-se mas antes que pudesse sair do quarto eu fui até ela e perguntei.

- Por que tio Alex está sempre tão perto de mim e das minhas... Reações. Eu percebi que ele fica distante, como se visse nessa situação algo que ele tema. Por que? Ela me analisou por um momento e respondeu.

- É por que ele está passando pela mesma coisa.Ele também tem um filho ao qual ele também escondeu a verdade e vê em você algo que ele teme: o medo. – ela suspirou e continuou me encarando, como se visse em mim uma outra pessoa.Por fim, sorriu e falou – Você e Ammy se dariam tão bem. – no seu tom de voz havia certa magoa .

- Quem é Ammy? – perguntei sem conseguir esconder a curiosidade.

Ela sorriu e antes de sumir pela porta, respondeu.

- É a mais velha dos meus filhos. Dos meus lindos trigêmeos.

Eu senti em minha cama e fiquei pensando.

Pensar era o que eu mais faria de agora em diante.

Eu preciso ficar longe de tudo por algum tempo.Apenas pensando.

E como tia Ah disse: ela e tio Alex ficariam o tempo que fosse preciso.



Três semanas depois...



Três semanas se passaram e nós continuávamos aqui. De acordo com meus tios essa casa era deles.

Com o passar do tempo eu me acostumei com a idéia de não ser normal, nos primeiros dias tudo que eu fiz foi chorar mas então eu acordei pra vida e percebi que não adiantaria ficar me lamentando.Eu conversei com meus tios e percebi que tudo que meus pais fizeram foi uma maneira de tentar me proteger. A maneira deles.

Eu continuava um pouco magoada por isso preferi ficar mais um tempo.Aprendi a caçar, aperfeiçoei meu dom e o que eu mais gosto é de correr e sentir o vento batendo em meus rosto me dando a sensação de liberdade e felicidade.

Os dois me explicaram tudo sobre o nossos mundo, me falaram da minha família dos meus primos e tudo que seja importante e necessário que eu saiba.

Eu me levantei da pedra em que estava sentada e corri até a cabana.Tio Alex e tia Ash estavam sentados na varanda, abraçados e sorrindo como sempre.Antes mesmo que eu pudesse falar o que estava pensando, tio Alex gargalhou e depois me olhou sério.

- Tem certeza de que quer fazer isso? – eu sorri e concordei.

- Vamos voltar. Preciso falar com meus pais. Tenho uma vida a retomar.

1 comentários:

Para a ração de uma adolescente, até que ela ficou calminha, ein???
Muito legal a fic. Parabéns
Débora

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