20 de jul. de 2010

Capitulo 9

Posted by Helena On 7/20/2010 4 comments

9. NIGHTS ARE LONG AND RESTLESS

"Eu rabisco o sol que a chuva apagou."
Renato Russo 


A chuva não havia cessado. Provavelmente foi por isso que fomos de carro até a casa de Emily, mesmo que só fossem uns dois quarteirões de distância. Meu pai estava dirigindo o meu Dodge, e eu estava encolhida no banco do motorista, com um moletom quatro números maiores e meus cabelos ainda ensopados. Eu não sabia – como de costume – o que diabos estava acontecendo. Por mais que eu perguntasse, papai não me respondia nada. Só dizia: “você vai entender.”, “tenha paciência.”, e quando eu ameaçava dar um piti se ele não me contasse o que estava acontecendo, ele só balançava a cabeça e dizia: “garotas são tão histéricas, Luh porque você não nasceu garoto?”, o que me fez lançar um olhar diabólico pra ele.

Paramos na frente da pequena casa. Joseph desceu, eu fiz o mesmo o mais depressa que pude. Ele pediu para que eu esperasse um pouco na varanda — mesmo a noite estando congelando — e se dirigiu até a antiga porta de madeira. Não me admirei quando Sam apareceu pelo vão da porta, somente vestindo uma bermuda velha. Joseph e ele trocaram algumas palavras rápidas, e então Sam me fitou com as sobrancelhas arqueadas.
— Vamos entrar, está frio aqui fora. — ele falou mais alto, provavelmente para que eu também escutasse. Os dois olharam significativamente para mim, e eu fingi não perceber o clima estranho que estava no lugar.
Passei pela porta e novamente não fui pega de surpresa por encontrar todos garotos ali naquela hora da madrugada. Parece que La Plush possuía uma vida noturna a qual eu ainda não tinha sido convidada.
Me sentei no braço do sofá e os olhos de todos caíram sobre mim, como se eu fosse uma aberração ou alguma espécie de animal em extinção.
— Luh, o que você está fazendo aqui? — Brad foi o primeiro a começar a falar. Assim que sua frase terminou Paul lançou um olhar mortal pra ele, e Quil jogou uma das almofadas em cima do garoto.
— Bem, — tentei encontrar uma linha de pensamento. Mas o fato era: eu não fazia a menor idéia. Eu tenho um sonho altamente esquisito, e quando acordo no meio da madrugada a primeira coisa que meu pai diz é que temos que falar com Sam. Isso não faz o menor sentido. — Eu não sei. É uma pergunta que eu gostaria muito de ter a resposta.
Silêncio. Os olhos dos garotos corriam em minha direção e eu fingia não me importar. BAM. De repente me deu um estalo na cabeça e meu coração começou a palpitar. Passei os olhos por cada um dos rostos dos garotos dali temendo encontrar quem eu não queria, e desejando irrevogavelmente encontrar quem eu necessitava. Suspirei pesado percebendo que nem Jacob nem Embry estavam ali. O murmurinho estava começando a me irritar, Joseph e Sam ainda trocavam palavras em um canto mais afastado, e as vezes um dos dois me olhava como se estivesse me analisando.
Eu apenas me encolhi mais no sofá e fechei os olhos, querendo desaparecer dali. Mas de repente, aqueles murmúrios sem sentido começaram a se tornar frases que eu podia escutar perfeitamente, até abri um olho pensando que eles tivessem se aproximado, mas ainda estavam lá, do outro lado da sala. Então tornei a fechar os olhos e comecei a prestar atenção nas palavras, o som da chuva baixinho lá de fora era a melodia de fundo.
— Já era pra ter acontecido Sam, está começando a me preocupar. — meu pai estava com um tom de voz preocupado, uma oitava maior do que sua voz calma e suave.
— Eu sei Geller. — Sam fez uma pausa demorada. — Mas não é algo que possa ser controlado, não temos poder sobre isso. — E esses sonhos? Por Deus! Eu levei um baita susto hoje!
— Eu nunca vi isso antes… — Sam estava com a voz calma, contrastando com toda aquela preocupação de Joseph. — Talvez… — Mais uma pausa. — Talvez tenha a ver com a Selena. — Minha mãe? O que ela tem a ver com os meus sonhos? Ou pior ainda, o que Sam tem a ver com os meus sonhos?
— Você acha que então… — eu não esperei meu pai completar, e abri os olhos, as vozes então ficando mais baixas novamente.
— Alguém pode, por favor, dizer o que é que está acontecendo? — resmunguei ficando de pé, o que fez os dois — e todos os outros que estavam ali — me fitarem curiosos. — ou vão ficar discutindo minha vida como se eu nem estivesse aqui?
O silêncio reinou por ali mais uma vez. Todos se entreolhavam, ninguém ousava dizer nada. Sam olhou significativamente pra Joseph, mas não disse nada. Então a porta se abriu e um Embry ensopado, só de bermuda, entrou por ela. Meu coração deu uma guinada, começando a bater um pouco mais devagar.
— Luh!? — o sorriso de Embry se iluminou, sua voz mesclava empolgação e hesitação. Eu levantei do sofá correndo e me atirei em seus braços, escondendo meu rosto na curva do seu pescoço. Seus cabelos molhados estavam encharcando meu moletom velho, e eu não me importava, porque apesar de vir da chuva Embry estava quente como de costume. Esse calor me preenchia de uma forma gostosa, seus braços entrelaçaram cautelosos minha cintura. Isso era tudo que eu precisava agora. Embry, todo o seu calor, e segurança que ele emanava pra mim.
— Que bom que você está aqui. — sussurrei próximo ao seu ouvido, sentindo um bolo de lágrimas começando a encher minha garganta. Eu queria negar, na verdade eu negava pra todos, exceto pra mim mesma, eu precisava de Embry mais do que eu imaginava. Ele era o meu porto seguro, o meu cais que eu sabia que estaria ali, independente do que acontecesse. Ele era o meu dia de sol depois de tanta chuva.
— Luh…— ele afastou um pouco o rosto do meu, fitando-me e eu aproveitei para analisar seu rosto com mais cuidado. Ele estava cansado, exibindo duas manchas rochas sob os olhos, mas o sorriso estava ali como sempre, contrastando com tudo aquilo, simplesmente reluzindo. — Quer sair daqui? — ele ainda me fitava curioso e eu apenas assenti com a cabeça, já com as lágrimas começando a cair. Ele deu um beijo no topo da minha cabeça, lançou um olhar por cima do meu ombro, provavelmente para os outros, preferi não verificar isso. Depois me puxou pela mão, porta afora.
A chuva tinha parado, mas o cheiro de terra molhada me tranqüilizava de uma certa maneira. Eu e Embry estávamos andando pela praia com o sol no fim do horizonte, iria amanhecer a qualquer momento. Eu não estava mais com frio, a mão quente de Embry estava na minha desde que saímos da casa de Sam, as vezes ele fazia um carinho com o polegar para acalmar o meu choro, eu admito que isso ajudava. Mas porque eu estava chorando mesmo? Eram tantas coisas juntas que eu não consigo decidir o que afinal causava isso tudo, eu estava perdendo as esperanças. Por alguns segundos eu chegava a pensar que minha vinda a La Plush foi um erro, mas era só até escutar o sussurro de Embry cantarolando Green Day. Ele estava lá. Não Jacob. Ele queria que eu estivesse ali, Embry. Embry. Eu começava a repetir mais o nome dele, mesmo que mentalmente pra ver se eu conseguia a convencer isso a mim mesma. Embry.
Embry soltou a minha mão, o que me fez acordar dos pensamentos. Ele caminhou um pouco mais rápido do que eu e sentou-se em um tronco enquanto fitava o horizonte. Agora o sol já estava começando a surgir. Eram tão lindas as cores do amanhecer, um misto de laranja, violeta e cinza, eu conseguia enxergar até o rosa, era indescritível.
Respirei fundo, aproximando-me também daquele tronco. Pisquei duas vezes quando percebi que Embry exibia agora uma camiseta branca, eu não fazia a menor idéia de quando ele a havia vestido. Sentei-me ao seu lado e busquei sua mão que repousava sobre sua perna, entrelacei nossos dedos ainda fitando as cores brincando no céu.
Ouvi uma risada baixa. Corri meus olhos para Embry, que fitava nossas mãos unidas.
— O que foi? — perguntei com a boca aberta. Será que ele tinha algum distúrbio e eu não sabia?
— Você costumava não gostar desse tipo de contato físico. — ele resmungou ainda rindo, enquanto apontava pros nossos dedos. Fiz uma cara de ofendida.
— Pois agora eu gosto. — falei seria. Fingi não perceber o brilho que surgiu nos olhos dele. — E aqui também está frio.
— Eu não sou nenhum aquecedor Luh. — ele fez uma careta bonitinha e eu ri.
— Pois devia. — eu me aconcheguei mais próximo dele. Embry não me rejeitou, ao invés disso passou o seu braço livre por trás das minhas costas, me puxando pra mais perto. — Você é realmente quente.
— Eu sei.
Houve mais um tempo de silêncio. Eu gostava das coisas assim, da companhia de Embry. Comecei a brincar com os dedos dele, medindo e fazendo comparações entre as nossas mãos. Ou a minha era pequena demais ou a dele que era, bem, enorme.
— É por causa do Jake que você estava chorando Luh? — ele murmurou bem baixinho, meio com medo de soltar as palavras. Eu suspirei fundo, sem saber o que responder.
— Eu não quero falar sobre isso Embry. — sussurrei ainda olhando nossas mãos.
— Tudo bem, eu sei que é. — ele me olhou com os olhos calmos, e um pequeno sorriso brotando nos lábios. Senti meus olhos marejarem de novo. Eu não queria chorar mais. Corri meus olhos em direção da areia, mas a mão de Embry surgiu no meu queixo, fazendo com que eu o olhasse nos olhos.
Ele secou uma lágrima que escorria no meu rosto e ficamos nos encarando por alguns segundos. Nossos olhos conectados, os rostos estavam próximos demais. A boca dele se entreabriu e eu me arrepiei com o ar quente que atingiu os meus lábios. A mão de Embry escorregou até a minha nuca e eu estremeci. Fechei os olhos, já imaginando o próximo passo, a imagem de Jacob me beijando na floresta invadiu minha mente. Me proibi de pensar nisso. Tentei focar no momento, nos lábios quentes e gentis de Embry nos meus. Era isso, tinha que ser.
A minha boca se entreabrindo e a língua dele se envolveu na minha. Tudo que eu conseguia pensar era do jeito que o cabelo de Jacob ficava incrivelmente sexy molhado na chuva. Na maneira que as sobrancelhas dele se curvavam de irritação quando brigávamos. Embry envolveu minha cintura com o outro braço, e eu por extinto apoiei o meu sobre seus ombros. Em como os olhos dele estavam tristes quando me contou como Bella o fazia sofrer. Fiz um carinho na nuca de Embry, seus lábios agora estavam mais calmos, em um ritmo compassado. Em como meu coração ficou pequeno ouvindo aquelas palavras ásperas em minha direção, mas Jacob era assim. Muito quente por fora e frio por dentro. O beijo terminou, eu encostei minha cabeça no peito de Embry e ele apoiou o queijo sobre minha cabeça. Tudo o que eu queria era aquecê-lo, aquecer o coração de Jake. Mas era tarde demais, ele não precisava de mim tanto quanto eu precisava dele.
— Sabe Embry…eu não sei se… — tentei começar, com as bochechas coradas, já me arrependendo do que havia acabado de acontecer. Eu não podia iludir Embry, ele era demais pra mim.
— Está tudo bem Luh. — ele continuou fazendo um carinho no meu braço. — Eu só precisava dessa lembrança. — Ele fez uma pausa. — Agora eu e Jake estamos quites enquanto a isso.
— O que? Do que você está falando? — levantei a cabeça, o fitando curiosa.
— Você não entenderia. — Embry soltou um riso baixo, e eu suspirei cansada. Era melhor eu nem tentar entender mesmo. Os Quileutes eram muito complicados pra mim.


Jacob Black POV.

Tudo o que eu queria era correr. Correr sem ter aonde ir, liberdade. E sem ninguém gritando na minha cabeça. Eu havia conseguido isso a madrugada toda, só eu e minhas patas correndo pela floresta escura. Eu não sabia o que fazer, eu não sabia o que eu havia feito. Luciana tinha o poder de me tirar do sério, me deixar fora de mim. Qual era o problema dessa garota? Ao mesmo tempo que eu gostava dela, eu conseguia a odiar profundamente. Mas nada justificava o que eu havia dito, ou justificava? O pior de tudo é que eu não prejudicava só a mim, mas prejudicava o bando todo. Eu não conseguia pensar em nada mais além dessas crises existenciais, e nos olhos tristes dela da ultima vez que nos vimos.
— Jacob! — ouvi a voz de Paul na minha cabeça. Droga! Acelerei meus passos, como se pudesse fugir da minha própria consciência.
— Jacob! Sam pediu pra você voltar! — ele resmungou.
— Me deixa Paul. Eu não quero. — retruquei.
— Deixe de ser idiota. Faz as besteiras e depois fica se lamentando. — Lá vem Paul se intrometendo aonde não é chamado.
— Cala a boca!
— Jake, de uma vez por todas. Ela não é a Bella cara. Ela não vai te trocar por um Cullen.
— Do que você está falando? — rosnei entre dentes, diminuindo o passo.
— Você entendeu. — e então a voz dele sumiu. Paul tinha se transformado de volta. Suspirei pesado, sentindo o ar saindo com força do meu fucinho e dei meia volta, correndo caminho contrário em direção da reserva. Aquilo começava a ecoar na minha mente.
“Ela não é a Bella.”


                                                                               Fic escrita por Ravena

4 comentários:

:s perfeito.Parabens:n

:q:n:s:k:q:n:s:k:q:n:s:k:q:n:s:k:q:n:s:k:q:n:s:k:q
Vc esta de parabéns Ravena, sua fic é lindah, diferente, marah é td de bom... :i
Eu amo sua fic :t
Parabéns ^^
Bjsculos^^ :g

Ohh tadinha da Luh.. e tadinho do Embry.. nossa sacanagem ela oensar no Jake enquanto beijava ele :b tadinho.. ele não merecia isso.. :f
E agora?? Como é que vai ser se a Luh se transformar?? Se ela tambem for loba ela pode ter imprinting e como é que vai ser com o Embry?? Ele teve o imprinting por ela, não teve?
Aii jesuisss
Amoo muito sua fic.. Ravena!
Parabéns!!
Bjuss

Irielen

NOSSA Q TRISTE TODO MUNDO SOFRENDO MAS SUA FIC É MUITO LEGAL E OUTRA SER ORIGINAL É MUITO BOM PRA GENTE POIS SAIMOS GANHANDO COM UMA BOA LEITURA PARABENS

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