27 de ago. de 2011

Capitulo 6

Posted by sandry costa On 8/27/2011 No comments


P.O.V – Alec Volturi

Tudo bem, pode parecer loucura, mas aqueles olhos de fogo frio me atingiram com uma intensidade demoníaca.
Ela era o oposto de Jane, mas acabei me lembrando que súcubos podem mudar de forma.
Desviou os olhos mais rápido do que havia cruzado meu caminho.
Trianna.
-É mesmo Desdêmona? – um mago ousado ergueu o queixo de modo rude e superior. Aproximou-se demais. Uma súcubo deu um passo a frente, e reconheci ela como uma das colegas de republica de Hellena.
A rainha fez um gesto com a mão, e a súcubo voltou.
-Duvida de minha palavra Duane?
-Estou inclinado a desrespeitar vossa alteza. – zombou.
-É mesmo? – ela ergueu uma sobrancelha, desafiando-o a continuar.
-Quem além de vocês não gostaria de nos controlar por completo? E vocês sofreram algum ataque?
-Se quiséssemos controlar vocês, mago. Já o teríamos feito. – outra mulher de cabelos realmente negros, e olhos azul turquesa com um tom lilás, rosnou. A grande maioria delas tinha os cabelos escuros. Percebi que a pedra em seu pescoço era uma opala.
-O que vemos agora? Outra ‘dama de espírito’? Ou sei lá como se chamam. – sua forma de falar já o denunciava como vivente desse mundo.
-Essa é Kahlan, minha sobrinha e irmã. – a grande mania delas de se chamar de irmãs. – Ela também é do espírito, mas nasceu de uma súcubo da água.
-Que tocante. Quer dizer que ela é uma bastarda? – falou cético.
Kahlan sorriu tentadora. E no piscar seguinte estava fora de sua formação, com a mão pressionando o pescoço dele. Duane sorriu, os dentes cintilando.
-Vai me matar?
-Vou fazer pior. – o lugar do pescoço dele onde ela segurava começou a sair fumaça. Ele passou a gritar como se estivesse se transformando em um vampiro.
-Kahlan! – Desdêmona vociferou. – Já chega.
A dama saiu de onde estava e voltou para seu posto, ao lado de Hellena, de pé, as mãos atrás das costas.
O mago caiu no chão, à boca aberta em um grito preso, e no pescoço a marca vermelha, de carne queimada, da mão dela.
-Quem controla o espírito, controla tudo. – disse com um sorriso maléfico. – E bastarda é a égua sua mãe. – completou toscamente.
-Chega de interrupções. Súcubo são muito voláteis, como já visto. – fitou Kahlan. – E impacientes. Não somos nos que estamos atacando os bandos e amigos de vocês.
-Então quem é?
-As corrompidas. – o burburinho voltou.
-Silêncio. – Trianna calou a todos com um grito.
-Vocês têm que entender que estamos aqui para ajudar. Estamos aqui por amor. – Desdêmona disse, e tudo soou com a maior falsidade que já escutei em toda minha vida.
-Não existe amor na sua raça! A única coisa que a em vocês é o vazio! Vocês não têm parceiros, só os usam para vontade própria e quando querem procriar! Amor não é só sexo! Amor é estar do lado, amor e compartilhar momentos bons e ruins, é brigar e fazer as pazes, é respeitar o outro pelo que ele é! – Aisla disse.
Desdêmona encarou-a, um olhar de pena e compaixão traçava suas faces jovens, e ao mesmo tempo tão sabias.
-Que linda declaração de amor. – Kahlan zombou.
-Sabe por que não temos parceiros Aisla? – sem esperar resposta, ela continuou. – Os parceiros que escolhemos, eles não agüentam conviver com tanto poder. O nosso poder corrói a mente deles.
-Como assim? – ela franziu as sobrancelhas, parecendo interessada e pela primeira vez em controle. A ignorância deixando todos nos irritados.
-Quando nascemos, a primeira coisa que nos é concedida, é uma pedra mágica como essa. – a rainha pegou a pedrinha pendurada em seu pescoço, ela brilhou como uma opala bem polida. Brilhava como uma estrela, como se a luz viesse de dentro de si.
-Achava que era só para enfeitar seus pescoços e dizer quem eram.
-Não, elas passam a absorver nosso poder negativo dês da hora que entram em contato com nossa pele, e assim assumem a cor do nosso elemento.
-Pra que?
-Nosso poder às vezes é tão grande, que acaba nos corrompendo junto. Ele é forte demais, nos sobe a cabeça. Com o tempo, aprendemos a controlá-lo, e fazer com que se dobre a nos. Por que, alem de machucar quem esta a nossa volta, acaba nos machucando, e pode ate nos matar. – acariciou a pedra com o carinho de uma mãe. – Ela se torna parte de nossa alma, são vivas como nos.
-Como assim?
-Depois de filtrar nosso poder, ela cria vida. Uma Night Wisp... Não é Wisp? – ela acariciou a pedra, e por um momento, vi alguma coisa se remexer lá dentro.
-Filtrar?
-Ela tem o dom de tirar de nos, o poder “ruim”, e transforma-o em energia boa. Mas... A energia ruim se esvai de nos. – ela sussurrou, segurando com cuidado a pedra oval transparente.
-Ela vai para onde?
-Por isso não podemos conviver com outras criaturas por muito tempo... A energia negativa, ruim, ela... Ela sai de nos, mas não afeta a outras súcubo, quando a energia ruim de uma se junta com a outra, o choque entre elas, faz com que se modifique.
-Como uma equação? Negativo com negativo, vira positivo
-Exato. – balançou cabeça – Quando não há outra Night Wisp, e outro corpo súcubo, a energia vai à procura de outro corpo menos protegido, seja vampiro, humano, íncubo ou qualquer outra coisa. E afeta a mente mais fraca, corrompendo-a.
-Por isso não podemos ter parceiros. A energia negativa destruiria a alma deles. Transformá-los-ia em monstros. – Hellena sussurrou. – E ter o próprio parceiro destruído, não destruiria vocês?
Todos ficaram em silêncio.
-Súcubos, sempre tão transparentes e abertas. – um homem surgiu da porta aberta. Um sorriso libidinoso traçava seus lábios finos, e seus caninos longos cintilavam.
Pronunciou o ‘abertas’ com segundas intenções.
-Ismael. O que faz aqui? – Desdêmona torceu os lábios.
-Vim participar da reunião. Pelo visto os íncubos não foram convidados, que coisa mais sem educação. – falou em tom magoado. Aproximou-se de algumas vampiras. – Boa noite, donzelas. – se curvou.
-Se afaste de mim incubo. – uma delas rosnou.
-Não queremos você entre nos. Vá embora. – a amiga de Hellena chiou. Senti minha nuca se arrepiar com o pensamento que eu seria um desses se Desdêmona não tivesse me destituído.
-As senhoritas podem não saber quem esta causando essa guerra estúpida, vocês ficam ai, jogando fogo uns nos outros... – ele balançou a cabeça rindo sadicamente. – Sim, são as súcubo culpadas de tudo isso.
-Eu sabia! – Duane sorriu em um esgar.
As súcubo fitaram Ismael perigosamente.
-Dobre sua língua incubo. E pare de espalhar mentiras!
-Talvez não súcubos normais, mas as corrompidas.
Outro burburinho explodiu as minhas costas. Meredith que ainda estava de joelhos com os olhos vagos, levantou-se, como que solta do encanto, estreitou os olhos e deu dois passos em direção ao incubo.
-O que quer dizer?
-Há muito tempo atrás, uma súcubo se desvencilhou das irmãs, e foi viver com um homem, um mago. – olhou para o grupo reservado e diminuto de homens mágicos. – Não foi a primeira a fazer isso, e não foi a ultima, mas essa em especial, nunca voltou. Ela corrompeu o mago, e corrompeu a si mesma, e teve uma filha.
-Qual a intenção de contar a historia do nosso povo? – Hellena ergueu as sobrancelhas friamente. – Todos conhecem a historia de Radamante, e não precisamos repetir as desgraças que aconteceram.
-O problema, princesa, é que a filha de Radamante, nasceu corrompida como ela, e essa mesma súcubo que esta causando a guerra. – balançou a cabeça em sua direção.
-Tem provas disso?
-Eu fui prisioneiro dela, devo dizer delas, porque ela esta corrompendo outras súcubo e bruxas também. – arregalou os olhos. – Estão armando uma guerra e vão matar todos, escravizar todos nos, nos corromper, e quem não aceitar vai virar comida de lobisomem, sem querer ofender. – meneou a cabeça na direção dos lobisomens no canto.
-Essa idéia é ridícula.
-Pode ate ser, mas se eu fosse vocês, tomaria cuidado. Ninguém está mais em segurança. – dito isso, ele explodiu em penas e saiu voando na forma de um corvo cinza.
-Devemos levar a serio o que ele disse? – Aro perguntou.
-É uma idéia estúpida, de um incubo estúpido. – uma súcubo de cabelos claros e que aparentava trinta anos zombou, seu colar era azulado, mas possuía um brilho mais fraco que os outros.
-Talvez não Nannitri. E se ele estiver certo? Corrompidas... Isso pode ser bem perigoso. – Desdêmona levou um dedo ao queixo, uma expressão pensativa cruzando sua face.
Desviou os olhos até Hellena, que devolveu o olhar pensativo, como que se comunicassem mentalmente. Concordou com a cabeça.
-Muito bem. – a rainha se levantou. – Acho que nosso tempo aqui acabou. Já sabem o que estão a enfrentar, e se eu descobrir quem estão tramando contra nos... Não teremos piedade.
Sua voz estava calma e macia, como uma faca coberta por seda.
Deram as costas todas de vez.
-Espere! – Edward gritou. Todas as originas se empertigaram, detestavam magos mas tinham uma grande queda por vampiros. – E se essas corrompidas forem às culpadas, o que faremos?
-A jovem vampiro, se elas forem às causadoras de tudo isso... Estamos com um grande problema. – ela sorriu.
Quando estavam a poucos passos da porta da igreja, uma multidão de gatos entrou miando e ronronando. Eles se esfregaram nas pernas das súcubo.
Elas se ajoelharam segurando os felinos e esfregando seus pescoços.
-Temos muitos espiões no mundo de vocês. – Desdêmona sorriu pegando o gato cinzento que havia deitado em seu colo. – Nunca podem adivinhar quem esta escutando vocês. – balançou a cabeça com uma expressão marota.
Vi Hellena agachada junto com suas três gatas, Aubrey empinou o focinho e sentiu meu cheiro, veio correndo na minha direção e saltou em meus braços, atraindo todas as atenções para mim.
Hellena ficou parada, destacada na multidão me encarando.
-Veja só minha filha, sua gata já achou um dono. – a rainha andou ate a filha e pousou as mãos em seus ombros. – Deseje-lhe sorte. – olhou para a princesa.
Ela ficou me fitando com os olhos vazios.
Andou ate mim e esfregou o meio das orelhas da gata.
-Cuide dela, eu não posso levá-la. – disse tudo sem me olhar. Mas no ultimo momento segurou meu rosto e encostou os lábios nos meus. – Te abençôo.
Deu-me as costas e saiu junto com suas irmãs.
Depois de atravessarem as portas da catedral, elas se fecharam com uma forte rajada de vento vinda do nada. Fiquei parado com a gata em meus braços, olhando fixamente para as portas.
-A reunião esta encerrada. – Aro ribombou pelo salão.
Saiu sendo escoltado por todos os Volturi, como suas longas capas arrastando pelo chão. Abriram as portas e sumiram na noite fria, unindo-se as sombras.
Edward andou até mim.
-Ela ficara nesse mundo. – murmurou.
Fez como todos faziam, e me deu as costas indo para fora da igreja.
A gata pulou de meus braços e se sentou no chão, olhando para mim, com seus grandes olhos amendoados. Deixei meu corpo cair em uma cadeira que recém havia puxado.
-Inferno! – gritei.
-Você é um idiota Alec. – Jane apareceu ao meu lado.
-A ultima coisa que eu preciso é de alguém gritando em meu ouvido. – rosnei me levantando e indo em direção a saída.
-O que pretende fazer? Correr até ela e chorar? Implorar? Pelo amor da Criadora, Alec, ela não quer você mais, não se humilhe mais do que já se humilhou quando admitiu que amava uma humana.
Apertei minhas mãos em punhos.
Depois daquele dia, em que Corin quase matou-a, em que Hellena se fora como uma súcubo, eu era motivo de piadas pelos corredores. Todos cochichavam sobre mim, ninguém mais me respeitava. Eu havia virado um amante de humanos.
No fundo eu sabia que merecia aquilo, dês de quando um vampiro pode amar um humano? Eles são gado, são comida. Eu forçava minha mente a acreditar nisso, mas mesmo assim eu não esquecia ela.
Talvez fosse parte de seu ser de súcubo o que eu senti por ela, talvez fosse tudo mentira, mas eu não tinha o costume de não ter o que queria. E agora era mais que um desejo estúpido e egoísta. Era minha imortalidade só que estava em jogo.
Eu estava tendo a opção de ter alguém com quem compartilhar as noites, alguém com quem viver, não apenas existir... Mas tudo se foi quando ela se revelou súcubo.
-Antes a relação de vocês era pouco provável, agora... Agora ela é impossível. – sua voz ficou ecoando nos ladrilhos de mármore da catedral enquanto eu virava um falcão e saia voando.
Por que acima de tudo, eu sabia que era verdade, e mesmo assim, não queria ver-la, preferia ignorá-la.
Voei para longe da culpa, longe da verdade.
Como se elas não estivessem presas em mim, e agora, mais do que nunca.

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