21 de dez. de 2011

Capitulo 39

Posted by sandry costa On 12/21/2011 1 comment


P.O.V – Hellena
Estava sentada há algumas horas na minha janela, encarando o sol que se punha devagar, e um ar de melancolia se acomodava a minha volta.
As palavras de Alec me acertavam em cheio, ele tinha razão, essa criatura bela e sedutora, uma mulher sem sentimentos, cruel, não era eu.
Baixei meus olhos para meu pulso aberto que já se fechava com a rapidez de um ferimento imortal. Ate isso tinham tirado de mim.
Durante anos convivendo comigo mesma, e com esse sentimento – quando eu ainda os tinha – que me corroia como ácido. Vivendo só, apenas eu e essa dor.
Minha wisp tilintou se aconchegando em meu peito, como que dizendo que estava aqui, comigo. Que eu nunca mais estaria só.
Uma lagrima rolou por minha face.
Estiquei a mão com a intenção de limpa-la, e me deparei com o horror de uma gota vermelha pintada nas pontas de meus dedos.
–Quando não nos alimentamos de energia é isso que acontece. – Katherine surgiu com a descrição de uma súcubo do ar. – Em algumas horas não vai nem suportar o sol.
–Vá embora sua bruxa desgraçada. – falei com a voz serena.
Ela se aproximou e inclinou o rosto na altura do meu.
–A única que vai embora aqui, é você. – sibilou.
Uma gata que estava recostada no chão começou a chiar e rosnar para Katherine, um ato totalmente impossível, gatos amam as súcubo, a menos que... Entrei em choque quando vi o fraco brilho em seu pescoço.
–Você esta corrompida. – sussurrei.
Ela sorriu mostrando as presas.
–Guardas! Guardas! Socorro! – começou a gritar.
Em meio segundo, ela arrancou o colar do pescoço e espedaçou-o com a mão. Fiquei paralisada vendo os cacos de cristal caírem em nossos pés, o som do grito da Wisp foi o pior som que já ouvi em toda a minha vida.
–Katherine... O que você fez? – murmurei me ajoelhando aos seus pés e pegando os pedaços opacos. Ela havia destruído a própria alma.
Senti mãos fortes me puxarem para trás.
–Foi ela! – Katherine chorava e apontava para mim. – Ela matou minha mãe, nossa rainha! Matou Kahlan, matou minha wisp! Tudo para poder subir ao trono! E tentou me matar também!
–O que? – gritei tentando me livrar das mãos.
–Assassina! – pulou sobre meu pescoço, outras súcubos afastaram ela de mim.
–Eu nunca faria isso!
Senti todos os olhares pesarem sobre mim. Olhos imortalmente poderosos, e indecisos. Súcubos não sabiam viver sem uma líder, elas precisavam do espírito para coexistir, sem ele, elas estavam perdidas. E era assim que elas se sentiam não tendo minha mãe por perto.
–Claro que fez. Se tem alguém que pode fazer tudo isso, é você. – ela assumiu um tom enojado. Era uma ótima atriz. – Todas sabem do seu desejo por aquele Volturi! E todas sabem como mamãe te negava isso! Subindo ao trono você mudaria tudo. Poderia finalmente mudar as leis e ficar com ele.
–Nunca mataria minha família por um motivo tão egoísta! Eu nem mesmo queria ser princesa! – gritei de volta.
–Mais um motivo para odiar nossa mãe. – falou controladamente.
–Não é verdade. – olhei as súcubo em volta pedindo ajuda.
–Katherine perdeu a Wisp. – uma súcubo do ar deu um passo a frente, reconheci como a súcubo que me acusou nas reuniões. – Precisa ir para a floresta dos espíritos para ser escolhida por outra.
–Ninguém além de mães e damas do espírito pode ir. – neguei.
–Mas o caso de Katherine é especial.
Quis negar, falar que ela já estava corrompida, mas ninguém acreditaria em mim, não agora.
–Eu não matei a Wisp dela.
–Acho mais seguro que você fique detida até Katherine se recuperar.
–O que? – estreitei os olhos.
–Nannitri, não podemos deter uma dama de espírito. – uma súcubo da água negou.
–Não sou culpada, e sei disso. Não me importo de esperar, não devo nada a ninguém. – sentei-me na cama. Nannitri sorriu para mim.
–Fez a escolha certa majestade. – saiu escoltando Katherine.
As outras guerreiras me olharam, seus olhos culpados, sabendo que não faziam a coisa certa, mas presas as regras. Blake surgiu na porta.
–O que você fez Hellena? – perguntou com a voz chorosa.
–Eu não fiz nada Blake, você sabe disso. – minha voz saiu tão suave quanto à voz sábia e maternal da minha mãe, me surpreendi por isso.
Seus olhos azuis escuros tremeram. Ela deu meia-volta, saindo do meu quarto, deixando-me só novamente.
Fiquei parada, sem olhar o por do sol, que já devia ter sumido no horizonte. Fechei meus olhos e deixei as lagrimas de sangue caírem livremente deles, eu era uma estúpida. Quando os abri de novo, havia uma bela mulher de cabelos loiros cinzentos. Seus olhos brilhavam cinza como os cabelos, e sua imagem tremeluzia, como uma miragem.
Um espírito.
–Quem é você? – murmurei sem medo, eu já estava acostumada a ter freqüentes visitas de espíritos, fazia parte do meu dom.
–Você conhece a minha historia, e meu nome é dito por todas como um exemplo, como uma vergonha. – disse com a voz triste e machucada, mostrando sua dor.
Fiquei de pé e me aproximei dela.
–Meu nome é Radamante. – parei de olhos arregalados.
–O que faz aqui? – sai de perto dela, uma corrompida é perigosa estando morta ou não. Seus olhos cinza ficaram mais tristes.
–Não tenha medo de mim, não sou mais corrompida.
–Porque devo acreditar nisso? – perguntei desconfiada.
–Não matamos só as súcubo corrompidas porque são perigosas, matamos elas porque assim que sua alma sai do corpo, ela é purificada, e assim alcança o Elísio. – Elísio, eu já ouvira falar desse lugar, o paraíso dos imortais.
–O que quer? – me aproximei novamente.
–Você precisa tomar cuidado Hellena, é a escolhida para salvar nosso mundo. E para isso, precisa exterminar as corrompidas, todas. Não tenha pena princesa, pois apenas matando-as, você as estará salvando. – sua imagem começou a se dissolver em fumaça. – Você precisa matar minha filha... Tem que sair daí, agora!
Sua voz ficou longínqua, e em questão de segundos, ela sumiu.
A ordem dela foi direta, sair daqui, agora.
Tirei a droga do vestido e do espartilho e me concentrei para abrir uma passagem para o outro mundo. Eu estava fraca, e seria meio difícil conseguir ultrapassar, mas eu precisava.
Abrir um portal dentro do castelo não era permitido, acabei por me lembrar, eu precisava estar fora dos limites dos muros.
Abri a porta de leve e não avistei ninguém no corredor, peguei uma capa e me cobri procurando possíveis saídas. Então eu ouvi, um clamor alto e estrondoso de trombetas anunciando...
Me concentrei para poder ouvir melhor.
–Katherine chegou da floresta dos espíritos!
–Eles a abençoaram com o espírito.
–É sinal de que Hellena é culpada, precisamos dar um fim nisso.
–Viva a nova rainha!
–Katherine!
–Hellena é a culpada, precisa ser exterminada, sacrificada.
–A alma dela precisa de purificação!
–Tragam Hellena.
–A falsa princesa!
Eram tantas falas, e tão ofensivas ditas sobre mim que senti uma grande tristeza. Meu próprio povo se voltava contra mim, e isso era terrivelmente cruel.
Dobrei um terceiro corredor quase me arrastando de tanta fraqueza, tropecei por meus próprios pés e cai no colo de Trianna. Levantei-me esperando que ela me tratasse do mesmo modo, mas apenas me olhou com carinho.
–Eu acredito em você princesa. – foram suas únicas palavras.
Puxei o ar com força.
–Vou embora Trianna, e antes de ir preciso saber de uma coisa. – disse com os olhos pesados e o corpo estranhamente leve, ela meneou a cabeça positivamente. – Quem é o pai de Alec? Me diga isso e partirei em paz.
Pareceu relutar, mas diante de meus olhos sofridos ela cedeu. Disse o nome como se fosse o segredo de sua vida, e ao ouvir-lo, senti-me estúpida de não ter cogitado aquela hipótese.
–Agora vá Hellena, te dou cobertura. – me deu um leve empurrão.
Sai cambaleante em direção ao caminho mais próximo para fora daquele lugar. E foi quando eu já estava a meros metros do portão que levava a cidade Georgina me parou.
–Espere. – ela ordenou.
–Sabemos que é você. – ouvi a voz de Hoppe.
Quenn e Blake estavam com elas e não tinham coragem de falar nada.
Me virei encarando-as serenamente, deixei o capuz cair sem medo.
–Sabem que eu não sou essa assassina.
–Os espíritos abençoaram Katherine, deve ser um sinal. – Georgina disse com a voz tentando ser firme.
–Eles não a abençoaram, é tudo um truque. – soltei meus ombros.
–Então porque foge?
–Porque irão matar a pessoa errada, e só eu posso desfazer isso tudo, mas não mais aqui.
Elas pareciam indecisas, mas mesmo assim irredutíveis.
–Vocês sabem que eu nunca faria isso a ninguém. Vocês sabem o certo.
–Não somos súcubos do espírito Hellena, que droga. – Blake desatou a chorar.
–Não precisam ser para saberem a verdade. Eu preciso ir.
Dei-lhes as costas e fui ate fora do castelo tentando me concentrar a abrir um portal, mas tudo girava.
–Não conseguira só. – Quenn andou ate mim e segurou minha mão. – Eu confio em você. – e olhou para as irmãs. – Vocês dariam as costas para ela agora?
Entreolharam-se e seguraram minha mão.
–Conhecemos um bom esconderijo nos estados unidos. – o resto delas me deu as mãos formando um circulo e assim o portal se abriu. – Confiamos em você princesa.

1 comentários:

Caramba não sei nem o que pensar.

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