29 de dez. de 2011

Posted by sandry costa On 12/29/2011 1 comment


Mentiras e Carinhos...
EU NÃO EXISTO SEM VOCÊ
(Vinícius de Moraes)
Eu sei e você sabe,
já que a vida quis assim
Que nada nesse mundo
levará você de mim
Eu sei e você sabe
que a distância não existe
Que todo grande amor
só é bem grande se for triste
Por isso, meu amor,
não tenha medo de sofrer
Pois todos os caminhos
me encaminham prá você
Assim como o oceano
só é belo com o luar
Assim como a canção
só tem razão se se cantar
Assim como uma nuvem
só acontece se chover
Assim como o poeta
só é grande se sofrer
Assim como viver sem ter amor
não é viver
Não há você sem mim,
eu não existo sem você.
“Embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo, qualquer um pode começar agora e fazer um novo fim.”
(Chico Xavier)
Edward levou Bella até o taxi. Era difícil acreditar que fazia isso na condição de seu marido.
Decidira sublimar o medo de ser desmascarado. Agora queria apenas viver intensamente sua fantasia como se cada dia fosse o último.
Ajudou-a a entrar no carro, sentindo um choque percorrer sua espinha quando segurou em sua cintura, com medo que se sentisse tonta e caísse. Bob, o motorista do taxi que lhe pestava serviços quando estava em New York, bem que tentou ajudá-la, mas Edward fez questão de fazer tudo sozinho.
Bella também não ficou indiferente à proximidade do corpo de Edward ao seu. Inebriou-se com o perfume que aquele homem exalava. Era tão bom quanto o cheiro de chuva ao cair no jardim.
Bella se espantou por lembrar-se de coisas tão banais como o cheiro de terra molhada, mas não ter a mínima lembrança de como fora sua vida ao lado dele.
“Não quero ter a terrível limitação de quem vive apenas do que é passível de fazer sentido. Eu não!... Quero uma verdade inventada”.
(Clarice Lispector)
De manhã, enquanto Bella ainda dormia, Edward tinha pedido a Bob que pegasse sua bagagem no hotel, assim poderiam ir direto para o aeroporto, onde um avião fretado os levariam para a Califórnia.
Na cabeça de Bella o caos ditava as regras. Quanto mais tentava se lembrar de algo, mais se afundava na desorientação. Ela agora entendia porque os bebês choravam tanto quando saíam do útero das mães... Nascer era extremamente assustador.
Sim, Bella se sentia uma recém-nascida. E era. Dependia completamente, tanto física quanto emocionalmente, daquela pessoa que se intitulava seu “marido”. Segurou as lágrimas a todo custo. Não tinha forças nem para se entregar a uma crise.
Edward não ficou alheio ao acanhamento de Bella. Respeitou seu silêncio até chegarem ao aeroporto. Sabia que estes primeiros dias seriam muito confusos e tensos para ela.
A viagem até Monterey foi longa, mas muito confortável.
– Está se sentindo bem, Bella? – Edward perguntou algum tempo depois de decolarem. Não aguentava mais de vontade de conversar com ela.
– Sim, apenas um pouco tonta. – Bella respondeu timidamente.
Edward reclinou sua poltrona, fazendo virar quase uma cama.
– Feche os olhos e tente dormir então, amor. A viagem será longa.
– Acho que é o melhor a fazer mesmo. Obrigada.
Bella ainda se sentia insegura por estar indo embora com um estranho. Quando pensava que morariam na mesma casa e dividiriam desde seus afazeres diários até a cama, um frio na barriga a fazia tremer. Mas pior do que isso era se ver sozinha, como se sentiu ao acordar. Não queria nunca mais passar por aquela sensação de vazio que a acometeu quando abriu os olhos e percebeu que não sabia nem quem era. Edward parecia ser uma boa pessoa. Mesmo sem conhecê-lo, sentia-se bem ao seu lado.
Não demorou muito até que Bella caísse no sono, afinal ainda estava tomando remédios muito fortes.
Acordou com uma voz doce a chamando, bem pertinho do ouvido.
– Amor, chegamos!
Espreguiçou-se, tentando entender onde estava.
– Eu dormi a viagem toda?
– Dormiu. – Edward resondeu rindo.
Bella sentiu-se envergonhada por ter sido uma companhia tão ruim.
– Desculpa!
Edward afagou seus cabelos carinhosamente.
– Não tem do que se desculpar. Você acabou de ter alta depois de dois meses em coma. É mais do que normal que se sinta fraca e sonolenta.
Havia tanta ternura naquelas palavras que ela sentiu vontade de abraçá-lo e agradecer por tudo que estava fazendo por ela, mas faltou-lhe coragem.
– Vem que eu te ajudo a descer do avião. – Edward falou, estendendo-lhe a mão.
A casa onde iriam morar era linda! Edward tinha visto apenas fotos dela, mas de perto era ainda mais deslumbrante.
Os três empregados os esperavam na porta. Cornélia, a cozinheira; Vera, a arrumadeira e Pablo, o jardineiro.
Edward já havia falado com eles apenas por telefone.
Se apresentaram e receberam calorosos desejos de boas vindas. Logo estavam a sós novamente.
A beleza da construção continuava em seu interior. Edward ficou olhando para o rosto de sua esposa, tentando decifrar o que sua expressão queria dizer.
– Nós somos ricos? – Bella perguntou mordendo os lábios.
A pergunta surpreendeu Edward, que abriu um grande sorriso.
– Somos muito bem de vida. Eu tenho uma empresa que presta serviço pela internet, que rende a mim e a meus sócios um excelente lucro.
– É, por esta casa dá pra perceber.
– Você gostou?
– É linda, Edward. Na verdade é perfeita!
Edward deliciou-se com o sorriso que recebeu de Bella. Ela estava com os cabelos presos, para disfarçar a pequena parte que tinha sido raspada na cirurgia, e estava simplesmente linda.
Neste momento um labrador preto entrou na sala e parou ao lado de Bella, cheirando-a amigavelmente.
– Este é Bud, nosso cachorro.
Edward sentiu o medo tomar conta de si. O animal tinha sido treinado por mais de um mês com o cheiro deles. Os tratadores eram experientes nesta técnica de fazer cães se acostumarem a pessoas que não estavam presentes, mas ainda assim ficou com receio que o cão a atacasse e mordesse. Ele já tinha estado algumas vezes com Bud, mas com ela era o primeiro encontro.
Guardado em algum lugar de seu cérebro, ou de seu coração, o amor de Bella pelos cachorros ficou evidente quando ela se abaixou e começou a brincar com ele, conversando carinhosamente com seu mais novo amigo.
– Oi Bud!! Você é tão lindo, cãozinho!! Sentiu minha falta, amigão?
Bud pendeu a cabeça para o lado e, depois de encará-la por um tempo, abanou o rabo e as orelhas dando sinal de completa rendição as encantos de sua nova dona.
“Mais um apaixonado por ela nesta casa”, pensou Edward.
– Quer conhecer a casa comigo? Também é minha primeira vez aqui.
– Sim. – Bella disse, estendendo a mão displicentemente para que fossem de mãos dadas.
Edward pensou que não existia nenhum tipo de medida conhecida na matemática que pudesse dimensionar o tamanho de sua felicidade naquele momento.
A casa realmente era perfeita. Suas paredes de vidro temperado permitiam ver o mar. Fora construída em uma encosta, um pouco afastada da cidade. A praia ficava próxima, bastando descer uma longa escadaria de madeira, exatamente como Bella descreveu sua casa dos sonhos em uma das cartas que escreveu a Edward.
Um dos cômodos que entraram era o quarto do casal. Bella ficou de boca aberta com a beleza da vista daquela parte da casa.
Ela bem que tentou disfarçar o rubor em seu rosto quando olhou para a cama de casal, mas já era tarde demais. Edward a encarava com um sorriso torto, parecendo zombar de sua timidez desnecessária, afinal eram marido e mulher e já deviam ter feito muitas coisas em camas como aquela, pensou Bella. Claro que depois destes pensamentos seu rosto ficou mais vermelho ainda.
Edward sabia que Bella estava sem graça por causa da cama. Ele também se sentia constrangido ao olhá-la. Essa era a parte mais vil de seu plano. Ele sabia que ela o odiava e que jamais dormiria ao seu lado se não tivesse perdido a memória.
– Edward, você só se mudou para cá por causa da minha amnésia? Mudou toda a sua vida por mim? – Bella estava atordoada com o fato de terem ido morar longe de todas as pessoas que conheciam antes.
– Bella, você é a pessoa mais importante pra mim. Eu te amo mais que a mim mesmo. Tudo o que mais quero nesta vida é te fazer feliz. Vir morar aqui com você não é esforço nenhum... É um prazer! Uma vez você me disse que iria comigo até para o fim do mundo... Eu também te digo o mesmo, meu amor.
– Eu te amava assim também? – Ela perguntou, mexendo com as estruturas de Edward.
Ele mordeu os lábios até quase sangrarem. O que diria agora? Contaria a verdade... Que ela o odiava, que nunca o perdoara por tê-la feito infeliz?...
– Você me amava muito. Éramos muito felizes juntos, e eu tenho certeza que ainda seremos. O nosso amor era muito bonito e puro. Nem mágoas, nem rancor, nem culpa, nem doença... Nada teve ou terá força suficiente para por fim nele. – Edward mentiu, desejando que sua covardia no passado não tivesse tornado suas palavras tão mentirosas.
Bella se comoveu com aquela declaração.
– Eu estou te fazendo sofrer... – Constatou, sentindo-se culpada por tê-lo esquecido.
– Não fale um absurdo desses, Bella, você é a melhor parte da minha vida. Só de estar viva, aqui, do meu lado, já é motivo para eu ser o homem mais feliz do mundo.
Edward se aproximou dela e passou os braços em volta da sua cintura. Não ousou beijá-la, mas apoiou o queixo em sua cabeça e fechou os olhos, curtindo cada segundo daquele abraço.
Bella sentiu aqueles braços fortes envolverem sua cintura e retesou-se, temendo que suas intenções fossem outras, afinal estavam diante de uma cama. Aos poucos foi percebendo que se tratava apenas de um abraço... E um abraço muito reconfortante.
Fechou os olhos e se entregou àquele carinho, torcendo para que aquele contato pudesse fazê-la se lembrar de algo, mínimo que fosse. Nada!... Nem a mais insignificante das lembranças retornou à sua cabeça.
Você precisa descansar um pouco, amor – disse Edward, afastando-se. – Suas coisas estão todas no closet. Vá tomar um banho enquanto eu peço a cozinheira para preparar o jantar. Tem algo em especial que queira comer?
– Qual era meu prato preferido?
Perguntas como aquela atormentariam Edward durante todo o plano.
– Ei, não quero que fique tentando se lembrar o que passou. Já disse que vamos começar uma vida nova. Não importa o que gostava, quero saber o que deseja comer hoje? – Edward falou, segurando o rosto de Bella entre as mãos, ternamente.
– Batata frita e frango assado.
A forma como Edward colocava as coisas fazia parecer tão fácil lidar com a falta de memória, pensou Bella. Seria tão bom se pudesse simplesmente esquecer vinte e cinco anos de sua vida e continuar em frente como se nada tivesse acontecido... Mas não era. Sentia-se como se estivesse entre parênteses... Sabendo que sua vida só teria continuidade depois que se lembrasse de tudo.
Edward riu do seu pedido e saiu do quarto, não sem antes beijar a testa daquela adorável mulher com quem realizaria a mais linda fantasia que já existiu.
Bella entrou no closet e se espantou com o que viu. Separada por cores, uma infinidade de peças de roupas lotavam os armários do lado direito, seu lado.
Do outro, as roupas de Edward conviviam naturalmente com as suas, desconhecendo os problemas que os separavam.
Abriu as gavetas e se deparou com lingeries finíssimas e camisolas lindas e sensuais. A maioria tinha aspecto de já terem sido usadas. Por alguns segundos imaginou-se as vestindo, deitada em uma cama de casal, tendo Edward ao lado...
O que será que faziam na cama? Do que ele gostava? Do que “ela” gostava? Por mais que tentasse, tinha dificuldade de pensar em sexo. Na verdade não sabia muito o que imaginar. Como poderia ter se esquecido justamente disso? Lembrava-se de como pentear os cabelos, de como escovar os dentes, de como se maquiar, mas no que se referia a fazer amor parecia que seu conhecimento não condizia com o de uma mulher casada.
Bella balançou a cabeça e riu. “Logo do que fui me esquecer!!”
Depois de um banho relaxante e demorado, vestiu um short jeans e uma regata azul bebê e desceu para a cozinha. Estava com fome.
Edward não estava lá.
– O jantar já está quase pronta, Srª Cullen. Seu esposo pediu que a avisasse que está esperando pela senhora na varanda.
– Obrigada, Cornélia. Nossa, o cheiro está maravilhoso!
Com as luzes acesas a casa ficava mais linda ainda.
Bella encontrou Edward sentado em uma poltrona de ratam, bebendo algo que não soube identificar o que era. Bud estava deitado ao seu lado, dormindo.
– Oi amor, sente-se aqui. A noite está linda!
Estava mesmo, pensou Bella. O prateado das ondas, o vento que trazia o cheiro do mar e a lua enorme que enfeitava o céu fazia tudo parecer uma cena de filme.
– Este lugar é maravilhoso, Edward.
– É sim. Você sempre quis morar em uma casa assim.
Edward viu Bella se sentar na poltrona a seu lado, cruzando as pernas lindas e torneadas que o seu short covardemente desnudava e constatou que seu raio de sol tinha virado uma linda mulher.
Bud levantou-se e foi se deitar ao lado de Bella.
Recebeu um carinho na cabeça e logo dormiu novamente.
– Está se sentindo bem?
– Fiquei um pouco tonta no banho, quando me abaixei para esfregar meus pés, mas logo passou.
– Meu Deus, Bella, eu não devia tê-la deixado sozinha! – Edward se recriminou. - Da próxima vez que for tomar banho, deixará a porta aberta e eu ficarei no quarto. Já imaginou se tivesse desmaiado? Poderia bater a cabeça novamente e isso não pode acontecer de jeito nenhum.
– Calma, Edward, foi só uma tontura leve. Eu estou bem, juro!
– Não saio mais de perto de você nem por um segundo. E não adianta reclamar. – Edward falou, fingindo estar sério.
Serviu o suco de lima que estava na jarra e deu o copo para Bella.
– Beba um pouco, está delicioso.
Bella tomou um gole daquela bebida refrescante e se segurou para não iniciar uma série de indagações sobre sua vida.
Seu médico tinha lhe pedido que relaxasse nos primeiros dias e que evitasse muitas perguntas neste período. O estresse poderia fazer-lhe mal.
Não sabia como era sua vida antes, mas agora não podia se queixar, estava feliz sentada naquela varanda, olhando o mar ao lado de seu marido e de seu cachorro.
O jantar estava delicioso. Bella descobriu que adorava batatinha com catchup, e abusou do direito de comer.
Edward ficava só rindo. Bella parecia uma criança com aquela boca toda lambuzada de molho vermelho.
– É a primeira comida sólida que como desde que acordei.
– Estou percebendo. – Edward falou brincalhão, fazendo cara de espanto.
– Acha que exagerei? – Bella perguntou meio sem graça.
Edward deu uma piscadinha e sorriu, mostrando que não a culpava por sua gula infantil.
Após a sobremesa, subiram para o quarto.
A hora que Bella mais temia tinha chegado. Pegou um pijama de calça e camisa na gaveta e foi se trocar no banheiro. Demorou mais que o necessário.
Edward viu Bella entrar no quarto aflita. Não precisava observar muito para reparar seu nervosismo.
Aproximou-se dela.
– Bella, não tem por que ficar assim, meu amor. Nós só vamos dormir na mesma cama, como já fizemos muitas vezes. Eu já te disse e vou repetir, eu só farei amor com você no dia que me pedir. Até que seja de sua vontade, não a forçarei a nada.
Ele a abraçou novamente e sentiu que Bella tremia. Beijou-lhe os cabelos e foi para o banheiro tomar banho.
Bella aproveitou que estava sozinha e correu para a cama. Deitou-se e se cobriu com o edredon. Mas uma vez ficou maravilhada com a vista que as paredes de vidro proporcionavam. No escuro não dava para ver o mar, apenas a silhueta de um barco, iluminado por pequenas lâmpadas, que balançava na cadência das ondas. Se imaginou como aquele barco solitário, mas então se lembrou que assim como ele, ela também tinha uma âncora: Edward. Adormeceu com aquela visão linda e relaxante.
No banheiro Edward tentava se manter calmo. Estava preste a se deitar ao lado da mulher da sua vida. Dormiriam juntos pela primeira vez... Apenas dormiriam, mas isso já era muito mais do que tinha sonhado.
Fez um balanço do primeiro dia de sua “vida de mentira... E não podia ter sido mais perfeita.
Tirando o fato de estar mentindo para Bella, e isso lhe causava um grande desconforto, o resto tinha sido maravilhoso.
Voltou para o quarto e encontrou-a dormindo. Estava linda...
Deitou-se ao seu lado e puxou-a para junto de si, sentindo o calor que emanava da pele de Bella aquecer seu corpo frio pelo banho.
Dormiu como um anjo... Um anjo maculado pelo pecado... Pelo pecado de amar o impossível.
...”O amor, essa força incontida,
Desarruma a cama e a vida Nos fere, maltrata e seduz
É feito uma estrela cadente
Que risca o caminho da gente
Nos enche de força e de luz”...

1 comentários:

Num sei o q dizer, mas ñ concordo com a mentira do Edward e pra ser sincera também num discordo não. Acho que o q ele fez foi infantil,mas necessário.

Aguardamos o proximo capitulo!

Dèbora

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