4 de jan. de 2012

Capitulo 44

Posted by sandry costa On 1/04/2012 1 comment


P.O.V – Hellena
–Isso é impossível, elas sumiram do nada. Tipo “puf”. – sibilei olhando um mapa que havíamos feito do mundo oculto onde minha mãe e minha prima haviam desaparecido.
–Ate os cavalos sumiram junto. – Hoppe suspirou.
–Deve haver algo errado, tem que te alguma coisa! – Georgina explodiu.
–Não a prova nenhuma de que fui eu, mas mesmo assim me culparam, mas não existe provas de nada! Nem pegadas, nem indicie de luta, ninguém viu nem ouviu.
–Nem sabemos se o lugar pelo menos é esse. – Blake se levantou.
–Pelos nossos cálculos, elas estavam a pelo menos um raio de distancia desse ponto. – fiz um circulo com a ponta do lápis. – Elas sumiram dentro desse circulo.
–O circulo é bem grande. – Quenn disse cética.
–Talvez alguma bruxa pode saber de algo. – Hoppe deu de ombros.
–Boa idéia. – chamei Aisla para poder nos ajudar. Ela se debruçou sobre o mapa e franziu os olhos, pensou um pouco e mais um pouco ate que finalmente falou.
–Vivi alguns anos no mundo oculto, mas acho melhor chamar outra bruxa que conhece mais sobre ele. – sumiu em um corredor e quando voltou trazia uma mulher de olhos rosa. Tipo rosa, rosa.
Ela analisou o mapa do mesmo modo que Aisla fez, parecia não estar reconhecendo muito bem o lugar, mas depois de alguns segundos se encontrou e sorriu.
–A rainha de vocês desapareceu ai?
–Calculamos que sim. Sabe de algo?
–Bem... Tem algumas lendas que dizem que nesse lugar existe uma caverna. – mordeu o lábio inferior e olhou diretamente para mim com receio, como que pedindo meu apoio.
–Caverna? – franzi o cenho descrente.
A olhos rosa pegou outra folha e desenhou de um modo que bem embaixo da estrada tivesse uma caverna, não era muito grande, mas estava dentro da extensão do calculo.
–Dizem que esse é um lugar que só os imortais superiores podem entrar. É mais um refúgio para os anjos... Pecarem, se me entende. – sorriu para mim como uma cúmplice.
–Então é uma caverna para os anjos fazerem a festa? – Blake balançou a cabeça escondendo um indicio de riso. Seus olhos faiscavam e seus pensamentos eram de certo modo... “pecaminosos”.
–Os anjos não vão muito, não gostam de lugares debaixo da terra, e os demônios largaram meio de mão, eles não precisam se esconder para fazer safadezas. – essa bruxa falava como uma súcubo.
–Você acha que minha mãe pode estar ai?
–Alem de ser um lugar que poucos sabem a existência, seria impossível qualquer um entrar ou sair. – balançou os ombros de modo sugestivo.
–Então como elas entraram?
–Com a ajuda de algum demônio superior talvez.
Pensei um pouco sobre isso, parecia bem o tipo de coisa que Katherine estaria disposta a fazer para conseguir o trono. Mas que demônio ajudaria uma súcubo?
–Como posso fazer para tirar-las de lá?
–Um demônio pode fazer isso.
As meninas me olharam com receio, mexer com demônios superiores podia ser bem perigoso e todas nos sabíamos disso, mas não havia outro jeito, tínhamos de nos arriscar.
–Eu só preciso de uns conselhos de uma pessoa em especial. – levantei-me da cadeira e andei ate estar fora de casa onde elas não me escutariam, invoquei Radamante, ela surgiu no minuto seguinte.
–Sim minha princesa? – perguntou com sua voz etérea.
–Minha mãe esta presa nessa tal de caverna?
–Creio que sim.
–Como eu faço para tirar elas de lá?
–Eu tenho um amigo, vou te dizer como convocar-lo e então negociara com ele. – falou com sua calma exemplar e espiritual explicando tudo que eu deviria usar e como usar.
Durou cerca de uns quinze minutos, estava tudo gravado em minha mente quando me levantei respirando fundo e drasticamente, andei ate elas e suspirei antes de contar tudo.
–Isso é suicida! – Blake gritou.
–Mas é o único jeito. – disse com a calma que apenas minha mãe saberia demonstrar em momentos como esse. Virei meu rosto em direção a uma janela e vi meu reflexo nela. Surpreendi-me ao ver a expressão sábia e de rainha em mim.
Instintivamente segurei meu anel, dessa vez na mão contraria, e com um significado totalmente diferente. Pensei em Alec, pensei em nos dois. Ele agora estava caçando, todos estavam se alimentando o máximo possível para a guerra que estava por vir.
Faria isso por ele, por nos, por todos nos.
–Preciso de velas, e um incenso seria bom. – murmurei apertando meu casaco contra meu corpo. – Preciso fazer isso no por do sol, antes que todos cheguem.
Chegaram a discutir comigo para que eu não fizesse isso, mas nada me impediria, eu estava convicta do que teria de fazer isso. Recolhi tudo que Radamante me falou ser necessário e parti para a floresta.
Não fui em velocidade imortal, nem fiz nada que revelasse minha condição não humana. Não sabia muito bem onde era o local, a súcubo do fogo disse que eu sentiria, mas parecia que o lugar nunca ia chegar.
Parei em uma pequena clareira em que a grama estava rala e amarelada, quase que morta. Aquele local me deu um arrepio estranho, considerei isso como o sinal.
Estava bem escuro, o que deixou o lugar todo com um clima sombrio e assustador. Em outras épocas eu morreria de medo de estar aqui sozinha, mas não agora.
Fiz um circulo de velas e deixei-as queimar apenas vendo suas chamas tremularem com o vento que passava ocasionalmente. A lua era apenas uma linha fina e amarelada que provocava uma luz tão fraca quanto às das velas.
Acendi o incenso e fiquei um tempo sentindo o cheiro de patchouli e sândalo, vendo a fumaça subir em espiral diante de meus olhos e fazer desenhos em si mesma.
Sentei em posição de lótus e fechei meus olhos ficando alheia a tudo que acontecia a minha volta. Senti uma brisa mais forte passar por minhas costas e o calor das velas baixar.
Abri os olhos e vi a lua ser encoberta por uma grossa camada de nuvens. As folhas passaram a se baterem e redemoinhos se formaram a minha volta em um louco frenesi.
No momento em que uma neblina cinza invadiu a clareira, chupando a luz para si e a fumaça dos incensos, ela virou uma bola maciça e escura e explodiu, devolvendo a luz e a calma ao local.
Diante de mim havia um homem alto e pálido vestido em um terno de risca de giz cinza, seus cabelos eram longos e negros como a noite que lhe envolvia, enquanto seus olhos de um azul gelado e turquesa entravam em contraste com o escuro dos cabelos.
Além de tudo ele... Ele flutuava. Tipo, ele estava a uns trinta centímetros acima do solo, talvez por isso fosse tão alto. Mas não foi isso o que mais me assustou, o mais apavorante de tudo, é que ele tinha asas. Asas negras.
–Muito boa noite senhora Volturi.
–Acha que não saberíamos de seu... “casamento”? – sua voz era zombeteira. Nunca cheguei a me imaginar sendo chamada de... Senhora.
–Pelo visto o casamento foi valido então? – devolvi no mesmo tom.
Ele se limitou a rir suavemente.
Suas asas tremiam à medida que ele ria, formando uma grande moldura escura envolta de seu corpo esquio e languido.
–Porque me convocou? – arqueou uma sobrancelha grossa.
–Preciso de sua ajuda. – falei sem demonstrar um traço do medo que eu sentia em cada fibra de meu ser. O demônio entortou as pontas de sua boca para cima em um sorriso resplandecente.
–E o que me daria em troca? – já esperava por isso, demônios não faziam nada se não por barganha.
Respirei fundo tomando coragem.
–O que você quer? Minha alma? – acrescentei estupidamente.
–Não... Não... – balançou o dedo indicador em sinal negativo. Seus pés bateram ocamente no chão e duas penas de suas asas caíram no chão amaciadamente. – Meu mestre gosta de colecionar almas, não eu.
Começou a andar para lá e para cá.
Parou e me olhou de relance, um novo sorriso atravessava seus olhos.
–O que você quer?
–Deve saber da existência de uma caverna no mundo oculto. Um lugar para onde anjos iam para pecar sem serem... “vistos”.
–Sim, sim... – murmurou.
–Minha mãe, a rainha súcubo pode estar possivelmente lá.
Outro sorriso.
–E quer que eu resgate suas familiares. – completou sibiloticamente.
Meneie a cabeça em afirmativa.
–Sabe qual o meu nome? – nem esperou eu responder algo, já foi falando secamente. – Asmodeus, esse nome significa algo para você? – sua expressão era quase que vencedora.
–É o demônio da luxuria? Ou melhor, um príncipe. – pisquei. – Somos muito parecidos não concorda? Ambos demônios, que vivemos de ambos motivos, da realeza?
Radamante já havia me instruído o que dizer.
–Você é mais inteligente do que aparenta. – pensou um pouco. – Sua criadora, Lilith, é uma grande amiga minha, afinal, nos quase que trabalhamos na mesma coisa. Mas eu não fui tão fugaz e perspicaz quanto ela, não criei nenhuma criatura para me ajudar. Mesmo assim, o que havia para ela, vem a mim do mesmo modo.
Falava tudo enquanto andava de um lado para o outro.
–E fico pensando: Essa guerra vai atingir padrões maiores do que deveria. Nos demônios superiores não podemos nos meter em assuntos terrenos, mas... Nesse embate, se irão muitas criaturas das sombras, e todo o equilíbrio se esvairá com vocês. Não podemos deixar isso acontecer.
–Ira me ajudar? – fiquei radiante.
–Me devera um favor senhorita.
–Senhora. – o corrigi sem pensar.
–És bela é jovem demais para ser uma senhora. – começou a flutuar.
–Trará minha mãe de volta?
–Demorara um pouco, mas posso assegurar que suas familiares estarão com você em algumas horas. – olhou para o relógio de pulso. – Me deve essa Hellena. Não costumo esquecer de coisas.
–Nem eu. – dito isso ele sumiu levando todo o calor e o perfume de incenso consigo. A lua voltou a aparecer no céu e eu estava sozinha.
Olhei para as palmas de minhas mãos e suspirei com força. Estava feito.
Voltei para casa e já estava amanhecendo. Blake me esperava na porta, e assim que me viu – ou sentiu, ou cheirou – veio correndo e me abraçou perguntando se estava tudo bem.
Contei resumidamente o que havia acontecido e o assunto se deu como acabado.
O ataque estava programado para daqui a três horas, e todos já estavam aguardando ansiosamente pelo dia seguinte.
Procurei Alec pela vastidão de rostos e encontrei-o conversando com Aro soturnamente. Fiquei parada vendo os dois terem uma discussão em voz baixa.
Quando acabou, Alec deu as costas ao mestre, deixando-o com uma carranca. Veio em minha direção e ao me ver tomou minha mão me levando entre as “pessoas”.
Entramos em uma porta lateral e descemos as levas de escada ate chegar no porão. Dali podíamos ouvir e sentir o tremor de todos em cima de nos, ficamos em silêncio sentados em um colchão velho no chão.
Alec pegou uma garrafa de Absinto empoeirada no canto e bebeu direto no gargalo. Ele não era muito de beber, disse que como era bem velho seria impossível deixar-lo embriagado, que havia criado resistência a álcool.
Passou a garrafa para mim, eu repeti seu gesto e deixei ela escorada no chão.
–Pode ser nossa ultima noite. – murmurou rouco.
–Não diga isso, da azar. – ri tentando deixar-lo mais feliz.
–Estava certa.
–Sobre o que?
–Aro é meu pai, ele admitiu. E disse que vampiros não tinham pai.
Olhou para mim e sorriu.
–Mas agora somos marido e mulher, e nada nem ninguém mudará isso. Se o... Se o pior acontecer... – coloquei minha mão tapando seus lábios.
–Não vai meu amor.
–Se. Se acontecer, saiba que eu sempre, sempre te amei. E não me arrependo de nada do que fiz, faria tudo de novo. – vi a verdade flutuando em seus olhos claros.
–E eu estaria ao seu lado, repetindo tudo de novo.
Ela fechou os olhos e voltou a me abraçar, nosso ultimo abraço.
Ficamos em silêncio e voltamos a beber tendo apenas os sons de passos e tremores como musica de fundo, a tensão pré-guerra deixava nos dois eriçados e nervosos, de uma forma boa, excitante.
–Não vamos falar sobre coisas ruins, vamos só... – deixei a frase no ar.
Ele olhou fundo nos meus olhos e nos beijamos.
E consumamos o casamento.

1 comentários:

Aaaaammmmmeeeeeiiiii!!!!!

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