12 de out. de 2010

Capitulo 13

Posted by sandry costa On 10/12/2010 1 comment

FALLING


"inútil, inútil
a forte chuva mergulha no mar."
Jack Kerouac



O dia estava nublado, como de costume em Forks. Eu empilhava alguns pratos para levá-los até a fogueira na praia. Eu estava na casa de Emily ajudando-a com os preparativos finais para o luau que haveria mais a noite. Segundo ela era costume em La Plush festas como essas, eles faziam uma grande fogueira, cantavam, contavam histórias e dormiam em barracas por ali mesmo, todos amontoados. Uma semana já havia se passado desde que eu descobri o que eu era, desde que todos descobriram, e eu já me sentia um pouco mais a vontade com os olhares diferentes que as pessoas me olhavam.
— Posso levar estes, Emily? — questionei já com os pratos nos meus braços, ela somente assentiu, ocupada demais pra me dar atenção. As panelas de comida eram tão grandes que eu suspeitava poder cair dentro delas. Passei pela porta me dirigindo até um grupo de pessoas ao longe da praia, o sol já caia, e as barracas estavam sendo montadas. Corri os olhos pelos rapazes sem camisa, procurando automaticamente por Jacob, nada. Suspirei cansada, colocando os pratos sobre uma grande mesa de madeira que haviam montado próximo a fogueira, tentei organizar tudo que havia sobre ela.
A questão ‘eu e Jacob’ era algo que eu não saberia resolver, cada vez que nos encontrávamos era uma reação diferente, algo incerto. As vezes nos dávamos bem como naquela tarde na praia, mas outras eu não sabia decifrar, era como se não nos conhecêssemos o suficiente, e Jake sempre estava frio e distante. É o que eu havia dito a mim mesmo, talvez ele não precisasse tanto de mim quanto eu dele, mas eu não desistiria tão fácil.
Um trovão soou no céu.
— Droga! — ouvi um murmúrio e virei a cabeça para encarar um Seth fitando o céu. Segurei o riso, ele estava com uma cara emburrada.
— Luh! — virei-me depressa, voltando a enfileirar os copos de plástico. Ele se aproximou. — Não finja que não está me ouvindo. — senti um cutucão no braço esquerdo e pisquei os olhos duas vezes, encarando-o.
— Oi Seth! Tudo bem? — sorri sincera. Seth apenas girou os olhos nas órbitas, descruzando os braços.
— Será que você pode fazer uma forcinha pra não chover? Eu sinceramente não quero que nada estrague o lual. — ele resmungou fazendo uma cara implorando, eu sorri, Seth era uma gracinha.
Pensei por um segundo. Desde então os garotos sempre faziam alguma piadinha ou comentário sobre algo relacionado com o clima ou com meus poderes, e bom eu até agora não sabia controlá-los de forma alguma.
— Eu vou tentar, de verdade.
— Se esforce, está bem? — sentenciou, correndo até uma barraca que era montada ali por perto.
Sorri balançando a cabeça. Como será que fazia isso? Olhei pros dois lados verificando se alguém me observava. Eu não acredito que eu estava fazendo isso.
— Ok. — sussurrei fechando os olhos. Respirei fundo tentando me concentrar… — Nada de chuva. — continuei.
— Sinceramente não acho que é assim que se faz esse tipo de coisa. — ouvi uma voz divertida e familiar. Abri os olhos correndo, avistando a figura de Embry espetacularmente charmoso. Sorri sincera, e quando me dei conta eu já estava abraçando-o.
— Senti sua falta. — resmunguei baixinho quando seus braços envolveram a minha cintura, correspondendo o abraço. Fazia muito tempo que eu não encontrava Embry, desde aquele dia na casa de Sam. De uma forma ou de outra eu sentia que ele me evitava, e isso me magoava bastante. Eu sabia que eu estava errada de me sentir assim, de necessitar tanto de Embry, mas eu não podia evitar.
Senti sua respiração pesada e sua mão acariciou os meus cabelos.
— Eu também Luh.
Desfizemos o abraço, mas eu ainda fiquei ali, próxima demais e ele ainda segurava uma das minhas mãos. O olhar de Embry estava diferente, e eu não sabia decifrá-lo como antes, era como se ele não fosse mais aquele Embry que eu conhecia tão bem.
— Embry… — franzi o cenho, eu não estava gostando nada dessa cara, alguma coisa estava errada.
— Nós precisamos conversar. — ele continuou, soltando levemente a minha mão. Eu baixei os olhos, observando o local que antes estava nossas mãos unidas… Embry sempre fazia de tudo pra me tocar. Será que era sobre Jacob? Eu nem sabia o que nós tínhamos afinal, provavelmente nem tínhamos nada. Pode parecer egoísmo da minha parte, mas eu não queria perder Embry por esse “nada”.
— Se for sobre Jacob, olha Embry nós não…
— Não tem nada a ver com o Jake Luh. — ele respondeu cuidadoso, desviando um pouco os olhos pro movimento das ondas mais ao longe.
— Então o que? — pisquei duas vezes, tentando entender algo.
— Vamos caminhar um pouco. — ele começou a andar devagar em direção a beirada do mar, e eu estranhei por ele não ter segurado minha mão, ou nem ter me esperado pra caminhar ao seu lado.
Embry sentou em um tronco e fitou as ondas quebrando na marola.
Eu não sentei, estava ansiosa demais pra isso.
— Você não vai sentar? — ele me olhou de relance e eu respirei fundo.
— Apenas diga Embry.
Ele suspirou algumas vezes, passando a mão pelos cabelos curtos e tentou não me olhar quando dizia as palavras.
— Eu sofri um Imprinting Luciana. — Embry falou baixo demais, quase imperceptível com o som do mar ao fundo. Eu congelei, foi duro demais, muito mais do que eu pensava. Eu me desliguei da praia e meu coração começou a bater mais devagar, como um motor pifando aos poucos por falta de óleo lubrificante. Então era isso. Embry havia achado alguém quem ele merecesse, muito melhor do que eu. Alguém que pudesse amá-lo tanto quando ele merecia, mas eu não parecia feliz com isso. Então só havia uma conclusão que fazia sentido pra eu me sentir assim: Eu gostava de Embry. Eu realmente gostava dele. Talvez não tanto quanto o necessário, o quanto ele merecia, mas era mais do que o suficiente, mais do que eu devesse gostar.
— Luh? — acordei dos meus pensamentos com Embry ali de pé na minha frente, chamando meu nome. — Está tudo bem? — ele fez uma cara preocupada, e eu tentei me recompor.
— Está. — soltei um sorriso falso, tentando ser o mais convincente possível. Não acho que me sai muito bem.
Embry sorriu largo, com um brilho estranho surgindo em seus olhos.
— Ela é magnífica. — ele se afastou um pouco, voltando a sentar-se no tronco. Meu estômago embrulhou, e por um momento tive vontade de vomitar. — Se chama Lyn, é veranista, veio a passeio como você. Você precisa conhecê-la Luh, eu vou buscá-la mais tarde, faço questão de lhe apresentar. — Embry continuava a falar dela, enquanto eu virava de costas pra ele, observando o mar. Um maldito bolo formou-se na minha garganta, era tudo o que eu precisava. Ver ele e Lyn juntos, talvez Jacob também traga a Bella e 
BANG! a festa está completa.
— Fico feliz por você Embry. — menti. Eu devia ficar feliz, mas eu era egoísta demais a esse ponto. Senti as lágrimas chegando, então girei nos calcanhares o mais rápido que pude. — Agora preciso voltar e ajudar Emily.
Quando dei por mim eu já estava correndo em direção a pequena casinha vermelha ali perto, as lágrimas caindo com toda a força que podiam. Entrei correndo na casa de Emily, batendo a porta e escorregando até o chão, eu já estava soluçando. Porque essas coisas só aconteciam comigo? Ouvi passos apressados e Emily surgiu na sala, secando as mãos em um pano de prato. Seus olhos tristes, olhando em minha direção.
— Ah Luh… — ela se abaixou junto a mim ali no chão e passou as mãos nos meus cabelos, os tirando do rosto. Ela já sabia, e não me contou. — Eu sinto muito.
Eu agora soluçava de tanto chorar, porque ninguém nunca me conta nada por aqui? Era ridículo! E ela não sentia muito coisa nenhuma! Ela já tinha seu imprinting, Sam a amaria acontecesse o que acontecer, ele sempre estará lá. E eu tinha dois lobos (agora um) que eu mal conseguia segura-los nas mãos, eles escorriam por entre os dedos. Emily me abraçou desajeitada, e eu não contestei. Sentia falta de uma amiga, alguém que pudesse contar o que estava havendo.
— Eu sou tão… egoísta Emily, tão… estupidamente egoísta. — comecei, tentando parar de chorar. Ela me soltou do abraço, se afastando um pouco, mas continuando ali sentada ao meu lado no chão.
— Não é não. — ela sorriu doce. — É o amor que nos faz ser assim, esquecer de tudo.
— O amor devia ser uma coisa boa, e não essa droga toda. — passei as mãos pelos olhos, limpando algumas lágrimas que ainda caiam.
Emily não disse mais nada, só sorriu levantando-se e voltando a cozinha. Achei estranho ela me deixar ali no chão, sozinha, ainda chorando algumas lágrimas. Mas entendi tudo quando Jacob apareceu no canto do cômodo. Meu coração se apertou tanto que parecia que alguém o esmagava com uma bigorna. Fechei os olhos tentando sumir dali. Ele havia ouvido tudo, ele sabia sobre o Imprinting de Embry, e me viu chorando por ele. Eu queria chorar de novo, mas me contive pra não parecer tão frágil o quanto eu era. Continuei com os olhos fechados, com medo de encará-lo, mas uma mão quente tocou o meu rosto e eu sabia que era Jake. Estremeci com seu toque quente, e me senti imunda por aquilo. Eu gostava de Embry, e amava Jacob. Isso era insensato demais, ridículo demais. Eu me punia por sentir o que eu sentia. A outra mão de Jacob correu para os meus cabelos e eu prendi a respiração, sentindo a sua bater contra meu rosto.
— Eu sinto muito. — ele sussurrou no meu ouvido, e eu senti vontade de chorar novamente. Abri os olhos, encarando os de Jake ali tristes.
— Por favor, não sinta. Eu não mereço. — desviei os olhos do dele, fitando o chão. Sua mão estava calma, ainda acariciando meus cabelos.
— Não fala assim Luh. Você… — ele fez uma pausa, como se pensasse ou se tentasse convencer a si mesmo. — Você gosta do Embry.
Não foi uma pergunta. Fechei os olhos por um segundo, não podia mentir. Ele estava certo.
— Eu gosto mais de você. — admiti, implorando por dentro que ele acreditasse que eu falava a verdade, por mais que toda a situação mostrasse ao contrário.
— Eu sei. — foi só o que ele disse, sorrindo de leve, tentando me tranqüilizar. Apertei os olhos e o abracei forte, passando os braços em volta de seu pescoço. Respirei fundo o perfume que sua pele emanava, eu precisava tanto de Jacob. Ainda mais agora, ele era minha droga, meu analgésico. Quando eu estava com ele nada mais importava, eu não lembrava das minhas inseguranças, dos meus medos.
— Eu não quero te perder Jacob. — minha respiração batia no seu ombro. Eu estava sendo egoísta de novo. — Eu não posso te perder.
Ele não respondeu, só passou as pontas dos dedos acariciando minhas costas, tentando me acalmar. Não havia o que responder. Era um risco no qual nós corríamos, eu sabia, ele sabia. Jake poderia acordar um dia e só em andar pela praia sofrer o imprinting. Era o que eu mais tinha medo, e então eu não teria mais nada. Nem o meu Jacob.



Autora Ravenna

1 comentários:

cada vez melhor,adoro esse historia!! luh s2 jake!

parabens!!

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