Meu fim... ou começo?
HERA
Minha decisão
já estava tomada, eu me juntaria aqueles monstros para achar Perceu, não tinha
outra saída. Já estava cansada de esperar sem nada acontecer e eu tinha certeza
de que nada ia acontecer se eu não aceitasse essa maldita proposta.
Não sei em que momento eu apaguei, só sei que eu
comecei a sonhar, não era agradável, era uma lembrança, o fim da minha vida no
céu e o começo dela na terra.
“ Estava tudo
preparado para minha visita a Terra naquela noite, eu tinha uma coisa
importante para falar com Murgem e Atheir, tinha feito uma descoberta incrível
e eles iriam adorar. Minha mãe me guiaria até a metade do caminho já que essa
noite infelizmente, ela era a distração de Zeus, estava um pouco preocupada
pois não queria deixar eu ir sozinha, tentei confortá-la dizendo que eu estaria
bem e que tinha aprendido com a melhor e ao que parece deu certo. O que ela não
sabia era que Atheir ia me guiar o resto do caminho pois, iríamos ver Murgem.
- Querida, se
comporte e por favor seja rápida, sabe que eu te amo não sabe?- Minha mãe falou
carinhosamente.
- Sei, mãe eu
também te amo, prometo ter cuidado.- De repente
me deu um aperto no coração, como se algo terrível fosse acontecer, mas
não queria preocupar minha mãe, se não ai que ela não me deixava ir mesmo.
- Tchau,
querida.- Ela me mandou um beijo. Que eu peguei e botei em meu coração.
- Tchau mãe.-
Ela fez o mesmo, era um gesto simples mas que dizia muito, o nosso gesto.
Continuei descendo pelas nuvens até que encontrei
Atheir em uma, me esperando impaciente.
- Vamos, a
lua já está cheia.- Ele disse cruzando os braços.
- Calma
apressadinho, ela vai estar lá confie em mim.- Eu disse convicta.
- Eu sei, mas
não vejo a hora de vê-la.- Ele disse passando as mãos no cabelo, um sinal claro
de nervosismo.
- Nem
percebi.- Fui sarcástica, mas ele nem notou. Começamos a descer mais depressa,
até que ele começou a falar.
- Por que
demorou Hoje?- Perguntou, não estava realmente curioso só queria puxar assunto.
- Estava
pesquisando uma coisa sobre a Murgem. - Já disse que citar o nome de minha
amiga perto dele é igual a uma sessão interminável de perguntas?
- Por que? O
que ela tem? Ela ta doente? Hera, não me preocupe, Por que estava pesquisando
sobre ela?- Se a sua preocupação não fosse séria, eu até riria de sua cara, mas
eu sabia que seria deseducado e além do mais isso só comprova minha teoria.
- Não é nada
demais, é só uma coisa que descobri sobre vocês dois.- Não queria falar ali
pois queria que Murgem ouvisse também.
- O que?- Ele
perguntou, agora realmente curioso.
- Vou falar
quando ela estiver presente se não estraga a surpresa.- Ri um pouco da sua cara
de desapontado.
- Se é assim
então vamos logo.- Começamos a correr mais, no caso do Atheir voar, eu meio que
pulava de uma nuvem a outra, só que então eu parei do nada. Aquela sensação
ruim que me invadira minutos antes, voltava com força total agora.
- O que foi
Hera?!- Perguntou ele em alerta, já tirando sua espada e procurando o inimigo,
eu não tinha tempo, ele tinha que sair daqui, encontrar Murgem, protegê-la, era
só isso em que eu pensava pois tinha certeza que não estaria mais aqui.
- Atheir me
escuta.- Falei o virando pra mim olhando diretamente em seus olhos pra ter
certeza de que ele me levaria a sério e entendesse a importância do que eu ia
dizer.- O que eu ia dizer a vocês, é que vocês tem uma ligação especial que os
uni e é pra vida inteira, através dela podem se encontrar, é como um laço
psíquico muito intenso.- Ele já ia me perguntar mais coisas só que eu não o
deixei dizer.- Olha vai acontecer uma coisa muito ruim comigo, eu estou
sentindo, então você tem que ir embora e
proteger Murgem agora, você não tem muito tempo!- Disse o empurrando pra ele
começar a voar.
- Não posso
te deixar aqui! Hera o que está acontecendo?!- Ele disse fazendo um pouco de
força pra não se levar pelos meus empurrões.
- Você tem
que ir Atheir, não sei o que está acontecendo mais acho que descobriram o meu
segredo, eu posso sentir isso, é a única coisa que me põe em perigo.- Parei de
empurrá-lo e fitei seus olhos outra vez.- Se você ficar vai morrer também, a
Murgem não vai agüentar se perder à nos dois, tem que ir agora, as Harpias já
estão chegando.- Seus olhos já estavam marejados, era difícil fazer essa
escolha, mas sabia que se ficasse não venceríamos e abandonar um amigo é
desonroso, mas proteger Murgem era sua prioridade, independente de que
aconteça.
- Adeus
Hera.-Ele disse e me abraçou rápido.
- Adeus
Atheir, cuide de minha irmã.- Falei rápido assim que nos separamos. Ele virou e
alçou vôo, antes que ele estivesse longe eu gritei.
- Siga o
laço!- Tomara que ele entenda. Fiquei ali no meio da nuvem esperando as Harpias
me buscarem, não poderia fugir, Harpias são eximias rastreadoras, também não
poderia lutar, guardiões são mais treinados que eu, não demoraria muito, menos
de trinta segundos.
Quando me
virei já estava cercada eram mais de vinte, não me deixei levar pelo pavor, me
mantive forte e de cabeça erguida.
- Dessa vez,
a Deusa foi longe demais.- Disse o capitão olhando pra mim.- Criar uma impura
bastarda... eu não queria estar na sua pele imunda. Preferiria ser condenado ao
submundo.- Aquelas palavras não me atingiram, acho que no fundo eu já estava
preparada para aquele tipo de situação. Em vez disso respondi a altura.
- Eu só me
consideraria impura, se eu carregasse em mim o sangue de um ser hipócrita que
se diz ser um Deus.- Nem vi quando aconteceu, só senti a queimação em meu rosto
depois. Eu tinha levado um tapa.
- Vamos ver
se é tão corajosa na frente dele então.- Outras duas harpias me seguraram os
braços e me guiaram de volta ao Olimpio, passamos por um caminho desconhecido
por mim, provavelmente Zeus não queriam que outros vissem o que estava
acontecendo, para ele era uma desonra.
A noite
deixava tudo mais sombrio, eu só conseguia pensar em minha mãe, será que a
pegaram? E Atheir, conseguiu achar Murgem?
Nem vi quando
paramos em frente ao grande salão onde se reunião todos ao Deuses, mas quando
as outras Harpias abriram a enorme porta dupla feita a ouro maciço só tinha
Zeus, Hera e Mamãe.
- Aqui está
senhor.- Disse o capitão me parando no meio do salão. Ele era oval, composto de
vários tronos, um ao lado do outro formando uma roda, mais o maior de todos era
o de Zeus.
- Pois bem,
agora saia.- Disse Zeus num tom autoritário e aborrecido. O capitão saiu junto
com toda sua guarda.
- Eu quero
que me expliquem como ousam me desafiar criando esta aberração!- Ele berrou
encarando as Deusas.
- Não foi
para te desafiar.- Explicou Tia Hera.- Artemis queria muito uma filha e eu
concedi.- Ela disse, tentando manter uma postura, mas estava claramente
nervosa.
- Você não
decide nada aqui.- Ele a encarou com mais raiva ainda, parecia que ia lhe
bater, mas por pouco não o fez.
- Artemis..
como pode me trair dessa maneira.- Tinha muito rancor e ultraje em sua voz.-
Vocês sempre tiveram tudo, mais nunca estão satisfeitas.
Antes que
mamãe respondesse alguma coisa, Tia Hera se interpôs.
-
É direito de Artemis querer ser mãe como toda mulher quer
e mais direito ainda se negar a ser mãe de um filho
seu, e realmente ultrajante ser sua esposa e só estou aqui por causa das preces
e da posição que tenho a zelar.- Isso só serviu pra enfurecer mais o Zeus.
-
Cale-se Hera! Cale-se antes que eu resolva te dar aos Titans!- Então minha tia
se calou. Eu tinha certeza de que o que quer que aconteça comigo, será pior que
a morte. Zeus virou-se pra Artemis e disse:
-
Não vou matá-las- Se referindo A minha mãe e tia.- Por causa dos seres que
dependem de nós. Mas proíbo essa bastarda de viver sob este teto!
-
Não!- Gritou minha mãe desesperada.
Zeus
se levantou com toda sua magnitude e autoridade e simplesmente olha Artemis nos
olhos.
-
Como ousa aumentar seu tom de voz comigo.- Ergue a mão e lhe dá um tapa.
Nunca
fui de perder a razão nem de ser tola o suficiente para enfrentar um Deus, mais
não ouso admitir que encostem um dedo em minha mãe, um ódio imenso se apoderou
de mim, corri e encostei em uma bandeja de ouro que estava perto de mim, me
posicionando em frente a minha mãe na intenção de interromper outro tapa que
viria a seguir. Mas Zeus aparou bruscamente e se enfureceu mais se é que é
possível.
-
Como vocês ousam abençoar uma bastarda, com um dom?! Como foram capazes de tal
ato de desrespeito?!- Ele se virou rapidamente levantando as mãos em um ato de
frustração.- Que os Antigos me Ajudem.- Olha para nós de novo, e de repente
exclama- Ícaro! Leve está bastarda até o quarto que ocupava, quero vigias lá
dia e noite, e Artemis, levem a pras masmorras do Olimpio!
-
Não, por favor!- Gritei desesperada, as masmorras eram horríveis o pior lugar e
o mais humilhante para um deus.- Troque,
me coloque lá no lugar dela, por favor!- Implorei. Eu já tinha voltado ao
normal. Ele apenas se virou pra mim e de um modo totalmente soberbo disse:
-
Você, é petulante como essas traidoras, como ousa dirigir a palavra a mim dessa
forma vulgar e desrespeitosa?! Essa concubina que tu chamas de mãe não disses
quem eu sou?- Perguntou de um modo irônico.
-
Sim, a mulher mais pura e dócil que já conheci me ensinou que tu és um bom ser
e que é um grande Deus. Mas pergunte-me se acredito nisso, lhe responderei que
não. Pois um bom deus é justo, pacifico, bondoso para com outros e não
desrespeitaria sua esposa perante tua própria face e não obrigaria a deitar te
com vossa senhoria mulheres que não o desejam e muito menos com as verdadeiras
concubinas que desejam te. E isso- Cuspi em sua cara.- É o que sinto por vossa
Majestade.- Fui totalmente burra e imprudente, tinha acabado de assinar nossa
sentença de morte, mas o impulso de colocar pra fora tudo o que eu sentia foi
mais forte que a minha prudência e meu senso de sobrevivência.
-
Matem a!- Gritou furioso.
-
Não!- Gritou minha mãe e tia Hera Juntas.- Ainda sou a deusa das deusas,
-Continuou minha tia.- E quem atacá-la será amaldiçoado. Zeus espere você está
de cabeça quente.- Ele olha então pra mim muda esperando a morte. Ele me olhou
com desprezo, como seu eu fosse um rato.- Tirem elas da minha frente.
Os
Guardas nos pegaram pelos braços e nos guiaram até a saída, a porta foi aberta
e fechada atrás de nós com um grande estrondo.
Fiquei
três dias enclausurada em um quarto sem luz, sem comida e sem água, estava
quase desmaiando. Será que estavam esperando eu morrer de Fome ou cansaço? De
repente a porta foi aberta, meus olhos automaticamente se fecharam diante da
claridade excessiva, só senti duas mãos fortes me puxando para fora e me guiando
para o mesmo lugar onde estive três dias atrás.
Zeus
estava de costas pra mim, olhei pros lados e vi minha Mãe e minha tia, meu
coração deu um salto.
-
Mãe!- Gritei, estava morrendo de saudades delas.
-
Querida!- Ela já ia se levantar pra vir até mim mas Zeus a impediu.
-
Fique onde está!- Gritou ainda virado.
Um silencio se apoderou do local enquanto ele se
virava lentamente.
-
Pensei muito, em uma forma apropriada de puni-las.- Falou desviando o olhar pra
cada uma de nós.- E acho que encontrei a solução.- Se posicionou em frente
minha mãe e minha tia e disse.- Com vocês não irei fazer absolutamente
nada,apenas irão ver o que farei a sua preciosa filha.- Não sei se me sentia
aliviada por saber que não iria acontecer nada a elas ou se fico apreensiva por
saber o que ele irá fazer comigo.
-
Não faça..- Mais antes que minha mãe terminasse de falar minha tia a segurou.
Queria agradecê-la por isso, não queria que Zeus mudasse de idéia em relação ao
puni-las.
-
Você..- Ele olhou pra mim- Se transformará em um dos monstros mais horríveis
que já criei e que destrui, a Quimera nascerá de dentro de você e te perseguirá
durante a eternidade e vagará pelo mundo assombrando a todos que á encontrem, e
nunca mais falará com ninguém do Olimpio e ninguém daqui jamais a ouvirá.
Uma dor se apoderou de mim, eu nunca mais
veria minha mãe ou minha tia. Mais ai eu não sentia mais nada, sei que havia
uma gritaria ao meu redor... Mãe, sim era a voz dela, mas eu não conseguia
alcançá-la, eu estava caindo, e não parava de cair, a luz estava distante e
tudo passou a ficar negro, e o torpor tomou conta de mim.
Acordei com uma goteira na minha cara, a
visita de Demetri me fez ter essa lembrança claramente desagradável. Levantei e limpei meu rosto. Eu estava deplorável,
com os olhos inchados de tanto chorar. Tentei me ajeitar o melhor que eu pude
arrumei as poucas coisas que tinha em uma sacola incluindo minha espada e meu
arco que apareceram misteriosamente. Será que ele entrou aqui de novo? A idéia
me apavorou, me senti inútil e vúneravel. Até quando eu vou me enganar? Nunca fui forte, nunca vou ser
forte.. só aceito o que os outros dizem sem reclamar. Sai da caverna decidida a
deixar a ilha hoje mesmo, ia passar pela cidade pra comprar alguns utensílios
pra viajem, eu não podia entrar no avião
parecendo uma mendiga com a roupa toda suja e dinheiro, eu precisava de
dinheiro pra compra a passagem. Teria que assaltar algumas lojas.
Pulei
a grade de proteção da reserva e caminhei em direção a cidade. Quando estava
chegando perto senti uma movimentação de pessoas, parecia um festival. Não
parecia, era um festival, havia uma faixa enorme dizendo “ Festival de Posei
Don” Era um tipo de comemoração em
agradecimento a boa pescaria.
-
Ótimo.- Falei pra mim mesma, tudo que eu precisava era de gente me olhando,
mais não tinha outro lugar para providenciar minhas coisas então seria ali
mesmo, passei devagar pela multidão, pois tinha muita gente e pouco espaço pra
passar, estava indo há uma loja em que vendia roupas quando vejo uma mulher
saindo de lá, ela era a cara da... Murgem?
Meu
coração falhou uma batida, não poderia ser a minha irmã, ou poderia? Mas essa
era diferente, totalmente diferente, ela
estava andando em plena luz do dia, Murgem não pode sair de dia é impossível e
essa está andando de salto, ela não conseguia nem se equilibrar nos próprios
pés quando era humana por uma noite, também tem sua pele, mais bronzeada que o
normal pelo excesso de sol, a pele de Murgem era branca como a Lua, mas ainda
sim meu coração teimava em alimentar esperanças. Essa situação era ridícula eu
tinha um objetivo a cumprir não podia me dar a esse luxo.
Mas
a mulher se virou e me olhou, com o mesmo espanto com que eu a estava olhando,
parecia que ambas estávamos vendo fantasmas de nossas vidas. Seria possível?
2 comentários:
Babi, nao sei se ja lhe disse mas adoro escrever com vc! seu capitulo esta simplesmente perfeito, como sempre... Parabéns amigah
Meninas vc se superaram de novo a cap ficou lindo.
E agora eu entendi melhor a historia da Hera.
Nossa como ela sofreu me da ate uma peninha dela.
Mas eu concordo com a Marilan o cap esta mais do q perfeito esta divino....
parabens Babi
todas vcs são otimas escritoras
beijos
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