29 de set. de 2010

Capitulo 23

Posted by sandry costa On 9/29/2010 1 comment

A Bela e a Fera parte 2


Estacionei o carro no mesmo lugar de sempre à frente da casa de Carlisle, a mansão estava estranhamente solitária sem o movimento habitual de seus moradores, nós contornamos de mãos dadas a casa caminhando pelo jardim onde as flores coloridas de Esme já floresciam neste começo de primavera... o quintal estava igualmente silencioso e a trilha oculta que dava para o sinuoso rio Sol Duc estava escura e fresca sob uma chuva leve e desimpedida.
- Você quer uma carona, ou prefere nadar? - Nessie me perguntou sorrindo, a única maneira de chegar até o chalé onde ela morava era atravessando o rio.
- Você consegue? - eu perguntei um pouco incrédulo.
Sem me responder, Renesmee abraçou minha cintura e tomou impulso, eu senti meus pés deixarem o chão e minha cabeça ser empurrada para trás com o súbito movimento, permanecemos acima das copas das árvores por um segundo e já caíamos silenciosamente entre as folhagens molhadas.
- Minha super-namorada. – eu disse rindo.
- É a vantagem de se namorar um vampira... quando nos casarmos, eu te carrego para dentro do quarto na lua de mel.
- Negativo, senhorita Cullen... – eu falei dando um beijo em seus lábios – Essa é uma honra só minha.
E eu fiquei ali a vendo sorrir para mim, seus cabelos molhados caiam lisos por seu corpo e seus olhos faiscantes e hipnóticos me prenderam fazendo com que eu perdesse a noção do tempo... Renesmee parecia me magnetizar para ela, ela me atraia com uma força irresistível.
- Pena que vai demorar mais alguns anos, depois da promessa absurda que você fez ao meu pai.
- Ah, o que são mais oito ou dez anos para nós, Nessie? Além do mais, dá tempo de você curtir a vida antes de se enforcar comigo. – Eu disse rindo.
- Que coisa horrível de se dizer, Jacob – ela retrucou fechando a cara de repente – Eu não preciso pensar em mais nada e não preciso curtir nada porque sei que é você quem eu amo e quero comigo para sempre... eu me casaria com você hoje mesmo se não fosse a mania tradicionalista do meu pai.
- Só por você ter dito tudo isso eu já me considero o homem mais sortudo do mundo.
Nessie voltou a sorrir e eu ganhei mais um beijo apaixonado ali, no meio da chuva.

A tarde passou voando como sempre acontecia quando eu estava com Renesmee, quando a tarde avançou ela me deixou sozinho na sala e foi até a cozinha me preparar um sanduíche depois que meu estômago a alertou de que eu ainda era humano, agradeci mentalmente por Bella sempre manter um estoquezinho de comida para mim nesta casa. Ainda assistimos a um filme que Nessie queria ver na Tv chamado “Tudo Acontece em Elizabethtown”, um filme bonitinho sobre superação... geralmente não gosto deste tipo de filme mas este me chamou a atenção.
O filme terminou mais ou menos as sete da noite e Nessie se mexeu em meus braços ensaiando um bocejo.
- Estou com sono... – ela reclamou.
- As sete da noite? Que tipo de vampira é você?
- Uma meia-vampira. – disse ela me cutucando.
- Está certo, eu vou colocá-la na cama e ir embora para você descansar...
- O quê? - Nessie me olhou com cara de espanto – Você vai me deixar sozinha?
- Ah, mas eu achei que...
- Realmente Jacob Black, a sorte é que você é lindo porque demora um monte para entender as coisas... – ela me cortou, estava rindo e um pouco corada e confesso que não entendi nada - Você poderia ficar aqui me aquecendo... nós poderíamos cochilar um pouquinho e depois você iria embora quando o pessoal chegasse.
- Ah, não sei se é uma boa idéia... se o seu pai me pega aqui cochilando com você ele vai ficar azedo.
- Nossa, Jake – disse Nessie com um sorriso maroto – Eu não sabia que você tinha tanto medo assim de Edward Cullen.
- Medo não... respeito. – eu a corrigi.
- É só um cochilo, para eu descansar melhor... – ela me seduziu com um sorrisinho incentivador.
Renesmee definitivamente herdara o sorriso da mãe e agora eu compreendia porque Edward andava fazendo tudo o que Bella queria, era difícil contradizer um sorriso destes. Levantei-me meio desconfiado e Nessie me puxou para o quarto dela – a principio achei que tiraríamos um cochilo ali mesmo na sala, mas não falei nada para não parecer um idiota – o quarto de Renesmee era amplo e bem iluminado, a mobília era antiga mas muito charmosa e combinava com o chalé, a cama era imensa e forrada com lençóis brancos de linho português que Alice havia trazido em uma de suas viagens, uma mesa de estudos estava disposta num canto e havia um closet imenso anexo ao quarto e que fora construído quando Nessie completou oito anos... Alice disse que a partir daquele momento ela teria que se vestir como uma mocinha. No momento em que entrei senti o perfume dela em todo o ambiente.
Renesmee me empurrou para a cama me fazendo descalçar os tênis, eu me arrumei e estendi os braços para ela... mas ela não veio, vi que seu rosto enrubesceu subitamente e que ela parecia indecisa sobre alguma coisa. Eu me sentei na cama e me encostei à cabeceira.
- Que foi? - eu perguntei.
- Nada – e ela me fuzilou com outro sorriso fulgurante – Eu já volto, vou trocar de roupa...
- Trocar de roupa? - eu perguntei enquanto a observei se ocultar dentro do closet.
- Sim, eu não consigo dormir de calça jeans, vou vestir algo mais... confortável.

Eu fiquei ali, esperando... sentindo o perfume de Nessie em todo o quarto, na cama, nos travesseiros... a chuva tamborilava graciosa contra o vidro da janela e a noite escura já havia tomado conta do mundo. Fiquei me perguntando o que é que aconteceria se Edward me pegasse assim, no quarto de Renesmee e decidi que não me preocuparia mais com ele... quando estava sozinho com Nessie eu acabava pensando mais em Edward do que na minha namorada, a minha promessa pesava sobre meus ombros... e quando Nessie deixou o closet e se aproximou da cama eu realmente percebi que meu acordo com Edward estava preste a ir para o brejo.
- Deus tenha piedade! – eu murmurei surpreso.
- Muito exagerado? - ela perguntou com uma expressão marota.
- Onde você arranjou isso?
- Ah, chama-se baby doll e tia Alice me deu escondido, ela trouxe na ultima viagem... acho que é grego.
- Uau – eu soltei o ar, eu não sabia o que era um baby doll até este momento, para mim parecia um micro vestido extremamente sensual, era rosa quase transparente com duas alças finíssimas que suspendiam o busco num decote escandaloso em “v”. O tecido parecia uma seda liquefeita e moldava-se perfeitamente nos contornos graciosos do corpo de Nessie... se anjos tivessem forma, com certeza eles pareceriam Renesmee.
Ela se aproximou com seus olhos brilhantes e um sorriso felino nos lábios, graciosamente pulou em pé na cama e veio caminhando descalça até se sentar no meu colo.
- Renesmee... – eu disse nervoso.
- O quê?
- Seu pai me mata – e novamente eu só pensava em Edward e na sua fúria.
- Você me disse há algum tempo que morreria por mim e, além disso, meu pai não está aqui, Jacob... e você precisa compreender o quanto eu te amo.
- Você não precisa fazer isso para me provar alguma coisa... você não precisa me provar nada – eu disse, mas minha cabeça girava, o perfume de Nessie me inebriava e o seu corpo levemente frio parecia evaporar em contato com a pele escaldante dos meus braços.
- Você não entendeu, eu não quero provar que te amo porque você sempre soube disso... eu quero que você saiba que eu sou sua, apesar da promessa que meu pai fez você fazer sobre nós nos casarmos apenas daqui a alguns anos. Eu ainda quero entrar em uma igreja para casar com você Jacob Black, mas você precisa compreender que mesmo hoje sem aliança ou vestido de noiva eu já sou sua esposa... ao menos aqui dentro. – ela disse apontando para o coração – Fazer amor com você é o que falta para selar isso.
- Nessie... – eu comecei mas ela me calou com um beijo doce e delicado.
- Você me ama?
- Renesmee, eu amo você mais que a minha própria vida... mas acho que talvez você não esteja preparada para...
- Eu já sou uma mulher, Jake... e sempre soube muito bem o que queria da vida, hoje eu quero você e quero que saiba que não importa o tempo ou a eternidade... hoje seremos apenas você e eu... e mais ninguém.
- Nessie... – eu tentei começar de novo.
- Sabe... no fim de semana eu assisti a um clássico da Disney junto com tia Rosie e lembrei de você...adivinha qual era? - ela perguntou enquanto me dava uma série de beijos leves em todo o meu rosto.
- Não sei – eu malmente consegui responder.
- A Bela e a Fera...
- É mesmo? – eu ri – E desconfio que eu sou a fera e você a bela...
- Exatamente – ela riu também – E eu amei a música tema do desenho... quer ouvir?
- Quero – eu murmurei entre um beijo e outro que Nessie dava em minha boca.
Então, delicadamente, Renesmee se arrumou sobre mim... ela se aproximou e sua pele alva como o luar se ajustou na tonalidade avermelhada da minha, seus cabelos caíram sobre meu rosto como uma cortina perfumada e ela encostou delicadamente os lábios em meu ouvido, cantando baixinho:

Sentimentos são fáceis de mudar 
Mesmo entre quem não vê que alguém pode ser seu par 
Basta um olhar que o outro não espera 
Para assustar e até perturbar, mesmo a Bela e a Fera 

Sentimento assim, sempre é uma surpresa 
Quando ele vem nada o detém 
É uma chama acesa 
Sentimentos vem para nos trazer 
Novas sensações, doces emoções 
E um novo prazer 
Numa estação como a primavera...
Sentimentos são como uma canção para a bela e a fera 

E então, ouvindo sua voz angelical cantar para mim... eu me perdi. Eu sabia, sempre soube... eu perdi o meu coração para Renesmee no momento em que ela nasceu, mas, agora, eu perdi também a minha alma. Não havia mais obstáculos, não havia nada entre eu e ela, apenas o amor puro e incondicional... meu corpo, meu coração, meus sentimentos e minha alma eram dela e tudo o que eu era... tudo que me tornava eu... pertencia a Renesmee. Perto dela não havia Jacob Black, não havia o Alfa ou o grande lobo... com ela o lobo era domado. Pois no momento em que ela me olhou após cantar para mim eu fui condenado... fui irremediável e inexoravelmente atirado na prisão mais absoluta que se poderia existir: a prisão do amor eterno.

A fera perdera seu coração para a bela.

Meus braços em brasa ardente a abraçaram e neste movimento a delicada alça de que prendia seu baby doll escorregou por seu braço no mesmo instante em que senti Nessie tirando minha camiseta.... o contato do meu corpo ardente com o corpo frio dela foi como o encontro de fogo e gelo e as centelhas que se elevaram poderiam ter alcançado os céus. Eu fui engolido por seu beijo doce e sua respiração descompassada, seus cabelos varreram meu rosto e eu a apertei contra mim.
Não havia mais dois corpos mas apenas um... algo quente, frio, úmido e arrítimico e nós finalmente éramos parte de um todo. Alguma coisa na minha consciência acusava dizendo que aquilo não estava totalmente certo, mas, no fim, para duas pessoas que se amam com tal intensidade como poderia o amor não ser completo? Eu não pensei em nada, só senti... senti Nessie em mim e ela podia ouvir meu coração explodindo em meu peito como um meteoro a cada compasso dado, a chuva perdeu o som e eu só ouvia a respiração curta e entrecortada de Renesmee... e depois de um tempo que, graças aos céus, pareceu uma eternidade, os movimentos cessaram e nós nos olhamos. Um olhar puro e ilimitado, algo que mesmo infinitesimal seria imortalizado em nossos corações até o fim de nossas vidas.
- Eu te amo... – ela me disse.
- Eu te amo... – respondi com a mesma intensidade.

E ali, abraçados, entrelaçados e cansados... nós ficamos ouvindo o bater da chuva contra a janela e o silvo veloz do vento contra a copa das árvores... não dizíamos nada porque não havia nada a ser dito, tudo estava em seu lugar ideal e perfeito.
E foi assim, embalado pelos sons do mundo e do nosso amor que eu e Nessie dormimos juntos em sua cama de lençóis brancos como a neve.

Eu não sonhei com nada, não parecia estar realmente dormindo porque eu sentia que estava semiacordado... sentia Nessie sobre o meu corpo, dormindo tranqüila e imperturbavelmente, seus cabelos espalhados desprendendo um perfume doce de jasmim. Eu temia despertar em minha cama e descobrir que todo este dia não passou de um sonho perfeito... o mais perfeito dos sonhos, eu sabia que estava dormindo mas não queria despertar... é uma pena que nem sempre querer não é poder.
Eu não acordei simplesmente... eu fui despertado por um grito... e a voz que ouvi como um trovão de ódio era a última voz que eu gostaria de ouvir nesta situação.
- JACOB BLACK... que diabos você pensa que está fazendo? - ribombou a voz de Edward pelo quarto como a explosão de um vulcão em erupção.

Eu imediatamente me levantei e nem me toquei que não estava vestido, Bella tinha uma expressão de susto no rosto e ela segurava com força Edward no limiar da porta do quarto. Renesmee, completamente horrorizada, se escondeu sobre os lençóis da cama enquanto um grito de susto morria em sua garganta ao olhar o rosto de fúria do pai... obviamente nós havíamos dormido demais.

Edward estava lívido, eu já o vi chateado e até zangado, mas desta vez ele realmente parecia transcender qualquer fúria que já havia sentido algum dia... eu só pude ouvir o grito de Nessie e de Bella quando Edward se moveu mais rápido que um raio erguendo-me do chão e atirando-me contra a janela do quarto de Nessie.


E foi assim, enquanto os cacos de vidro e os fragmentos de madeira dilaceravam minha carne e eu era atirado para fora da casa sentindo a chuva gelada bater em minha pele quente... que percebi, surpreso, algo que eu desconfiei há muito tempo.


De que, no fim das contas, eu morreria pelas mãos de um vampiro.


Autor Angus

1 comentários:

Por falta de palavras no vocabulário português eu vou me resumir a essa mesmo: P-E-R-F-E-I-T-O!!!!!! Coitado do Jake... aproveitou tão pouquinho pra sofrer tanta violência!!!! Tomara que Edward caia em si antes que aconteça o pior. E que ele perceba que a filha dele deve ter puxado muito da mãe nesse quesito fogosa!!!! kkkkk Parabéns, a estória tá muito linda!!!

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