13 de out. de 2010

Capitulo 17

Posted by sandry costa On 10/13/2010 5 comments







O Ás de Espadas e a Dama de Copas Parte 2


E eu vi o que não queria ver. Sob uma árvore alta e majestosa cujas folhas agora tingiam-se com a brancura da neve, estava Damen... e presa em seus braços num abraço mortal, estava o corpo de uma jovem menina. Ele estava agachado no chão, de costas para nós, mas eu sabia que suas presas estavam inexoravelmente cravadas na garganta de sua vitima, o som constante da sucção me causou arrepios... Damen estava tão concentrado no sangue, em seu gosto maravilhoso, que não se deu por nós.


“Tome cuidado agora” – pensou Alec.


Nós nos distanciamos e cada um seguiu para um lado, eu me afastei rumando para a esquerda e Alec cobriu o flanco direito... obviamente, quando desse por nós, talvez Damen não nos reconhecesse de imediato e nós não poderíamos permitir que ele escapasse.


“Vou usar meu dom nele...”


Mas, neste mesmo instante, antes que Alec acionasse seu poder, Damen se virou para nós largando no chão a menina... seus olhos ígneos queimavam ensandecidos num fogo rubro, suas presas expostas e seus músculos retesados; ele se agachou no solo em posição de ataque e um rugido gutural escapou de sua garganta.


- Damen – disse Alec com cuidado – Somos nós... tenha calma agora, viemos ajudá-lo.


E um segundo depois eu soube que o pedido de Alec fora inútil, eu ainda não havia presenciado a força dos vampiros recém-nascidos ou sua velocidade que superava em muito a de vampiros mais velhos. Damen se moveu como um relâmpago de ódio e menos de um segundo depois Alec fora atirado contra as árvores da floresta com uma violência desmedida, ele não teve tempo nem de acionar seu poder. Quando ouvi o uivo do vento causado pelo deslocar-se de Damen eu soube que era a vez de usar o meu dom...






Imortais são seres antigos... dizem que descendemos da maldição jogada sobre Caim logo depois que ele matou seu irmão Abel, somos seres velhos e poderosos.. tão poderosos quanto vampiros ou lobisomens. Nossos dons são moldados com o passar dos séculos e quanto mais velho é um imortal... mais poderoso ele se torna; eu aprendi uma arte secreta com um imortal chamado Rasmodeu, um velho ancião que nascera na antiga Babilônia, a arte de controlar o tempo...


Trata-se de uma arte sutil e extremamente proibida, na atualidade apenas eu possuo o conhecimento do controle temporal e do espaço-tempo; e como não possuo aprendiz algum... provavelmente esta arte morrerá comigo. O controle do tempo é muito perigoso, você pode acelerar ou desacelerar o tempo e moldá-lo a seu dispor... a restrição é a de jamais... jamais... viajar ao passado ou ao futuro; esta regra é para evitar que um único indivíduo seja detentor de um poder quase divino... o de alterar o rumo das coisas.


Neste momento, neste segundo infinitesimal... neste centésimo de segundo em que Damen se dirigia como um cometa em minha direção eu libertei o meu dom... num piscar de olhos o vento parou, as nuvens no céu ficaram estáticas e o delicados flocos de neve caíam com uma lentidão artística, o tempo estava parado. Damen se movia para mim com uma demora quase circense... como se estivesse em câmera lenta, seus movimentos eram demorados e monótonos.


Então eu estava diante de um novo dilema, mesmo poderoso como sou... eu não era tão forte como um vampiro... não havia qualquer coisa que eu fizesse para poder deter Damen ou machucá-lo de alguma forma; não havia jeito de eu romper a barreira quase inquebrável de sua pele diamantada. Mas, então eu tive uma idéia súbita... apelei para meus conhecimentos de física; a dureza de um objeto é igualmente frágil na medida de seu ponto de fissão, eu, então, precisava apenas arrumar uma maneira de varar a couraça do vampiro.


Enquanto o mundo se movia mil vezes mais lento do que o normal eu caminhei até a floresta e encontrei um galho nodoso e forte e razoavelmente reto... com a ajuda do cadarço de meu calçado eu amarrei a leve adaga que trago comigo há séculos... era feita de aço temperado e fora confeccionada por um mestre samurai de grande renome no Japão feudal, a lâmina seria suficiente para servir aos meus propósitos.


Eu me posicionei alguns metros à frente de Damen, ainda se movendo com lentidão exagerada, apontei minha lança improvisada na direção de seu peito – eu sabia que isso não o mataria, mas que pelo menos poderia pará-lo até Alec se recuperar – com uma leve alteração de meu dom eu atirei a lança no ar acelerando a lâmina quase à velocidade da luz... o objeto impulsionado nesta velocidade contra um corpo desacelerado deveria ser capaz de romper a dureza da pele de diamante de Damen.


A lança zuniu no ar como um raio fulgurante e cravou-se no peito de Damen, eu ouvi sua pele quebrar e partir em fragmentos prateados... a lâmina da adaga agüentou o impacto e eu soube que meu plano havia tido êxito. Lentamente o rosto de Damen apresentou uma careta de dor e imediatamente eu desativei meu dom e o tempo voltou a correr normalmente.






Um grito horripilante cortou o ar e Damen caiu no chão com a mão trêmula da lança tentando arrancá-la de seu corpo...


- Alec – eu berrei – Rápido antes que ele se solte... use o seu poder nele.


- Como fez isso? – disse Alec se levantando rapidamente.


- Depois – eu rugi – Ande logo...


E Alec então direcionou seu dom para Damen e aos poucos ele parou de se debater e suas mãos caíram inertes ao solo, Alec então reformulou os pontos em que anestesiava e alguns segundos depois Damen ergueu os olhos para nós... apesar de vermelhos eles não continham mais a insanidade de alguns momentos atrás. Parecia quase... humano.


- O quê...?! – ele indagou surpreso com a voz arrastada – Alec... Ever...?!! Mas o que diabos??


- Calma agora, Damen – disse Alec – Você perdeu o controle...


- O que é isso? – ele perguntou olhando estarrecido para o galho que atravessava seu corpo.


- Nós tivemos que pará-lo... você estava louco – eu disse sombriamente.


- Eu vou ajudá-lo... – disse Alec se direcionando até ele, eu segurei seu braço e ele me olhou complacentemente – Não se preocupe, ele está anestesiado pelo meu dom... e você não vai querer deixar o irmão de sua namorada desse jeito... empalado, não é?


Um segundo depois o galho já não estava lá e Damen não fez qualquer sinal de tê-lo sentido sendo retirado, Alec devolveu minha preciosa adaga e eu percebi que o rombo no peito de Damen já estava se cicatrizando, Alec percebeu o meu espanto na rapidez com que o ferimento fechava.


“É o poder do sangue” – pensou ele.


- Damen – eu chamei e ele me olhou como se estivesse dopado – Você lembra de alguma coisa? Qualquer coisa que tenha acontecido desde a noite passada...?


- Eu estava aqui – ele começou e sua voz saiu arrastada – Mas estava chato... é muito isolado este lugar e eu decidi brincar com a minha velocidade, eu lembro que corri para muito longe... corri para o sul... e fiquei com saudade de casa, saudade de Loma... pensei que poderia correr para Forks e dar uma espiadinha nela, mas eu encontrei alguns garotos acampando perto da cidade e a principio eu me afastei sem me incomodar com a presença deles ou com o cheiro doce de seu sangue.. mas um deles estava ferido... um corte não muito profundo no braço, mas o sangue me atraiu demais... a sede me queimou e eu não pude me controlar.. então eu.. eu...


- Você os atacou... – eu completei sem muita piedade.


- Meu Deus... sim, eu os ataquei... eu os matei? – Damen perguntou nos olhando com um ar suplicante – Eles foram transformados?


- Não – respondeu Alec – Não sabemos bem o motivo, mas você parece não possuir veneno... eles morreram... apenas.


- Todos? – disse Damen escondendo o rosto nas mãos – Meu Deus... o que foi que eu fiz?


- Poupe suas tentativas de chorar, Damen... – eu disse sem piedade – Vampiros não choram


- Damen – chamou Alec e ele também não parecia sentir nenhuma pena do menino – E quanto è menina? Aonde você a atacou?


- Menina? – disse Damen nos olhando sem entender.


- Sim, Damen, a menina... ali...!!! – eu disse apontando com raiva o local aonde o corpo imóvel da menina permanecia atirado ao solo.


- Oh não... – ele deixou escapar enquanto olhava para a menina quase morta.


- Oh sim – eu rebati – Onde, Damen?


- Eu não lembro... não lembro – ele disse balançando seu corpo para frente e para trás agarrando o rosto com as mãos, ainda estava ajoelhado na lama mas eu não consegui sentir pena dele, afinal, quando a menina morresse ele seria o responsável pela morte de 7 pessoas.


- Eu vou me entregar... – disse Damen de repente nos encarando com os olhos arregalados – Eu vou me entregar para a polícia... vou até o Chefe Swan e vou me entregar como o assassino daqueles meninos...


- Você ficou louco? – eu me peguei gritando – E como nós faríamos, Damen? Levaríamos todos os dias bolsas de sangue para você se alimentar? Oh, isso sem dúvida não chamaria a atenção... e o que viria depois? Um julgamento? E se você fosse condenado à morte? O que aconteceria quando a cadeira elétrica não te fritasse? E prisão perpétua então? Eles nunca perceberiam que você não envelheceria com o passar do tempo? Sem contar que você devoraria todos os presos que estivesse ao seu alcance não é mesmo?


- O que eu faço então? – ele suplicou.


- Bem, aí está a questão – disse Alec me olhando – O que faremos agora, Ever?






Eu pensei por um segundo e todas as alternativas eram terríveis, qualquer uma encaminhava para um fim fatídico; Damen nos colocou num beco sem saída, a sua transformação já iria causar um furor entre Loma e Lynnda, agora, se elas descobrissem que ele também se tornara um assassino, aí sim a coisa ficaria feia.


- Nós teremos que ocultar isso – eu disse por fim.


- O quê? – se surpreendeu Alec.


- Teremos que omitir tudo.


- Isso não é certo...


- Ora, e há outra escolha? – eu perguntei olhando de Alec para Damen – O problema é que nosso amigo aqui matou pessoas em Port Angeles... que fica muito próximo às fronteiras quileutes e eu duvido que os lobos liguem para este pequeno empecilho geográfico. Além do mais... se contarmos que Damen é o assassino nós teremos um problema imenso com Jacob Black.


- Jacob Black? – perguntou Alec – Mas agora é Seth quem cuida das coisas...


- Não, Seth Clearwater era apenas o regente das matilhas que fora nomeado por Jacob após Sam decidir ter uma vida tranqüila com Emily; agora Jake foi reempossado no cargo de líder e não é segredo que ele não confia em você, Alec.


- O que quer dizer?


- Que Jacob Black caçaria e mataria Damen... e você também. Obviamente eu não permitiria que ele matasse Damen porque afinal de contas ele é irmão de Lynnda e eu não suportaria vê-la tão entristecida; ao mesmo tempo não permitira que ele matasse você, Alec, por que minha irmã também ficaria arrasada. Então, entraríamos em atrito... não apenas com os lobos, mas também com a família de Carlisle.


- Droga... – suspirou Alec percebendo que o circulo de tragédias seria imenso caso o segredo de Damen fosse revelado – Então esconderemos tudo?


- Não – bradou Damen se pondo em pé com dificuldades ainda anestesiado pelo dom de Alec – Eu não vou me ausentar de minha culpa... eu enfrentarei as conseqüências nem que isso custe a minha vida.


- Ah, então agora você resolveu ser nobre? – eu disse com sarcasmo.


- Você perderá mais que isso, Damen – disse Alec – Você perderá Loma.






Isso pareceu atingi-lo além da conta e Damen se mostrou ainda mais arrasado com a idéia de perder o amor de Loma, eu ainda não consegui sentir pena dele e meu cérebro agora funcionava a todo o vapor tentando coordenar as coisas. Damen calou-se totalmente.


- Não conseguiremos ocultar isso por muito tempo, Ever – disse Alec – Mentira é algo perigoso, e segredos também... você não é o único leitor de mentes que nós conhecemos.


- Edward Cullen tem os próprios problemas, Alec – eu respondi enquanto caminhava até a menina moribunda – Além disso, ele não é um santo, é como nós e possui um passado obscuro porque também já matou pessoas... Edward terá de aprender a guardar segredos.


- O que faremos agora?


- Você e Damen cuidarão para ocultar o corpo da menina.


- Ela não está morta ainda, Ever – disse Alec me olhando com desconfiança.


- Não, mas logo estará – eu disse com pesar – Sua coluna está partida ao meio, o sangue de seu corpo foi quase que praticamente drenado por Damen, ela já tem tantas contusões que se conseguisse se recuperar teria uma vida totalmente debilitada.


- Mas ainda respira... – Alec opinou.


- Não mais... – e neste momento a menina, que deveria ter no máximo dezesseis anos de idade, abriu os olhos fracamente e me encarou com medo, seus pensamentos voltaram-se totalmente a seus pais e um garoto que muito provavelmente era seu interesse amoroso, eu encarei seu olhar triste e com a voz baixa sussurrei a ela – Sinto muito... criança.


E com um movimento rápido e vigoroso do pulso eu parti seu pescoço em dois... e seus olhos vidraram para a eternidade enquanto sua vida fluía para o outro mundo.






- Você a matou!!! – berrou Damen dando passos incertos em minha direção – Seu louco... você a matou.


- NÃO – eu gritei de volta empurrando-o para longe – Você a matou, Damen... você matou todos eles, os meninos no acampamento e essa pequena criança. Eu findei a vida dela para proteger você, seu miserável, mas não ouse vincular a morte dela a mim... você foi o responsável, Damen, e só você.


- Parem com isso... temos que terminar aqui – disse Alec.


- Vocês dois – eu disse olhando para eles – Peguem o corpo da menina e enterrem-no no fundo do mar... há um penhasco aqui perto, saltem dele e caminhem para longe da costa; o golfo do Alasca possui um declive profundo e o solo é cascalhento e cheio de rochas... cavem profundo e sepultem o corpo dela.


- Ela deve ter uma família, que está esperando por ela – balbuciou Damen.


- Sim, e graças a você eles jamais voltarão a vê-la – eu respondi inclemente.


Alec caminhou com firmeza e colheu o corpo da menina em seus braços, uma dureza descomunal apossou-se de seu semblante... ele era um Volturi e durante séculos acumulou pilhas de corpos, seu ser já estava acostumado a isso... cavar sepulturas para corpos de inocentes. Eu já presenciei muitas guerras e batalhas, já vi centenas de soldados caírem chorando enquanto eram massacrados... a morte nunca é bonita.


Alec e Damen se afastaram rapidamente e os sons de seus passos desapareceram, eu permaneci ali juntando os cacos de memória da menina que acabara de morrer; nós somos como ânforas, guardamos as memórias dentro de nós... esquecemos algumas mas a maioria permanece viva em nosso pensamento. Eu carrego muitas memórias dentro de mim por todos estes dois milênios de existência, agora, carregaria mais uma lembrança dolorosa dentro de mim... a lembrança de uma menina inocente que morrera sem completar sua vida, uma vida inacabada, seus pais passariam a vida toda procurando por ela sem jamais saberem que ela foi morta por um vampiro num local ermo, que morrera sozinha e fora sepultada no fundo de um oceano gelado e silencioso.


- Está feito – disse a voz de Alec de repente, eu sai do estupor e percebi que a tarde já caía, eles demoraram cerca de uma hora.


- E agora? – quis saber Damen, ele estava ensopado, assim como Alec, mas parecia um pouco mais lúcido.


- Voltamos para casa... você consegue controlá-lo? – eu perguntei encarando Alec.


- Sim, posso desativar seu olfato e sua fome... assim ele não sentirá o cheiro de sangue ou sede; poderemos sair caçar a cada três ou quatro dias e assim ele acostumara com o sangue animal, aos poucos eu posso ir libertando-o de meu dom para ele registrar o cheiro do sangue humano sem sentir sede.


- Então é isso... – eu disse e Alec me olhou de forma estranha o que me forçou a perguntar – Algum problema?


- Você é um homem misterioso, Ever – ele disse desconfiado – Pensei conhecê-lo mas vejo que me enganei, há muito em você que eu não reconheço... você faz o que é necessário não importa as conseqüências, e isso é uma qualidade perigosa.


- Eu fiz o que fiz com a melhor das intenções, Alec Volturi... fiz o necessário para proteger este idiota e a sua própria ingenuidade em confiar num vampiro recém-nascido.


- De boas intenções, Ever... o inferno está cheio.


- Acho que essa observação serve para nós três, não é mesmo? – eu respondi dando as costas aos dois.






A volta foi igualmente monótona, Damen e Alec estavam quietos... Damen ainda em choque com o fato de ter matado tantas pessoas e Alec surpreso com o rumo que as coisas tomaram e com algumas de minhas escolhas; mas eu estranhei esta atitude, sei que Alec agora se preocupa em ser um vampiro do bem... mas certas coisas tem de ser feitas não importam as conseqüências, mesmo que sejam erradas.


Um mau pressentimento tomava conta de mim à medida que rumávamos para o sul em direção a Forks, a cada passo dado eu me recordava daquela maldita carta de ás de espadas que significava desgraça futura. A decisão de Damen se tornar um vampiro, Alec ter cedido e o transformado e a minha escolha em ocultar isso de todos parece ter definido um destino incerto para os envolvidos. Parecia que uma desgraça inadiável aguardava todos nós.


Logo que saímos do litoral do Golfo do Alasca, a neve parou de cair e de se acumular nos cantos, entretanto, uma chuva fina e contínua se derramava por todos os lados... eu estava gelado até os ossos e alguns calafrios percorriam meu corpo. Meu temor aumentou à medida que chegamos a Forks e cruzamos o território dos lobos... era um terreno minado, se eles sentissem o cheiro diferente de Damen viriam investigar, por sorte, o sal do mar gelado do Alasca tirou o cheiro do sangue humano de Damen... uma pena que a água não podia limpar também a sua alma.


Finalmente, nos deparamos com a floresta conhecida que dava para os fundos da casa de Carlisle e o quintal florido de Esme... a chuva tirava a cor do mundo e o céu nebuloso fez com que o dia ficasse mais escuro mesmo ainda não tendo anoitecido.


- Fique aqui com Damen – disse Alec antes de sairmos da floresta – Eu vou chamá-las.


- Ele está controlado? – eu perguntei apontando a cabeça para Damen.


- Sim... não se preocupe – respondeu Alec com desanimo.


Havia um buraco em meu estômago e a ansiedade do que viria em seguida, na realidade Alec não precisou chamar ninguém porque Leah e Johan surgiram num piscar de olhos pela porta de trás e pararam no gramado na frente de Alec. Um segundo depois Lynnda, Loma e Marcya apareceram na porta.


-Quem é o estranho? – perguntou Leah com receio.


- Um momento Leah... por favor – pediu Alec.


- É um vampiro... um estranho vampiro – comentou Johan.


- Ouçam... é muito importante – começou Alec e eu tive que admitir que ele estava sendo bem corajoso – A algum tempo atrás, Damen veio até mim preocupado com a relação dele com Loma... ele temia envelhecer e morrer e perder Loma para sempre... então me pediu para se tornar um imortal.


- Alec? – chamou Marcya e seu rosto tinha a sombra do medo.


- Há quase uma semana atrás eu o transformei em um vampiro – disse Alec sem pestanejar.


- Você fez o quê? – disse Lynnda e eu senti sua voz falhar.


- Você sabe que isso é proibido, Volturi.... – rugiu Johan.


- Foi uma decisão dele...


- Não funciona desse jeito, Alec – disse Leah – Não aqui e não em nosso território.


- Ele não foi transformado aqui, Leah... – respondeu Alec – Eu o levei até um local distante ao norte do Canadá, próximo à passagem para o Alasca e Alec ficou lá todo este tempo anestesiado pelo meu dom.


- Isso explica o seu sumiço ontem? – quis saber Marcya.


- Sim, eu o encontrava para caçar, para ele ir se acostumando ao sangue humano e...


- Onde ele está? – perguntou Loma interrompendo.


- Ever... – chamou Alec – Pode trazê-lo.


Eu meio que tive que empurrar Alec para o quintal onde todos aguardavam ansiosos, Damen estava ensopado e meio esfarrapado e seu aspecto pálido e seus olhos vermelhos como o sangue não ajudaram para melhorar sua aparência. Ouve um suspiro geral e eu vi medo e susto nos rostos de todos... Loma não disse uma palavra apenas levou a mão aos lábios para abafar um grito de dor.


- O que você fez? – disse Lynnda em estado de choque.


- Foi ele quem atacou as pessoas? – perguntou Leah tremendo.


- Não – eu respondi rapidamente – Nós não sabemos o que atacou aqueles humanos, se tivesse sido Damen eles seriam vampiros agora... ou teriam morrido muito antes, Damen ficou isolado todo este tempo no Canadá e até mesmo agora está sob o efeito do poder de Alec.


- Você sabia este tempo todo... – disse Marcya apontando o dedo para mim num misto de indignação e raiva – Você leu a mente de Alec e de Damen e sabia que isso ia acontecer e mesmo assim não nos contou?


Eu fiquei sem resposta e olhei rapidamente para Lynnda, a expressão que se formou em seu rosto lindo quase me destruiu... era uma expressão de quem acabara de ser apunhalada pelas costas... uma expressão de quem acabara de ser traída.


- A decisão foi minha – disse Damen em alto e bom tom – Eu convenci Alec a fazer isso e convenci Ever de não contar a ninguém, não os culpem por me acobertarem porque eles fizeram apenas o que achavam certo. Eu estou ciente de minhas responsabilidades.


- Você foi irresponsável, Damen – disse Johan – Em todos os aspectos possíveis, as matilhas não ficarão felizes com isso. Nem com você e nem com Alec que já era tido como um antigo inimigo.


- Eu posso falar com você? – pediu Damen ignorando Johan e se dirigindo até Loma – Por favor? Eu continuo sendo eu mesmo e meu amor por você é igual a quando eu ainda era humano.


- Eu não ouço o seu coração – disse Loma tocando o peito de Damen com a mão – Seus olhos não são os mesmo e sua pele é fria como gelo... terá a sua alma, Damen, também permanecido inalterada?


Mas, mesmo assim, eles caminharam para dentro da floresta para conversar... e eu implorei aos céus para que Loma ainda o amasse e que o amor dos dois resistisse a essa loucura.


- Alec... eu quero falar com você... agora – disse Marcya puxando Alec para o interior da casa...


- Nós vamos falar com Seth e avisar que há mais um vampiro por aqui... um recém-nascido... espero que isso não cause problemas... – disse Leah enquanto ela e Johan desapareciam pela mata.






Mas o pior estava por vir, Lynnda me olhava muda e com uma expressão de choro no rosto... ela não havia nem se dado o trabalho de encarar o irmão e agora eu sabia que toda a sua mágoa seria descarregada sobre mim.


- Lynnda... – eu disse indo em sua direção mas ela levantou a mão e se afastou de mim.


- Não... – ela disse simplesmente.


- Lynnda... espera!


- Eu disse não... Ever – ela falou alto agora me impedindo de aproximar-se dela.


- Escute, seu irmão tinha o direito de fazer esta escolha... a vida é dele e ele decide o que é melhor para si mesmo.


- Não é assim que funciona, você não compreende? Ele não fez uma tatuagem, Ever, não comprou uma moto escondida ou bateu o carro... isso é irreversível, agora meu irmão esta andando pela casa como um morto-vivo chupador de sangue. E isso é para sempre.


- Foi a escolha dele.


- Damen é jovem demais para saber sobre escolhas... eu sou jovem demais. Desde que meus pais morreram sou eu quem cuida dele, fui eu quem prometeu que tomaria conta dele e agora ele simplesmente me aparece aqui como um vampiro imortal? Ever... meu irmão não é mais humano. – e havia lágrimas brotando de seus olhos amendoados.


- Lynnda...


- Você deveria ter me contado... deveria ter me avisado.


- Eu não quis magoá-la... – eu disse debilmente.


- E como você acha que eu estou me sentindo agora? Você mais do que ninguém deveria me apoiar e me proteger – ela disse chorando abertamente – E foi o primeiro a me esconder isso... o primeiro a não me dizer o que estava acontecendo... Ever, você me traiu.


- Lynnda... eu fiz o que fiz com a melhor das intenções.


- De boas intenções o inferno está cheio... – disse ela repetindo as palavras de Alec, em seguida deu as costas para mim rumando para dentro da casa.






Eu não sabia o que dizer naquele momento, tudo saiu errado... nada saiu como planejado e agora um abismo se abriu entre Lynnda e eu, fiquei sem saber como reagir... eu não queria perdê-la e meu coração sangrava de vê-la chorar e se desfazer em tristeza por uma escolha minha que saiu errada; então, enquanto ela se afastava de mim eu apenas senti a necessidade de tê-la por perto e protegê-la de todos os meus pensamentos... e apenas uma única verdade brotou de meus lábios.


- Lynnda... eu te amo.


Então ela parou... agora a chuva caia mais forte e nossos corpos estavam molhados e trêmulos, tudo estava úmido e triste... Lynnda voltou seu rosto magoado para mim e seus olhos me encararam com estranheza, parecia que a palavra amor se encontrava totalmente fora de contexto.


Lynnda deu alguns poucos passos em minha direção e parou longe de meu toque, ela levou a mão direito até o bolso de trás de seu jeans e retirou de lá um objeto que apenas um momento depois eu percebi o que era: a dama de copas que eu lhe dera algumas noites atrás, o símbolo do amor sincero. Lynnda, então, com um movimento rápido do pulso atirou no ar a carta que girou lentamente diante de meus olhos e cravou-se em pé na lama à minha frente; a face da carta virada para mim, a estampa do coração vermelho agora sujo de barro. Eu levantei os olhos da carta no chão e encarei Lynnda que me olhava com decepção, em seguida sua voz saiu baixa e sussurrante e seu tom continha uma mágoa intensa e profunda.


- Se você não for sincero com quem ama, Ever, tudo não passa... de um jogo.


- Lynnda – eu chamei uma ultima vez mas ela simplesmente se virou e caminhou em direção à casa.






Eu sentia os pingos gelados da chuva em meu rosto enquanto Lynnda se afastava de mim, seu corpo emanando o brilho claro e cintilante da pureza de sua alma, um brilho pungente como o de uma estrela fria e solitária... mas, ainda assim, imaculada. E, agora, mais distante de mim.






Meu coração se aquietou em meu peito e a dor tomou conta do meu ser, pois eu sabia que a minha alma e a minha aura, após todos os acontecimentos desta tarde, se tornaram um pouco mais escuras e...






... sombrias.






Capitulo escrito por Angus

5 comentários:

AMEI! Man que doido! tadinho do Damen! =/ Sinto pena dele, eu ia fazer ele sofrer tbm mas não assim! ç.ç
VCS SÃO MUITO MELHORES QUE EU! *^*
AMEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII!

o Ever vai voltar no passado e impedir q o Damen se transforme.
Só assim pra Lynnda perdoa ele.:s

Nuss!!! Que cap maravilhoso, como sempre vc arrasa. Que mente brilhante, parabéns!!!
Essa fic é contagiante. O Ever que não tinha culpa nenhuma é que vai pagar o pato, aposto.
Espero ansiosa pelo próximo cap.
Bjsss (MarileneCullen)

Opa, entao moçada. agradecendo os comentários de todos e dando boas à minha amiga Marilene... srsr

Bem, primeiro, o Ever não vai voltar ao passado pra desfazer as coisas... seria muito fácil... ahahaha

Segundo, é... eu diria que ele vai pagar o pato mesmo... mas, enfim, o passado dele ainda será revelado e veremos que ele não é muito santo... mas vamos ver o andar das coisas...

Abração a todos...

minha nossa é agora que a vaca foi pro brejo...
é tem certas coisas q realmente nao se pode voltar atras mesmo e essa é uma delas ...
agora é arcar com todas as consequencias,e que consequencias..........
parabens vc escreve demais

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