Capitulo 18

 Baile

Quando recobrei a consciência, eu ainda não conseguia respirar direito, minha cabeça parecia estar inchada.

- Bella, calma... Você tem que respirar com calma. – Escutei a voz de Edward ao meu lado.

O vento batia no meu rosto. Abri os olhos, minha visão estava turva. Ainda dentro do carro, Edward estava ao meu lado com os braços ao meu redor. Renné dirigia rapidamente e Esme estava ao lado dela. Carlisle esta ao lado de Edward.

Sentia minha garganta inchar cada vez mais e uma lágrima escorregar pelo meu rosto.

- Bella, meu anjo... – Edward murmurava. – Calma, é somente uma reação alérgica. Respira com calma... Já chegaremos ao hospital. Fica comigo aqui. Olha pra mim...

O ar entrava muito pouco no meu peito. Paramos na entrada do hospital e uma maca já me esperava. Ainda na emergência, colocaram aparelhos para que eu pudesse respirar melhor e aplicaram o antialérgico na veia. Carlisle colocou outro remédio no soro e mais tarde me transferiram para um quarto onde eu passaria a noite para observação.

Acabei dormindo antes que Renné chegasse no quarto para ficar comigo... Não sei quanto tempo passou, mas eu acordei com a consciência de tudo que havia acontecido. Eu já não usava mascara de oxigênio, só o soro que pingava preguiçosamente. Renné  dormia numa poltrona que ficava no canto. Olhei para o outro lado e me surpreendi em ver Edward sentado no sofá-cama me fitando com uma expressão aliviada. Ele se levantou e veio para o meu lado.

- Como está se sentindo? – Edward sussurrou.

- Bem... Um pouco assustada... – Murmurei rouca. Ele deu um sorriso torto e ficou afagando o meu rosto.

- Você nos deu um susto. Eu quase entro em desespero. – Ele tremeu – Fiquei com medo, pela primeira vez em muito tempo. – Sua expressão ficou pensativa. - Desde o dia que você cortou a cabeça na verdade...

Eu sorri levemente e Edward deu um beijo demorado na minha bochecha.

- Irônico a Tânia estar sempre por perto quando essas coisas acontecem... – Meu sarcasmo não ficou escondido. Edward revirou os olhos.

- Boba. – Beijou minha testa. – Deixe a Tânica quieta. Eu estou aqui com você e não com ela. – Edward beijava minha bochecha. – Eu fiquei pensando o que ia acontecer comigo se eu te perdesse... Bella, me promete uma coisa?

- O que? – Olhei para os seus olhos atentamente.

- Promete que nunca você vai me deixar? – Franzi o cenho.

- Se tiver nas minhas mãos... – Falei cautelosamente.

- Como assim?

- Se depender de mim. Enquanto você me quiser por perto eu prometo que estarei. – Peguei sua mão e coloquei na minha cabeça, entre minha bochecha e minha têmpora. – Seja assim... – Depois coloquei a mão dele no meu coração. – Ou seja, assim... Eu estarei. Sempre.

- Que seja das duas formas então... – Ele sussurrou me abraçando com cuidado. – Eu te amo Bella. Você é a melhor amiga que eu poderia ter.

Me senti feliz. Edward me amava. Podia não ser do jeito que eu queria, mas ali no hospital e depois de uma experiência desagradável, o amor dele foi suficiente para que eu me sentisse bem, perfeita.

Porque não importava a forma. Bastava ser puro e intenso.

...

- Alice... Eu não vou ser sua Barbie. Já basta eu ter que ir ao baile. – Resmunguei irritada. – Você não vai brincar de salão de beleza comigo.

O refeitório estava barulhento, todos falando de uma única coisa: o baile dos estudantes.

- Bella você me ofende. – Alice exclamou. – Eu aqui querendo te transformar numa deusa grega... – Ela fez um biquinho. – E você fica destratando a minha ajuda.

- Alice... – Edward interveio. – Assim você ofende a Bella e aos meus olhos. Bella não precisa disso tudo para ficar bonita. A beleza dela é natural... Todo ano várias mulheres gastam  milhares de dólares  para ter uma pele igual a dela.

Todos olharam para Edward e eu senti meu rosto ferver. Por sorte o sinal tocou e eu pulei da cadeira.

- Você não gostou do que eu disse? – Edward perguntou quando adentramos na sala de biologia.

- Não foi isso... – Murmurei. – Só que ninguém esperava...

- Bella... Não é porque você é a minha melhor amiga que eu vou deixar de perceber a sua beleza. – Corei novamente.  Desde crise alérgica Edward andava muito carinhoso comigo e sempre com um sorriso brincalhão.

- Também não foi isso... – Eu disse sem jeito.

Edward ia me questionar, mas a aula começou, encerrando por hora o nosso assunto.

Fiquei lembrando... Depois da minha saída do hospital, no domingo de manhã todos fomos para a minha casa e ficamos vendo televisão e jogando os inúmeros jogos que os Cullens possuíam e que haviam levado para a minha casa.

Foi impossível não notar com Edward estava mais atencioso e carinhoso comigo. Ele me abraçado direto, lembrando as horas dos remédios e olhando as composições de tudo o que comíamos...

Quando ele saiu para ir buscar pizzas para jantarmos, uma pequena discussão sobre eu e Edward começou...

- É claro que ele ama a Bella. – Alice disse. – Mas ele é tão tapado demais para notar a intensidade do sentimento.

- E aquela anta que ele costuma chamar de namorada não colabora muito... – Rosalie apontou.

- Eu não sei por que ele fica com ela. Até ele a acha  insuportável... – Jasper disse. 

- Hei! Vocês falam como seu eu não estivesse aqui. – Reclamei.

- Está bastante claro o que você acha. – Alice disse marota.

- Co-como assim? – Gaguejei.

- Você o ama. – Jasper disse sério. Todos ficaram em silêncio.

- Está tão óbvio assim? – Sussurrei olhando para o chão.

Alice sentou ao meu lado e me abraçou.

- Para nós que a conhecemos bem e vemos seu comportamento... conseguimos detectar o suficiente. Você tenta se fechar dentro de si mesma, mas há momentos, como aqui na sua casa que sua barreira cria buracos.

- Ainda assim... – Jasper sentou do meu outro lado. – Edward é um cego em não notar alguém como você.

- Não precisa me consolar, Jasper. – Resmunguei.

- Mas é verdade Bells. – Emmett se abaixou na minha frente e Rose sentou do lado de Jasper. – Você é perfeita para o meu irmão idiota. Você conhece até a respiração dele... E você é inteligente, humilde, sincera...

- Além de linda. – Rose adicionou.

Eu dei um sorriso fraco para os meus amigos.

- Eu já falei que eu realmente amo vocês? – Todos sorriram e demos um abraço em grupo.

- Perdi alguma coisa? – Edward chegou e viu a cena. Emm se levantou e foi até ele.

- Perdeu não, mano. Ainda não, mas se você não agir corre risco... – Dito isto ele pegou as caixas de pizza que Edward segurava e foi para a cozinha.

- O que ele quis dizer? Edward perguntou confuso.

Jasper se levantou, pegou os refrigerantes e foi para a cozinha seguido por Rose e Alice.

- Nossa essa pizza cheira muito bem. –Rose disse.

- Estou morrendo de fome. – Alice completou.

Edward me olhou confuso e eu dei de ombros. Ele veio até mim e se sentou ao meu lado.

- Está tudo bem? – Ele perguntou intenso.

- Estou ótima. – Murmurei sorrindo. Edward me abraçou apertado.

- Vamos comer antes que Emm coma tudo. Sorri e Edward me puxou do sofá e fomos ao encontro dos outros.  

Renné chegou de Port Angeles e se juntou a nós pegando uma fatia para ela e aumentando a festa na cozinha. Fazia tempo que eu não sentia aquela sensação de felicidade. Eu me sentia perfeita com aqueles que eu amava.

...

Segunda-feira à tarde James apareceu. Eu não havia contado a ele o que havia ocorrido, mas Alice me fez esse favor.

- Bella... – Ele gemeu depois que me beijou. – Por que você não me contou? Você esteve no hospital e não me ligou para dizer. Se não fosse Alice...

- James – Contei colocando meus dedos em seus lábios. - Não houve necessidade. Não iria lhe preocupar com isso.

- E eu vou me preocupar com o que? – Ele cortou. – Se eu não posso me preocupar com a minha namorada...

- O que eu quis dizer foi que não foi algo sério. Eu passei a noite no hospital somente pra observação. Minha mãe e Edward ficaram comigo. James arqueou uma sobrancelha.

- James pode se preocupar com você. – Ele acusou.

- Ele estava no restaurante quando tudo aconteceu. – Murmurei tentando me esquivar.

- Ele sempre está com você. – Disse franzindo o cenho.

- Ele não está aqui agora. – Falei desafiando. - Tínhamos que ter essa discussão? – Na verdade era a nossa primeira briga. E eu estava odiando cada momento.

- Milagres às vezes acontecem. – Ele disse com um sorriso ácido. Respirei fundo e fechei os olhos.

- Chega. – Eu disse abrindo meus olhos. – Se você veio para brigar, é melhor você ir pra casa.

Ele parou respirando fundo também.

- Desculpe-me. – Sussurrou. – Eu não consegui me controlar. – Ele suspirou. – Na verdade eu vim aqui para lhe chamar para o baile da sua escola. Você vai aceitar ir comigo?

- Tudo bem... Se você quer me levar. – Dei um sorriso fraco. Ele riu e veio me abraçar.

-Vai ser um prazer acompanhar você.

Eu ri e quando eu ia falar algo ele me calou com um beijo. Nessa hora Renné chegou.

- James! Que bom ver você! – Nós nos separamos enquanto eu corava.

- Tudo bem Renné?

- Tudo ótimo, depois daquele susto que Bella nos deu. Se não fosse por Carlisle e Edward.

- Eu soube... – James disse com raiva contida.

- James, eu não quero que você esteja na estrada a noite. É perigoso. Melhor você ir. – Disse rapidamente.

- Está me expulsando? – Ele me fitou com os olhos duros.

- Não. Só estou evitando mais uma discussão. – Disse o olhando nos olhos.

- Tudo bem... Você tem razão. Posso vir no fim de semana?

- Sim. – Eu disse sorrindo.

- Ele me beijou carinhosamente e saiu.

Já era sexta-feira e tudo o que Edward dizia sobre mim parecia fazer o ar pesar sem que ele notasse. Além disso, as palavras de James vinham a minha mente: “Ele sempre está com você.”

Era verdade. Edward passava mais tempo comigo do que com a Tânia ou até mesmo com Alice, porém ao invés de me sentir incomodada eu me senti bem, cheia de dúvidas, mas bem.

O sinal tocou sem que eu percebesse.

- E então, quando faremos o trabalho? – Edward perguntou.

- O que?

- Bom saber que você estava prestando atenção... – Ironizou. – Temos que fazer um projeto sobre algum filo dos vertebrados. Para a semana que vem. Nós vamos fazer sobre as aves.

- Poderíamos começar hoje. – Falei. – Organizamos o que vamos fazer e trabalhamos nisso no fim de semana.

- Nos encontramos na sua casa depois da aula então.

Mais tarde, tínhamos decidido tudo o que colocaríamos no trabalho. No sábado fez sol e aproveitamos para sair e bater fotos. Ele me pegou cedinho e fomos para a clareira. Lá achamos ninhos de passarinho e pássaros que voavam pelo céu, o rio, os passamos comendo algum fruto.

Fizemos várias fotos e almoçamos sanduíches que ele havia feito. Conseguimos terminar o trabalho no sábado a noite e Edward me levou para um fast-food para comemorar.

- Vamos ver se você é bom em pegar. – Falei pegando uma batata frita.

- Pode jogar. – Ele riu.

Eu joguei e ele pegou com a boca. Nós rimos e ele jogou uma para eu pegar.

Aquele fast-food era de certa forma especial também. Sempre que Edward e eu saiamos juntos para comer íamos quase sempre para aquele lugar.

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